quinta-feira, 23 de julho de 2009

O lento declinar do crescimento da população em Portugal

Hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou as estimativas para população residente em Portugal.

São estimativas, números sujeitos a revisão. Valores mais precisos só com os censos de 2011. De qualquer forma são valores tomados como bastante precisos (os maiores problemas devem vir, penso eu, da dificuldade em estimar os saldos migratórios; algo difícil de se fazer com precisão numa Europa com livre circulação de pessoas e bens).

Pois bem, e o que nos diz o INE? Confirma-nos o que intuímos saber: diminuição da taxa de crescimento da população e envelhecimento da mesma.

Desde 2004 que a taxa de crescimento efectivo da população residente tem vindo a declinar até chegar aos míseros 0,09% de 2008. É o que o gráfico deste post mostra. Mas talvez mais preocupante são os indicadores da população activa (67,1% em 2008) e os rácios de "dependência": em 2008, estima-se que para cada 100 jovens havia 115 idosos...

E o que nos trazem de positivo estas novas estimativas? Bem, a maior longevidade da população, o decréscimo da taxa de mortalidade infantil (algo que nos deveríamos orgulhar, pois estamos entre os melhores do mundo) e uma ligeira melhoria da taxa de natalidade em relação ao 2007.

São estes os números e tendência que ensombram todas e quaisquer políticas económicas de médio/longo prazo. O que fazer para contrariar esta tendência demográfica? Estimular a natalidade. Promovê-la a sério. E que mais se pode fazer? Estimular a produtividade. E que mais? Uma política inteligente de imigração.

O grande desafio é, quanto a mim, desenhar políticas que estimulem e promovam, de uma forma óptima, produtividade e natalidade. Ah, e já agora, que se combinem bem com políticas de imigração. Serão objectivos incompatíveis?

O texto completo do destaque do INE pode ser lido aqui.
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PS: um dia depois à publicação do INE, o Público faz título de primeira página a partir destas estatísticas. Mas a dar ênfase à emigração, para dizer que há mais gente a sair de Portugal... Enfim, cada um é livre de dar a ênfase que quer. Até porque devemos ter em atenção de que talvez muitos dos que saem podem ser ex-imigrantes e não apenas "portugueses" altamente qualificados, como parece que o artigo quer fazer crer. Além do mais, tal como digo no post, o cálculo do saldo migratório é a parte mais complicada nesta estatística e, como tal, deve ser lida com alguma reserva e descrição... (eu não daria ênfase de primeira página!)

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