sábado, 30 de janeiro de 2010

Surpreendidos?????!!!!!!!!

Surpreendido e pasmado estou eu. Não tanto com o valor do défice mas com a admiração do ministro das finanças e do governador do BdP. Com dois terços do ano de 2009 decoriidos, o Governo, com o habitual beneplácito do governador do BdP previa um défice de 8% do PIB para esse ano. Ora bem, sejamos sérios: fazer previsões para o défice de um determinado ano com 2/3 desse ano decorrido não envolve os riscos de prever um défice para daqui a 1 ou 2 anos. Assim, como é possível estas duas entidades (ministério e BdP) terem previsto, em Setembro, um défice final de 8% e ele ser afinal 9,3%?
Pior, como é possível estas duas entidades ficarem surpreendidas com tal défice? O que é que andaram a fazer nos meses de Outubro a Dezembro? Quem é que andou a desbaratar dinheiro nesse período? E sem conhecimento do MF?
Ou seja, em três meses passámos a ter como objectivo de défice para 2010 um valor de 8,3%, ou seja, uma redução de 1% relativamente a 2009. Ou seja, mesmo com esta redução, o objectivo é ter um défice superior em 0,3% aquele que, ainda há três meses, era suposto ser o défice de 2009. Bravo!
Empolaram o défice de 2009 para conseguir um resultado frouxo de redução do mesmo em 2010 sem grande esforço? Gostaria de não acreditar nessa possibilidade. Mas, a não ser assim, como acreditar num MF que deixa as contas descontrolarem-se brutalmente (para além do que já estavam) em apenas três meses?
PS: Apesar de tudo, continuo a ter Teixeira dos Santos como dos melhores ministros da era Sócrates. Penso que com as equipas de Sócrates e sem este ministro das finanças, a situação poderia ser bem pior.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Finanças Pessoais

Aqui vai um site com notícias sobre impostos com relevância para as finanças de cada um. Chama-se Impostos Press e pode ser acedido a partir daqui. As notícias estão a ser permanentemente actualizadas. Boas consultas.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Há 10 anos em Robin Wood Bay

Este post vem a propósito das últimas “discussões” aqui no blog. Faz por esta altura 10 anos que, graças ao facto do Dekuip estar a estudar em Leeds, eu e mais dois amigos comuns fizemos uma excursão fantástica a Inglaterra. Foi também nessa viagem que conhecemos e falámos pela primeira com o Olho de Vidro. Por todos estes motivos, esta viagem está, também ela, intimamente ligada a este blog. Nessa viagem visitámos uma pequena localidade (Robin Wood Bay, creio que era o nome) que como o nome indica, tinha uma pequeníssima baia sobre a qual se instalava um simpático e acolhedor bar. A ver e a ouvir o rebentar da forte ondulação e a beber umas cervejas, acabámos (eu, o Dekuip, o Greenturra e um outro amigo) por discutir a organização que tinha sido atribuída a Portugal: o Euro 2004. Recordo-me que eu e penso que o Greenturra (que me corrija se ainda se lembrar dessa discussão) prevíamos aquilo que viria, infelizmente a acontecer: o derrapar dos custos, o nº de estádios novos a construir e o peso que isso teria sobre quem tivesse que suportar os custos. E vem isto a propósito porquê? Porque, já nessa altura, o Dekuip tinha a visão ou a perspectiva optimista que ainda hoje o caracteriza e que eu admiro. Já nessa altura ele dizia que por termos feito as coisas mal feitas no passado (vínhamos de derrapagens sucessivas nos prazos e nos custos de auto-estradas, da Expo 98, da ponte Vasco da Gama, da remodelação da linha do Norte, etc.) não queria dizer que tivéssemos que repetir os mesmo erros. Há processos de aprendizagem que se assimilam, etc. Creio que era esta a base da sua argumentação. 10 anos depois desta fabulosa discussão (pelo tema, pelo local, pelas cervejas, etc.) e 6 anos após o Euro 2004, o que se discute? O custo da manutenção de estádios que estão fechados 340 dias por anos, o despedimento dos funcionários das empresas municipais de gestão dessas infra-estruturas e até a demolição de alguns desses estádios.
Eu, tendencialmente, também considero que é fácil criticar mas difícil apresentar soluções. No entanto, muitos dos erros cometidos nos últimos 20/30 anos teriam sido facilmente solucionados com a não assumpção de compromissos ruinosos. As soluções não são necessárias só quando o mal já está feito. As soluções podem ser, simplesmente, não cometer erros que a grande maioria das pessoas prevê mas que quem decide não quer saber porque quando chegar a hora de os ter de solucionar já não lhes calha a eles. Infelizmente, nada, nestes últimos 10 anos, me fez aproximar da visão optimista do Dekuip. Antes pelo contrário. A experiência só me fez acentuar a descrença no nosso país e, claro, nas suas classes dirigentes (políticos, juízes, empresários, etc.). Eu, pela minha parte, continuarei a contribuir da forma que sei e que acho que vale pena: trabalhando e tentando fazer cada vez melhor o meu trabalho e criticando aquilo que julgo estar errado. Pode ser que, um dia, apareça alguém que me faça acreditar que vale a pena lutar por uma mudança. Mas não creio que haja condições para tal. Infelizmente.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Mais um destes artigos para quê?

O artigo de opinião já tem algum tempo. Foi escrito em Dezembro, chama-se “O palhaço” e é de Mário Crespo.

Confesso que tenho até alguma estima pelo jornalista em causa. Sei também que é um profissional respeitado e alguém que é ouvido e lido por muitas pessoas.

Não costumo ler as suas crónicas no JN nem nunca vi na íntegra o seu programa Plano inclinado na SIC. Mas do que visionei até agora faz-me pensar de que o título é mesmo apropriado. O programa é mesmo inclinado. Todos os intervenientes parecem escorregar para o mesmo lado. Para o da depressão.

Mas poderei estar enganado. Se calhar isto tudo está mesmo sem esperança nenhuma. Talvez não exista outra maneira de falar da coisa pública que não passe por dizer que Portugal é o primeiro dos países "PIGS" ou do Clube MED. Com a particularidade de o ser dito pelos autóctones com uma veemência que deixaria qualquer estrangeiro corar de vergonha. Tenho dúvidas, mas enfim...

Mas voltemos ao “O palhaço”. Mário Crespo bate em tudo e em todos. Vale a pena ver, quanto mais não seja pela agressividade que mostra; agressividade esta bem expressa na repetição da palavra "Palhaço". Bem, será um estilo literário, não há nada a apontar.

O que questiono é, afinal de contas, a utilidade deste tipo de intervenções. Penso ter pelo menos algumas das mesmas preocupações do jornalista quanto ao futuro de Portugal. Gostaria de ver uma melhor classe política, por exemplo.

Mas o que pretende Mário Crespo com este tipo de intervenções? Elevar as conversas de café ao estatuto de literatura universal? A implosão da classe política actual? Será Mário Crespo um inconfesso Anárquico?

O artigo pode ser visto aqui.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Último relatório do FMI sobre a economia portuguesa

Já ontem fez notícia em alguns meios de comunicação portugueses. O Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu mais um processo de consulta sobre a economia portuguesa.

Este exercício, normalmente levado a cabo todos os anos, implica a análise do estado da economia portuguesa e a elaboração de recomendações de política económica. Vale a pena ler. Pelo menos a parte em que se analisam os males da economia portuguesa que, como uma das secções do relatório põe em relevo, são nada mais do que Low Productivity, Weak Competitiveness and High Debt.

A partir daqui, isto é, a partir da análise da situação em que há actualmente um grande consenso entre os economistas, entramos no domínio das recomendações ou, o que vai dar ao mesmo, na prescrição dos “remédios” para os problemas da economia lusa. Neste domínio já não há tanto consenso como isso e o FMI apresenta a sua visão sobre o assunto.

A press release (podemos-lhe chamar assim) pode ser obtida aqui. O relatório da missão do FMI, aqui.

Aproveito a oportunidade para referir que o FMI tem um blogue interessante sobre economia global onde somos convidados a participar na discussão dos temas colocados. O blogue pode ser acedido aqui.

sábado, 16 de janeiro de 2010

O bobo da República

O bobo da República vinha falando e preparando o seu terreno. Ontem anunciou a sua disponibilidade para se candidatar à Presidência da República em 2011. E, numa atitude de enorme egocentrismo, (que sempre o caracterizou) que só demonstra que os seus interesses estão sempre acima dos interesses da nação, veio faze-lo em plena negociação/discussão do orçamento de estado para 2010. Talvez o mais importante orçamento dos últimos 25 anos em Portugal. Como diria o actual Presidente da República, o momento é de discutir os grandes problemas do país (desemprego, défice, dívida externa, contas públicas, etc.), e não de nos dispersarmos. Manuel Alegre, na irresponsabilidade natural da pessoa em causa, achou que afinal a altura era de se falar da “sua” candidatura”. Depois clamou (do alto dos seus dotes oratório – única qualidade, de facto, do senhor) que a política tem de se sobrepor a esta economia e que é tempo de arrancar com um modelo económico alternativo. Pior que uma pessoa irresponsável, narcisista e arrogante, só juntando um inapto completo sobre tudo mas que quer falar sobre…tudo. Sempre me meteu confusão a alcunha porque era conhecido pelos seus “amigos” do PS (nos idos de 70/80): o Pateta Alegre. Hoje entendo perfeitamente. Manuel é o grande bobo da República. Mas o pior é que por detrás deste bobo, há uma agenda política, individual e de um partido (BE). Eu, por mim, volto a perguntar: mas este cavalheiro tem algum dote particular que o caracterize como presidenciável?
Ter um candidato como Alegre ou ter o taxista que ontem me levou a casa é exactamente a mesma coisa: ambos criticam o país, os políticos e a situação económica mas nenhum faz a menor ideia do real estado do país e muito menos têm uma ideia de como se pode rasgar um novo futuro. Mas ambos falam sobre tudo e se têm em grande conta.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O "Grã" Santana

Tal como é anunciado aqui, no site da Presidência da República Portuguesa, no próximo dia 19, Pedro de Santana Lopes - é simplesmente vergonhoso como os media obliteraram, ao longo destes anos todos, o de em Santana Lopes -, vai ser condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo.

Uma antiga ordem militar, dada a quem especialmente se destacou ao serviço do País no desempenho de funções em órgãos de soberania ou cargos na Administração Pública…

Mais explicações para quê?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Avatar

O gráfico colocado neste post foi retirado do dicionário on-line Priberam. Mostra a frequência da consulta da palavra Avatar nas últimas 37 semanas. Apesar da escala não ser das melhores, vê-se claramente o efeito do mediatismo do filme no número de consultas à palavra em questão (que no seu pico, atingiu mais de 12 000 consultas).

A palavra que agora dá o título a um dos filmes mais mediáticos de sempre, faz parte do acervo linguístico português. Se não souberem qual o seu significado, basta acederem à página da Priberam aqui.

E já agora, como ainda não fui ver o filme, conhecidos ou menos conhecidos poderiam fazer o favor de deixar as suas impressões sobre o mesmo em jeito de comentário? Obrigado.

Dois textos

Já aqui falei de Tony Judt a propósito de um livro que estou a ler. Mas como um dos últimos posts do colega de blogue Rightwing fala em social-democracia, pensei que valia a pena refererir um dos seus últimos textos escritos para a revista New York Review of Books.

Intitula-se What Is Living and What Is Dead in Social Democracy? e, mesmo que não se concorde com o que o autor defende, penso que vale a pena lê-lo. Nem que seja pela contextualização histórica que o autor faz da social-democracia e das ideias que a combatem.

E porque estou a falar deste autor, gostava ainda de fazer uma pequena referência a Night, o seu último artigo publicado nesta revista.

E por que é que o estou a citar aqui? Porque é um texto invulgar. Nele, a doença neurodegenerativa progressiva que Tony Judt sofre é abordada através da descrição das noites que passa.

Impressiona este registo autobiográfico.

A evolução das previsões para o ano de 2009


No seguimento do post (sempre precisoso) do Dekuip sobre a actualização das previsões do Banco de Portugal, incluo um gráfico com as previsões de variação do PIB português e da Zona Euro para o ano de 2009. Esta análise abarca as previsões de diversas entidades desde 2007 até ao momento actual. Não será preciso uma observação muito rigorosa para termos noção do cuidado que se deve ter ao "ler" as diversas previsões. São preciosas. Mas são isso mesmo, previsões. Sujeitas a alterações inesperadas de ciclo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Notícias do Boletim de Inverno do Banco de Portugal

Hoje saiu o Boletim Económico de Inverno do Banco de Portugal. Num tom mais optimisto do que o do Boletim de Verão, o Banco de Portugal apresenta as perspectivas para a economia portuguesa até 2011 e uma revisão de alguns dos principais indicadores económicos para Portugal. Relembro que este boletim não apresenta previsões sobre a taxa de desemprego.

A barra lateral direita foi actualizada com a nova informação. O texto pode ser apreciado na sua íntegra aqui.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O PS afinal é de esquerda ou de direita?

Recorrentemente lá vem a questão da esquerda e da direita (eu continuo a acreditar que essa distinção faz todo o sentido). Esta semana foi um desses momentos, com a discussão dos “casamentos” homossexuais e do orçamento de estado. Ou seja, para governar o país, o PS só se consegue entender com os partidos da direita (partindo do princípio que o PSD é de direita – outra boa discussão) tendo todas forças da extrema-esquerda a classificá-lo de direita. Nas questões fracturantes o PS lá se entende com a extrema-esquerda, havendo a grande aliança das forças progressistas e modernas da sociedade (queira lá isso significar o que quer que seja). É verdade que Sócrates bem prega o seu posicionamento à esquerda e que, cavalgando a onda, até criticou a chamada economia de casino, que apregoa o regresso do velho amigo “Estado”. Mero oportunismo político. A “economia de casino” foi fomentada durante anos pelo PS e pelo próprio Sócrates (enquanto ministro e já como primeiro-ministro). O PS e Sócrates sempre viveu com, de e para ela. Até que houve uma crise maior que o costume. Ainda por cima a crise aconteceu em ano eleitoral. Acossado à esquerda, lá vociferou contra o sistema que o alimentou e que ele alimentou. Agora, sem maioria, tem de negociar. E com quem vai negociar: com os partidos da direita. Já nas discussões fracturantes, o PS impõe as suas origens esquerdistas. Que geralmente dão em trapalhada. Mas lá se consegue entender-se com a extrema-esquerda. Este comportamento alternadeiro, que ora vai com um ora vai com outro, torna-se, curiosamente, no principal problema da direita portuguesa que vê o seu espaço ocupado por uma força de esquerda que, naquilo que é verdadeiramente importante, governa à direita, e no acessório pisca o olho à extrema-esquerda.
Ou seja, com um PS mais social-democrata que socialista, à direita só lhe resta um caminho: o da sua refundação. Abandonar a bandeira social-democrata (ocupada pelo PS) e centrar-se numa política económica liberal que seja alternativa à social-democracia do PS. Ou seja, ocupar um espaço que nunca foi realmente ocupado nem explorado em Portugal. Não nos serve de nada ter dois partidos que apenas se diferenciam nas questões fracturantes. Urge haver alternativas de política(s).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Debate fracturante, política constante?

Nas vésperas de mais um intenso e "fracturante" debate político na Assembleia da República, talvez valha a pena olhar para este pequeno artigo de opinião publicado em Dezembro pelo economista Ricardo Reis no jornal i.

Não sei, talvez exista por aí alguém que se consiga comover mais com a dureza de alguns números que estão à vista no artigo do que com muitos dos temas que fazem parte da agenda política deste país.

Greg Mankiw's Blog

O economista Greg Mankiw, licenciado em economia pela universidade de Princeton e doutorado pelo MIT, é na actualidade professor da Universidade de Harvard e um dos mais prestigiados economistas da actualidade. Com trabalhos de elevado interesse em diversas áreas, tem adquirido notoriedade pela publicação de dois manuais para o estudo de economia (Principles of Economics, manual introdutório, e Macroeconomics, manual intermédio), sendo ambos manuais de eleição de várias universidades.

O blog de Mankiw declara de maneira evidente os objectivos do mesmo no seu nome: “Greg Mankiw’s Blog: Random Observations for Students of Economics”. Trata-se de comentários próprios ou links a artigos e publicações dos mais diversos assuntos na área da economia. Merece a pena passar umas horas a estuda-lo com atenção, aqui.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Nós os Ateus

A Visão da semana passada apresenta um artigo magnífico do Ricardo Araújo Pereira, que pode ser lido aqui. Encorajo a leitura do mesmo, mas ainda assim gostaria de destacar esta frase (o artigo completo merece leitura), que penso define muito bem a relação de muitos de nós ateus com questão da existência de Deus:

O ateísmo tem sido, para mim e para tantos outros incréus, a luz que me tem conduzido na vida. Às vezes fraquejo, em momentos de obscuridade e de dúvida, mas, mesmo sendo incapaz de provar a inexistência de Deus, tenho conseguido manter a fé - uma fé íntima fundada numa peregrinação que tem a grandeza e a humildade da longa caminhada da vida - em que Ele não exista.