terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Estandarte do Natal


Seguindo o post anterior e o referido nos comentários, este é o estandarte de que se fala.
Criado por uma plataforma de famílias católicas, tem na internet um site com informações de quem criou, o que se pretende e como comprar.
É uma iniciativa excelente, procurando alterar a comercialidade do esírito natalício.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Eis a Família, a Sagrada Família

Para que não nos esqueçamos do que verdadeiramente se comemora no dia 25 de Dezembro. Prendas dão-se todos os dias (cada vez mais). Jantar ou almoçar com a família pode-se fazer em qualquer altura do ano. No dia 25 de Dezembro (esquecendo os que fazem anos neste dia), quer queiram ou não, "apenas" se comemora o nascimento de Jesus. Sim, o Natal é a celebração do nascimento de Jesus, o filho de Deus. Podem argumentar com o que quiserem, mas mesmo os ateus, agnósticos ou outros, só dão prendas no dia 25 de Dezembro ou só se juntam nesse dia porque há 2009 nasceu Jesus Cristo. Podiam escolher qualquer outro dos 364 dias do ano para festejar, mas é precisamente a 25 de Dezembro que o fazem.

PS: Esta noite da "missa do galo" celebrada em Roma, na Basílica de S. Pedro e presidida pelo Santo Padre, Bento XVI, uma senhora agrediu o Papa e atirou-o ao chão. Felizmente nada de grave se passou. A senhora em causa, como sempre nestes casos, parecia sofrer de perturbações mentais. como sempre...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um ano

O que é que se faz num ano? Muita coisa. Mas descobre-se muito mais.

Num ano lêem-se 16 livros mas a verdade dos números revela-nos, assim como que a contar o tempo que resta, de que nunca iremos ler o suficiente.

Num ano fazem-se 18 viagens, visitam-se 14 cidades. Toma-se cada sala de embarque, cada aeroporto como uma espécie de segunda casa. Para quê, afinal, se o que descobrimos é que nunca veremos o suficiente?

Num ano tem-se o prazer de ver uma filha crescer, uma sobrinha nascer e aprendemos a contar de outra maneira os minutos que com elas passamos.

Num ano vai-se ao teatro, ao cinema para nos lembrarmos, subitamente, de que nunca foi o suficiente. Num ano fala-se, dorme-se, ama-se, odeia-se, tudo na primeira pessoa, para nos lembrarmos, a espaços, de que vivemos em comunhão.

Em bem mais do que um ano, A origem, permite escrever e argumentar com aqueles a quem gostaria de acrescentar, nem sempre acertar. Num ano descobre-se o poder limitado da palavra, os muitos escritores que andam por aí e, por fim, o país de bloggers em que vivemos.

Acabado um ano, com o aproximar do próximo, gostaria de desejar, a todos os que lerem esta mensagem, um feliz Natal e um excelente ano de 2010!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Tremor de terra

Esta semana a terra voltou a tremer. O tremor de terra ocorreu de madrugada e teve o seu epicentro a cerca de 100 km a sudoeste do Cabo de São Vicente (Sagres).

O acontecimento já foi suficientemente relatado, mas o que achei extraordinário no meio disto tudo foi a rapidez com que o assunto foi tratado na Internet. Na manhã seguinte ao tremor de terra consultei o Google Earth e já lá estava uma indicação, feita com informação de um organismo norte-americano, do local e da intensidade do tremor de terra. A localização usada não era a do cabo de São Vicente mas a de Gibraltar... (É quase caso para dizer: maldito mundo anglo-saxónico que só vê o seu próprio umbigo!)

Enfim, impressionou-me a rapidez com que a informação avançou pelo ciberespaço e que, neste caso, penso que foi mais rápida do que a que foi fornecida pelos sites, jornais, rádios e televisões portugueses.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Samuelson

Bem sei que não é um assunto do momento, mas não queria deixar de assinalá-lo. Paul Anthony Samuelson, o terceiro a receber o prémio da economia em memória de Alfred Nobel (recebeu-o em 1970), faleceu no passado domingo com 94 anos.

Como milhares de estudantes em todo o mundo, um dos meus primeiros contactos com a ciência económica foi feito através do estudo do seu livro Economia.

Na década de 1940, Samuelson perguntou por que razão a matemática e a sua linguagem não eram utilizadas como instrumentos de trabalho pela economia. E -lo com tal sucesso que acabou por influenciar decisivamente a sua forma de ensino e o seu desenvolvimento como ciência social. É certo que outros também contribuíram para este "programa de estudo" (como, por exemplo, o seu cunhado Kenneth Arrow), mas Samuelson foi um pioneiro.

Hoje em dia uma das críticas que ouvimos sobre este assunto é a de que os economistas ensinados no programa de estudo "Samuelsiano" são capazes de produzir belas teorias apoiadas por uma matemática irreprensível que, na prática, têm pouco a ver com a vida real.

Talvez. Mas Samuelson nunca disse que a matemática era a cura de todos os males. Nem tão-pouco é culpado por existirem economistas que privilegiam a beleza matemática em detrimento da explicação do que se passa à sua volta.

Mais informações sobre a vida e a obra de Samuelson podem ser obtidas aqui, no site do comité Nobel.

Um clamor de Deus

Ontem, um colega do trabalho, comentou, acerca da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que nem o clamor de Deus, na forma de um tremor de terra (em Portugal , o mais intenso em 40 anos) fez as pessoas meditarem na aberração dessa aprovação. Obviamente que a cena era um pouco caricaturada, mas não deixa de ser curiosa a referência. Uns dirão que é um fenómeno natural (responsabilizando a natureza), outros, que é apenas a ira de Deus e outros ainda, como nós os católicos, acreditando na ciência e nos fenómenos naturais também acreditamos que nada acontece por acaso e que há uma "entidade" (no nosso caso, Deus) que "regula" a nossa vida (deixando algum livre arfbítrio ao ser humano). De qualquer forma não deixámos tecer algumas considerações sobre esse "clamor de Deus" no momento em que de deu.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Itália

Num livro que ando a ler deparei-me com a reprodução destas frases escritas por um escritor italiano.

It often happens these days that you hear people say they’re ashamed of being Italian. In fact we have good reasons to be ashamed: first and foremost, of not having been able to produce a political class that represents us and, on the contrary, tolerating for thirty years one that does not. On the other hand, we have virtues of which we are unaware, and we do not realize how rare they are in Europe and the world.“

In Reappraisals, de Tony Judt, pp. 48

O escritor é Primo Levi, sobrevivente do Holocausto e autor de Se isto é um homem. Segundo Tony Judt, uma das virtudes a que Primo Levi se estaria a referir seria a relativa despreocupação com que os italianos encaram as diferenças nacionais e étnicas.

Ao ler estas frases, escritas há mais de vinte anos atrás (o escritor suicidou-se em 1987), não pude deixar pensar na Itália actual, em Berlusconi, na divisão que o Primeiro-ministro provoca entre os seus conterrâneos (visível até nas reacções sobre a sua recente agressão em Milão) e em coisas como a recente aprovação de legislação a equiparar a imigração clandestina a crime que, na linha de pensamento de Primo Levi, talvez devessem ser consideradas muito pouco italianas.

Talvez os italianos tenham mudado. Ou será que a incapacidade em criar uma classe política que os represente um argumento válido na Itália dos dias de hoje? Há coisas que são difíceis de mudar...

Sobre as infra-estruturas de transporte

Artigo publicado hoje no El País focado na necessidade e utilidade das grandes infra-estruturas de transporte, e que apresenta diversas opiniões de grande interesse. Pode ser lido aqui.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Isto cada vez está mais bonito...

Notícia da TSF online sobre os trabalhos de uma Comissão Parlamentar. O título dela é "Maria José Nogueira Pinto chama «palhaço» a deputado socialista".

Cornichos, asneiras e adjectivos circenses.

É caso para dizer que o nível do debate político na Assembleia chegou, sem sombra de qualquer dúvida, a um nível intelectual muito elevado.

Haja esperança nos deputados da nação!

A notícia pode ser lida aqui.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sócrates: 1 fábrica, 1200 (6x200) postos de trabalho criados

Hoje foi anunciada a localização da fábrica de baterias da Renault/Nissan. No CCB, com pompa e circunstância como em todos os anúncios de Sócrates. Ainda era Manuel Pinho ministro da economia quando se fez o primeiro anúncio: que a fábrica seria em Portugal e criaria 200 postos de trabalho. Entre Junho e Julho mais dois anúncios e mais 2x200 postos de trabalho criados, entre os carrinhos eléctrícos e as novas tecnologias a utilizar. Hoje, finalmente a localização: Aveiro e mais 200 postos de trabalho criados. Suponho que quando for lançada a 1ª pedra haja mais festa e mais 200 postos de trabalho criados. E quando for a inauguração, então, deve ser festa de caixão à cova pela criação de mais 200 postos de trabalho. Só nestes actos, passados e futuros, Sócrates conseguiu criar 1200 postos de trabalho e vangloriou-se claro. E fez, faz e continuará a fazer festa. Seria melhor que Sócrates respeitasse os milhares de indivíduos que, durante, o seu mandato perderam emprego em vez de festejar exuberantemente 200 míseros postos de trabalho a criar (no final, possivelmente nem chegarão a 200, mas enfim).
Muito bem Sr. Primeiro Ministro, desde Março até Dezembro já conseguiu criar 800 postos de trabalho, sem ter sequer lançado a 1ª pedra dessa prodigiosa fábrica.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Homenagem a Jorge Lopes (RTP)

Na semana passada (Domingo, dia 29 de Novembro)) faleceu o jornalista Jorge Lopes da RTP. Para quem nunca dele ouviu falar, Jorge Lopes era, de longe, o melhor jornalista desportivo português (especialmente na área do atletismo). Era um prazer ouvir os seus comentários nos campeonatos da Europa e do Mundo e nos Jogos Olímpicos ou em qualquer outro evento desportivo. Não se limitava a relatar o que se ia passando. Ele era um conhecedor das diversas especialidades do atletismo, era conhecedor dos atletas, das suas características, dos seus resultados. Com ele a comentar não havia momentos mortos nas transmissões. Numa época em que a pobreza de conhecimentos, a clubite, e o non-sense impera no nosso jornalismo desportivo (televisão, rádio e imprensa), Jorge Lopes era a certeza de uma cobertura bem feita, a certeza que iríamos aprender algo. Tudo com uma serenidade inigualável. Raramente vi a sua figura, mas reconhecia logo quando os comentários eram feitos por ele. Deixa saudades e a certeza da impossibilidade de sua substituição. Portugal perdeu o seu melhor comentador desportivo. Paz à sua alma.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Aviso: os "fundamentals" estão de novo aí

O texto com a declaração final da missão do FMI a Portugal serviu de notícia de primeira página aos jornais i e Público de hoje. Mais espalhafatoso e popular o primeiro do que o segundo, ambos mostram a sintonia no tipo de avisos que têm sido feitos na comunicação social sobre o caminho a trilhar em relação à política fiscal, salarial e monetária em Portugal.

E qual é o caminho? Bem é o do costume. Cortes nos benefícios sociais, controle férreo das despesas públicas (como as que são feitas na saúde) e moderação salarial (com especial referência aos funcionários públicos). Mais. Não é esquecido o plano de acordado para o aumento do salário mínimo que, de acordo com o texto, deverá ser repensado por estar fora do contexto dos fundamentos económicos actuais. Só depois é que o FMI fala em aumentos de impostos (mas, como é óbvio, não os exclui).

O FMI, no âmbito do artigo IV dos seus Articles of Agreement, realiza este tipo de missões numa base que é, normalmente, a anual. Nestas consultas, o FMI realiza reuniões com responsáveis pela política económica que, no caso português são essencialmente o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal. O texto do FMI é datado de 29 de Novembro. O Banco de Portugal e o FMI são duas instituições que lêem o mundo através da mesma cartilha. O jornal i diz “Depois do Banco de Portugal, é a vez do FMI ” fazer avisos. Enfim, haverá alguma novidade nisto tudo?

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Curiosidade mediática

Gráfico, retirado do site com o dicionário de língua portuguesa priberam, sobre as pesquisas das últimas 31 semanas sobre a palavra "minarete".

Pelo menos as notícias sobre a sua proibição na Suiça tiveram a vantagem de enriquecer o vocabulário de alguns.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Aprender com o humor: alguns recursos para economistas e não economistas

Muitos conhecem a expressão dismal science que, na língua inglesa, é usada como sinónimo da disciplina de Economia.

O que talvez nem toda a gente saiba é que mesmo nesta área do saber, apelidada de tristonha, depressiva e lúgubre, existem artigos, alguns deles publicados em reputados jornais da especialidade, que mostram que os economistas, mesmo os muito famosos, não são seres completamente falhos de humor.

Se não acreditam leiam, por exemplo, o The conference Handbook, de G J. Stigler que, em duas páginas e meia do Journal of Political Economy, apresenta uma proposta para catalogar os comentários e as opiniões dos colegas de profissão em conferências e seminários.

Se acham que o artigo de Stigler é uma excepção entre laureados Nobel, então procurem The Theory of Interstelar Trade de Paul Krugman e The Effect of Prayer on God's Attitude Toward Mankind de James J. Heckman.

Mas mais exemplos existem.

Dos clássicos The Economics of Brushing Teeth (1974) e A First Lesson in Econometrics (1970), passando pelo Up or Down? A Male Economist’s Manifesto on the Toilet Seat Etiquette até ao mais contemporâneo e divertido Japan’s Phillips Curve Looks Like Japan, alguma coisa existe por aí que prova que os economistas poderão ser Criaturas que, bem vistas as coisas, conseguem brincar com a sua própria profissão.

Chegados a este ponto o leitor, especialmente aquele com pouca paciência para ler artigos em jornais da especialidade, provavelmente estará a pensar: Obrigado pelas referências que se incluem na categoria de… HUMOR de CROMO!

Pois bem, é uma opinião. Respeitemo-la e tentemos contra-argumentar.

Se só há humor de Cromo, então o que dizer do site da JokEc, parte integrante do seríssimo grupo de recursos para economistas NetEc?

Nela encontramos um acervo de piadas sobre economistas e a sua profissão. Tudo coisa para ser lida e apreendida rapidamente, num piscar de olhos. Anedotas e piadas quanto baste, escritas em poucas palavras, parcas em parágrafos e, por vezes, cheias de humor.

Desenganem-se todos aqueles que, ao ler estas linhas, pensem que não tenho mais nada para dizer. Pois bem, reservei quase para o fim o que penso ser, na minha modesta maneira de ver, ainda mais desconhecido para o comum dos mortais. E o que é?

A profissão de Stand-up Economist.

Há pelo menos um, a julgar pelo site de Yoram Bauman, Ph.d. como gosta de frisar. Local com informação vária, incluindo a referência a uma sua recente publicação chamada The Cartoon Introduction to Economics: Volume 1, Microeconomics.

Vão ao site, caso não acreditem que haja mercado para este tipo de profissão. Há vários videos dele no YouTube, sendo o mais conhecido aquele em que troca por miúdos os 10 princípios da economia enunciados num livro do economista Gregory Mankiw. Vão por mim, vale a pena ver.

Num registo um pouco diferente, e para quem estiver interessado, resta-me também fazer referência ao site dos prémios Ig Nobel. Este galardão, que começou por ser uma grande brincadeira, é presentemente feito de uma forma muito profissional e “séria”, sendo uma das rubricas em disputa aquela que é atribuída à ciência Económica.

Nunca ouviram falar? Bem, é ir ao site e ver, por exemplo, que o prémio de 2008 foi atribuído a três investigadores por terem descoberto, e passo a citar, that professional lap dancers earn higher tips when they are ovulating. O que dizer disto? Bem, talvez nada. É espreitar o site e para quem gosta... investigar.

Resta-me dizer que mais recursos sobre cartoons, anedotas e piadas sobre a economia e economistas podem ser obtidos, por exemplo, aqui.

Divirtam-se. Até porque a rir também se consegue aprender alguma coisa de Economia.

O inenarrável Prof.Mário Nogueira (FENPROF)

A notícia já não faz manchetes. Primeiro porque a ministra mudou, entretanto. Segundo porque há o caso “face oculta” e a gripe A. No entanto, ontem voltámos a ver Mário Nogueira, o presidente da FENPROF e destacado membro da CGTP e do PCP nas televisões a falar sobre a nova proposta de avaliação da nova ministra da educação. Mais uma vez ficou provado que o que a FENPROF (e eventualmente os outros sindicatos do sector) e a grande maioria dos professores pretendem é não haver obstáculos à progressão na carreira. A conversa pode-se resumir no seguinte: propõem-se acabar com a distinção de professores e professores titulares (ministério) e a FENPROF responde que até pode ser um recuo porque passa a haver limitações no acesso a determinados escalões impedindo a livre progressão dos professores.
Fica mais que provado que aquilo que sempre foi pretendido pelos sindicatos foi a livre progressão dos professores, por antiguidade (com ou sem avaliação), tendo todos os professores o direito de chegar ao topo da carreira. Pouco importa se há ou não avaliação, se o modelo é bom ou mau ou, em última instância, quem é o/a ministra, desde que se garanta o topo da carreira para todos os professores. De preferência sem avaliação. Se tiver que ser com avaliação que seja entre pares, tipo familiar, garantindo uma boa nota para todos e nunca, mas nunca com limitações à progressão na carreira.
Tenho para mim, que ainda vamos ter saudades da firmeza da Dra. Maria de Lurdes Rodrigues. Temo que esta classe consiga manter aquilo que nenhuma outra classe (que me lembre) consegue: todos chegam ao topo da carreira.

domingo, 22 de novembro de 2009

Estarão tantos economistas enganados?

É verdade que os dados mais recentes do INE (2º trimestre e estimativa rápida para o 3º trimestre) revelam alguns sinais de melhoria na difícil situação económica do país, confirmando alguns dos indicadores de conjuntura (do próprio INE, da CE e da OCDE). No entanto, não é menos verdade que, de acordo com todas as previsões, Portugal deverá voltar a divergir da média da EU já em 2010. Ou seja, Portugal só consegue convergir em … recessão. Em fases de crescimento Portugal diverge e apenas e só quando se está numa recessão generalizada é que Portugal consegue convergir. Parece-me dramático!
Quando se espera e deseja novo período de crescimento económico (embora não tão vigoroso como o anterior), Portugal vai voltar a perder fôlego e crescer menos que a grande maioria dos seus parceiros europeus. A juntar a isto temos um défice monstruoso e uma dívida pública galopante.
Pergunto-me: será que nomes como Campos e Cunha, Vítor Bento, Daniel Bessa, Augusto Mateus, Medina Carreira, Silva Lopes, entre outros, estarão todos errados e têm apenas uma intenção persecutória contra este governo?Não me parece. Caminhamos para o abismo, mas alegremente. Tudo porque não se deve dar ouvidos ao “bota-abaixismo”, como lhe chama o nosso PM

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Economic Outlook (OCDE)

Com um dia de atraso, cá vai o link onde é possível obter as mais recentes previsões económicas da OCDE. Esta publicação bianual actualiza as previsões que foram feitas no Verão passado.

Para além de Portugal, é possível também aceder a informação para mais países (as previsões vão até 2011). Em relação à última vez que esta instituição fez um exercício semelhante, e em relação a Portugal, há uma revisão em alta para a evolução do PIB nos próximos anos (-2,8% e 0,8% para 2009 e 2010, respectivamente) e para a taxa de desemprego (9,2% e 10,1% em 2009 e 2010, respectivamente).

O espaço denominado “Últimas previsões económicas para Portugal", que pode ser visto na barra lateral direita deste blogue, vai ser actualizada de acordo com esta nova informação.

Para quem estiver interessado em consultar outras previsões basta clicar na palavra “previsões” que se encontra disponível na secção das etiquetas, abaixo do corpo deste post.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Proibição da cobrança de encargos pelo uso de caixas automáticas

Algo que vem colocar uma pedra num assunto que fez correr alguma tinta nos últimos tempos.

Foi hoje aprovado o Decreto-Lei que proíbe a cobrança de encargos, por parte das instituições de crédito, pela utilização dos serviços proporcionados pelas caixas automáticas.

A comunicação do Governo sobre este assunto pode ser vista aqui, no ponto seis.

Em defesa do IP



Há já alguns tempos que o magnífico Inimigo Público conta com uma Web na qual se vão publicando regularmente notícias que “se não aconteceram, podiam ter acontecido”. Só gostaria de chamar a vossa atenção sobre a quantidade de pessoas sem sentido do humor que lêem o IP e debitam a sua bílis contra estas notícias inventadas, mas verosímeis neste país aonde tudo pode acontecer. De facto, há muita gente sem sentido do humor, que não consegue rir de si próprio, ou pelo menos de uma parte de si… Eu até penso que pode haver alguns a achar que são notícias verdadeiras, dados os comentários que são feitos!!! Se não acreditam, visitem o site… Tristeza…

Une autre main de dieu?

Interessante a reacção da imprensa francesa em relação à qualificação dos bleaus para o mundial. A imprensa irlandesa salienta que a mesma mostra muita “simpatia” e compreensão pela situação.

A imprensa irlandesa salienta que a mesma mostra muita “simpatia” pela selecção irlandesa e compreensão pela situação.

Mais um episódio para alimentar o debate sobre a aplicação das novas tecnologias como meios auxiliares de decisão dos árbitros. A resposta da UEFA é a ideia dos cinco árbitros (que tem sido testada na Liga Europa).

Será suficiente para acabarem com este tipo de situações?

PS: publicado também no blogue Bolanaquinta.

Parabéns selecção Portuguesa, parabéns Seleccionador nacional

Não há muitas actividades em que os portugueses se podem orgulhar de estar entre a nata mundial. O futebol sénior de selecções é uma dessas actividades.

Sabemo-lo pelos resultados conseguidos nos últimos 10 anos, período em que Portugal esteve (quase) sempre presente nos palcos das grandes competições internacionais.

Soubemo-lo ontem, uma vez mais, através da brilhante qualificação de Portugal para o Mundial na África do Sul. E digo brilhante pois foi conseguida em condições extremamente difíceis, com muitos pontos perdidos no início da qualificação, para não falar na falta de crença da generalidade dos adeptos (a certa altura eu próprio tive bastantes dúvidas) e da nuvem de críticas que acompanhou tudo e todos da selecção.

Não me lembro de, perante tais adversidades, a Selecção mostrar uma atitude tão focada e ganhadora. Um bom exemplo para todos. Conseguiram-se os pontos, atingiu-se o objectivo proposto e o resto é conversa.

Diverti-me muito com a opinião de alguns comentadores desportivos – os vulgos “especialistas” – que, após a qualificação de Portugal, e perante um registo histórico de críticas ao Seleccionador, à Federação e aos jogadores, tiveram de mudar de tom e meter a viola do “triste fado” no saco.

Obrigado Selecção por mais uma pedrada no charco da crítica fácil, do pessimismo crónico de alguns e de uma certa maledicência atávica.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dados fresquinhos sobre a economia dos EUA

Acabados de sair.

A taxa de inflação nos EUA para o mês de Outubro (variação homóloga) foi de -0,2%. A press release do BLS pode ser vista aqui.

Hoje também saíram dados sobre o comportamento do mercado da habitação nos EUA. A magnitude da queda deste mercado parece ter surpreendido os analistas.

A press release conjunta do US Census Bureau e do US Department of Housing and Hurban development pode ser lida aqui.

Revisão de projecções para a economia portuguesa

Ontem o Banco de Portugal (BP) divulgou o seu Boletim Económico de Outono. A poucos meses do fim do ano, o BP estima que o comportamento da economia portuguesa em termos da evolução do Produto Interno Bruto será menos "negra" do que o previsto este Verão (-2,7% contra -3,5%). Já a evolução da inflação é esperada ser de -0,9% contra os -0,5% estimados no Boletim de Verão.

O texto integral do Boletim do BP pode ser consultado aqui.

O quadro da barra lateral direita deste blog foi actualizada com estes números.

Ontem foi também a altura do INE divulgar a taxa de desemprego para o terceiro trimestre de 2009 em Portugal (9,8%).

Estranho algumas reacções que se ouviram aqui e ali sobre este número, quando já há algum tempo várias organizações internacionais apontavam para taxas de desemprego desta magnitude.

O texto integral do INE pode ser consultado aqui.

domingo, 15 de novembro de 2009

Depeche Mode em Lisboa

Ontem, dia 14 de Novembro, os Depeche Mode regressaram finalmente a Portugal. Neste caso a Lisboa e ao Pavilhão Atlântico. Depois do cancelamento do concerto inserido no Super Bock Super Rock (Porto), temia-se que qualquer enfermidade do seu vocalista (muito dado a impedimentos de última hora) pudesse cancelar também este concerto. Os fãs (a grande maioria claramente acima dos 30 anos, felizmente), pelos vistos, esqueceram a desfeita anterior e encheram por completo o Pavilhão Atlântico. Não tendo sido um mau concerto (longe disso), também não foi o melhor concerto a que já assisti. A voz, inconfundível, de Dave Gahan continua a impor-se, e há um bom sentido de espectáculo ao vivo. Pontos altos do concerto: alguns hits da banda (a question of time; policy of truth; in your room; I feel you, por exemplo); também wrong e a fantástica e irrepreensível interpretação de Martin Gore em três canções, mas com particular destaque para home. Pontos menos bons: a interacção com o público é sempre um must e revela muito da ligação do público à banda, mas desta vez parece-me que se foi longe demais, com Gahan a abdicar de cantar em demasiadas músicas (o exagero total deu-se em enjoy the silence); o som (mais uma vez a acústica do pavilhão Atlântico parece-me que não se adequa a determinado tipo de música), embora aqui sem qualquer responsabilidade dos Depeche; faltou strangelove no alinhamento.
Conclusão: foi um bom concerto, em especial para os fãs mais fervorosos. 1h45 muito bem passadas. No que me toca, entre o Portugal – Bósnia e o concerto dos Depeche Mode fiz a escolha correcta: o concerto.

PS: péssima opção (da organização) a da entrega dos bilhetes comprados pela Internet só poder ser feita 2 horas antes do concerto. Resultado: filas intermináveis para quem já tinha pago e só precisava de levantar os bilhetes (coisa que deveria ser rápido caso se pudesse ter levantado os bilhetes nos dias ou nas horas anteriores)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Conversas de Escritores

Excelente programa este Conversas de Escritores. As entrevistas de José Eduardo dos Santos podem ser vistas aqui através da página da RTPn.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A luz ao fundo do túnel

Sairam hoje as previsões do Outono da Comissão Europeia. A confirmar a ideia - agora a generalizar-se - da "luz ao fundo do túnel": saída gradual da recessão no fim de 2009 e previsão de uma maior retoma em 2010/11.

As previsões por país e o documento integral da DG ECFIN podem ser consultadas aqui.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A triste comemoração do dia mundial da 3ª idade

Ontem comemorou-se (se assim se pode dizer) o dia mundial da 3ª idade. Ouvi a notícia logo pela manhã no noticiário da TSF. O que deveria ser um dia festivo, pois estaríamos a homenagear todos aqueles que ao longo das suas vidas contribuíram para o que somos hoje enquanto pessoas, países ou para o mundo que temos, tornou-se, cada vez, mais um dia de preocupação e de alerta para a condição infra-humana em que muitos dos idosos vivem hoje em dia. Segundo os estudos citados pela estação, a situação é particularmente grave em Portugal: muitos idosos a viverem sozinhos (embora tenham família) e completamente abandonados à sua sorte e das instituições de solidariedade que lhes vão valendo, poucos estabelecimentos de cuidados continuados, poucos lares e menos ainda com as condições mínimas e muitos sem essas condições mínimas, etc. Justificações: há muitas mas não deveria haver. Não deveria haver porque é inqualificável o que se passa. Tudo serve de desculpa, desde o pouco investimento do Estado (mais preocupados com os activos do que com aqueles que apenas são um peso) até à desestruturação da família e dos laços que se mantinham entre pais, filhos, netos, irmãos, sobrinhos, etc. O Estado tem culpa? Claro que sim. Não pode abandonar quem ajudou a construir o país só porque agora já não serve para nada. Mas os principais responsáveis são os familiares e, em especial, os filhos e netos. Hoje em dia a responsabilidade do que ainda se chama família, funciona apenas num sentido: os mais velhos (pais e/ou avós) são apenas responsáveis pela educação (muitas vezes péssima) dos filhos e netos, mas ninguém é responsável pelos pais ou pelos avós. É impressionante a percentagem de idosos abandonados, em casa, lares ou outros locais de acolhimento que, com filhos e netos, não os vêem há longos anos. E claro, mais uma vez, não se fala de pessoas (os filhos e netos) de classes baixas. Fala-se, muitas vezes, de pessoas com instrução, com carreiras e, nalguns casos, “bem vistas” no seu mundo. O novo Governo, estreia uma secretaria de estado para a igualdade, para promover algo que os visados podem e devem lutar por ela. Para quando a criação de uma secretaria de estado para a qualidade de vida na 3ª idade, para lutar por aqueles que já não podem lutar pelos seus direitos, nem deveriam porque deveriam era estar a usufruir dos benefícios próprios de quem já muito contribuiu para a sociedade.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Filosofia Voltaire

Há uma famosa frase que é apócrifamente atribuída a Voltaire. Diz qualquer coisa como "Discordo com o que dizes, mas defenderei até à morte o direito de o dizeres".

É uma frase de que gosto muito, vá-se lá saber porquê.

Tudo leva a crer de que a citação nunca tenha sido propriamente dita por Voltaire. No entanto, ela é por vezes vista como uma espécie de síntese da sua maneira de pensar (se é que isto se pode fazer da vida e obra de uma pessoa) ou como uma espécie de ícone do seu pensamento.

O pensamento de uma figura do século das luzes que teve problemas com a Igreja Católica e outros do seu tempo.

Uma ideia do caudilho

Um facto histórico interessante. Franco, de acordo com documentos que foram divulgados pelo historiador espanhol Manuel Ros Agudo, pediu ao seu Estado-maior um plano para a invasão de Portugal.

Este "grande projecto", segundo é noticiado neste artigo do Público, foi preparado em 1940 e previa a "união ibérica forçada" após um ultimato de 24/48 horas.

A confirmação deste facto não é, por sí só, uma surpresa. Deve ser, como é óbvio, interpretado no contexto da época. Aliás, o plano, atrevo-me a dizer, deve ter sido escrito num àpice até porque nessa altura já existia suficiente "literatura" sobe o assunto: Franco, enquanto cadete da Escola militar de Toledo, escreveu a sua tese de fim de curso sobre este "tema" (chamava-se, segundo consegui confirmar aqui, "Como ocupar Portugal em 24 horas").

Não é surpresa mas é um facto histórico. E mostra que pelo menos até ao fim da Segunda Guerra Mundial o receio português de anexação pela força pelos nuestros hermanos era bem real.

Como as coisas mudaram em 60 anos...

domingo, 25 de outubro de 2009

O "novo" Governo

E pronto temos Governo. Sócrates desembaraçou-se dos ministros mais polémicos ou mais desgastados (Lurdes Rodrigues na educação, Mário Lino nas obras públicas, Nunes Correia no ambiente) e substituiu-os por caras desconhecidos do grande público. Ou seja, tratou-se sobretudo de terminar uma remodelação governamental que tinha começado com a substituição de Correia de Campos (saúde) e Pinho (economia). Em termos orgânicos a maior alteração é a passagem da gestão do QREN do ambiente para a economia de Vieira da Silva (o que já era uma ambição antiga deste ministro). Temos pois um governo de figuras desconhecidas, algumas lançadas apenas para cumprir critérios de quotas. Neste aspecto Sócrates ainda tem muito a aprender com o seu amigo Zapatero. Este além de cumprir quotas, cumpre-as com algum sentido estético. Sócrates ainda e só se preocupa com o seu cumprimento. Já agora, para aqueles quês e queixam que o governo de Sócrates governa à direita, vale a pena lembrar que Vieira da Silva (economia) e António Mendonça (obras públicas) são socialistas-novos, tardiamente reconvertidos depois de anos de militância comunista. Sem grandes expectativas sobre este governo (ou qualquer outro deste ou de outro partido) vamos ver o que isto dará.
Pelo menos teremos novos argumentos para a colecção “Uma aventura…”. Devem seguir-se os números “Uma aventura no Ministério”, “Uma aventura no Governo”, “Uma aventura na manifestação”, “Uma aventura com os sindicatos” e por aí fora.

PS: para já o governo começa bem com a grande prioridade a ser o “casamento” homossexual. Um assunto que, de facto, preocupa o país. Bravo!!!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A incontinência verborreica de Saramago

Declaração de interesse: Não gosto de Saramago. Para além de representar o que de pior há no comunismo (ou deverei dizer estalinismo), é um incontinente verbal, um ser egocêntrico, truculento e um hipócrita da pior espécie. Não vou entrar na polémica da Bíblia. Do Livro em si mesmo, e de religiões Saramago já demonstrou ser uma nulidade absoluta. Agora é preciso ver o porquê da sua verborreia contra a religião em geral, e a católica em particular. Sendo um “comunista” radical, abomina tudo o que seja mercado ou livre iniciativa. O mundo deveria girar segundo os seus cânones absolutistas e pouco ou nada democráticos. O mundo ocidental, que lhe permite ter o tipo de intervenções que tem, é o inferno “governado” por seres malévolos que vão desde os governos democrática e livremente eleitos, até à Igreja Católica. No entanto, quando publica um livro, escrito lá do seu refúgio dourado de Lanzarote, aplica sempre as melhores técnicas de marketing e as ferramentas mais sofisticadas que o mundo globalizado põe à disposição de todos, de forma democrática. Assim, recorre ao insulto, à agressão, à polémica para atrair a atenção daqueles que, de outra forma, nem se lembrariam que o senhor – com letra bem minúscula (não confundir com o Senhor!) ainda existe. A técnica é sempre a mesma: primeira lança a senhora Pilar, depois aparece com um qualquer dislate, de preferência contra a Igreja Católica ou os governos ocidentais. E assim lá nos lembramos que a criatura lançou mais um livro. Qual é mesmo o nome do livro?
Isso não interessa nada, desde que a sua conta no banco (outro dos demónios) se encha mais um pouco.

PS: No post “Caim e Abel” não concordo com o DeKuip. O assunto não é sensível se debatido com conhecimento e tolerância e respeito por quem tem ideias diferentes das nossas. O problema de Saramago é a sua total ignorância sobre o assunto em causa, ou pior, a sua total intolerância perante quem pensa e age de forma diferente da sua. Quanto à ideia de renunciar à nacionalidade: a ideia foi do escritor que há uns anos atrás amuou com o Governo português. Por mim, até assinava uma petição para o incentivar a essa renúncia.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Maitê, os portugueses e Portugal

Duas pequenas notas sobre a polémica relacionada com o vídeo de Maitê Proença sobre Portugal e os portugueses (ver vídeo aqui; pedido de desculpas aqui).

A primeira é que me parece que o assunto tem sido excessivamente empolado. Penso que nem o programa de TV brasileiro em causa (Saia Justa) nem sequer a protagonista (Maitê Proença) são merecedoras de tanta atenção.

A outra nota que gostava de deixar é a de que também conheço pessoas que cospem em locais públicos. Elas têm quatro ou cinco anos de idade e, à semelhança do que Maitê nos faz ver no seu vídeo, também acham que são muito engraçadas com este tipo gracinhas.

Caim e Abel

Muito já se disse sobre as declarações proferidas este último fim-de-semana por José Saramago a propósito da Bíblia. Defini-la como um "manual de maus costumes" e um "catálogo de crueldades" é algo que, para além de polémico, pode muito bem ser visto como um golpe publicitário da parte do autor de Caim.

Sim, é polémico. O autor, reincidente nestas polémicas opiniões, toca, uma vez mais, em assuntos muito sensíveis.

De qualquer forma, fico sempre sempre surpreendido com as reacções que estas polémicas geram em certos sectores da sociedade portuguesa. Querem um exemplo? A reacção do eurodeputado Mário David (ver aqui). O que dizer da "vergonha assumida pelo eurodeputado em ser compatriota do escritor"? E do pedido (sim, leu bem, é um pedido...) para Saramago renunciar a cidadania portuguesa? Não sei. Talvez que seja um pouco despropositada e... exagerada?

Ainda bem que há reacções muito mais interessantes sobre a mesmíssima polémica. Querem um exemplo? A do padre e teólogo Carreira das Neves, que podem ser recuperadas aqui.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ANC Versus CNC


Meses após a Autoridade Nacional da Concorrência (ANC) ter tido um papel pouco decoroso pela sua TOTAL interiorização da posição e argumentos das distribuidoras no mediático caso do aumento de preços dos combustíveis, chega desde Espanha esta notícia sobre a Comisión Nacional de la Competencia (CNC). Diversas associações de produtores de alimentos foram multadas (alguma com quantias de até 500.000 Euros) por práticas contrárias à concorrência. Já agora, quem não se lembra de aquelas gloriosas 500 páginas de “areia nos olhos”?

O assunto nasceu em 2007, quando os preços de diversos alimentos básicos (leite, ovos, massas, pão, entre outros) aumentaram de maneira anormal, atingindo máximos históricos. A CNC abriu um processo, e chegou à conclusão de que as empresas tinham concertado uma estratégia para passar aos consumidores, de maneira concertada, os aumentos de preços nos mercados internacionais de várias matérias primas usadas nos seus produtos.

E no site da própria CNC:

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O tambor de lata, 50 anos depois

Hoje, quando visitava o hipermercado para comprar mais umas coisas para casa, tive uma surpresa. Na secção dos livros, prateleira das novidades, estava uma tradução do livro O tambor de guerra do escritor alemão Gunter Grass.Cinquenta anos depois da sua publicação, finalmente uma tradução para o português de Portugal.

Há uns meses atrás, tentei obter uma cópia deste romance. Na altura, foi-me dito que em tempos existiu no mercado uma tradução para o português do Brasil. Infelizmente essa edição encontrava-se esgotada. Digo infelizmente pois este livro é uma das obras mais importantes deste escritor a quem já foi atribuído o Nobel da Literatura.

Mais um aspecto importante. O livro, colocado no mercado pela Dom Quixote, parece ter sido traduzido com qualidade. A tradutora, inclusive, gozou de uma bolsa concedida pelo instituto Goethe para a sua tradução.

São portanto boas notícias, especialmente para todos aqueles que - tal como eu - ficaram desiludidos com a qualidade da tradução do trabalho autobiográfico do mesmo autor Descascando a Cebola.

sábado, 10 de outubro de 2009

Jogar ao ataque...

Em 2000, lembro-me de uma crónica de Valdano num jornal inglês. Estávamos no início do campeonato da Europa e Portugal tinha acabado de vencer a Inglaterra por 2-3. Dizia Valdano nessa altura que Portugal jogava um futebol "rendilhado" e muito técnico, quase como se marcar golos não fosse de todo em todo importante para os jogadores.

Penso que esta descrição se mantêm válida ainda nos dias de hoje. Aliás, acho irritante, especialmente nas qualificações, o destaque que se dão às exibições em detrimento dos resultados.

Pois bem, acabo de ler um resumo de uma conferência de imprensa de Carlos Queiróz que parece corroborar isto mesmo. Diz o seleccionador das quinas que a selecção "foi sempre uma selecção de ataque" e que atacar significa também "jogar bom futebol". Jogar bom futebol? E golos, já agora, não interessa para nada?!

Esta fixação em querer jogar bonito é, permitam-me a redundância, muito bonito. Mas não chega para qualificar uma equipa. Num "mini-campeonato" com 10 jogos ou qualquer coisa do género, o que interessa é ganhar pontos. Marcar golos. Sofrer poucos. Enfim, ser objectivo.

Há uns dias atrás, um colega da Suécia disse-me que reconhecia que Portugal jogava bom futebol e que, talvez por causa disso, merecesse estar no Mundial. Estava a ser simpático. De qualquer forma dicordo desta posição. O mérito ou demérito de uma equipa em relação às demais são subjectivos. O jogar bonito ou feio também. Os pontos que se conquistam e os golos que se marcam não.

É claro que gosto do bom futebol. Mas penso que se Portugal quiser ter uma presença mais assídua em fases finais de campeonatos de futebol tem de se focar mais nos resultados. E ter dirigentes à altura de responder pelo seu cumprimento ou incumprimento. Até porque é difícil que Portugal venha a produzir, para todo o sempre, equipas que possam "jogar bonito". Ou estarão à espera que um país com 10 milhões esteja sempre a produzir jogadores como Cristiano Ronaldo, Figo e Rui Costa?

Uns dias antes de sair de Portugal ouvi Simão Sabrosa dizer qualquer coisa do género como o "estar preparado para fazer uma grande exibição". Espero que isso queira dizer golos.

E já agora boa sorte para o jogo de Portugal. Na Hungria não se fala dele.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

NOBEL (to) OBAMA

Soube pela BBC World News que o Nobel para da Paz foi atribuído ao presidente dos EUA. O mundo inteiro parece estar agora a discutir se o prémio foi bem atribuído e a tentar saber o que é que Obama fez para o ganhar.

Na minha opinião, penso que tudo depende da perspectiva com que se analisa o Prémio. Para mim, a sua atribuição a Obama faz sentido.

E porquê?

Porque me parece que, por vezes, não é tanto o que os nomeados fizeram para merecer o prémio que conta, mas sim o sinal que o Comité Nobel pretende dar ao mundo e que, em conjunto com o mérito do candidato, são determinantes para a sua atribuição.

Não estou a discutir o mérito de Obama. Não. O presidente dos EUA teve o mérito de voltar a abordar assuntos que estavam congelados há muito tempo. (Nesse sentido, até acho que o prémio devia ser repartido com Bush que tive o "mérito" de as bloquear completamente...).

O que estou a dizer é que o prémio é mais um incentivo a Obama para continuar os seus esforços com vista ao desarmamento nuclear, ao estabelecimento de um diálogo frutífero com o mundo islâmico, ao reforço do multilateralismo no plano das relações internacionais. E um sinal a todos de que é este o caminho a seguir.

Mas esta é a minha opinião, e como tal, sujeita a crítica...

Na próxima segunda-feira teremos o anúncio do prémio Nobel da economia. Será às 12h00 de Lisboa. Não avanço nomes, embora ficasse muito surpreendido se, por exemplo Eugene Fama o ganhasse... De qualquer forma, se estiverem interessados em saber nomes, este site apresenta resultados de uma pool sobre o assunto. E este artigo também avança nomes.

Que sinal irá o Comité Nobel dar segunda-feira vez ao mundo?

sábado, 3 de outubro de 2009

World Economic Outlook (Outubro)

A versão completa do World Economic Outlook já está disponível no site do FMI. Com o relatório de Outubro é também actualizada a base de dados com as previsões do FMI por país (e não apenas das principais economias e zonas económicas). A ideia de recuparação lenta em "U" parece ser agora mais consensual entre os economistas. Para Portugal estimam uma taxa de desemprego de 9,5% para 2009 e 11% para 2010.

A base de dados do WTO pode ser consultada aqui.

Algumas notas e notícias dispersas

Esta, sobre o estímulo que a última comunicacao do PR produziu nos hackers, é ilariante. Pode ser vista aqui e tem o título de "Tentativas de intrusão no sistema informático do governo duplicaram após comunicação do PR".

O "Sim" na Irlanda parece que vai ganhar de acordo com a seguinte notícia do Público on-line. Já ontem deixei um post sobre este assunto. Apenas um reparo marginal: que pena este referendo estar a acabar, pois nao consigo imaginar uma campanha de publicidade mais barata e eficaz a Lisboa do que as frases "Yes to Lisbon" ou "No to Lisbon".
Grande campanha de publicidade! Parece que há a possibilidade de ela voltar a acontecer se o partido conservador ganhar no Reino Unido...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ainda Cavaco

Não resisto a divulgar esta frase que acho fenomenal. Li-a no site do jornal Público e foi escrita por Pedro Ivo de Carvalho, um jornalista do Jornal de Notícias.

"O desconforto é parte integrante da condição humana, mas até o presidente da República devia saber que há alturas na vida em que temos mesmo de engolir o sapo".

Voilá!

Lisbon Treaty

Hoje cerca de três milhões de irlandeses votam o Tratado de Lisboa. amanhã é que vamos saber o resultado desta consulta popular.

Caso tivesse de votar, caso fosse um cidadão irlandês, diria sim. Mas confesso que me sentiria um bocado aborrecido com a ideia de ser chamado a dar a minha opinião, again and again, até que o "sim" aparecesse como resultado final.

E também me sentiria um bocado "aborrecido" com o espectáculo que normalmente se segue a um "não". Viagens (neste caso) a Dublin, negociações de contrapartidas, comissário para aqui, "doces" para ali... Enfim, uma panóplia de coisas, nenhuma das quais sobre que caminhos tencionamos trilhar. Nada sobre que projecto queremos para a Europa. Nicles sobre "Sim" ou "Não". Zero sobre ir por ali ou parar por aqui...

Mas a vida é isto mesmo. É o mundo da Real Politik.

Para os irlandeses este "filme"não é novo. Já o viram com o Tratado de Nice. Agora há a sequela de Lisboa. Amigos celtas, tenham paciência e votem em consciência!

O (enorme) melão de Louçã

Subiu no nº de votos. Subiu em percentagem. Duplicou o nº de deputados (+8). Ás 20h00, parecia que ia ser uma grande noite para o BE. RTP e SIC punham-no em 3º lugar firme (tanto em % como em nº de deputados – 18 a 22, dizia-se). Apenas a TVI destoava e punha o CDS/PP em 3º lugar. A ajudar a festa, o PS perdia a maioria mas o BE (ou o PCP) seria suficiente para gerar uma maioria na Assembleia e impor as suas propostas. Fazenda faz a primeira declaração. Júbilo nas hostes bloquistas. A SIC começa a corrigir dados e coloca a hipótese do CDS/PP ficar percentualmente à frente do BE mas com menos deputados. Rosas faz a segunda declaração da noite. A exaltação das hostes continua grande. Louça faz, finalmente, a sua aparição. A pose típica de tele-evangelista, sorriso de orelha a orelha e o tom, também típico, de educador das massas e de dono da razão e da verdade. Não confundir com arrogância, superioridade ou pedantismo. Não, na esquerda esses tiques não existem. Felizmente, para ele, Louçã falou cedo e sem os resultados finais. Evitou o grande melão da noite.
Afinal o auto-proclamado candidato a 1º ministro ficou em 4º lugar. Ultrapassado pelo CDS/PP (que elegeu mais 9 deputados que há 4 anos).Não chegou aos 10%. Elegeu apenas mais um deputado que o PCP (16 contra 15) e, para piorar as coisas, o resultado do PS ficou no limite mínimo esperado pelas várias projecções. Que quer isto dizer?
Bem, o BE aumentou o nº de votos em 200 mil, é verdade. Duplicou o nº de deputados, é verdade. Mas de que lhe servem esses votos e esses deputados? Para nada. A não ser para ganhar mais uns trocos no financiamento público dos partidos, o que já não é pouco. Não esquecer que o afã do BE pelo “vil” metal até os levou a votar a favor da ignóbil lei do financiamento dos partidos (depois vetada pelo PR).
Ou seja, para Louçã vai o melão da noite eleitoral. Depois de tanto prometer nas sondagens e nas projecções, ficou-se com uma mão cheia de … nada. Só para ver este epílogo valeu a pena assistir até ao fim à noite eleitoral.

PS: Parabéns ao PS (ganhou as eleições) e ao CDS/PP (que grande resultado!!!) e à TVI, o único canal que, a exemplo do que acontecera nas eleições europeias, acertou quase em cheio no escalonamento e nas % dos diversos partidos.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Comunicação ao País

Hoje o Presidente da República fala ao País. Sei bem que cada presidente tem o seu estilo quando pretende dizer algo que na sua opinião é importante para o País. Também sei que cada presidente que passou por Belém tem o seu estilo e a sua maneira de gerir silêncios. Mas parece-me que o do actual presidente é talvez um bocado um "pau de dois gumes". Diz que vai falar mas não fala sobre o quê. Faz suspense. Será um adepto do cinema deste estilo?

Fico a aguardar o que o Presidente vai dizer. Espero que seja mesmo importante e que, ao contrário do que foi sentido da última vez que optou por esta estratégia, que não nos saia Açores em vez de desemprego ou dificuldades sentidas pelos portugueses. Sim, até porque as eleições para a Presidência são daqui a dois anos. E quem não fala aos portugueses de uma forma eficaz e clara...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

MMS na "conchichina"

Não sei se já viram este cartaz do MMS, um dos novos partidos políticos do espectro político português. Não sei, mas eu pensava duas vezes antes de dar o meu voto a um partido político que nem sequer pega no prontuário ortográfico antes de colocar cartazes pelo país fora. É que como já foi sobejamente notado na Blogosfera, é da "Conchinchina" que se trata. Ou será que eles aludem a outro local fora do Vietname?

Hoje há um "Prós e contras" com os partidos pequenos (o MMS é um deles...). Será que o formato mais ou menos "generalista" deste programa vai resistir a tanta diversidade junta?

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Gripe dos Porcos II

Pois é, pois é… Acertadíssimo comentário do emérito colega RightWing sobre os excedentes desse fármaco tão moderno quanto inútil chamado Tamiflu, que me inspira um novo post sobre a gripe dos porcos. Sem dúvida nenhuma que de 3 em 3 anos a humanidade será atacada consecutivamente pelos seguintes vírus:

2012 – Gripe das ovelhas, terrível mutação do vírus do monquilho (doença endémica do gado lanífero), que terá como efeitos secundários o crescimento descontrolado dos pelos das orelhas nos humanos e o aumento da despesa dos governos

2015 – Gripe felídea, contagiada pelo bichano de lá de casa, e da qual nunca teríamos ouvido falar (dada a sua não existência) se não fosse o lucro das farmacêutica a descer após a gripe de 2012

2018 – Gripe dos periquitos, mutação mortal (esta mesmo mortal, mas mortal mesmo!!!) da gripe das aves, transmitida pelo ataque feroz do piolho dos periquitos, a quem nunca lhe deu por atacar aos humanos até que um dia acordou chateado (olha que azar)

2021 – Gripe dos peixes, com origem no vírus da gripe das lesmas marinhas, que sofreu mutações devido às provas com armas atómicas em Mururoa (eu já vi este filme), mas transmitida aos humanos pelos simpáticos (not any more) peixinhos dourados de aquário

2024 – Gripe dos ursos (grande urso quem a apanhar)

E assim ad eternum, até que o governo mundial (sim, antevejo que dentro de 40-50 anos teremos um governo mundial, com Santana Lopes de 1º Ministro, lá andará ele) decida que a humanidade se deve tornar vegetariana e exterminar todos os animais, para assim não apanhar mais gripes parvas (não há nome de animal = não há gripe). Quem sabe se a partir desse dia as gripes não começarão a ter nomes de vegetais: gripe dos rabanetes, gripe das cenouras, gripe dos tomates (upa, upa!!!), etc, etc, etc.

E agora, uma sábias palavras: “In the long term, we're all dead” (JMK)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A Gripe dos Porcos

Nas últimas semanas estão a chegar uma série de notícias muito engraçadas de Espanha sobre a famosa, “terrível e mortal” gripe A, que ia acabar com a gente toda de cá do sítio (e com a gente toda dos outros sítios todos, evidentemente).

O processo em Espanha tem sido o seguinte: primeiro, foi a ministra da saúde que, pouco a pouco, foi suavizando o discurso oficial por forma a relativizar o perigo da gripe e as suas consequências, reduzindo a alarma geral criada (pelos “media”, esse grande negócio) e alinhando a gripe A com a gripe sazonal. Depois chegou a hora de definir os grupos de risco e, grande surpresa, as crianças ficaram de fora (mas isto não era um vírus mortal que atacava com especial força aos jovens?!). Depois os profissionais do sistema de saúde (definidos como grupo de risco preferencial para as vacinas) disseram, através das ordens de médicos e auxiliares de enfermaria, que não achavam utilidade à vacina e, mais, a vacinação poderia ter efeitos negativos não esperados, pois a mesma ainda não foi testada, pelo que pediam ficar de fora da vacinação. Agora, a ordem dos médicos fez uma declaração na que se qualifica a gripe A de “doença fantasma” que criou uma “epidemia do medo” e que serve certos interesses económicos e políticos. E mais, hoje a ministra reconheceu publicamente que a gripe A se está a comportar de maneira mais leve do que a gripe sazonal.

OK, já há pessoas com os pés no chão neste assunto. E agora a pergunta: a quem favorece a gripe A? Evidentemente, aos grandes grupos económicos com interesse na saúde, e que muitas vezes também contam dentro desses conglomerados de empresas com meios de comunicação. Bacano, eu vendo vacinas, tu vendes jornais, e o patrão é que ganha!!! E mais outra na cabeça das farmacêuticas: como podem, com essa alegria toda, vacinar milhões de pessoas sem testar adequadamente os efeitos secundários? Ou será que já sabem que não vai ter, porque simplesmente aquilo não serve para nada? Não sei qual das duas respostas é mais enervante…

Estarei conspiranoico? Há 3 meses achava que sim, hoje já não acho.

E já agora, o papel da OMS nisto tudo pode-se qualificar de vergonhoso, no mínimo.

Podem ver notícias sobre o assunto a partir deste link:
http://www.elpais.com/sociedad/salud/

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Numa busca rápida realizada na passada 2ª feira (dia 17de Agosto) no jornal Record, encontrei os planteis dos 16 clubes da 1ª liga portuguesa. Com as devidas ressalvas, de desactualização constantes tal o volume de jogadores contratados e dispensados pelos nossos clubes, cheguei aos seguintes dados:
· Dos jogadores registados pelo Record, os portugueses são maioritários. No entanto, representam apenas 46% do total. Os brasileiros representam 28%, seguido por argentinos (4%) e franceses (3%);
· Sporting, Porto e Benfica têm jogadores de 8 nacionalidades. O Belenenses é o clube mais internacionalizado (11 nacionalidades) e o Paços de Ferreira o menos (apenas 4 nacionalidades;
· Vitória de Setúbal (65%) e Académica (63%) são os clubes com mais jogadores portugueses. No extremo oposto encontram-se Nacional (23%) e Porto (28%). No Benfica apenas 36% dos jogadores são portugueses enquanto no Sporting são 56%.
· Nos casos do Marítimo, do Braga e do Nacional a maioria dos jogadores não são portugueses. São brasileiros: 56%, 41% e 42%, respectivamente. No caso da Naval, a predominância é repartida equitativamente por portugueses, brasileiros e franceses.

Uma questão apenas: será que para se ser minimamente competitivo e marcar 1 golo por jogo (sim, nenhuma equipa marcou mais de um golo na 1ª jornada da liga) é necessário recorrer aos serviços de tantos imigrantes?

A questão aqui não é os imigrantes, em si mesmo. A questão aqui é quem ganha com este tráfico de jogadores. Poucos deles acrescentam qualidade ao futebol praticados. Para além da questão da oferta e procura (jogadores portugueses querem cobrar salários mais altos que os que são pagos aos imigrantes) qual o papel dos agentes dos jogadores, dos dirigentes dos clubes, das comissões, dos treinadores, etc.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Site inovador



Este site tem sido anunciado com grande difusão (deve ter um excelente comunicador). Dizem que se trata de um sítio onde os eleitores podem colocar questões aos candidatos, debater os programas, as ideias, apresentar sugestões, enfim, um grande número de funcionalidades. Vamos ver no que dá.

Fica aqui o link do liberopinion, para testarmos e acompanharmos. Afinal, estamos em ano de eleições.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Españoles en el Mundo

Uma amiga minha enviou-me este link do programa Españoles en el Mundo. O programa de ontem foi sobre Lisboa.

Lisboa vista pelos olhos de alguns espanhóis que optaram por ficar em Portugal. A cidade contada através das histórias de pessoas ditas "normais". Um programa centrado nas pessoas. Mas no entanto com tanto para contar.

Que diferença entre este tipo de abordagem e aquela que nos é dada através dos "chatérrimos" RTP contacto da versão internacional da televisão pública portuguesa!

Viva a República?



Estes dias de verão, no que os jornalistas se submergem nas habituais “summer trash news”, ninguém estava a espera do “golpe de efeito” levado a cabo por uns cidadãos monárquicos, e que consistiu na substituição da bandeira da cidade de Lisboa pela bandeira monárquica.

Penso que se trata mais uma acção publicitária do que política, magnificada pela falta de notícias à séria (para alem de constituir delito punido por lei, mas com estado da justiça já sabemos no que vai dar). Ainda assim, e dado que não temos coisa melhor para fazer (tirando o quiz palerma sobre a nossa orientação política), peço a vossa opinião sobre o assunto, adiantando ainda as minhas questões e visões sobre o mesmo:

1) Desde já digo: sou favorável ao regime republicano. Não percebo porquê numa sociedade moderna o máximo representante dum país deve sê-lo pela simples razão de que o seu trisavô já o tinha sido. A democracia e a igualdade de oportunidades (que não o igualitarismo) são conceitos indissociáveis;

2) O problema do país não se prende com a forma em que a máxima representatividade do Estado é feita. Prende-se com outros problemas cuja solução não é “com uma monarquia como a espanhola estávamos melhor”. Os problemas de funcionamento de Poderes do Estado (como por exemplo o judicial) estão na base do “estado a que isto chegou” (como disse o Salgueiro Maia);

3) Os monárquicos trocam bandeiras, mas não vão muito mais longe. O vasto território das propostas sérias de reforma continua por explorar;

4) Um argumento que tenho encontrado várias vezes (e que me resisto a qualificar de proposta séria) é que um monarca poderia garantir a “equidistância perante as demais instituições públicas” dado que “o Chefe de Estado Real emana da Nação e não de grupos de interesse”. Bem, emanaria da Nação se assim o decidisse a Nação… E se algum dia decidisse o contrário? Estaria disposto o deposto rei a aceitar a vontade do povo?

5) E ainda sobre a parte da equidistância anteriormente citada: será que não existem grupos de interesse a influenciar o poder real? Será que o rei é “santo” e não susceptível a favorecer certas pessoas/amigos? Hmmm, esse pretenso rei nem parece humano… Aliás, mais que descrever um rei, até parecem descrever um “outsider” salomónico. Se esse lugar ficar vago, eu proponho-me, dado que sou “outsider”, não tenho grupos de interesse aos quais servir e posso treinar para ser salomónico…

E pronto, a minha opinião é evidente: Viva a República por mais 100 anos no mínimo!!!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Economista de direita ou esquerda?

O Jornal de Negócios tem no seu site um quiz (em excel) para detereminar se o user é um economista de direita ou de esquerda.

Em poucas perguntas, apura uma pontuação que dirá se são mais ou menos adeptos da economia de mercado.

Façam o teste e digam o vosso score. Eu atingi 70 pontos e o resultado disse: "Acredita no mercado quanto baste. É um crítico das teorias e aplica-as conforme as considera mais ou menos sensatas. É acima de tudo um pragmático. Pode dedicar-se à política."

O link para o quiz está aqui.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Previsões, estimativas e indicadores avançados

A pouco e pouco vou recuperando o tempo perdido. A 15 de Julho, o Banco de Portugal divulgou o seu Boletim Económico de Verão. As mais recentes previsões para a economia Portuguesa para 2009 e 2010 podem ser rapidamente consultadas aqui.

Hoje a OCDE divulgou os indicadores avançados - os Composite Leading Indicators - sobre o estado de saúde de 29 países que fazem parte desta organização (Portugal incluído). De acordo com a OCDE, há sinais mais evidentes de que o "fundo do poço" já foi atingido (ver press release aqui). Não deixam de ser notícias positivas, mas que têm de ser interpretadas com cuidado.

A 24 de Junho, a mesma OCDE publicou o seu Economic Outlook (relatório bianual). Previsões sobre os principais indicadores de actividade de Portugal podem também ser obtidas a partir daqui.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Publicidade enganosa

Circunstâncias várias fizeram com que eu percorresse algumas localidades do sul ao centro do país num único fim-de-semana. Antes destas deslocações, já tinha reparado que muitos dos outdoors e publicidade política colocada em Lisboa por causa das eleições europeias ainda não tinha sido retirada. O que não sabia era que este parece ser um facto consumado por todo o país.

Não que eu não goste de outdoors. Não. Como consumidor, gosto que que me apresentem bons produtos. Gosto de teasers inteligentes e aprecio, como qualquer mortal, as boas campanhas de publicidade.

O que já não gosto tanto é de ver publicidade com produtos que já não estão à venda. Coisas anacrónicas, com outdoors desbotados pelo sol. Não, para mim, isso é poluição visual, publicidade enganosa.

É o que se passa com os outdoors com deputados e frases referentes às eleições europeias que ainda se vêem por este país fora. Não deveriam ter sido retirados logo após as eleições? Pensava que existia uma lei qualquer que obriga os partidos a retirarem todos os cartazes após as eleições... Se calhar estou enganado. Afinal de contas este ano vamos ter uma orgia de eleições. E pelos vistos de cartazes e de publicidade política também!

Actualização de Julho do FMI

Com substancial atraso em relação à data da sua divulgação (8 de Julho), aqui vão alguns comentários à actualização do Fundo Monetário Internacional (FMI) do World Economic Outlook (WEO) realizado em Abril.

Nesta revisão, de uma forma geral, o que nos é transmitido é que a crise económica deve ser sentida em 2009 de uma forma ligeiramente mais forte do que o previsto em Abril (-0,1 pontos percentuais) e que, em contrapartida, a recuperação em 2010 vai ser um pouco mais robusta do que se estava a pensar (+0,6 pontos percentuais).

Com especial interesse para Portugal, pois tratam-se de importantes parceiros comerciais, é de salientar a revisão em baixa, para 2009 e 2010, das previsões de crescimento económico da Espanha (-1,0 e -0,1 pontos percentuais, respectivamente) e a revisão em baixa, para 2009, para a Alemanha (-0,6%).

Aliás, de acordo com as previsões do FMI, a zona euro deverá ter um comportamento em 2009 bastante pior do que o que era previsto em Abril e ligeiramente melhor em 2010 (mas mesmo assim negativo: -0,3%). E o que poderá querer isto dizer para Portugal, um país de média dimensão aberto ao exterior? Na minha opinião reforça a ideia de que a retoma económica não está aí ao virar da esquina. Virá, na melhor das hipoteses, lá para o fim de 2010, 2011.

O texto do FMI referente a esta actualização pode ser visto aqui.

Devo lembrar que esta actualização é uma espécie de actualização intercalar, onde apenas se mostram previsões para o andamento geral da economia mundial, grandes blocos económicos e um conjunto de países seleccionados. Previsões do FMI sobre a economia portuguesa só na lá para Outubro deste ano com a revisão de todas as previsões para um conjunto muito mais alargado de países.

Para “seguir o rasto” dos últimos WEO, especialmente aqueles realizados durante a actual crise económica e financeira, basta clicar na sigla “FMI” presente secção das etiquetas da barra lateral direita deste blogue.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Leonard Cohen, grande, grande, GRANDE!!!!

A minha vénia e o meu agradecimento a LEONARD COHEN. O canadiano, de origem judaica que, aos 74 anos, ofereceu um espectáculo que ficará certamente na memória de todos aqueles que, na passada quinta-feira, quase encheram o pavilhão atlântico. Praticamente três horas de canções interpretadas de forma irrepreensível e sem falhas naquele tom de voz que só Leonard Cohen tem. Acompanhado por um conjunto de músicos excepcionais e com o apoio vocal de Sharon Robinson e das “Webb Sisters”, Leonard Cohen deixou brilhar os seus acompanhantes, não só em solos individuais como através das duas apresentações que fez dos seus colegas de digressão (com os devidas elogios individuais e o retirar do chapéu). Leonard Cohen mantém a forma apesar da idade. E a elegância, e a postura, e a educação e, sobretudo, a humildade. O retirar o chapéu no final de cada música quando começam os aplausos, as palavras dirigidas ao público naquele tom pausado de conversa em família. E as canções. E as letras. Momentos altos? Muitos. Depende da preferência de cada um. Para mim, a abertura com Dance Me To The End Of Love e depois, e não necessariamente por esta ordem: Partisan, First We Take Manhattan, I’m Your Man e claro, Hallelujah. Mas todas as outras também. Por tudo isto, muito e muito obrigado Mr. Leonard Cohen.

domingo, 2 de agosto de 2009

O BE e a verdade (ou a falta dela, pelo BE)

Sim, é verdade, embirro com o BE. Penso mesmo que esse partido é responsável por grande parte da chicana política existente na política portuguesa. Apresentam-se como os paladinos da verdade, da transparência, da seriedade, da ética na política e, à vez, emitem uns sound-bites consentâneos com essas virtudes. Quem não critica os lucros exorbitantes do sector bancário? Quem não desejaria que as empresas (em especial as que apresentam lucros) não despedissem trabalhadores? Quem não desejaria apoiar mais e melhor aqueles que ficam sem emprego? Quem não desejaria, em suma ter um mundo melhor? Quem houve estes senhores (e em particular a sua eminência parda, Louçã) quase que é levado a acreditar que todos os outros são uns cretinos, uns inconscientes, uns insensíveis... enfim que toda a virtude bafejou apenas os iluminados bloquistas. Para além da falta de modéstia que demonstra por afirmar que está sempre acima de todos os outros, os factos também desmentem tamanha virtude deste bloco: o caso Sá Fernandes em Lisboa (que ambos mereceram tão grande foi o jogo de interesses jogado pelo Zé e pelo BE), a votação, sem pestanejar, a favor da nova lei (chumbada pelo PR) do financiamento dos partidos, o caso do jantar de homenagem a Manuel Pinho e no qual participou António Chora, o primeiro caso Joana Amaral Dias (JAD) quando foi mandatária de Soares e agora o segundo caso JAD, entre outros são exemplo do pior que a política tem e que o BE tão bem já adoptou. Aliás este último caso é emblemático da mais baixa política e das falhas de carácter dos intervenientes. Acusar o PM de convidar uma senhora do BE oferecendo-lho cargos políticos e acusá-lo de tráfico de influência foi o que fez Louçã. Uma conversa que deveria ter merecido algum sigilo, foi tornada pública por JAD que qual virgem ofendida diz que recusou liminarmente (será recusou logo ou que pediu tempo para pensar, como foi noticiado), mas nunca afirma que lhe foram oferecidos cargos políticos. O PM e bem, exige um pedido de desculpa e que diz Louça? Que não pois o governo (essa entidade que paira por aí) convidou um militante bloquista e que por isso não deve desculpas. Esquece as torpes acusações que fez e passa a frente, não sem antes, voltar a proclamar que o que o BE quer é uma política séria e de verdade. Vê-se!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Um verdadeiro iconoclasta

Se não vejam:

...Sendo o PSD o partido à direita, esperaríamos que o crescimento do Estado fosse mais moderado quando está no poder. Mas os dados revelam uma realidade surpreendente. Quando o PSD está no poder, o monstro cresce em média 0,35% ao ano, enquanto quando é o PS no poder a despesa cresce appenas 0,25% por ano...

Estas frases fazem parte de um ensaio do economista Ricardo Reis sobre o consumo público desde 1985, publicado pelo jornal i de ontem. Surpreendente não?

É de saudar a iniciativa do jornal i. Pela lufada de ar fresco que este ensaio trás à discussão relacionada com o "monstro" da despesa pública. E pela evidência empírica retrospectiva que aponta para uma contradição entre a ideologia e a actuação dos partidos de direita em Portugal. Um exemplo: o pico do consumo público em percentagem do PIB surgiu com Durão Barroso/Pedro Santana Lopes e CDS no poder...

Sugiro a todos a leitura deste trabalho.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Os agitadores carreiristas

Engraçado este pequeno artigo - chamado Quanto mais agitadores e rebeldes, mais carreiristas - que pode ser lido aqui no i on line. Foi escrito por um jornalista italiano e reporta-se à realidade italiana.

Diz que os líderes carismáticos são uma raridade porque, ao invés dos agitadores carreiristas, combinam a humildade com uma visão verdadeiramente alargada do mundo onde vivem. Acreditam realmente que podem melhorar as coisas. Os agitadores, esses, procuram agitar as multidões pois acreditam que são melhores do que os que estão no poder. (Se acreditam que são melhores, onde é que fica a humildade?) Também não acreditam verdadeiramente que podem mudar as coisas pois bastas vezes vemos que, mal a crispação do momento passa, são dos primeiros a acomodarem-se e a tratar, como o comum dos mortais, da sua vidinha...

Não sei se este jornalista italiano terá cem por cento razão. Certo, certo é que também eu conheci alguns destes agitadores "carreiristas". Ou melhor, conheço as suas histórias, pois quando me cruzei com eles já estavam há algum tempo "acomodados" em posições de relevo aqui e ali.

Mas o pequeno artigo leva-me a pensar no seguinte: se a humildade e a visão de um mundo melhor são de facto características raras de serem encontradas numa única pessoa, não estaremos condenados a sermos governados quase sempre por líderes sem carisma?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Evolução da inflação desde 1998

Tenho notado alguma procura de um post antigo intitulado "Evolução da inflação desde 1999" (pode ser encontrado aqui). Actualizo o conteúdo desse post com a evolução da inflação homóloga, indo um pouco mais atrás no tempo (a Janeiro de 1998) até à mais recente informação disponível (Junho de 2009).
A figura acentua a tendência de queda da inflação homóloga que em Junho atingiu os -1,6%. Os valores da inflação, pelo menos os mais recentes, podem ser obtidos aqui.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O lento declinar do crescimento da população em Portugal

Hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou as estimativas para população residente em Portugal.

São estimativas, números sujeitos a revisão. Valores mais precisos só com os censos de 2011. De qualquer forma são valores tomados como bastante precisos (os maiores problemas devem vir, penso eu, da dificuldade em estimar os saldos migratórios; algo difícil de se fazer com precisão numa Europa com livre circulação de pessoas e bens).

Pois bem, e o que nos diz o INE? Confirma-nos o que intuímos saber: diminuição da taxa de crescimento da população e envelhecimento da mesma.

Desde 2004 que a taxa de crescimento efectivo da população residente tem vindo a declinar até chegar aos míseros 0,09% de 2008. É o que o gráfico deste post mostra. Mas talvez mais preocupante são os indicadores da população activa (67,1% em 2008) e os rácios de "dependência": em 2008, estima-se que para cada 100 jovens havia 115 idosos...

E o que nos trazem de positivo estas novas estimativas? Bem, a maior longevidade da população, o decréscimo da taxa de mortalidade infantil (algo que nos deveríamos orgulhar, pois estamos entre os melhores do mundo) e uma ligeira melhoria da taxa de natalidade em relação ao 2007.

São estes os números e tendência que ensombram todas e quaisquer políticas económicas de médio/longo prazo. O que fazer para contrariar esta tendência demográfica? Estimular a natalidade. Promovê-la a sério. E que mais se pode fazer? Estimular a produtividade. E que mais? Uma política inteligente de imigração.

O grande desafio é, quanto a mim, desenhar políticas que estimulem e promovam, de uma forma óptima, produtividade e natalidade. Ah, e já agora, que se combinem bem com políticas de imigração. Serão objectivos incompatíveis?

O texto completo do destaque do INE pode ser lido aqui.
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PS: um dia depois à publicação do INE, o Público faz título de primeira página a partir destas estatísticas. Mas a dar ênfase à emigração, para dizer que há mais gente a sair de Portugal... Enfim, cada um é livre de dar a ênfase que quer. Até porque devemos ter em atenção de que talvez muitos dos que saem podem ser ex-imigrantes e não apenas "portugueses" altamente qualificados, como parece que o artigo quer fazer crer. Além do mais, tal como digo no post, o cálculo do saldo migratório é a parte mais complicada nesta estatística e, como tal, deve ser lida com alguma reserva e descrição... (eu não daria ênfase de primeira página!)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Comparação entre a crise actual e a Grande Depressão de 1929

A comparação entre a actual crise económica e a Grande Depressão é um dos temas que tem suscitado algum debate nos media e na blogosfera. Neste contexto, é possível encontrar as mais diversas opiniões, gráficos e análises que apoiam as mais variadas conclusões sobre, por exemplo, a extensão e a gravidade da recessão económica que atravessamos.

Há de quase tudo para quase todos os gostos. Se não concordam, vejam os dois gráficos seguintes. O primeiro, que pode ser acedido aqui, num site de dois reputadíssimos economistas, parece apoiar a ideia de que a recessão actual é pior do que a enfrentada em 1929.

Já neste gráfico, retirado daqui, de um site menos reputado, a história é exactamente a oposta: o efeito da Grande Depressão, uma vez mais aferido através do comportamento do mercado de capitais, foi mais poderoso do que o efeito provocado pela crise económica acual.


Confusos? Não há razão para isso.

Isto porque um gráfico e a sua apresentação tem muito que se lhe diga. Assim, não nos devemos esquecer de que o que estamos a ver (e a comparar) são duas séries temporais diferentes: uma "oferece" dados mensais, a outra dados diários; uma tem como base de partida da Grande Depressão Junho de 1929, a outra Setembro de 1929; uma fala em World Stock markets a outra no índice Dow Jones, outra tem como base de partida da actual crise Abril de 2009, a outra inicia a série num período de tempo mais alargado, a partir de Outubro de 2007 (i.e., no pico do índice)... E assim por adiante.

Todas estas nuances podem ter importância no aspecto visual final dos gráficos. De qualquer forma, poder-se-á argumentar que mesmo que estas nuances alterem o aspecto numérico do gráfico, a análise qualitativa ou de tendência geral que se extraem dos mesmos é una e inalterável. Afinal de contas estamos a analisar as mesmas realidades socias! Ou não é assim?

Sim, são as mesmas realidades sociais. O problema é que os instrumentos que usamos para as definir não estão isentos de subjectividade. Um exemplo: a escolha das bases de partida das crises económicas é algo que é deixado ao critério do autor dos gráficos. É algo subjectivo, pelo que a simples mudança de base de partida pode, em séries temporais como as que são acima retratadas, originar aspectos visuais dos gráficos e conclusões completamente diferentes... Enfim, um gráfico e a sua apresentação tem muito que se lhe diga.

Para mim parece-me óbvio que se pode lucrar com a discussão sobre este tema, podendo retirar-se ensinamentos da crise de 1929. Especialmente no que se pode extrair através da comparação das diferenças entre as duas crises e no que toca à condução da política económica. Ben Bernanke, o actual presidente do FED, é tido como um especialista sobre o período da Grande Depressão, sendo esta característica por vezes apontada na comunicação social como determinante para a rapidez e a agressividade das medidas de política monetária adoptadas sob o seu mandato.

No entanto, penso que fazer-se coisas como previsões sobre a duração ou a gravidade da actual crise tendo como medida-padrão a crise de 1929, é um exercício que deve ser feito com muita cautela e – como o exemplo dos gráficos acima mostra – com a ideia sempre presente de que serão sempre subjectivas.

É que, caso não o façamos desta forma, estamos sujeitos a ouvir que, como foi referido aqui, Comparing 1929 to 2008 is a bit like comparing a Model T to a 2008 Chevy: They're both cars, but that doesn't mean they're both the same."