sexta-feira, 30 de julho de 2010

Rir e fazer rir


Faleceu ontem António feio, actor, encenador e humorista.

Moçambicano, patrício, marcou a minha geração, com grandes papéis, um excelente sentido de humor, grande entrega nos papéis que desempenhou e, em resumo, um "bacano".

Na minha memória fica, além do "junkie" da novela Origens ou algumas passagens por programas da RTP, o grande Toni da Conversa da Treta. Junto a José Pedro Gomes, transformaram o "jimbras" em personagens que nos faziam gostar deles.

Com cancro do pâncreas, disse há uns meses que queria "matar o bicho a rir". Acredito que tenha consegudo dominá-lo muitas vezes com o riso e que foi assim que partiu.

Um grande bem haja Toni.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

No limite da asfixia

Após as "scuts", agora a obrigação, para todos os que têm direito a receber prestações sociais, de autorizarem a Segurança Social (SS)a consultar as suas contas bancárias. Ou seja, já não são direitos. São privilégios só ao alcance dequeles que autorizam a consulta das suas contas. Ou seja, o Estado parte do princípio que todos os beneficiários de prestações sociais são perigosos prevaricadores e infractores. É lógico que, quando existem suspeitas de ilegalidades, a SS ou outra entidade possam investigar e solicitar a consulta dessas contas. outra coisa, completamente diferente, é ter acesso às contas sem quaquer suspeita do que quer que seja. E depois o limite dos 100 mil euros de poupança. Estamos de completo domínio da insanidade. O Estado penaliza, demagogicamente, quem mais dele precisa e porque sabe que o seu poder de reivindicação e de mobilização é inexistente. Mais uma vez, violam-se e/ou restringem-se direitos fundamentais em nome de nada. A não ser do poder discricionário do Estado, esse ente tão querido da esquerda e do PS em particular. Meus caros, isto é ESTALINISMO. O cerco ao cidadão aperta-se. O cidadão não tem por onde escapar às malhas persecutórias deste Estado. Felizemente, não beneficio de prestações sociais. Mas. para quem necessita, o custo dessas prestações (que são um direito) está-se a tornar cada vez mais elevado. Mas quem verdadeiramente necessita, não tem como resistir. infelizmente.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O escândalo dos identificadores das “scuts”

Ponto prévio: tenho identificador da “via verde” por comodidade, por não recear que saibam por onde ando mas, porque reconheço toda a sua utilidade mas, acima de tudo, por opção.

E este é, para mim, o ponto fundamental. Esta questão da imposição da aquisição (onerosa ou gratuita é perfeitamente indiferente para o caso) para se andar nas “scuts” marca uma diferença fundamental entre esquerda e direita. O Governo PS quer obrigar todos os que querem (por obrigação ou por opção) circular em determinadas vias a obrigação de ter um identificador. Se eu não o tiver não posso circular nessa via. Isto é uma medida do pior centralismo autoritário da esquerda. O querer e o gostar de impor. À direita, onde me reconheço, o conceito é diametralmente oposto, ou seja, o indivíduo tem de ter liberdade para poder escolher o que mais lhe convém.

Eu, com o identificador da “via verde” posso escolher entre utilizar a dita “via verde” ou retirar um ticket e pagar no final da viagem. Mais, se, pura e simplesmente, não quiser ter “via verde” posso continuar a circular nas auto-estradas sem qualquer problema. Com a imposição do identificador, o indivíduo deixa de ter a opção de circular numa “scut”. Quem não tem, paciência. Calculo que para qualquer incauto turista que entre em Portugal, não lhe passará pela cabeça perguntar (sabe Deus a quem) se há vias por onde não possa circular. Mas há. Há as “scuts” por onde não poderá passar sem preencher um sem número de procedimentos. Isto é estalinismo no seu estado mais puro. É o controlo do indivíduo pelo Estado. Esta é uma questão que separa claramente a direita da esquerda: conceitos como liberdade e livre escolha.

PS: Propositadamente, não entro, na discussão da legalidade desta imposição, quer em termos de privacidade, quer de limitação de movimentos e de escolha. Estou apenas a discutir o que vale a liberdade individual.

sábado, 29 de maio de 2010

O conceito de democracia de Louçã

et pour cause, do Bloco. "é uma vingança" contra a democracia, considerando que o ex-ministro e o Presidente estão "do mesmo lado da cultura mais reacionária. Este é um excerto de uma notícia da Lusa, intitulada Presidenciais: Hipótese de candidatura de Bagão Félix é "vingança contra democracia". As palavras, como se constata pelo seu teor, são de um “democrata” exemplar, de seu nome … Francisco Louçã.
O mesmo senhor, que no dia em que se soube o resultado do primeiro referendo sobre o aborto, e na sua primeira reacção, se apressou a exigir um novo referendo.
Quem está connosco (9% dos portugueses que votam) são democratas. Os outros são todos perigosos reaccionários e anti-democratas. Elucidativo da cultura democrática desta gente.

Populismo e falta de decoro

Esta semana, parado num sinal vermelho, chamou-me atenção mais um cartaz do Bloco de Esquerda, naquele estilo wharoliano de cores vivas. Era do género: “O cinto deles nunca aperta”. Entre os gestores “mimados” pelo cartaz estavam alguns gestores públicos mas também gestores privados. Eu pergunto: mas o que é que o Bloco, ou qualquer outro partido ou entidade (para além das finanças e da segurança social, por motivos óbvios) tem a ver com o que ganha Rodrigo Costa, Ricardo Salgado ou Paulo Azevedo?
A não ser que o Bloco de Esquerda tenha resolvido investir na bolsa (que blasfémia) e se tornou accionista da Sonae, BES ou de outras empresas privadas, qual é o interesse público em se saber quanto ganha um cidadão numa empresa privada? O Bloco, para além do populismo, padece de uma inveja crónica do sucesso dos outros e roça a mesquinhez e a falta de educação com essa bisbilhotice populista.
Eu, por mim, e se os accionistas das empresas privadas não se opuserem a pagar salários altos, também não tenho nenhum problema com isso. Não invejo o sucesso dos outros. Não acho que todos devamos ser pobres. Nem tão pouco acho que todos tenhamos de ganhar o mesmo. Mais, quando o dinheiro não é meu, não me preocupo com a utilização que os outros façam do seu dinheiro. A não ser que depois se venham queixar. Mas isso é outra história.
E já agora, será que o cinto dos dirigentes do Bloco também se aperta?

domingo, 23 de maio de 2010

Bravo José Mourinho!

Para mim, é impossível dizer se um treinador é o melhor do mundo ou não. No entanto, em cada época há sempre algum treinador que é o melhor do mundo. E o da época de 2009/2010, é, para mim e sem qualquer sombra de dúvida, José Mourinho (independentemente de quem ganhe o mundial). Goste-se muito, pouco ou nada do seu estilo, Mourinho marca os clubes por onde passa. Esta época houve treinadores com percursos fantásticos: Ancelotti no Chelsea, Van Gaal no Bayern ou Guardiola no Barcelona. Mas Mourinho fez mais que qualquer um deles, tanto em quantidade como em qualidade. Com um plantel relativamente curto em quantidade de jogadores com qualidade, conseguiu um onze com jogadores fantásticos e mais um ou dois suplentes capazes de garantirem alguma ausência.

Neste grupo de jogadores destaco, pelas exibições que vi, Walter Samuel, Javier Zanetti , Sneijder e Milito. Muito bem acompanhados por Júlio César, Maicon, Cambiasso e Etoo. E ainda, Lúcio, Chivu, Pandev e Stankovic.

No percurso da Champions houve três jogos marcantes: o de Stanford Bridge nos oitavos de final; o jogo de Milão com o Barcelona nas meias-finais e a final com o Bayern. Em todos eles o Inter mostrou uma clara superioridade sobre os seus adversários, incluindo sobre a equipa que melhor futebol tem vindo a praticar nos dois últimos anos: o Barcelona de Guardiola.

Além do treinador e dos jogadores, há outra pessoa que merece como ninguém este título: o presidente Massimo Moratti.

A final de Madrid foi exemplar. Tal como já havia sido a da última época, embora por motivos distintos. A do ano passado pelo futebol ofensivo e espectacular do Barcelona. A de ontem pelo exemplar rigor táctica do Inter. Ontem sem nunca descurar uma oportunidade para sair para o contra-ataque.

Por último, uma referência à forma como Van Gaal (conhecido pelo mau feitio) aplaudiu os vencedores e para o fair-play que demonstrou na hora da derrota. Um exemplo.

PARABÉNS MOURINHO!

PARABÉNS MASSIMO MORATTI!

PARABÉNS INTERNAZIONALE!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tabelas de retenção na fonte para 2010

As tabelas de retenção na fonte para o ano de 2010 podem ser obtidas aqui. Foram publicadas no Diário da República com a data de ontem.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Uma grande jogada e um falhanço clamoroso

Esta metáfora futebolística aplica-se, na perfeição, à declaração de ontem do Sr. Presidente da República. Fez uma jogada fabulosa: uma exposição brilhante do contexto e dos argumentos utilizados na discussão sobre o tema em causa; salientou a intolerância de uma minoria que teima, sistematicamente, em apelidar de retrógrados e atrasados os que deles discordam, expôs claramente a sua posição. E depois, com a baliza escancarada falhou o golo, ou seja, não vetou o diploma. Perdeu uma excelente oportunidade de fazer prevalecer os valores de uma grande parte do seu eleitorado. Mesmo que nova votação favorável o obrigasse depois a promulgá-lo. Optou pelo tacticismo, pela solução mais confortável para a sua reeleição. Acabou por fazer uma triste figura. Não ganhou nenhum respeito daqueles que a ele se opõem e perdeu algum daqueles que são a sua base de apoio.

Foi pena.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cambridge Companion to Atheism


Foi com grande curiosidade intelectual que comprei hoje este livro, “Um Mundo sem Deus. Ensaios Sobre o Ateísmo”, a edição portuguesa do “Cambridge Companion to Atheism”. Trata-se de uma edição recente (Abril); o livro está composto por vários ensaios sobre o ateísmo, que cobrem muito diversas temáticas. Neste link à revista de filosofia Crítica pode-se ler um dos capítulos, que versa sobre as teorias antropológicas da religião. Penso que este capítulo foi publicado na rede pelo autor da tradução, Desidério Murcho.

Ainda só folheei o livro, mas há outros capítulos de grande interesse, como por exemplo o que desenha o “retrato psicológico do ateu”. Confesso que tenho certa apreensão sobre a leitura deste último…

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Não, porque não acredito em mentirosos...

Não. Não aceito o pedido de esforço feito por um Primeiro-Ministro que vive na mentira. Obviamente, vou ter de pagar pelos desmandos dos últimos governos e que se acentuou com este. Não me peça nada. Sou obrigado. Se fosse voluntário, obviamente que não contribuía com um cêntimo que fosse. Ainda no dia 16 de Abril, dizia José Sócrates, que não haveria aumento de impostos para além dos previstos no PEC: Ainda há duas semanas, as grandes obras públicas iriam todas prosseguir porque essa era a via do desenvolvimento (Sócrates/Mendonça). Também não haveria perda de benefícios sociais, etc, etc. Ah, e havia os “bota-abaixistas” e os “mal-dizentes”, expressões tão caras a Sócrates. Hoje, depois de ter sido fortemente apertado pelos principais líderes europeus, deu uma volta de 180 graus. Aumentou todos os impostos, cortou nos benefícios sociais, adiou obras públicas, etc. Hoje, na comunicação em directo, após o almoço, foi confrangedor ver Sócrates gaguejar e enredar-se nas suas próprias mentiras. José Sócrates é um mentiroso compulsivo. Já tínhamos todos os indícios. Hoje temos apenas a confirmação. Portugal não pode continuar a ser governado por uma personagem que vê o poder como um instrumento de salvação pessoal. Foram alguns os que avisaram que isto era inevitável após o “fartar vilanagem” em que se tem vivido. Os portugueses não se podem queixar. Em Setembro continuaram a acreditar num mentiroso. Sim, mentiroso, com todas as letras.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Terreiro do Paço, 11 de Maio de 2010


E, finalmente, o Papa Bento XVI chegou a Portugal. Como aconteceu com as visitas do seu antecessor, João Paulo II, a visita de Bento XVI a Portugal e, em particular, a sua estada em Lisboa ficará na memória de todos aqueles que a viveram. Tive a sorte de poder estar no Terreiro do Paço. E estar tão próximo do Santo Padre e poder ouvir as suas palavras faz-nos viver a nossa fé de uma forma ainda mais intensa e especial. Longe dos problemas e das polémicas, estávamos ali para ouvir, apenas, as palavras inspiradoras de Bento XVI. E que palavras mais reconfortantes nos poderia dizer o Santo Padre do que as palavras de Jesus no final do evangelho de São Mateus:

“Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos”.

Obrigado Santo Padre pela sua visita.

Bem-haja e que nada o detenha no seu/nosso caminho.

BENFICA Campeão


Num ambiente de FESTA, na Luz estiveram mais de 64 mil a puxar pelo BENFICA. Loucura antes, durante e depois do jogo.
A Liga decidiu entregar uma réplica do troféu no jogo final, copiando o que se faz noutros campeonatos. Fantástico o ambiente e mais ainda quando foi entregue o troféu.

A FESTA seguiu pelas ruas de Lisboa e alastrou-se ao resto do país.
Segue-se a visita do Papa e depois o Mundial.
Uns meses de alienação face aos períodos conturbados que se vivem.

domingo, 9 de maio de 2010

Foi por muito pouco

Frederico Gil esteve a um passo de fazer história no ténis português. Após um primerio set ganho com facilidade por Montañes por 6-2, nada fazia prever a reacção de Gil. Conseguindo motivar-se (também com a ajuda do público) esteve quase a perder o segundo set e, por conseguinte, a final e consegiu dar a volta e ganhar o set. Entrou muito bem no 3º set (chegou a servir para 4-0) mas, talvez aguma fadiga e uma excelente resposta de Montañes, permitiu que este último desse a volta ao jogo. Gil ainda reagiu e consegiu o 5-5. No entanto, não chegou. Montañes fechou o set com 7-5 e ganhou, pela 2ª vez consecutiva, o Estoril Open. Fica um excelente jogo de Frederico Gil e uma excelente prestação na edição deste ano do Estoril Open.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mãozinhas

Confesso que fiquei impressionado!

A técnica demonstrada é de fazer inveja ao melhor dos profissionais. O à-vontade com que executou o gesto parece revelar uma vastíssima experiência de tais movimentos. E a forma determinada com que executou a fuga…

Poderia estar a comentar a forma de algumas “velhas” glórias do Sporting CP no jogo de homenagem a Iordanov. Alguns, mesmo com a sua idade actual exibem melhor condições física e sentido posicional que a grande maioria do actual plantel do clube. Mas não.

A minha surpresa decorre do gesto do deputado Ricardo Rodrigues.

Não ponho em dúvida as suas razões. Qualquer um de nós, quando se sente psicologicamente violentado, também desata a “desviar” pertences de outras pessoas (não confundir com furto ou roubo, nada disso). Claro que essa é a resposta natural de quem se sente e é filho de boa gente. É, como dizer … uma questão de honra.

A minha surpresa e, confesso, alguma inveja, deriva da técnica. A forma como se levanta e, sorrateiramente e sem se perceber, passa a mão por cima da mesa, “desvia” os gravadores e o mete no bolso é de deixar corado qualquer carteirista do eléctrico 28 ou de qualquer outro amigo do alheio. Qual Beto Mãozinhas, qual quê…

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Iordanov - A homenagem há muito merecida

Hoje, finalmente, o Sporting Clube de Portugal prestou a homenagem há muito merecida a um grande jogador de futebol e a um grande homem: Iordanov.
Só é pena ter demorado tanto tempo e ter sido preciso o recurso ao tribunal para o Sporting ter de cumprir o acordado. Tenho pena pela atitude do meu clube mas muito mais por Iordanov que teve de esperar todo este tempo. Ele que foi um exemplo de jogador e de capitão no Sporting. Convinha que os jogadores que saem da academia vissem videos para que pudessem ver o empenho e a garra que ele punha em cada jogo, em cada lance.
Por tudo Iordanov, muito e muito obrigado!

Outra notícia da TSF

A avaliar pelo post anterior, a TSF está em grande neste blogue. Mas ao contrário do meu colega de página virtual, não vou falar do assunto "poeta Manuel Alegre". Não. Quero antes falar sobre a notícia da eventual descida do rating da dívida soberana portuguesa.

Desta feita é a Moddys que diz que o rating pode descer daqui a três meses. As justificações? Bem, segundo a notícia da TSF, que pode ser lida aqui, é devido à "recente deterioração das finanças públicas portuguesas" e, last but not the least, por causa "do desafio a longo prazo que a economia nacional enfrenta".

Nada mais óbvio e objectivo, diria eu!

Sim, porque como todos nós sabemos, ontem as finanças públicas estavam assim-assim e agora, -se lá saber porquê, estão mais deterioradas! E também como todos os mortais sabem, o desafio a longo prazo de Portugal, que a Moddy sabe muito bem qual é (mas eu não, infelizmente), foi descoberto mesmo agora.

Estas justificações são um verdadeiro espectáculo. E já agora, por que não usar o rating do futebol português nestas apreciações? É um critério tão válido como o desafio a longo prazo que a economia portuguesa enfrenta. Ou não?

terça-feira, 4 de maio de 2010

Tudo e o seu contrário

Hoje, ao fazer o trajecto trabalho/casa, liguei, como de costume, a TSF. Esta estação estava a transmitir, suponho que em directo, o discurso de lançamento (finalmente decidiu-se) do poeta Manuel Alegre. A colocação de voz era excelente, como sempre. O conteúdo era de gargalhada. Manuel Alegre consegue dizer tudo e o seu contrário. Consegue defender tudo e prometer fazer o seu oposto. Tanta incongruência não é costume num discurso preparado. Mas em Manuel Alegre é possível. A ânsia de agradar à esquerda e à extrema-esquerda dá nisto. É impossível levá-lo a sério. Critica o Presidente da República, Cavaco Silva por expressar as suas ideias. Mas apresenta um verdadeiro programa de governo (desconexo, mas um programa). Exemplo: as obras públicas. Critica o PR por levantar dúvidas sobre o momento do seu lançamento mas diz que ele é a favor e aprova o investimento público. Critica a "cooperação estratégica" mas ele não se calará nem se coibirá de dizer o que pensa. Quer estar próximo do Governo, mas também do Bloco de Esquerdo, não vá ser este o único partido a apoiá-lo. Tudo junto dá um enorme vazio. Quem o ouve no início pensa que defende uma coisa. Quem o ouve no fim conclui o contrário. E quem ouve o discurso todo não consegue perceber nada. Eu, por mim, dispenso-o como meu aliado. Não o quero como companheiro de viagem. E seria desastroso tê-lo como Presidente da República.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Desespero na Grécia

Quando se julgava que o fundo estava atingido, eis que os gregos nos mostram que há espaço para um buraco maior.

O Banco da Grécia abriu uma conta de solidariedade com o nome "SOLIDARITY ACCOUNT FOR REPAYMENT OF PUBLIC DEBT", em que pede contribuições voluntárias, exclusivamente destinadas ao pagamento da dívida pública.
O link para a notícia está aqui.

Para os curiosos, solidariedade em grego é αλληλεγγύη que se lê alli̱lengýi̱.

E se Carlos Costa abrir uma destas em Portugal, contribuem? Com quanto?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ainda acham que este país tem saída?

Uma deputada vai receber subsídio para pagar as suas deslocações a casa, todas as semanas. Nada de anormal, dirão. Não fosse o caso da casa da senhora ser em Paris e ela ter sido eleita pelo círculo eleitoral de … Lisboa. Um parecer jurídico deu razão à pretensão da deputada. Um ex-administrador da PT, cargo ao qual chegou seguramente pelo seu mérito, torna-se um mártir, vítima de calúnias, recusa-se a dar explicações a uma comissão de inquérito da AR por as suas explicações puderem ser usadas contra ele. Tudo normal se ele se considerasse culpado. Mas não, é uma vítima e as suas únicas palavras são para pedir desculpa a quem? Aos contribuintes? Aos cidadãos? Não. Ao … 1º Ministro. Percebo perfeitamente. Se tivesse chegado a administrador da PT, também agradecia ao 1º ministro ou a quem me tivesse lá colocado. Uma decisão do Tribunal da Relação confirma que um empresário ofereceu dezenas de milhares de euros a um vereador para tentar influenciar uma decisão da autarquia mas como, supostamente, se enganou na pessoa é ilibado. Aqui, valeu-lhe o facto de ser totó e ter falta de jeito para corromper. Ah, e os juízes que temos, ou a justiça que temos, ou as leis que temos. Entretanto, os juízes do ministério público acusam os advogados, estes acusam os magistrados judiciais. O Procurador Geral e o Presidente do Supremo Tribunal não se entendem, etc. O 1º ministro hoje, ao inaugurar um terminal de cruzeiros confessou a sua paixão por portos. Desde sempre gostou de portos. Do ar que se respira nos portos. Se inaugurasse um aeroporto seguramente confessaria paixão por aviões aeroportos e se inaugurasse a linha de TGV a sua paixão por estações e comboios. Seria preferível que confessasse uma paixão, mesmo que vaga, por Portugal e pelo seu destino, em vez de continuarmos a negar as evidências. Em Portugal e no estrangeiro vai-se generalizando a ideia que se a Grécia afundar, nós iremos logo a seguir (ah pois, já não são só os habituais “velhos do Restelo”). Basta ver as evoluções, quase paralelas das taxas de juro das obrigações e dos preços dos CDS de ambos os países. Os avisos de economistas estrangeiros. Mas o Governo e o Presidente da república continuam a exclamar as diferenças entre os dois países. Neste momento, Portugal é absolutamente ingovernável e, mais grave, sem vontade de ser governado. Basta saber até quando e com que custos. Tudo se paga. Mais tarde ou mais cedo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pederastia

O Cardeal Rouco Varela, responsável máximo pela igreja católica espanhola, fez hoje umas muito interessantes declarações sobre a vaga de escândalos sexuais que afectam à igreja nos últimos tempos. Para que não digam que faço propaganda anticlerical, junto a informação a partir de uma fonte idónea para estes propósitos, o jornal El Mundo. A notícia pode ser lida aqui.

O Cardeal Rouco Varela (conterrâneo galego) surpreendeu todos em Espanha com estas declarações, muito duras e até autocríticas. De facto, não seguem a linha marcada por algumas “figuras menores da igreja” (como as qualificou o caro colega bloguista RightWing, ainda que não concordo com a classificação por ele dada), e entoou um claro “mea culpa” sobre a mão pesada que a igreja deveria ter tido e não teve com muitos desses casos.

O Cardeal Rouco Varela nunca foi do meu agrado, pela sua maneira de gerir a hierarquia da igreja, em contínuo confronto com o poder secular, ultrapassando muitas vezes o que é razoável, e entrando em diversas ocasiões a fazer política. Nesta ocasião, a cúpula da igreja católica espanhola não poderia ter tomado uma posição mais digna e honorável.

Por outra parte, concordo com outros comentários dos nossos bloguistas sobre o aproveitamento anticlerical destes (gravíssimos) casos de abusos a crianças. Estes crimes hediondos não são exclusivos da igreja católica, mas sim transversais à sociedade. O problema é que, como bem apontam os bispos espanhóis, a reacção muitas vezes lenta e fraca da hierarquia católica tem dado sinais equívocos ao conjunto da sociedade. Estas situações requerem uma acção firme e rápida, o que muitas vezes não se tem verificado.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A tolerância de ponto

Agora a polémica sobre a tolerância de ponto nos dias da visita do Papa Bento XVI a Portugal. Insurgiram-se diversas mentes inquietas: como é possível um Estado laico dar tolerância de ponto devido a uma visita de um líder religioso. Não vou entrar em considerações sobre a percentagem da população que é ou deixa de ser católica. Apenas três apontamentos:

1) Uma tolerância de ponto não é um feriado. Ou seja, não obriga ninguém a faltar ao seu trabalho. Exime os trabalhadores de registarem as suas entradas e saídas. Por algum motivo, em dias de tolerância de ponto é pago subsídio de refeição, mesmo que se “falte”. Por isso, espero que, sendo a religião católica, segundo os laicos, tão pouco representativa em Portugal haja pouca gente a “faltar” nos dias de tolerância de ponto e que as “virgens ofendidas” não se aproveitem dessa tolerância para se “baldarem” ao trabalho. Não vá a produtividade ser prejudicada…

2) Os que se preocupam com as quebras de produtividade e por mais uma tolerância devido à presença do Papa, geralmente não se preocupam com as tolerâncias de ponto anuais por altura da véspera do dia 25 de Dezembro (curiosamente um feriado religioso/católico), da tarde de dia 31 de Janeiro, da 3ª feira de carnaval ou da tarde de 5ª feira santa (curiosamente, outro feriado religioso/católico), só para citar as mais comuns;

3) Por último, e para sermos coerentes, levemos essa sanha laico / jacobina às últimas consequências e extingamos todos os feriados religiosos/católicos. Simples.

Claro que é fácil lançar uns soundbites sobretudo se o motivo for “privilégios” dados à Igreja Católica. Mesmo que não passem da mais baixa demagogia e populismo.

PS: anda por aí um grupinho de jovens a programar distribuir preservativos nos dias e nas cidades que o Papa visitará. Claro que é um acaso. Claro que não é para provocar. Será seguramente um gesto de cortesia. Deus lhes perdoe! E nos dê paciência…

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Não tenhais medo!"

Faz hoje, dia 2 de Abril, 5 anos que faleceu o Papa João Paulo II (Karol Jósef Wojtyla de seu nome próprio). Faleceu com 84 anos (1920-2005), vítima de doença de Parkinson e de outros problemas de saúde. Para a minha geração ele foi “O Papa”. Faço parte da geração João Paulo II, aquela que durante toda a sua juventude só conheceu este Papa (tinha cinco anos quando ele foi eleito Papa e tinha 32 quando faleceu). Senti e vivi a sua morte como se de um familiar próximo se tratasse. Foi um orgulho tremendo ter vivido no seu tempo. Pude assistir a duas missas por ele celebradas em Lisboa. Foram momentos inesquecíveis. Foi com ele que cresci e foi com ele que cresceu a minha fé em Deus e na religião católica. Foi João Paulo II que mais e melhor aproximou essa Igreja a todos os povos através das mais de 100 visitas pastorais a mais de 120 países. Foi um dos principais obreiros da libertação da Europa do jugo comunista. Criticou a ligação da Igreja a poderes ditatoriais. Quebrou barreiras há muito erguidas. Falou em favor das nações e dos povos mais pobres. Condenou toda e qualquer tipo de violência. E criticou o capitalismo na sua forma mais cruel e desumana. E viveu até ao fim para servir a Deus, o seu povo e à Igreja Católica. Foi um exemplo de vida a todos os níveis. Inclusive na forma como encarou o sofrimento dos últimos dias. Por tudo o que ele representou, João Paulo II será, para sempre, “o meu Papa”. Paz à sua alma.

domingo, 28 de março de 2010

E o PSD tem novo líder

61%. Foi esta a percentagem com que Passos Coelho ganhou as directas para a liderança do PSD. Uma vitória que não deixa lugar a dúvidas ou a divisões internas. Nem Rangel, nem Aguiar Branco têm, para já, margem de manobra para fazerem uma oposição interna activa. Vamos a ver o que vai ser esta liderança. Claro que há os do costume (Pacheco Pereira, Menezes, Mendes Bota, etc., mas esses valem cada vez menos). Como escrevi há duas semanas atrás, gostava que a vitória de Passos Coelho significasse uma clarificação política e ideológica na vida partidária portuguesa. É óbvio que uma coisa são os discursos de campanha eleitoral, outra são as acções (que o diga José Sócrates ou a sua negação). Será Passos Coelho capaz de levar as sua propostas liberalizantes para um programa eleitoral e/ou de governo num país onde toda a gente vive agarrada ao Estado? Duvido. Mas, para já, dou-lhe o benefício da dúvida. Para já, parece-me que faz muito bem em libertar-se das amarras do PEC com que o PS e José Sócrates quiseram prender a nova direcção do PSD. Aliás, a artimanha de José Sócrates de fazer votar uma proposta de resolução de apoio ao PEC na véspera das eleições para uma nova liderança no maior partido da oposição há-de ficar como uma das mais baixas jogadas políticas dos últimos anos (deve ser o "fair-play" de Sócrates no seu melhor). Parece-me óbvio que nenhum dos candidatos que viesse a ser eleito para líder do PSD poderia viver sob essa chantagem e esse golpe baixo do PS. Mas não deixa de ser curioso e paradoxal que o PS, após essa sua jogada, venha pedir uma atitude responsável ao novo líder do PSD. José Sócrates no seu melhor, ou seja, no vale tudo da política.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Europa (II)



Voltando ao tema postado pelo emérito colega DeKuip há um par de semanas sobre o que é a Europa, apresento hoje uma entrevista a José Enrique Ruiz-Domènec, historiador especializado na idade média, que acaba de publicar um livro intitulado “Europa, las claves de su historia”.

A entrevista, publicada hoje no El País, apresenta uma série interessante de pensamentos sobre a origem da ideia de Europa, como conceito sociocultural, desde uma perspectiva histórica. Um ponto que chama a atenção é que o historiador não identifica o início do “sonho europeu” com o desenvolvimento do império romano, mas sim com a sua queda e a invasão dos povos bárbaros. A entrevista vale mesmo a pena, e pode ser lida aqui.

quarta-feira, 17 de março de 2010

O aumento do IVA em Espanha

Conciso mas interessantíssimo artigo do El País no que se analisa os porquês e potenciais efeitos do anunciado aumento do IVA em Espanha, e que pode ser lido aqui.

Esta medida parece que não será seguida em Portugal, dado que o imposto está por cá a níveis bem mais altos, deixando pouco espaço de manobra. Em Espanha, a medida está a provocar polémica, pois alguns membros com certa responsabilidade no Partido Popular estão a chamar à “desobediência”, à revolta dos cidadãos contra o novo imposto, até ao não pagamento. Esta atitude é, na minha opinião, vergonhosa e altamente irresponsável para um partido que pretende ser alternativa de poder democrático num estado membro da UE (pode que numa república das bananas, este tipo de estratégia política de oposição possa dar bons resultados, mas em países sérios não deverá ir longe). Aliás, Espanha é um dos países da UE com o IVA mais baixo, e um dos que menos arrecada por este imposto.

Insisto, é breve e vale mesmo a pena ler até o fim, pois acaba com certo “suspense”…

terça-feira, 16 de março de 2010

Entrevista da Sra. Lagarde (ministra das finanças francesa)

Link para a entrevista da Sra. Lagarde: aqui
E para uma notícia sobre a mesma entrevista: aqui
Soluções tipicamente franceses, diria eu.

segunda-feira, 15 de março de 2010

As importações da Alemanha

Breve mas interessantíssimo artigo publicado por “El Mundo”, que reproduz as declarações da Ministra francesa das finanças, e que vem fornecer mais achas para os nossos comentários da semana passada. Basicamente, a mensagem da Ministra é que, se a Alemanha pretende ser uma verdadeira locomotiva da recuperação económica europeia, é melhor que comece já a consumir e a aumentar a procura pelas importações do resto dos parceiros da União, e que esqueça a contenção salarial (e, porém, a obsessão com a inflação). É para ler aqui.

Será que algum de vocês pode encontrar uma versão mais extensa das declarações da Ministra? Pode ser interessante, para assim poder indagar mais no assunto (e polemizar, que é o que a malta gosta!!!)

sábado, 13 de março de 2010

Quase rendido a Passos Coelho

Ouvi os discursos dos três principais candidatos à liderança do PSD. E, apesar de tudo, gostei do discurso de Passos Coelho. É, ou pode vir a ser, clarificador para a política portuguesa. Tirando algumas tiradas pouco felizes, parece marcar uma, para mim, bem vinda, deriva liberalizante em termos de economia. Abandonar esta ortodoxia socializante e estatizante que nos tem conduzido à situação em que estamos. Quanto aos outros: nutro alguma simpatia por Aguiar Branco e algumas das suas ideias; Rangel não diz ao que vem nem para que vem. Discursa bem mas falta-lhe conteúdo. Mas, nem um nem outro marcam diferenças face ao actual PS. Temo sempre que me falam nas grandes preocupações sociais. Ou seja, continuar a esbanjar dinheiro sem critério. E aí, parece-me que Aguiar Branco e Rangel são muito semelhantes. Assim, espero que, finalmente, se crie condições para uma via liberal em Portugal (ou pelo menos com muito menos Estado na economia). Assim, Passos Coelho mantenha a orientação de política económica que demonstrou no seu discurso de hoje.

Dois apontamentos interessantes

No seguimento do post anterior e dos comentários feitos a ele, vale a pena assinalar um artigo do economista Vítor Bento de quinta-feira publicado no Jornal de Negócios.

Chama-se "Salvar o euro" e apresenta uma solução para o problema que é referido no meu anterior post. Para o economista, a solução passa por mais coordenação das políticas económicas na Europa (algo que não existiu até aqui) e na assumpção de que países de economia forte, como a Alemanha, aceitem mais inflação... Uma solução talvez não muito crível, mas sempre é uma ideia de solução. O artigo pode ser lido aqui.

O outro apontamento que gostava de deixar aqui já tem algum tempo. Trata-se da entrevista do investigador de economia comportamental Dan Ariely no programa Pessoal e Transmissível da TSF. Vale a pena ouvi-lo. Garanto que não se vão arrepender. A entrevista pode ser obtida aqui.

sexta-feira, 12 de março de 2010

A batalha pelas exportações

Chamaram-me à atenção para este pequeno post de Paul Krugman que, por sua vez, remete para um outro blogue sobre economia.

A questão explica-se de uma forma simples. Numa Europa de moeda única, a forma (mais imediata) de aumentar a competitividade externa é através da redução dos custos salariais (a outra forma é através do aumento da produtividade, mas essa é mais difícil de atingir...).

Esta tem sido, aliás, a via que muitos países estão a seguir, Portugal incluído.

O problema é que como os maiores parceiros externos das economias europeias são também europeus, o modelo acabará por não funcionar...

E porquê?

Porque uma política de cortes salariais oprime a procura interna que, por sua vez, originará menos importações. E de onde vêm essas importações? De outros países europeus, pois a economia europeia está muito integrada.

E se todos optarem pela mesma coisa (i.e. cortes salariais), o efeito perverso que a diminuição da procura interna terá nas exportações de outros países europeus será multiplicado...

terça-feira, 9 de março de 2010

Europa

Um artigo interessante do jornal inglês Guardian assinado por um assumido eurocéptico.

Pegando na questão actual dos problemas da Grécia, realça as fraquezas do projecto europeu através da ideia (que não é nova) de que o espírito subjacente à sua construção está, pura e simplesmente, a perder lugar na memória colectiva das gerações mais novas e dos actuais líderes europeus. E que memória colectiva é esta? É, por exemplo, a II Guerra Mundial. É, para dar outro exemplo, a melhoria das condições de vida das populações através da implementação de verdadeiros Estados-providência.

Mas enquanto os eurocépticos evidenciam a falta de memória como sintoma inevitável do insucesso europeu, outros, talvez mais pró-europeístas, falam na necessidade de a reviver. Eu prefiro o segundo grupo.
O texto pode ser lido aqui.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Manuela tinha toda a razão

Obviamente que os apaniguados do PS, alguma comunicação social, bem como alguns humoristas transformados em opinion-makers políticos não quiseram saber e zombaram das intervenções de Manuela Ferreira Leite (MFL) na campanha eleitoral. E também das de Paulo Portas. Hoje, com a apresentação do PEC, e apenas 5 meses após as eleições legislativas, o que Sócrates vem fazer é dar toda a razão ao diagnóstico e às medidas então propostas por MFL. Suspensão de investimentos públicos (estruturantes para o país segundo Sócrates) como o TGV de Lisboa-Porto e Porto-Vigo e algumas auto-estradas (AE); introdução de scuts noutras AE; privatização de algumas empresas públicas (EDP, Galp, CTT, REN, TAP, seguradoras da CGD, etc.); maior rigor no “regabofe” (tão característico dos partido de esquerda) nas prestações sociais; congelamento salarial na administração pública, etc. Depois lá acenou à sua esquerda com um novo escalão no IRS (para rendimentos superiores a 150 mil euros). Se os eleitores votaram conscientemente, só podem estar muito insatisfeitos com este duplo mortal à rectaguarda do equilibrista José Sócrates. Claro que as medidas agora propostas eram e são inevitáveis. Eventualmente, ainda não serão suficientes. No entanto, Sócrates ganhou as eleições, mais uma vez, a prometer exactamente o contrario daquilo que prometeu. Por último, uma referência para o sentido de responsabilidade pedido por Sócrates aos portugueses. Espero que os trinta a tal por cento que nele votaram sejam os mais responsáveis e que não venham agora para as ruas protestar.

sábado, 6 de março de 2010

O poder de um sucateiro

O Diário de Notícias (DN) publica hoje uma das mais vergonhosas campanhas publicitárias jamais vistas na imprensa. Não que seja polémica. nem tão pouco pelos valores envolvidos. Trata-se de uma entrevista. Diria antes, uma peça de comunicação promovida, seguramente, por assessores de comunicação bem pagos e com poder de influência. Tanto poder que consegue publicar esta peça no DN (convém também não esquecer a que grupo pertence o DN). Esta peça foi feita por e-mail (envio das perguntas e das respostas, vários dias depois) ao senhor Godinho, apenas conhecido pelos negócios da sucata investigados pelo Ministério Público e que envolve … bem toda gente sabe quem é que envolve. E só o facto de envolver quem envolve é que justifica que o DN publique esta auto-defesa. Mas, claro que a defesa não se fica por si. Estende-se aos demais envolvidos. Diz maravilhas de todos os envolvidos. Tudo pessoas acima de qualquer suspeita, diria eu. Grande Godinho!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Medidas de austeridade na Grécia

Segundo esta notícia, a Grécia vai adoptar um conjunto de medidas que incluem, entre outras, o congelamento de reformas, a subida da taxa do IVA e cortes de 30% e 60% no 13º e 14º meses de vencimento, respectivamente.

Alguém que tem uma memória mais longa do que a minha lembrou-me que os portugueses já sentiram na pele este tipo de medidas draconianas. Foi na década de oitenta, com Mário Soares a primeiro-ministro e o FMI a passar a receita para o reajustamento da economia após os excessos da Revolução de Abril. Nessa altura não foi um corte de 90% (30%+60%) mas a supressão total de um dos salários suplementares dos trabalhadores que foi implementado.

É bom ter a memória longa. Lembra-nos que os benefícios que muitos hoje em dia consideram como perfeitamente adquiridos no mundo laboral podem não ser, bem vistas as coisas, assim tão seguros como isso.

Por um lado esta consciência legitima e valoriza as greves e todas as manifestações feitas por quem luta pela sua manutenção. Mas por outro também nos faz lembrar que situações podem haver em que é mesmo necessário deixar de lado interesses sectoriais, corporativos e fazer sacrifícios por um objectivo comum. O problema nestas situações é mesmo esse; o de como fazer com que todos partilhem um objectivo comum. Até porque quantos mais houverem sem escapatória para partilhar o aperto do cinto, maior será o incentivo individual malandro para furar a fila dos enjeitados…

quinta-feira, 4 de março de 2010

Velhos VS Novos na governação

Já sei que este post vai gerar as já habituais reacções (escritas ou não) dos optimistas do costume (que, como já disse anteriormente, ainda bem que os há), como por exemplo, o meu caro amigo Dekuip. Ontem, o Dr. Medina Carreira deu mais uma brilhante entrevista, desta feita a Judite de Sousa. Já sei que vão dizer que não disse nada de novo. Já sei que vão dizer que falta formalizar as reformas que ele advoga como absolutamente necessárias (por ex., justiça, educação, leis anti-corrupção, etc.). Já sei que o vão apelidar de “Velho de Restelo”. Nada de novo. Mas a sua lucidez é absolutamente louvável. Tão mais louvável e brilhante que, o que se está a passar actualmente em Portugal foi previsto e antecipado por ele (também por Silva Lopes, Campos Cunha, Vitor Bento, entre outros) há muitos meses (ou anos) atrás. Era inevitável. Mas, Medina Carreira, ontem, levantou uma questão a que voltarei no meu próximo post: a experiência necessária para se ser governante. Dizia, mais ou menos isto: que para se tomarem decisões difíceis é necessário “ter-se” vivido, ter experiência, ser-se independente, ter passado por determinadas situações. Em resumo, ter tido uma carreira profissional. Eu quase que arriscaria a por as coisas nestes termos: por um lado temos os “Velhos de Restelo” com carreira feita, cheios de experiência de vida, de vivência do mundo real e, por outro lado, os “jovens lobos” de 30/40 anos, altivos, pedantes, convencidos da sua sabedoria (essencialmente partidária) e desprezando os primeiros. Ao contrário do que pensava à 15 anos atrás, estou cada vez mais convencido que estes “jovens lobos” não são parte de equação que pode ter a solução para os problemas do nosso país.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Vítor Constâncio no BCE


Dado que o nosso blogue está ultimamente bastante chato e muito pouco saboroso (as estatísticas são interessante até certo ponto), cá venho eu propor um inquérito entre os nosso habituais sobre as perspectivas da partida de Vítor Constâncio para uma das vice-presidências do BCE. Leiam e escolham uma opção, ou comentem livremente (como é habitual), sff.

Acho que a partida de Vítor Constâncio ao BCE é:

1) Boa para o BCE e para a UE em geral, porque é uma pessoa competente que vai solucionar os problemas todos da política monetária da União

2) Boa para os alemães, porque arranjaram mais uma marioneta inofensiva e feliz (felicidade esta causada pelo belíssimo ordenado) e a coisa vai ficar na mesma

3) Má para o país, pois é mais um sinal da constante fuga de “crânios” nacionais para a emigração, forçada pela situação económica

4) Boa para o país, pois por lá o gajo não nos vai fazer muito mal, e até pode haver uma remota probabilidade de que seja nomeada uma pessoa relativamente competente para o BdP

5) Má para a UE, pois juntaram aos já habituais do BCE mais um que não percebe patavina do que está a fazer, e agora é que vão ser elas

6) Má para a humanidade em geral, pois esta nomeação é o nonagésimo nono sinal do fim do mundo (o centésimo é que vai ser a valer: Passos Coelho primeiro ministro)

7) Não sei, não tenho opinião, sou ateu

8) Outra, nenhuma das anteriores (escreve-la com rigor e seriedade)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PORDATA, base de dados sobre Portugal

PORDATA, um site onde pode ser descarregada a mais variada informação sobre Portugal.

Site com muito interesse, especialmente para aqueles que pretendem obter séries longas sobre fenómenos sociais e económicos em Portugal. O site pode ser acedido a partir daqui.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Eric Arthur Blair (II)


Este é o segundo post que lhe dedico ao genial escritor britânico George Orwell, quase exactamente 1 ano depois do meu primeiro, que pode ser lido aqui.

Este ano, a 21 de Janeiro, cumpriu-se o 60 aniversário da sua morte, e com este motivo as suas obras completas foram reeditadas (este fim de semana comprei em inglês “1984” e “Animal Farm”, mas não cheguei a tempo para comprar “Homage to Catalonia”, já esgotado).

A litaretura de Orwell tornou-se, com a mudança a este século XXI, um verdadeiro epítome da memória viva do século XX. As lutas ideológicas entre esquerda e direita, e muito especialmente ente totalitarismos (de esquerda e direita) e democracias, bem como o colonialismo, enchem as suas obras. O fascínio por Orwell é precisamente a sua afirmação da liberdade e da concepção democrática da sociedade na sua expressão mais pura, como meio para atingir uns objectivos de progresso social e moral. E também muito provavelmente pelas suas muito humanas contradições: socialista democrático declarado, luta na Guerra Civil espanhola junto das milícias revolucionárias marxistas do POUM, mas nos seus escritos também destacam as suas atitudes conservadoras e até tradicionalistas.

Também com motivo do 60 aniversário da sua morte, tem-se publicado diversos livros e artigos sobre Orwell, entre os quais vou destacar dois breves e de certo interesse:
- No New York Times, temos Why Orwell Endures
- No blog literario do El País, o post La honestidad como legado de Orwell

Vale a pena lembrar dois links muito interessantes:
- Este sítio literário, com informações diversas, artigos e posts sobre Orwell
- E este sítio com as obras completas de Orwell à borla (nada mais radical do que isot, nos tempos que correm!!!)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Declaração sobre a Grécia

Acaba de ser divulgada uma declaração do Fundo Monetário Internacional sobre a Grécia e a sua economia. pode ser lida aqui e diz o seguinte:

"We welcome the support for Greece from its EU partners, which, together with policy actions undertaken by the Greek authorities, are important new steps in response to the challenges the country faces. The Fund, as noted by the EU leaders, is prepared to offer expertise and support as necessary.”

Será que a situação de Portugal e da Espanha é a mesma do que a da Grécia? Precisará Portugal de declaração semelhante? Parece-me que não, apesar do quiseram fazer crer das palavras infelizes do Comissário J. Almunia.

Sobre a crise em Espanha

Podem ler aqui um interessante artigo de opinião sobre a crise económica em Espanha, com uma visão moderadamente optimista da situação, mas que marca um caminho que vai exigir um elevado compromisso político e, no mínimo, diversas medidas macroeconómicas pouco populares. Uma leitura que nos pode ajudar a reflectir sobre o que pode/deve ser feito por cá…

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Petição Todos Pela Liberdade

De acordo com esta notícia, a petição on-line chamada "Todos pela liberdade" exigindo explicações e mais clareza ao Primeiro-ministro já vai em 4.000 assinaturas. O que quer dizer que deverá ser discutida na Assembleia da República.

Quem a quiser assinar basta aceder aqui.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Demita-se Sr. Queirós

Depois de Sá Pinto (vs Artur Jorge e Rui Águas), João Pinto (vs árbitro argentino), Scolari (vs jogador sérvio), juniores (vs França e vs Itália) eis o Sr. Carlos Queirós. Carlos Queiros, por muito que diga, estava ao serviço da FPF. No âmbito das suas funções Queiros envolve-se numa briga num espaço público (aeroporto) com um comentador desportivo e delegado da UEFA. Acha tudo normal. E claro, nem deve pôr a questão da demissão. Se algum jogador da selecção o agredir por não jogar o que faria o Sr. Queiros?
Tenha vergonha e demita-se, Sr. Queiros!

Sócrates tal com Pinto da Costa e Valentim

Nenhum destes senhores se importa(ou), em momento algum, em desmentir as escutas que, em determinados momentos, foram publicadas. A preocupação é apenas em abafá-las, argumentando que foram obtidas ilegalmente ou que deveriam ter sido destruídas ou que fazem parte da esfera privada. A esfera privada aplica-se a casos da esfera privada não a conversas privadas sobre actos ou acontecimentos da vida política, económica, desportiva, etc. Não estamos a falar de casos da vida privada mas de casos com implicações graves nas esferas de actuação destes senhores. Que desmintam se for falso ou que não criem subterfúgios para se omitir a realidade.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

IRS 2009

À semelhança do que fiz em 2008, aqui vão as datas para a entrega da declaração de rendimentos referentes a 2009.

Pela Internet:
- 10 Março até 15 de Abril para os rendimentos da categoria A e H (trabalhadores dependentes e pensões);
- 16 Abril até 25 de Maio para os restantes casos.

Em papel:
- 1 de Fevereiro até 15 de Março para os rendimentos da categoria A e H;
- 16 de Março até 30 de Abril para as restantes situações.

Para quem optar, tal como eu, pela entrega da sua declaração através da Internet, o Fisco comprometeu-se este ano a efectuar o reembolso no prazo de 20 dias.

Em relação à entrega pela Internet, é justo referir que é um daqueles serviços que vieram facilitar a vida do contribuinte. Quem o usa acaba por se esquecer das filas intermináveis que ajudava a engrossar simplesmente por não existir um modo alternativo de entrega.

Tanto quanto sei, este foi um serviço pioneiro na Europa. Pena é que as inovações se prendam essencialmente com a forma de entrega dos rendimentos. Por que não simplificar o cálculo do imposto? É que todos os anos somos quase obrigados a tirar um curso sobre os benefícios fiscais aplicáveis, sobre os montantes máximos a deduzir à colecta, sobre as taxas de imposto a aplicar, etc, etc, etc. Enfim, talvez a simplificação do conteúdo seja mesmo um desígnio impossível de se fazer cumprir neste caso.

Mais informações sobre a entrega do IRS 2009 podem ser obtidas aqui, no Portal das Finanças.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Todos os dias cavamos mais um bocadinho


Para quem continua a afirmar (e está no seu pleno direito e pode até ter razão) que o problema de contas públicas portuguesas não é grave e que se resolve ora com o despedimento massiço de funcionários públicos, ora com o aumento do PIB e que deveria haver apenas uma taxa de juro de juro na UEM, ou outro qualquer argumento que não aborde esta questão de uma forma integrada e global basta olhar para a situação do mercado (hoje às 12h30) dos CDS (Credit Default Swaps) para perceber as implicações que a evolução da nossa situação está intimamente relacionada com as análise que os mercados e os analistas financeiros internacionais fazem dessa situação que, por sua vez, está relacionada com as indicações e as acções que são tomadas internamente. Por exemplo, qual será a reacção ao facto de haver uma lei de finanças regionais (LFR) que aumenta a dívida quando o Governo faz esforços para diminui-la. Qual será a credibilidade de um Governo para apresentar o PEC em Bruxelas quando não consegue garantir uma maioria inviabilize a aprovação da LFR. Pior, que pensará um analista que, olhando para eventuais alternativas ao actual governo (mau por sinal), só vê partidos que aprovam leis que ainda aumentam a despesa e a dívida. Vamos para o fundo mas em grande estilo, a desbaratar dinheiro. Muito bem.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

É tão refrescante ouvir, nem que seja uma vez por outra, bons argumentos...

Vítor Bento afirmou hoje que não percebe tanta polémica em volta do reforço das transferências para a Madeira, uma região que, dizem as estatísticas (afinal de contas para que elas servem?), é uma das mais ricas do país. E que estava na altura de a Madeira contribuir para o Continente.

Afinal de contas, por que razão é que a Madeira deve ter reforço de transferências do que, por exemplo, a zonas do interior do país?

Um aperitivo para amanhã, dia de Conselho de Estado...

Parece que estava a pedi-las

Dois dos comentários mais interessantes que li na blogosfera sobre o recente caso de Mário Crespo foram:

Sócrates diz que Mário Crespo é doido varrido e a Ordem dos Médicos não diz nada?”, e
Só acredito na conversa de Sócrates sobre Mário Crespo quando ver as imagens do túnel do restaurante”.

Entretanto a festa continua. Hoje, à margem das jornadas parlamentares do… CDS-PP, ao qual foi convidado para falar, Mário Crespo afirmou que não soube como o seu artigo de opinião não publicado no JN foi parar aqui, no site do Instituto Sá Carneiro. Um site interessante, diga-se de passagem.

Mais disse que tinha falado com Zita Seabra, em tempos popularmente apelidada de Vodka Laranja, para publicar o seu artigo de opinião num livro. A sair muito brevemente, pois a editora liderada por Zita Seabra tem a possibilidade de criar livros em três tempos. Resta saber se o artigo de opinião vai mesmo transfigurar-se em conto, se vai beneficiar de um exercício de escrita criativa ou se vai resultar, para regozijo dos apreciadores destas histórias, numa nova versão do Guerra e Paz… A ver vamos.

Entretanto esperemos pela Autoridade reguladora do sector. Isto porque Mário Crespo tem o direito de querer publicar a sua opinião e o JN tem o direito de o rejeitar através do que considera ser a sua linha editorial.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Surpreendidos?????!!!!!!!!

Surpreendido e pasmado estou eu. Não tanto com o valor do défice mas com a admiração do ministro das finanças e do governador do BdP. Com dois terços do ano de 2009 decoriidos, o Governo, com o habitual beneplácito do governador do BdP previa um défice de 8% do PIB para esse ano. Ora bem, sejamos sérios: fazer previsões para o défice de um determinado ano com 2/3 desse ano decorrido não envolve os riscos de prever um défice para daqui a 1 ou 2 anos. Assim, como é possível estas duas entidades (ministério e BdP) terem previsto, em Setembro, um défice final de 8% e ele ser afinal 9,3%?
Pior, como é possível estas duas entidades ficarem surpreendidas com tal défice? O que é que andaram a fazer nos meses de Outubro a Dezembro? Quem é que andou a desbaratar dinheiro nesse período? E sem conhecimento do MF?
Ou seja, em três meses passámos a ter como objectivo de défice para 2010 um valor de 8,3%, ou seja, uma redução de 1% relativamente a 2009. Ou seja, mesmo com esta redução, o objectivo é ter um défice superior em 0,3% aquele que, ainda há três meses, era suposto ser o défice de 2009. Bravo!
Empolaram o défice de 2009 para conseguir um resultado frouxo de redução do mesmo em 2010 sem grande esforço? Gostaria de não acreditar nessa possibilidade. Mas, a não ser assim, como acreditar num MF que deixa as contas descontrolarem-se brutalmente (para além do que já estavam) em apenas três meses?
PS: Apesar de tudo, continuo a ter Teixeira dos Santos como dos melhores ministros da era Sócrates. Penso que com as equipas de Sócrates e sem este ministro das finanças, a situação poderia ser bem pior.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Finanças Pessoais

Aqui vai um site com notícias sobre impostos com relevância para as finanças de cada um. Chama-se Impostos Press e pode ser acedido a partir daqui. As notícias estão a ser permanentemente actualizadas. Boas consultas.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Há 10 anos em Robin Wood Bay

Este post vem a propósito das últimas “discussões” aqui no blog. Faz por esta altura 10 anos que, graças ao facto do Dekuip estar a estudar em Leeds, eu e mais dois amigos comuns fizemos uma excursão fantástica a Inglaterra. Foi também nessa viagem que conhecemos e falámos pela primeira com o Olho de Vidro. Por todos estes motivos, esta viagem está, também ela, intimamente ligada a este blog. Nessa viagem visitámos uma pequena localidade (Robin Wood Bay, creio que era o nome) que como o nome indica, tinha uma pequeníssima baia sobre a qual se instalava um simpático e acolhedor bar. A ver e a ouvir o rebentar da forte ondulação e a beber umas cervejas, acabámos (eu, o Dekuip, o Greenturra e um outro amigo) por discutir a organização que tinha sido atribuída a Portugal: o Euro 2004. Recordo-me que eu e penso que o Greenturra (que me corrija se ainda se lembrar dessa discussão) prevíamos aquilo que viria, infelizmente a acontecer: o derrapar dos custos, o nº de estádios novos a construir e o peso que isso teria sobre quem tivesse que suportar os custos. E vem isto a propósito porquê? Porque, já nessa altura, o Dekuip tinha a visão ou a perspectiva optimista que ainda hoje o caracteriza e que eu admiro. Já nessa altura ele dizia que por termos feito as coisas mal feitas no passado (vínhamos de derrapagens sucessivas nos prazos e nos custos de auto-estradas, da Expo 98, da ponte Vasco da Gama, da remodelação da linha do Norte, etc.) não queria dizer que tivéssemos que repetir os mesmo erros. Há processos de aprendizagem que se assimilam, etc. Creio que era esta a base da sua argumentação. 10 anos depois desta fabulosa discussão (pelo tema, pelo local, pelas cervejas, etc.) e 6 anos após o Euro 2004, o que se discute? O custo da manutenção de estádios que estão fechados 340 dias por anos, o despedimento dos funcionários das empresas municipais de gestão dessas infra-estruturas e até a demolição de alguns desses estádios.
Eu, tendencialmente, também considero que é fácil criticar mas difícil apresentar soluções. No entanto, muitos dos erros cometidos nos últimos 20/30 anos teriam sido facilmente solucionados com a não assumpção de compromissos ruinosos. As soluções não são necessárias só quando o mal já está feito. As soluções podem ser, simplesmente, não cometer erros que a grande maioria das pessoas prevê mas que quem decide não quer saber porque quando chegar a hora de os ter de solucionar já não lhes calha a eles. Infelizmente, nada, nestes últimos 10 anos, me fez aproximar da visão optimista do Dekuip. Antes pelo contrário. A experiência só me fez acentuar a descrença no nosso país e, claro, nas suas classes dirigentes (políticos, juízes, empresários, etc.). Eu, pela minha parte, continuarei a contribuir da forma que sei e que acho que vale pena: trabalhando e tentando fazer cada vez melhor o meu trabalho e criticando aquilo que julgo estar errado. Pode ser que, um dia, apareça alguém que me faça acreditar que vale a pena lutar por uma mudança. Mas não creio que haja condições para tal. Infelizmente.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Mais um destes artigos para quê?

O artigo de opinião já tem algum tempo. Foi escrito em Dezembro, chama-se “O palhaço” e é de Mário Crespo.

Confesso que tenho até alguma estima pelo jornalista em causa. Sei também que é um profissional respeitado e alguém que é ouvido e lido por muitas pessoas.

Não costumo ler as suas crónicas no JN nem nunca vi na íntegra o seu programa Plano inclinado na SIC. Mas do que visionei até agora faz-me pensar de que o título é mesmo apropriado. O programa é mesmo inclinado. Todos os intervenientes parecem escorregar para o mesmo lado. Para o da depressão.

Mas poderei estar enganado. Se calhar isto tudo está mesmo sem esperança nenhuma. Talvez não exista outra maneira de falar da coisa pública que não passe por dizer que Portugal é o primeiro dos países "PIGS" ou do Clube MED. Com a particularidade de o ser dito pelos autóctones com uma veemência que deixaria qualquer estrangeiro corar de vergonha. Tenho dúvidas, mas enfim...

Mas voltemos ao “O palhaço”. Mário Crespo bate em tudo e em todos. Vale a pena ver, quanto mais não seja pela agressividade que mostra; agressividade esta bem expressa na repetição da palavra "Palhaço". Bem, será um estilo literário, não há nada a apontar.

O que questiono é, afinal de contas, a utilidade deste tipo de intervenções. Penso ter pelo menos algumas das mesmas preocupações do jornalista quanto ao futuro de Portugal. Gostaria de ver uma melhor classe política, por exemplo.

Mas o que pretende Mário Crespo com este tipo de intervenções? Elevar as conversas de café ao estatuto de literatura universal? A implosão da classe política actual? Será Mário Crespo um inconfesso Anárquico?

O artigo pode ser visto aqui.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Último relatório do FMI sobre a economia portuguesa

Já ontem fez notícia em alguns meios de comunicação portugueses. O Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu mais um processo de consulta sobre a economia portuguesa.

Este exercício, normalmente levado a cabo todos os anos, implica a análise do estado da economia portuguesa e a elaboração de recomendações de política económica. Vale a pena ler. Pelo menos a parte em que se analisam os males da economia portuguesa que, como uma das secções do relatório põe em relevo, são nada mais do que Low Productivity, Weak Competitiveness and High Debt.

A partir daqui, isto é, a partir da análise da situação em que há actualmente um grande consenso entre os economistas, entramos no domínio das recomendações ou, o que vai dar ao mesmo, na prescrição dos “remédios” para os problemas da economia lusa. Neste domínio já não há tanto consenso como isso e o FMI apresenta a sua visão sobre o assunto.

A press release (podemos-lhe chamar assim) pode ser obtida aqui. O relatório da missão do FMI, aqui.

Aproveito a oportunidade para referir que o FMI tem um blogue interessante sobre economia global onde somos convidados a participar na discussão dos temas colocados. O blogue pode ser acedido aqui.

sábado, 16 de janeiro de 2010

O bobo da República

O bobo da República vinha falando e preparando o seu terreno. Ontem anunciou a sua disponibilidade para se candidatar à Presidência da República em 2011. E, numa atitude de enorme egocentrismo, (que sempre o caracterizou) que só demonstra que os seus interesses estão sempre acima dos interesses da nação, veio faze-lo em plena negociação/discussão do orçamento de estado para 2010. Talvez o mais importante orçamento dos últimos 25 anos em Portugal. Como diria o actual Presidente da República, o momento é de discutir os grandes problemas do país (desemprego, défice, dívida externa, contas públicas, etc.), e não de nos dispersarmos. Manuel Alegre, na irresponsabilidade natural da pessoa em causa, achou que afinal a altura era de se falar da “sua” candidatura”. Depois clamou (do alto dos seus dotes oratório – única qualidade, de facto, do senhor) que a política tem de se sobrepor a esta economia e que é tempo de arrancar com um modelo económico alternativo. Pior que uma pessoa irresponsável, narcisista e arrogante, só juntando um inapto completo sobre tudo mas que quer falar sobre…tudo. Sempre me meteu confusão a alcunha porque era conhecido pelos seus “amigos” do PS (nos idos de 70/80): o Pateta Alegre. Hoje entendo perfeitamente. Manuel é o grande bobo da República. Mas o pior é que por detrás deste bobo, há uma agenda política, individual e de um partido (BE). Eu, por mim, volto a perguntar: mas este cavalheiro tem algum dote particular que o caracterize como presidenciável?
Ter um candidato como Alegre ou ter o taxista que ontem me levou a casa é exactamente a mesma coisa: ambos criticam o país, os políticos e a situação económica mas nenhum faz a menor ideia do real estado do país e muito menos têm uma ideia de como se pode rasgar um novo futuro. Mas ambos falam sobre tudo e se têm em grande conta.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O "Grã" Santana

Tal como é anunciado aqui, no site da Presidência da República Portuguesa, no próximo dia 19, Pedro de Santana Lopes - é simplesmente vergonhoso como os media obliteraram, ao longo destes anos todos, o de em Santana Lopes -, vai ser condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.

Uma antiga ordem militar, dada a quem especialmente se destacou ao serviço do País no desempenho de funções em órgãos de soberania ou cargos na Administração Pública…

Mais explicações para quê?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Avatar

O gráfico colocado neste post foi retirado do dicionário on-line Priberam. Mostra a frequência da consulta da palavra Avatar nas últimas 37 semanas. Apesar da escala não ser das melhores, vê-se claramente o efeito do mediatismo do filme no número de consultas à palavra em questão (que no seu pico, atingiu mais de 12 000 consultas).

A palavra que agora dá o título a um dos filmes mais mediáticos de sempre, faz parte do acervo linguístico português. Se não souberem qual o seu significado, basta acederem à página da Priberam aqui.

E já agora, como ainda não fui ver o filme, conhecidos ou menos conhecidos poderiam fazer o favor de deixar as suas impressões sobre o mesmo em jeito de comentário? Obrigado.

Dois textos

Já aqui falei de Tony Judt a propósito de um livro que estou a ler. Mas como um dos últimos posts do colega de blogue Rightwing fala em social-democracia, pensei que valia a pena refererir um dos seus últimos textos escritos para a revista New York Review of Books.

Intitula-se What Is Living and What Is Dead in Social Democracy? e, mesmo que não se concorde com o que o autor defende, penso que vale a pena lê-lo. Nem que seja pela contextualização histórica que o autor faz da social-democracia e das ideias que a combatem.

E porque estou a falar deste autor, gostava ainda de fazer uma pequena referência a Night, o seu último artigo publicado nesta revista.

E por que é que o estou a citar aqui? Porque é um texto invulgar. Nele, a doença neurodegenerativa progressiva que Tony Judt sofre é abordada através da descrição das noites que passa.

Impressiona este registo autobiográfico.

A evolução das previsões para o ano de 2009


No seguimento do post (sempre precisoso) do Dekuip sobre a actualização das previsões do Banco de Portugal, incluo um gráfico com as previsões de variação do PIB português e da Zona Euro para o ano de 2009. Esta análise abarca as previsões de diversas entidades desde 2007 até ao momento actual. Não será preciso uma observação muito rigorosa para termos noção do cuidado que se deve ter ao "ler" as diversas previsões. São preciosas. Mas são isso mesmo, previsões. Sujeitas a alterações inesperadas de ciclo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Notícias do Boletim de Inverno do Banco de Portugal

Hoje saiu o Boletim Económico de Inverno do Banco de Portugal. Num tom mais optimisto do que o do Boletim de Verão, o Banco de Portugal apresenta as perspectivas para a economia portuguesa até 2011 e uma revisão de alguns dos principais indicadores económicos para Portugal. Relembro que este boletim não apresenta previsões sobre a taxa de desemprego.

A barra lateral direita foi actualizada com a nova informação. O texto pode ser apreciado na sua íntegra aqui.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O PS afinal é de esquerda ou de direita?

Recorrentemente lá vem a questão da esquerda e da direita (eu continuo a acreditar que essa distinção faz todo o sentido). Esta semana foi um desses momentos, com a discussão dos “casamentos” homossexuais e do orçamento de estado. Ou seja, para governar o país, o PS só se consegue entender com os partidos da direita (partindo do princípio que o PSD é de direita – outra boa discussão) tendo todas forças da extrema-esquerda a classificá-lo de direita. Nas questões fracturantes o PS lá se entende com a extrema-esquerda, havendo a grande aliança das forças progressistas e modernas da sociedade (queira lá isso significar o que quer que seja). É verdade que Sócrates bem prega o seu posicionamento à esquerda e que, cavalgando a onda, até criticou a chamada economia de casino, que apregoa o regresso do velho amigo “Estado”. Mero oportunismo político. A “economia de casino” foi fomentada durante anos pelo PS e pelo próprio Sócrates (enquanto ministro e já como primeiro-ministro). O PS e Sócrates sempre viveu com, de e para ela. Até que houve uma crise maior que o costume. Ainda por cima a crise aconteceu em ano eleitoral. Acossado à esquerda, lá vociferou contra o sistema que o alimentou e que ele alimentou. Agora, sem maioria, tem de negociar. E com quem vai negociar: com os partidos da direita. Já nas discussões fracturantes, o PS impõe as suas origens esquerdistas. Que geralmente dão em trapalhada. Mas lá se consegue entender-se com a extrema-esquerda. Este comportamento alternadeiro, que ora vai com um ora vai com outro, torna-se, curiosamente, no principal problema da direita portuguesa que vê o seu espaço ocupado por uma força de esquerda que, naquilo que é verdadeiramente importante, governa à direita, e no acessório pisca o olho à extrema-esquerda.
Ou seja, com um PS mais social-democrata que socialista, à direita só lhe resta um caminho: o da sua refundação. Abandonar a bandeira social-democrata (ocupada pelo PS) e centrar-se numa política económica liberal que seja alternativa à social-democracia do PS. Ou seja, ocupar um espaço que nunca foi realmente ocupado nem explorado em Portugal. Não nos serve de nada ter dois partidos que apenas se diferenciam nas questões fracturantes. Urge haver alternativas de política(s).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Debate fracturante, política constante?

Nas vésperas de mais um intenso e "fracturante" debate político na Assembleia da República, talvez valha a pena olhar para este pequeno artigo de opinião publicado em Dezembro pelo economista Ricardo Reis no jornal i.

Não sei, talvez exista por aí alguém que se consiga comover mais com a dureza de alguns números que estão à vista no artigo do que com muitos dos temas que fazem parte da agenda política deste país.

Greg Mankiw's Blog

O economista Greg Mankiw, licenciado em economia pela universidade de Princeton e doutorado pelo MIT, é na actualidade professor da Universidade de Harvard e um dos mais prestigiados economistas da actualidade. Com trabalhos de elevado interesse em diversas áreas, tem adquirido notoriedade pela publicação de dois manuais para o estudo de economia (Principles of Economics, manual introdutório, e Macroeconomics, manual intermédio), sendo ambos manuais de eleição de várias universidades.

O blog de Mankiw declara de maneira evidente os objectivos do mesmo no seu nome: “Greg Mankiw’s Blog: Random Observations for Students of Economics”. Trata-se de comentários próprios ou links a artigos e publicações dos mais diversos assuntos na área da economia. Merece a pena passar umas horas a estuda-lo com atenção, aqui.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Nós os Ateus

A Visão da semana passada apresenta um artigo magnífico do Ricardo Araújo Pereira, que pode ser lido aqui. Encorajo a leitura do mesmo, mas ainda assim gostaria de destacar esta frase (o artigo completo merece leitura), que penso define muito bem a relação de muitos de nós ateus com questão da existência de Deus:

O ateísmo tem sido, para mim e para tantos outros incréus, a luz que me tem conduzido na vida. Às vezes fraquejo, em momentos de obscuridade e de dúvida, mas, mesmo sendo incapaz de provar a inexistência de Deus, tenho conseguido manter a fé - uma fé íntima fundada numa peregrinação que tem a grandeza e a humildade da longa caminhada da vida - em que Ele não exista.