sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A ciência não é só feita de cálculos

Foi a partir do blogue de Pedro Lains que tomei conhecimento da página web da economista Deirdre McCloskey. Nela, há um artigo engraçado, com o título Science is judgment, not only calculation, de que retirei a seguinte citação:

...There is no discipline-independent criterion for importance, calculable from the numbers alone. Scientific judgment is scientific judgment, a human matter of the community of scientists. As vital as the statistical calculations are as an input into the judgment, the judgment cannot be made entirely by the statistical machinery...


Bem verdade. Talvez uma coisa que os economistas e políticos deveriam obrigatoriamente assumir explicitamente sempre que falassem em assuntos como, por exemplo, decisões tomadas através de estudos de análise de custo-benefício.

A avó do futuro

(recebido por e-mail)

Dom Bosco


Amanhã sábado 31 de Janeiro comemora-se a morte de um homem chave no processo de “socialização” da igreja católica durante a época da revolução industrial na Europa. Trata-se de São João Bosco, mais conhecido por Dom Bosco, fundador dos Salesianos. Precisamente este ano de 2009 será celebrado o 150 aniversário da fundação dos Salesianos (a 18 de Dezembro), ordem religiosa que levou os ideais de educação social e religiosa de Dom Bosco pelo mundo.

Sendo muito grande a importância de Dom Bosco no contexto puramente religioso (foi intitulado como o “apóstolo dos jovens”), a sua importância num contexto histórico e social mais abrangente não pode ser de maneira nenhuma menosprezada. Dom Bosco apresentou e levou à prática um novo conceito de educação para os jovens, especialmente dirigida para aqueles pertencentes às camadas mais desfavorecidas da sociedade, e tudo isto num contexto social, político e económico conturbado, o do “Resorgimento” da Itália de finais do século XIX.

Dom Bosco nasceu em 1815 no norte de Itália, numa família pobre, na qual a sua mãe era a figura central (Dom Bosco ficou órfão de pai com apenas 2 anos de idade). Inserido num contexto familiar e social de constantes dificuldades económicas, começa a estudar aos nove anos e aos vinte ingressa no Seminário, sendo ordenado sacerdote em 1841. Nesse mesmo ano transfere-se para Turim, aonde as desigualdades sociais são especialmente sentidas pelas crianças e jovens das classes baixas da sociedade. A sua obra começa a tomar forma, e em Dezembro de 1841 Dom Bosco funda o seu primeiro Oratório para jovens, aonde põe em prática o seu ideal de “sistema preventivo” de educação (focado na formação profissional dos jovens) em contraposição com o “sistema repressivo” existente. O seu sistema teve um impacte muito importante na sua época, e é qualificado como uma das experiências mais visionárias e destacáveis da educação contemporânea. No momento da sua morte, a 31 de Janeiro de 1888, os Salesianos contavam com 768 membros, em 26 casas fundadas nas Américas e 38 na Europa.

O envolvimento social dos Salesianos e de Dom Bosco teve consequências importantes dentro da igreja católica do seu tempo. A acção social católica começou a cobrar uma importância crescente, tendo provocando uma reacção negativa por parte dos sectores religiosos mais conservadores. Aliás, os objectivos de Dom Bosco transcendem uma contextualização puramente religiosa, pelo que a repercussão sociopolítica no seu tempo foi muito importante. Também no campo político os aliados de Dom Bosco são importantes, bem como os seus inimigos. Entre os aliados contam-se figuras da aristocracia italiana da época (alguns deles financiadores da sua obra) e políticos proeminentes (tais como Cavour e Ratazzi, anticlerical furibundo, que terá dito que Dom Bosco era o “milagre do nosso século”).

A figura de Dom Bosco transcende claramente o âmbito da religião, para ganhar uma enorme dimensão social. Aliás, dentro do seu ideário, estas duas dimensões nunca poderiam estar desvinculadas.

Dom Bosco é o santo padroeiro do cinema, sendo a entrega dos Prémios Goya do cinema espanhol celebrada anualmente a 31 de Janeiro. Dom Bosco é também considerado em Espanha como o padroeiro dos mágicos, pois os truques de magia eram um dos seus métodos preferidos para cativar e entreter.

Hoje, como testemunho da importância da sua obra, existem 2.086 casas salesianas em 128 países, com mais de 16.600 membros da sua congregação a desenvolver o seu trabalho nelas, para além de alunos, ex-alunos, membros dos centros juvenis e benfeitores.

Para saber mais:
http://es.wikipedia.org/wiki/Don_Bosco
http://www.sdb.org/SDBWEB/index.asp
http://www.salesianos.pt/
http://www.donbosco.es/

Alargamento da união europeia à Islândia?

Parece que existem perspectivas para a Islândia vir a poder a aderir à União Europeia em 2011. O comissário para o alargamento disse que, e cito o que está escrito aqui, a Islândia “é uma das mais antigas democracias do mundo e a sua posição estratégica e económica faria dela um forte activo para a UE”.

Só se for um activo no futuro, lá para 2011, porque agora parece-me que a Islândia é mais a modos que um passivo.

Quando bateremos no fundo?

A versão on-line do público divulga, na sua página principal, que a “Inflação na Zona Euro baixa para 1,1 por cento em Janeiro”. Trata-se da estimativa rápida do Eurostat que, diga-se em abono da verdade, costuma ser bastante certeira.

De qualquer forma, os dados oficiais de Janeiro só vão ser publicados a 27 de Fevereiro, tal como pode ser visto aqui, na press release que o Eurostat divulgou hoje sobre este assunto.

O fantasma da deflação futura parece não querer dar sinais de largar, pelo menos até agora, a Europa e a vida dos europeus.

Mas o Eurostat também divulgou hoje outros números. Desta feita sobre o desemprego. Na zona Euro, em Dezembro, o desemprego atingiu os 8% (7,9% em Portugal). Este organismo divulga dados corrigidos de efeitos sazonais que podem, desta forma, dar uma indicação da evolução ou tendência deste fenómeno socialmente preocupante que dá pelo nome de desemprego. Um ano atrás, em Dezembro de 2007, o desemprego situava-se nos 7,2% e não nos 8%. Os dados podem ser vistos aqui.

O que dizer da amálgama de números e de indicadores económicos que nos chegam numa cadência quase diária? Dizem-nos que estamos em queda. Infelizmente, só não nos dizem é quando é que bateremos no fundo....

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

World Economic Outlook Update

Tal como noticiado no jornal Público, o Fundo Monetário Internacional (FMI) acaba de fazer uma actualização das suas últimas previsões económicas. Só este facto - o da actualização - é importante.

O FMI costuma fazer dois exercícios destes num ano. A última "normal" foi feita em Outubro de 2008. Mas a conjuntura internacional como que "obrigou" a que se fizesse uma actualização em Novembro de 2008 e outra agora em Janeiro de 2009.

E o que diz o FMI? Revê, uma vez mais, as perspectivas de crescimento do produto mundial em baixa (uns míseros 0,5%) e diz que as economias desenvolvidas estão a sofrer a maior recessão desde o fim da 2ª Guerra Mundial.

Estas revisões intercalares apresentam valores apenas para países ou blocos regionais seleccionados. Desta forma não é possível ver novas previsões específicas para Portugal. De qualquer forma é possível ver dados sobre os nossos parceiros comerciais mais importantes (como, por exemplo, a Espanha). E as coisas não estão nada famosas. Mais informações podem ser obtidas aqui, no site do FMI.

Se entretanto não houver mais uma “necessidade” em rever as previsões entretanto feitas, teremos um novo exercício em Abril de 2009. Desta vez com valores e previsões para Portugal.

Estado, Religiões e Democracia por Obama

Talvez seja, infelizmente, um discurso muito moderno para muitas pessoas. Mas vale a pena ouvir o que Obama pensa sobre a relação entre o Estado, as Igrejas e a Democracia.

discurso recebido por e-mail)

Hillary Rodham

José Saramago, de vez em quando, acorda do seu exílio dourado em Lanzarote (coisas que o capitalismo propicia) e dispara umas “ideias”. Num canto da página 11 do jornal Público, Saramago exorta Hillary Clinton a deixar cair o apelido do marido. E estende este grito de emancipação a todas as mulheres que considerem que “(…) levar o apelido do marido foi e continua a ser uma forma mais, e não menos importante, de diminuição da identidade pessoal e de acentuar a submissão que se esperou da mulher.” Devem ser estas ideias que são consideradas modernas e progressistas. Por muito absurdas que possa ser, hoje em dia, considerar-se que o apelido subordina a mulher ao que quer que seja. Mas se calhar estou a ser injusto para Saramago, um homem que ainda vive na época pré-queda do muro de Berlim e que ainda exulta com as virtudes da democracia e liberdade estalinista praticada na então União Soviética.

Insucesso editorial

Não sei o que acham, mas eu penso que este foi o lançamento editorial mais despropositado que foi feito no ano anterior. Ainda está disponível na FNAC on-line. Para quem quiser comprá-lo, é claro.

20 anos fora do local de trabalho

Mário Nogueira deu uma entrevista ao PortugalDigital. Entre lamúrias dos sacrifícios pessoais e familiares que teve de enfrentar pela sua decisão de se dedicar à causa sindical e demonstrações de amor ao ensino, ficámos a saber que Mário Nogueira, colocado numa escola a 5 minutos de casa, não lecciona há 20 anos, portanto desde 1988/1989.
20 anos!!!! Com todos os direitos como se estivesse em exercício de funções.
Portanto este senhor professor saiu da escola ainda eu lá andava. E também já saí há 17 anos. Ele saiu da escola ainda havia muro de Berlim, coisa que a maioria dos actuais alunos desconhece que tenha existido.
Calculo também que estaria quase no topo da carreira, onde até há pouco todos os professores chegavam. Isto com 10 anos de ensino efectivo.
Ele há grandes profissões. A de sindicalista é seguramente uma delas.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Alcochete connection?

Mais notícias sobre o assunto do momento que, aliás, já foi motivo de dois posts neste blogue. O Público on-line de hoje vem informar que afinal de contas sempre houve um e-mail da parte do filho mais velho de Júlio Monteiro, tio do Primeiro-ministro portugês.

Neste momento, parece-me que, ou as dúvidas sobre um eventual envolvimento do Primeiro-ministro se disolvem rapidamente, ou o PS terá de enfrentar um mar de adversidades que poderão sair-lhe caras nas próximas legislativas.

Parece-me que a "máquina" já se colocou em movimento. Em última análise, o que está em causa não é o apuramento da "verdade dos factos" (esta é deixada, e muito bem, para os tribunais e as polícias) mas tão-somente a sobrevivência do poder instituido. A salvaguarda de um bom resultado nas próximas eleições.

Ainda há pouco vi o programa "notas soltas" na RTP internacional. O comentador residente do programa teve o cuidado de referir que, do ponto de vista da lei, tudo parecia ter sido feito de uma forma rigorosa. Teve também o cuidado de não referir nada sobre a suposta "celeridade" do processo. Aliás, diga-se de passagem, não se compreende muito bem como é que uma entrevistadora informada como Judite de Sousa não puxou este assunto... Houve também o cuidado de não se referir, pelo menos que me lembre, o nome do Primeiro-ministro. É também nestes pequenos esquecimentos que a nossa memória colectiva se forma.

Este episódio lembra muitos outros. Ligados ao PS, ao CDS, ao PSD. Ao poder central, ao poder local... Nestes anos, quase ninguém escapa de sair mal na fotografia. Enfim, lembra como pode ser promíscua a relação entre o mundo do Poder, da Política e o do interesse Privado. O livro algo há muito esgotado de Rui Mateus chamado "Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido", que gira em volta (mas não só) do caso do Fax de Macau, fala sobre este tipo de convivência. Não sei se tudo o que é escrito nele é verdade, mas pelo menos posso afiançar que é um livro interessante. Infelizmente o livro encontra-se esgotado há muito. Terá sido falta de papel?

domingo, 25 de janeiro de 2009

Uma última nota sobre as declarações do Cardeal Patriarca

Um dia depois das já célebres declarações do Cardeal Patriarca de Lisboa sobre os casamentos de mulheres não muçulmanas com homens muçulmanos, deu-se muita atenção aos casos “exemplares” de casais bem sucedidos para provar que o Sr. Cardeal tinha exagerado e que estava a semear a discórdia inter-religiões. Uma semana depois, e já sem a mesma atenção mediática, eis que 3 revistas (desconheço se outras também o fizeram), Sábado, Correio de Domingo (Correio da Manhã) e Tabu (semanário Sol) publicam histórias de alguns tortuosos casamentos. Além disso, também inúmeros articulistas e editoriais de jornais vieram, mais ou menos explicitamente dar alguma ou toda a razão ao Sr. Cardeal Patriarca. Registo com agrado essas tomadas de posição.

Uma nuvem de fumo para os lados de Alcochete

Muito fumo e algumas labaredas. Será que teremos fogo? Não conhecendo o processo, como a grande maioria da população, presumo a inocência das pessoas. Agora, parece-me estranho haver tantos buracos negros: indefinição sobre quem solicitou a reunião com o então ministro Sócrates: se foi o seu tio ou o presidente da CM Alcochete? Será que, como disse o juiz de 1ª instância, o processo foi aprovado com inusitada rapidez? Afinal quem tinha poder para decidir: o ministro ou o secretário de estado, por delegação de competências? Esperemos que todas as dúvidas sejam esclarecidas, para bem da justiça. Curioso o facto do Sr. Primeiro Ministro (PM) pedir que a justiça seja célere. Pois, bem, isso toda a gente deseja mas para todos os casos. O Sr. PM queixa-se também do caso aparecer recorrentemente em épocas eleitorais. Pois, Leonor Beleza já se queixou do mesmo. Sempre que o seu nome era veiculado como potencial candidata a algo, lá aparecia o caso do sangue contaminado.
No meio disto tudo, e por agora, fica um tio desbocado, que confirma ter off-shores, que afiança ter sido ele a solicitar a mal fadada reunião e que, suspeito, se lhe puserem mais microfones à frente ainda revela mais coisas, uns primos (ou filhos do tio) que supostamente usaram o nome e a posição do primo para benefícios comerciais e um PM “obrigado” a dar explicações públicas. Será só fumo?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Freeport

Ontem conseguiu o pleno na abertura dos três telejornais em horário nobre. Hoje vem nas primeiras páginas de muitos jornais (ver barra lateral azul, secção "Primeiras páginas"). É novamente o caso Freeport e a suspeita de corrupção.

Sócrates, provavelmente enervado com o tema, começou por responder bem aos jornalistas dizendo que não comentava acções das autoridades judiciais. Esteve menos bem ao lembrar, logo a seguir, que o assunto tinha aparecido pela primeira vez em 2005 em época de eleições e que voltava novamente agora numa nova época de eleições.

Só se compreende este último comentário do ponto de vista da minimização de eventuais prejuízos políticos. Até porque não é de crer que as autoridades britânicas, que originaram este processo ao pedir mais diligências, estejam muito preocupadas com o ciclo político-eleitoral de Portugal.

Escapa

Entrem neste site que me enviaram por e-mail e jogem o jogo do Escapa. Eu consegui aguentar-me 11 segundos. Depois digam-me qual o vosso recorde.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O ranting dos outros

O episódio do corte no rating atribuído a Portugal pela Standard & Poor’s lembra-me o que Carlo M. Cipolla, um historiador italiano, escreveu sobre a apreciação que dois colegas anglo-saxónicos fizeram ao comportamento dos mercadores venezianos na época das cruzadas.

Segundo estes historiadores, os colonos cristãos instalados nas terras conquistadas aos infiéis eram terrivelmente explorados pelos mercadores venezianos.

Comentando esta veredicto, Cipolla escreve no (hilariante) livro Allegro ma non tropo, que se holandeses, alemães ou ingleses tivessem feito o mesmo, seriam “apontados nos manuais de história como exemplos admiráveis de ética protestante e estimáveis campeões de protocapitalismo”.

E remata, dizendo, que “tratando-se simplesmente de italianos, foram definidos como exemplos deploráveis de avidez e falta de escrúpulos comerciais”.

Há muita gente que argumenta que a História é escrita por pessoas que têm a tendência a favorecer o lado que é mais forte e que esta é, não bastas vezes, influenciada por estereótipos culturais modernos.

Só não suspeitava era que os tais ratings, que avaliam o risco de uma nação não cumprir com os seus compromissos futuros, feitos por pessoas totalmente insuspeitas e altamente qualificadas para tal (historiadores anglo-saxónicos?), pudessem sequer transpirar a suspeição do mesmo enviezamento cultural.

Sinceramente não sei o que dizer. É que após me informar que Portugal, a Espanha a Grécia e a Irlanda terem visto o seu rating descer, fiquei a saber, via Público, que “Alguns dos países que mais estão a sofrer com a crise financeira internacional, como os EUA e o Reino Unido, mantêm o valor máximo inalterado”. Mas afinal de contas para que serve o rating?

To cut a long story short

Há uns dias atrás ouvi, já não sei bem onde, alguém aludir ao que se passava na faixa de Gaza como a “Guerra dos 1000 anos”. Sim, leu bem, mil anos. Não dez, nem cem, como na guerra entre a Inglaterra e a França, mas mil. Não será, bem vistas as coisas, tendo em conta o mundo em que vivemos, um exagero? Talvez, especialmente se pensarmos única e estritamente nos conflitos entre o Estado de Israel – nascido em 1948 – e os seus vizinhos. No entanto, a expressão toma outro significado se quisermos com ela referirmo-nos à longa história de atritos entre o mundo dito “ocidental” e o mundo árabe.

Quem ler o livro “As cruzadas vistas pelos árabes”, de Amin Maalouf, fica, penso eu, com as ideias mais arrumadas em relação a esta questão. A primeira cruzada dos Franj – designação dada pelos árabes à imensa turba de cristãos ocidentais que participou nas oito ou nove expedições contra os infiéis islâmicos -, teve lugar em 1096. Jerusalém, cidade santa para muçulmanos, judeus e cristãos, foi tomada pelos fanáticos e fervorosos Franj em 1099.

Antes da sua chegada, era hábito considerar Jerusalém como um lugar especial, onde as variadas confissões religiosas podiam conviver pacificamente independentemente de quem a governava ou conquistava. Os Franj, pelos vistos, foram os primeiros a quebrar esta tradição. Após a conquista da cidade, muçulmanos, judeus e até cristãos (ortodoxos) foram chacinados pelos novos senhores da cidade.

O livro de Amin Maalouf revela outras coisas que, surpreendentemente, encontram um paralelismo com o que se passa na actualidade. A primeira é a de que o mundo árabe da altura, à semelhança dos dias de hoje, era profundamente dividido. Não só entre Xiitas e Sunitas mas também por causa das inúmeras lutas internas que existiam sempre que existia um vazio de poder (normalmente quando falecia o líder).

Talvez mais importante de tudo, o livro fez-me pensar na sorte que tenho em viver num mundo onde a democracia e a separação entre o Estado e a Igreja são dados adquiridos. Serão mesmo condições necessárias para uma qualquer comunidade poder aspirar a viver num clima de paz duradoura.

Sim, porque o denominador comum entre os cruzados cristãos de ontem e os cruzados islâmicos de hoje é o haver uma mistura entre religião e interesses privados. Entre desejo de poder e valores de uma religião. Entre a Fé e o desejo de conquista física.

E agora que os soldados de Israel estão em casa, o que há a dizer em relação ao conflito na fiaxa de Gaza? Talvez que, infelizmente, não haja a possibilidade de atalharmos e dizermos algo como to cut a long story short, os israelitas responderam aos rockets do Hamas, e o Hamas apenas defendeu o seu povo do embargo promovido por Israel... Não, não é possível. É que isto tudo foi mesmo mais um capítulo de uma história muito, muito longa.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Retenção na fonte para 2009

As novas tabelas de retenção na fonte a vigorar este ano no continente podem ser obtidas aqui.

Para quem tiver paciência e quiser fazer algum tipo de comparação com o ano transacto, as tabelas equivalentes de 2008 podem ser obtidas aqui.

Tomada de posse de Barak Obama

Mais de dois milhões de pessoas a assistir em Washington à tomada de posse de Barak Obama.

Resolvi transcrever aqui algumas passagens que julgo significativas do discurso que pode ler aqui

"A nossa nação está em guerra, contra uma vasta rede de violência e ódio. A nossa economia está muito enfraquecida, consequência da ganância e irresponsabilidade de alguns, mas também nossa culpa colectiva por não tomarmos decisões difíceis e prepararmos a nação para uma nova era. (...)
(...) Hoje eu digo-vos que os desafios que enfrentamos são reais. São sérios e são muitos. Não serão resolvidos facilmente nem num curto espaço de tempo. Mas fica a saber, América - eles serão resolvidos. (...)
(...) Chegou a hora de reafirmar o nosso espírito de resistência, de escolher o melhor da nossa história; de carregar em frente essa oferta preciosa, essa nobre ideia, passada de geração em geração; a promessa de Deus de que todos somos iguais, todos somos livres, e todos merecemos uma oportunidade de tentar obter a felicidade completa. (...)
(...) Não se coloca sequer perante nós a questão se o mercado é uma força para o bem ou para o mal. O seu poder de gerar riqueza e de expandir a democracia não tem paralelo, mas esta crise lembrou-nos que sem um olhar vigilante o mercado pode ficar fora de controlo – e que uma nação não pode prosperar quando só favorece os prósperos. (...)
(...) Não vamos pedir desculpa pelo nosso modo de vida, nem vamos hesitar na sua defesa, e àqueles que querem realizar os seus objectivos pelo terror e assassínio de inocentes, dizemos agora que o nosso espírito é mais forte e não pode ser quebrado; não podem sobreviver-nos, e nós vamos derrotar-vos. (...)
(...) Ao mundo muçulmano, procuramos um novo caminho em frente, baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo. Aos líderes por todo o mundo que procuram semear o conflito, ou culpar o Ocidente pelos males da sua sociedade – saibam que o vosso povo vos julgará pelo que construírem, não pelo que destruírem. Aos que se agarram ao poder pela corrupção e engano e silenciamento dos dissidentes, saibam que estão no lado errado da história; mas que nós estenderemos a mão se estiverem dispostos a abrir o vosso punho fechado. (...)
(...) Este é o significado da nossa liberdade e do nosso credo – é por isso que homens e mulheres e crianças de todas as raças e todas as religiões se podem juntar em celebração neste magnífico mall, e que um homem cujo pai há menos de 60 anos não podia ser atendido num restaurante local pode agora estar perante vós a fazer o mais sagrado juramento. (...)"

Que Deus abençoe o Presidente dos EUA!

Previsões da Comissão Europeia

Com dois dias de atraso, aqui vai o site com as previsões da Comissão Europeia para a economia da União.

Os valores previstos para Portugal para o PIB, a inflação e a taxa de desemprego podem ser consultados na barra lateral deste Blogue na secção "Últimas previsões económicas para Portugal". Fica aqui a intenção de o actualizar regularmente à medida que mais dados forem sendo conhecidos sobre a situação económica do país.

Eric Arthur Blair

Mais conhecido pelo seu pseudónimo, George Orwell é provavelmente um dos autores britânicos mais influentes do século XX. Quem pretender analisar a literatura e o contexto político da primeira metade do século passado, seguramente entenderá como inevitável estudar a sua obra, que abrange a poesia, o jornalismo, o ensaio e o romance.

Seguramente o próprio Orwell se definiria a si próprio como um típico produto do seu tempo, marcado pelas consequências sociais da grande depressão, pelas tensões políticas derivadas da ascensão ao poder dos totalitarismos (de esquerda e direita) e a crise de identidade do império britânico.

Orwell nasceu na Índia em 1903, no que ele definiu como uma “família da parte alta da classe média-baixa”. Os inícios da sua vida encontram-se também ligados ao serviço ao Império. Entre 1922 e 1925 foi oficial da polícia colonial na Birmânia, sendo as suas experiências deste período a semente para a sua vocação e também o foco temático dos seus primeiros trabalhos.

Sem estudos superiores, volta a Inglaterra a uma vida com rumo incerto. Publica trabalhos ocasionalmente, e pouco a pouco constrói uma sólida imagem de jornalista e ensaísta, cujos trabalhos descrevem com especial pormenor as condições de vida das camadas mais desfavorecidas da sociedade. Em 1933 publica o seu primeiro trabalho com o pseudónimo George Orwell.

A sua experiência na Birmânia tornou-o convictamente anticolonialista, e a situação socioeconómica da Inglaterra dos anos 30 profundamente socialista. Neste contexto, o início da Guerra Civil Espanhola em 1936 chama-o a concretizar a sua ideologia juntando-se à luta nas milícias do POUM (Partido Obrero de Unificación Marxista) na frente de Aragão. Ferido no pescoço, é enviado à retaguarda, e durante a sua recuperação tem lugar a chamada “guerra civil de Maio” em Barcelona. As facções antifascistas lutam entre 3 e 7 de Maio pelo controlo político do governo e das operações militares na Catalunha. O resultado é a vitória dos comunistas apoiados pela URSS (e pelo governo central da República, pois a URSS é a única potência estrangeira que toma partido contra os fascistas) e a ilegalização do POUM e outras facções de inspiração anarquista. Orwell é obrigado a fugir para Inglaterra, dando lugar as suas experiências nesse período ao livro “Homage to Catalonia”.

Durante a Segunda Guerra Mundial junta-se à Home Guard, dado que é declarado inapto para o serviço militar activo, e continua com a sua produção literária, para além dos seus trabalhos como locutor na BBC. Em Agosto de 1945 publica “Animal Farm”, sátira poderosa do regime soviético, num contexto no que a URSS era ainda vista por muito como um aliado. Sem dúvida, as suas convicções “socialistas democráticas” e as suas vivências em Espanha influenciaram largamente a sua visão do gigante soviético.

Em 1949 é publicada a sua obra mais conhecida, “1984”, que teve um profundo efeito no mundo de pós-guerra. De novo Orwell mostra claramente o seu desprezo pelos totalitarismos, dando especial atenção às ferramentas que estes podem usar, como o abuso do nacionalismo.

A escrita de Orwell apresenta um estilo directo e uma linguagem simples. As suas posições políticas e convicções pessoais estão sempre presentes: um patriotismo nostálgico, a visão de uma sociedade igualitária e democrática e um profundo sentido crítico são os eixos centrais da sua obra.

Orwell morre de tuberculose a 21 de Janeiro de 1950. É enterrado sob uma lápida com um epitáfio simples: “Here lies Eric Arthur Blair, born June 25, 1903, died January 21, 1950”.

Para além da página da Wikipédia inglesa que lhe é dedicada, recomendo as seguintes páginas na Web:
http://www.online-literature.com/orwell/

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Política espectáculo

Eis que a distrital algarvia do PSD confirmou hoje Gonçalo Amaral para candidato à câmara de Olhão. É mais um capítulo da política do que quer "fazer alguma coisa" de que falo aqui.

Museu do Prado no Google Earth

Goya: El tres de Mayo de 1808

Visitei o Museu do Prado há mais de dez anos atrás. Na altura, lembro-me que existiam uns folhetos que convidavam os visitantes a procurar pequenos detalhes em certos quadros mostrando, a todos que tivessem um pouco de paciência, a arte e o engenho de quem os pintou.

É à custa destes folhetos que ainda me lembro que, por exemplo, Las Meninas, um dos quadros mais famosos de Velázquez, representa, mais do que um grupo de personagens da corte espanhola, a ilusão do espaço através de pormenores que incluem, para além de um auto-retrato, a imagem dos monarcas reflectidos num espelho. Ou que, para dar outro exemplo, a roda da máquina de fiar do quadro Las Hilanderas foi pintada de forma a dar a ideia de movimento.

Não sou propriamente uma pessoa que sabe muito de Arte. Penso não fugir muito da verdade ao dizer que a Arte (ou o conhecimento dela) é considerada um luxo no nosso país e algo desinteressante para a grande maioria da população.

Quando visitei o Prado percebi em parte porquê. É que, como tudo na vida, para se saber alguma coisa de qualquer coisa é preciso investir tempo e, quando as coisas não são acessíveis, dinheiro. É preciso paciência e alguma perseverança. É preciso ler, testar, apurar sentidos. E, claro está, ajuda muito, mesmo muito, privar com pessoas que gostam e nos fazem gostar dessas coisas.

Neste sentido a iniciativa da Google, ao incluir imagens de alta definição de catorze obras-primas que se encontram expostas no museu do Prado, é altamente meritória. Agora, não é preciso ir a Madrid para poder apreciar os tais detalhes de génio. Basta um duplo clique, aqui.

Pena é que a Google não disponibilize um guia, o tal folheto que revele, a todos que nunca tiveram a sorte de apurar os sentidos para a Arte, um pouco desse mundo que é o da Criação. Esse guia, receio bem, está ainda no Museu do Prado, na cabeça de alguém ou dispersa por livros à espera do próximo que tenha a paciência e a perseverança suficientes para poder interpretar coisas como, por exemplo, as imagens dos quadros do Museu do Prado disponibilizadas na Internet.

David Bowie e a crise

Afinal, parece que já se descobriu quem lançou as bases da actual crise financeira. E, surpreendentemente, crêem que foi... David Bowie! Esse mesmo, o "camaleão", músico marcante de uma geração (ou duas).

Num artigo publicado no Mirror, o autor, Evan Davis, apresentador da BBC, diz que o modelo de securitização, criado pelo músico e seus conselheiros, em 1997, foi copiado pelos bancos.

O plano de Bowie foi antecipar as receitas de royalties dos seus álbuns, vendendo-os a investidores, com promessa de retorno elevado. Chamava-se a estes títulos "Bowie bonds". Com essa venda, os lucros futuros foram recebidos de imediato, pelo próprio.

A actual crise é atribuída aos vários produtos de securitização de créditos imobiliários que funcionavam de igual modo. As instituições que haviam concedido empréstimos hipotecários, vendiam os direitos a outros, seguradoras ou fundos, antecipando as receitas futuras.
O problema surgiu quando começaram os incumprimentos. Como nem todos se deram ao trabalho de saber o que se comprava, os pacotes de créditos que incluíam os chamados sub-prime loans, revelaram-se tóxicos. Daqui até à actual crise foram 2 anos.

É caso para dizer que ele foi mesmo "The man who sold the world".

Hoje temos um dia histórico. Barak Obama toma posse!

Não é segredo nenhum: preferia McCain, mas como escrevi na altura, pela primeira vez não me “deprimia” o facto de o 44ª Presidente dos EUA poder ser um democrata. Não creio que se vá notar grandes diferenças, em especial na política externa. Na política interna talvez. A expectativa é grande e como também escrevi anteriormente, a esquerda europeia rapidamente se vai sentir desiludida porque, afinal de contas, Barak Obama é americano.
O primeiro choque começa logo por Barak Obama, como todos os outros presidentes, ir fazer o seu juramente sobre a Bíblia. A BÍBLIA!
Como é possível. Jurar sobre a Bíblia. Só mesmo na “América”. Imagine-se um Presidente eleito na Europa a fazer o seu juramento sobre a Bíblia. Em Portugal seguramente caía o Carmo e a Trindade, os Alegres e os Rosas, os Louçãs e as Gomes e outros de igual estirpe. Que mistura repugnante e, seguramente, retrógrada.
É por estas e por outras que a esquerda europeia mais extremista nunca irá ver a América com bons olhos. Porque lá a liberdade é um valor absoluto e intransmissível. Os EUA continuam a ser a terra das oportunidades e onde tudo é possível. GOD BLESS AMERICA!!!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Fantochada

Opinião de Medina Carreira no programa da SIC "Nós por cá" sobre o Magalhães e o estado da política em geral. Podemos não concordar com a opinião deste economista mas penso que, de qualquer forma, o que diz tem a vantagem de não ser politicamente correcto e de nos fazer pensar um pouco sobre o que se passa à nossa volta (a entrevista pode ser visionada aqui).

Fazer alguma coisa

Como é público, o actor João de Carvalho, filho do actor Ruy de Carvalho, vai ser o próximo candidato do PSD à câmara de Vila Franca de Xira. Há cerca de um mês atrás, quando questionado por que motivo se mostrava disponível para as próximas eleições autárquicas, João de Carvalho justificou-se com o “desejo de fazer alguma coisa” (ver notícia aqui).

A promoção de figuras públicas a candidatos deste ou daquele cargo político não é uma novidade em Portugal. Basta lembrarmo-nos da deputada Manuela Moura Guedes e do vereador Nicolau Breyner.

Recentemente, para além de João de Carvalho, Laurinda Alves é candidata pelo MEP às eleições europeias e, muito recentemente, até o ex-inspector da Polícia Judiciária Gonçalo Amaral foi noticiado como possível candidato a uma câmara municipal algarvia.

Desconheço se João de Carvalho, Gonçalo Amaral ou Laurinda Alves terão alguma vez tido alguma experiência política relevante. Ou se terão, caso forem eleitos, as capacidades para gerir a coisa pública. Até pode ser que sejam, quem sabe e Deus queira que sim (e nós sabemos que Deus é grande!).

O que posso dizer é que, apesar de tudo, esta forma de fazer política não me seduz. É que me cheira à política do invólucro. Do embrulho. Do tiro de pólvora seca. É a política do parecer ser, do nome pelo nome, da importância do apelido. Uma política ausente de quaisquer valores que não sejam o da caça ao voto. O dos caciques locais. O mundo da política que tem o desejo de fazer qualquer coisa...

Qualquer coisa!? E ninguém pergunta o quê, como, com que recursos e com que provas dadas? Talvez ainda não seja a altura apropriada para estas perguntas. Espero é que os votantes de Vila Franca de Xira e de todos os lugares onde se apresentem "candidatos-figuras-públicas" não se esqueçam de as fazer no momento de votarem.

Afinal não eram aliens, eram soviéticos

Um dos mais antigos mitos da “ufologia” espanhola caiu por terra recentemente. Apesar de ter sido realizado durante os anos 90 uma desclassificação total dos documentos militares relacionados com supostos avistamentos de OVNIs, os “especialistas” na matéria acusavam ao Exercito de continuar a ocultar dados relevantes, em particular sobre um caso datado em 1965, de suposta grande importância. Afinal, o relatório sim tinha sido desclassificado, mas não como caso OVNI… A culpa, como com quase tudo o mau que acontecia naqueles anos de regime franquista, foi dos russos. Mais foi mesmo!!! Tratava-se de um incidente típico da época da Guerra Fria.

A interessante história pode ser lida no El Mundo:

A moção de Sócrates

José Sócrates apresentou a sua moção ao congresso do PS. Para além das habituais promessas de redução de impostos para a classe média (desde sempre uma promessa), do 12º ano obrigatório (já vem de Durão Barroso, pelo menos), Sócrates resolveu brindar-nos com duas pérolas (embora já esperadas).
Em tempo de crise financeira, económica e o que mais virá, nada melhor que duas propostas polémicas que, para além de alimentar a clientela partidária, sempre distrai as atenções do povo para os verdadeiros problemas do país: o casamento homossexual e a regionalização.
Aposto que, apesar de todos os problemas que o país atravessa e aos quais Sócrates é também responsável (não é apenas a conjuntura internacional), nas próximas semanas se vai falar apenas de regionalização e desse imenso problema que é a junção de duas pessoas do mesmo sexo. Enfim, prioridades…

domingo, 18 de janeiro de 2009

Semana de 11 a 17 de Janeiro de 2009

O que se passou esta semana? Pouca coisa realmente importante.

  • Tivemos uma manobra fabulosa de uma equipa de pilotos da US Airways no voo Nova York-Charlotte (Carolina do Norte) ao amarar no rio Hudson depois de colidir com um bando de pássaros. Graças a essa manobra todos os ocupantes saíram sem ferimentos de maior;
  • Tivemos mais um capítulo do senhor que começou como caixa na CGD, saiu da mesma CGD e vinte e tal anos depois (sem ter voltado a lá por os pés) regressou como director e depois administrador. Como corolário desta progressão na carreira, só mesmo adquirir direitos na mesma CGD já depois de se ter desvinculado dela. Fiquei descansado quando soube que esses direitos só teriam efeitos na reforma e que é prática na CGD promover todos os directivos a administradores quando se retiram.
  • Cristiano Ronaldo lá conseguiu ser eleito o melhor jogador do ano pela FIFA. Pode ser que assim nos deixe em paz. Ele e a comunicação social. Larguem os fogos todos de uma vez!
  • O Cardeal Patriarca, numa tertúlia no casino da Figueira da Foz disse umas verdades sobre o Islão e, claro, foi apelidado de islamofóbico pelo habitual lápis azul do politicamente correcto. Mais uma vez (e tirando duas ou três senhoras, encontradas perfeitamente ao acaso pelos media, que se dizem muito contentes com o seu casamento muçulmano, e que suspeito, mas é apenas uma suspeita minha, não devem ser muito representativas das mulheres casadas com muçulmanos) ninguém se preocupou em desmentir o que o Sr. Cardeal Patriarca disse, apenas se limitaram a criticar o facto de ter referido uma evidência que dá mais jeito esconder.
  • Manuela Ferreira Leite disse claramente NÃO ao TGV. Parece-me sensato. Ainda dou de barato a ligação Lisboa-Madrid numa lógica de conexão entre as capitais europeias. Agora Lisboa-Porto???!!!! Se o problema é não ofender os homens do Porto (abusivamente apelidados de homens do Norte), dêem-lhe s a ligação Porto-Vigo, regionalizem o país e ponham a região Norte a financiar o elefante branco.
  • Os combustíveis aumentaram cerca de 6 cêntimos em duas vezes. A Galp, a BP, a Repsol e a Cepsa já podem anunciar mais 12 descidas de 1 cêntimo que fica tudo na mesma. Sim 12 descidas, não me enganei. A Galp e Repsol baixam hoje 1 centimo e a BP e a Cepsa baixam o mesmo cêntimo no dia seguinte. Logo, temos duas baixas para a mesma descida de 1 cêntimo. As combinações Galp, BP, Repsol e Cepsa são arbitrárias porque como todos sabemos elas não actuam em cartel.
  • Ah, e os sinais de crise que se acentuam, vindos de todo o lado

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Inflação, inflação, deflação à vista? (parte II)

Mais notícias que confirmam o forte anemismo dos preços nas principais economias mundiais. O Bureau of Labor Statistics (BLS) acaba de reportar o valor para a inflação registada no mês anterior nos EUA. Quando comparado com Dezembro do ano passado, o índice de preços no consumidor americano - indicador que é usado para medir a inflação -, subiu uns míseros 0,1%... Uma queda de 1 ponto percentual em relação ao medido para o mês de Novembro (um breve comentário ao mês de Novembro pode ser visto aqui, neste Blogue).

A informação oficial do BLS pode ser obtida aqui.

É mais uma "fotografia" do estado da economia mundial. Uma última nota. Segunda-feira é a vez da Comissão Europeia anunciar novas previsões para a economia. Vamos ver que valor atribuem para o comportamento expectável da economia portuguesa. Vamos ver se confirmam (ou não) a tendência para ver a última previsão do Banco de Portugal para o PIB português como demasiado optimista. É que nas últimas semanas foram pelo menos duas entidades que anunciaram valores para o PIB bem piores do que o anunciado pelo Banco Central luso (IfW e da Standard and Poor's).

Rate me, darling!

Durante os últimos dias tem-se falado muito sobre as ameaças que a Standard & Poor’s, campeão das sociedades de rating, fez a vários países no sentido de rebaixar a sua qualificação, entre eles Espanha e Portugal.

Como todo economista cabal e minimamente competente sabe, os ratings são elementos capitais na formação da dívida dos Estados e das empresas, dado que proporcionam a potenciais investidores e devedores uma imagem da fiabilidade da entidade. Quanto melhor é o rating, menores são a indefinição e o risco associados às operações financeiras desse agente económico e menores as cargas financeiras que o agente deve suportar a câmbio do dinheiro dos investidores.

So far, so good. Até podemos concordar todos que é uma boa ideia que entidades independentes como a Standard & Poor’s assumam esse papel de “salvaguarda sistémica” contra operações e produtos financeiros de alto risco e dúbia qualidade.

O problema é que as ditas agências não são independentes a séria. O seu protagonismo nesta crise mundial que estamos a viver é central, dado que os produtos financeiros que contaminaram os mercados nem teriam chegado a ser negociados se a avaliação de risco dos mesmos tivesse sido feita de maneira responsável e independente. Não podemos esquecer que as agências de rating são contratadas pelos bancos para avaliar os seus produtos. E sendo o negócio das agências receber dinheiro pelas ditas avaliações, pareceria estúpido a qualquer responsável pelos negócios de qualquer uma destas agências “incomodar” aos seus clientes fornecendo avaliações pouco simpáticas do risco associado a certos produtos. Desde a perspectiva dos bancos, obviamente que nenhuma agência que “subavaliasse” os seus produtos uma vez, voltaria a ser contratada!

O resultado é evidente: quanto melhores são as avaliações, maior o volume de negócio das agências avaliadoras e das próprias entidade emitentes, pois os produtos aparecem no mercado com um carimbo de confiança. E na situação inversa, a da crise, a da contracção dos mercados? Pois, voltando ao início do meu comentário, estamos a viver isso agora: todos os agentes são pouco prestáveis, os seus produtos manhosos, as perspectivas gerais são más, a desconfiança é o clima dominante e as agências avaliadoras não podem confiar em ninguém, porque o seu prestígio (???) poderia ficar em perigo. E então é que aumentam as cargas financeiras, a dívida, o défice...

Resultado evidente: o comportamento pro-cíclico das agências de rating, que tem efeitos muito negativos tanto no auge como na crise.

E afinal isto é um problema de independência, não de competência, pois não me parece que os profissionais das agências de rating sejam incompetentes. Parece-me sim que os objectivos corporativos não são compatíveis com o seu papel teórico: avaliar o verdadeiro risco dos produtos e agentes financeiros independentemente da sua procedência e estado de ânimo dos mercados. Em definitiva, um papel nivelador e até certo ponto contra-cíclico.

Corolário: vou arriscar a ser chamado de “commie”, mas não será necessário (re)pensar o papel deste tipo de agente económico? Não será aqui também necessário um “novo paradigma”? Será que o assunto se encontra nas agendas destas conferências internacionais (G20 e afins) sobre economia global? Se calhar até era boa ideia…

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O que todos estavam à espera…

O Banco Central Europeu reviu em baixa a sua taxa directora de juro (a referente aos leilões para a cedência de liquidez a uma taxa fixa) para 2%. Nada de anormal. Era o que todos estavam à espera, especialmente após o Eurostat ter divulgado hoje os dados da inflação para a zona Euro (ver informação aqui).

Anemia geral nos preços na Europa

Hoje o INE divulgou a taxa de inflação do ano de 2008.” Fechou” as contas do ano, que ficaram nos 2,6%. Mas mais impressionante é a tendência dos preços registada entre Setembro e Dezembro de 2008: a taxa de variação homóloga desceu a pique dos 3,2% para os 0,8%...

De acordo com o divulgado hoje pelo Eurostat, estes 0,8% foram a segunda taxa de inflação mais baixa da zona Euro. Mais baixo só no Luxemburgo (0,7%), tendo a grande maioria dos países da União registado abrandamentos na taxa de inflação homóloga em Dezembro (24). É a anemia geral. Dúvidas sobre a importância de estimular a despesa e o consumo nesta época de crise? Parece-me que cada vez existem menos. Outra conversa é acordar em que tipo de "estímulos" (ou de "políticas inteligentes", como refere o post anterior do colega Olho de Vidro) é que são mesmo necessários...

De Falcões e Pombas

Desde uma perspectiva quase filosófica e bastante simplista, pode-se dizer que a diferença entre ambos grupos está na atitude que se toma quando confrontados com o mesmo problema ou situação. Esta breve definição é (como já disse) sem dúvida excessivamente simplificadora, dado que muitas vezes (até acho que sempre) é falcão só que pode.

Por exemplo: ontem o governo alemão divulgou uma serie de dados sobre a economia, incluindo uma previsão do défice orçamental para 2009. O valor certo é pouco importante neste momento e para a construção do meu comentário, dado que o realmente importante é que o Ministro Federal de Economia já anunciou que o défice ultrapassará o famoso 3%. Como Alemanha pode, jogou uma cartada à falcão, dado que o Ministro disse mais ou menos “vai ser mais do 3% e estamos óptimos com isso”. Noutras palavras, o limite será ultrapassado por causa da crise e das políticas implementadas para o seu combate, pelo que o acordo de estabilidade fica subordinado a um objectivo mais elevado, o combate à crise e seus efeitos.

E as pombas? Portugal e Espanha, como exemplos mais chegados, gostavam de ser falcões. Há já bastantes semanas que os responsáveis pela economia e as finanças de ambos países declaram, mas sempre sem levantar muito a voz, que os défices crescerão acima do 3% (e, se não declaram, sabem mas não se atrevem a dizer publicamente, pois afinal todos nos temos essa certeza). É quase um sacrilégio para as coitadinhas das pombas! Mas agora que um falcão (o maior) já relativizou o limite do 3%, especialmente em tempos de crise, as pombas até podem voar (quase) à vontade.

Não podemos esquecer que na união monetária a única margem de manobra dos governos nacionais está na política fiscal, que tem um efeito directo nos valores das contas públicas. O famoso 3% não é arbitrário nem foi afixado sem objectivo: precisamente, foi pensado para estabilizar as economias integradas na União Monetária e ajudar na sua convergência, através da disciplina orçamental e o saneamento das contas públicas. O 3% é, de facto, um instrumento para os objectivos supremos, a estabilização e a convergência das economias do Euro.

Especialmente nestes tempos atribulados, o instrumento do 3% não se pode converter num objectivo supremo, num “Santo Graal”, intocável. Os Estados Membros devem ter margem de manobra suficiente para implementar políticas, sempre dentro do necessário enquadramento da “Eurozona” e, especialmente, garantindo a estabilidade da moeda única.

Agora só faltam as políticas inteligentes. Será capaz este Governo da nossa República? Bom, isso já é outra história… (Mas vou dar uma dica "soto voce": a linha de alta velocidade ferroviária Lisboa-Porto é uma grande palermice. O comentário à seria fica para outro dia!)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A propósito do post "Sarilhos mil...",

Será que o Cardeal Patriarca foi politicamente incorrecto?
Seguramente.
Será que está assim tão enganado?
Duvido.
Será que os membros e crentes da Igreja Católica não podem ter opiniões sem causar polémica?
Pois, parece que a liberadade de ter opinião, por mais estapafurdias que sejam é cada vez mais só para alguns. Devem ser estes os valores da tolerância que defendem.

Já agora, se me for permitido, aconselho o seguinte link sobre o tema e que, claro, passou despercebido.

http://diario.iol.pt/sociedade/religiao-d-jose-policarpo-cardeal-patriarca-igreja-muculmanos-catolicos/1032293-4071.html

Uma gralha para recordar?

Já agora, conseguem ler a notícia que saiu a vermelho na página 17 da edição impressa do Público? Será uma nova linguagem?

Podem visualizar a curiosidade através do link da versão pdf do jornal on-line. A notícia é a que está no canto superior esquerdo da página. Intitula-se "Artista checo engana a europa". Bem sei que a direcção editorial do jornal privilegia a rapidez em detrimento de não cometer pequenas gralhas, mas não será isto um bocado demais?

Economia alemã em desaceleração

Hoje foi divulgado o comportamento da economia alemã em 2008. Neste ano, a economia germânica cresceu 1,3%, menos 1,2 pontos percentuais do que em 2007. Confirma-se, desta vez de forma oficial, a tendência de desaceleração económica. Mais informações aqui.

Sarilhos mil, conhecimento zero

Confesso que ao ler aqui as declarações do Cardeal Patriarca de Lisboa fiquei mais tranquilo. Logo de manhã quase que dei um salto no carro ao ouvir na TSF alguns trechos da intervenção de D José Policarpo que, grosso modo, se constituíam num conselho e numa informação.

A informação era a de que o diálogo com a comunidade muçulmana em Portugal é muito difícil, o conselho destinava-se a todas as "jovens europeias de formação cristã" que desejassem casar-se com um muçulmano. Que pensassem duas vezes antes de darem esse passo!, pois, de acordo com o Cardeal Patriarca, iriam meter-se em “montes de sarilhos”.

Não sou muçulmano, é bom que se diga. Nem tão-pouco tenho uma empatia natural por esta religião. Mas devo dizer que fiquei desconfortável ao ouvir aquelas declarações. Não tanto pela informação (mas afinal de contas, bem vistas as coisas, o que é que querem tanto dialogar?!! ver quem é que tem razão??) mas pelo conselho.

Não que o conselho seja desprovido de razão, especialmente se visto aos olhos de um ocidental. O papel subalterno da mulher em parte do mundo muçulmano está mais do que documentado. Lembro-me, só para citar um exemplo, de uma reportagem da RTP no Kosovo, onde tentaram falar com uma portuguesa que se tinha casado com um muçulmano. Para falar, tinha de pedir autorização ao marido, e como ele não estava, era o cunhado que teria de dar a autorização. Como ele não autorizava a conversa, a mulher, essa jovem cristã que tinha conhecido o marido em Paris, não falou...

Não. Não é por isso. É pela ideia de que as jovens europeias de formação cristã precisam de conselhos deste tipo. Não saberão, por acaso elas, no que se estão a meter? É que, repito, a situação da mulher em partes do mundo muçulmano está mais do que documentada... Mais. Como acho que nenhuma delas se casa sem conhecerem e se converterem à fé muçulmana...

E por me ter lembrado na questão da conversão lembrei-me de outra coisa. Não terão as declarações do Cardeal Patriarca de ser analisadas à luz de quem defende o seu rebanho? Parece-me que sim. Mas após ler as declarações do Cardeal Patriarca fiquei, como digo acima, mais tranquilo. Para mim, o mais importante delas até não foi o conselho nem a informação. O mais importante foi D José Policarpo ter dito que “somos muito ignorantes” em relação à religião muçulmana. Concordo. Afinal de contas, se exceptuarmos, talvez, o Pacheco Pereira, quem é que se deu ao trabalho de tentar ler e perceber o Alcorão?

A ignorância, colocada desta forma, deve ser combatida para existir um melhor e menos ingénuo entendimento entre religiões. Mas parece-me, muito sinceramente, que as jovens cristãs europeias não necessitam de conselhos sobre os sarilhos que irão arranjar se se casarem com um muçulmano. Acho, muito sinceramente, que a ignorância não é para aqui chamada. É uma questão pessoal. Claro que existirão casos dramáticos, mas deveremos tomá-los como certezas em todos os relacionamentos entre cristãos e muçulmanos? Sinceramente não sei se sim.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Para pensar um pouco

Prós e Contras da RTP 1 às segundas feiras. Supostamente para debater e rebater argumentos sobre os problemas/assuntos de interesse do país. Uma semana falou-se de professores e da sua avaliação, noutra sobre os casos na banca (BPN/BPP), nas duas últimas sobre a crise financeira e a crise em Portugal. Esta semana sobre quê? Cristiano. Esse mesmo.
Ponto 1) Qual o interesse de duas horas de programa (informativo e de debate) sobre o tema após um programa de 45 minutos sobre a carreira do mesmo?
Ponto 2) Pró o quê ou quem? e Contra o quê ou quem?

Um à parte: Gilberto, o Madail achou que o prémio pode ser muito bom para a selecção e para a Federação. Claro, o cachet recebido pela FPF para jogos amigáveis aumentou consideravelmente por ter o melhor jogador do ano de 2008. Em termos futebolísticos o prémio vale 0 (zero) para a selecção.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Nascer há 30 anos atrás

Recomendações dadas às mamãs de há trinta anos atrás. No livrinho, não falta a referência à infame “mioleira” e à “açorda com miolos”. Curiosa a sugestão para a utilização de um caixote, gaveta ou cesto de vime como berço.


O que dirão as mamãs e os papás do século XXI (muitos dos quais nascidos há três décadas atrás) destas sugestões? Enfim, outros tempos!

A brincar, a brincar...

(enviado por e-mail)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Por que razão os economistas erram tanto?

Ultimamente tenho encontrado na imprensa escrita referências, mais ou menos explícitas, à inaptidão dos economistas em prever o futuro. A cereja no topo do bolo é a comparação com a previsão meteorológica, sendo esta última referenciada como sendo muito melhor do que a que é feita pelos economistas.

Bem, tenho algo a dizer em benefício dos economistas. É que, bem vistas as coisas, é uma comparação descabida (e até, coitados dos economistas, injusta). Se não acham que é assim, pensem na utilidade que teria uma rubrica diária no telejornal sobre a previsão para o próximo dia ou, vá lá, para a próxima semana, do aumento, diminuição ou estagnação do PIB… Sim, porque, ao fim e ao cabo, é disto que os homens do tempo prevêem: amanhã chove, amanhã não chove, para a semana faz frio, para a semana vai fazer calor...

Mais. Se ainda não estão convencidos do meu argumento, tentem fazer com que os tipos da meteorologia façam uma previsão da quantidade de chuva que irá cair em Portugal no próximo ano para os verem, com quase toda a certeza, errar estrondosamente como os economistas… Sim, tentem fazer este teste e verão o que eles vos vão dizer! (Provavelmente qualquer coisa como, o que vocês estão mesmo a precisar é de um economista...)

Espero que, com estas poucas linhas, todos aqueles que achem que os economistas não sabem fazer nada de jeito, fiquem um bocado mais receptivos à bondade da estimação da previsão económica (e, já agora, com pena dos desgraçados dos economistas que têm de fazer previsões!).

Ah, e convém não esquecer que, apesar de tudo, os economistas devem, em média, acertar mais vezes do que o Oráculo de Belline.

Últimas previões para a economia portuguesa

As últimas previsões para os principais indicadores da economia portuguesa podem ser rapidamente vistos aqui, num documento residente no site do Banco de Portugal. Referem-se ao último relatório trimestral desta organização (relatório de inverno). O quadro 1.1. é especialmente útil para todos que quiserem encontrar rapidamente valores para o comportamento estimado da economia no próximos dois anos.

Não percebo, mas também não é importante de qualquer maneira...

Parece que a próxima madrugada pode ser de neve para partes do país pouco habituadas a estas agruras do tempo. O que não consigo perceber é como é que Bragança não faz parte dos sete distritos sinalizados hoje com o tal "alerta laranja". Será que na equação deste indicador existirá um parâmetro do estilo "já estão habituados ao frio, já sabem bem o que fazer nestas situações"?

Crise?! Qual crise?! Pois, a crise!

Hoje foram publicados novos dados sobre a crise económica em Espanha. Os dados são relativos ao último trimestre de 2008, e revelam sintomas de uma recessão grave. De facto, alguns dos indicadores económicos apresentam valores históricos pela negativa. Por exemplo:

- O número de desempregados a 31 de Dezembro era o mais alto de sempre, 3.128.963, com crescimentos mensais de “recorde histórico”. Só em Dezembro, quase 140.000 pessoas ficaram sem emprego, e a taxa média diária no trimestre foi de 5.500 novos desempregados por dia. A pesar disso, a taxa de desemprego fica pelos 11,3% sobre um total de 23 milhões de população activa. O pior dado histórico data de 1988, quando a população activa era de 15 milhões e a taxa de desemprego 20%;

- O Índice de Produção Industrial (IPI) de Novembro teve uma queda de 15,1% em comparação com o mesmo mês de 2007. Este dado é o pior nos 16 anos de história moderna do índice, que foi iniciada em 1993, sendo que o dado relativo a Outubro não tinha sido melhor, com uma descida de 12,9%. Esta redução é o sétimo valor negativo consecutivo apresentado pelo IPI em 2008;

- Por sector industrial, os piores dados do IPI são os da construção automóvel (-39,3%, e que já tinha sido -29,2% em Outubro), metalurgia (-32,8%), fabrico de equipamentos de escritório e equipamentos informáticos (-30,8%) e fabrico de móveis (-30,1%).

Estão por chegar dados do consumo, mas estes valores da oferta podem servir para caracterizar a procura. E parece que, de facto, as reduções de procura estão a ser muito elevadas.

Para acabar, só lembrar que Espanha é o principal parceiro comercial da nossa República (sim, permitam-me usar o “nossa”), pelo que as “ondas de choque” também se vão sentir por cá, mais tarde ou mais cedo. Nestas condições, lembro-me de uma frase do filme “Master and Commander” que me parece perfeita:

“LADS, YOU BETTER HOLD FAST!!!”

Para mais informações, podem consultar:
http://www.elmundo.es/mundodinero/index.html
http://www.elpais.com/economia/

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ano novo, preços novos

O preço do jornal Público aumentou. Agora, quem quiser comprar o jornal de segunda a quinta-feira terá que pagar 1,00€ em vez de 0,90 €. Ano novo, preços novos? Não sei o que diga. Nunca percebi muito bem por que razão parece existir uma espécie de fundamentalismo não confessado que faz com que os preços de quase todos os produtos tenham que subir exactamente no início de cada ano civil . Neste caso é um aumento de 11%. E sem qualquer alteração substancial à vista.

Desconheço as razões que levaram a esta decisão mas, para mim, que por vezes compro o jornal, é apenas mais um incentivo para o não levar para casa quando, no regresso do trabalho, os títulos deste diário de referência me chamarem da banca de qualquer quiosque de rua...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O direito à propaganda


Uma associação ateísta britânica resolveu usar os meios publicitários para "passar a palavra". Assim, decidiu usar os painéis laterais dos autocarros e neles colar o poster da foto. Traduzindo: "Provavelmente Deus não existe. Agora deixe de preocupar-se e aprecie a vida."

A British Humanist Association (BHA) entendeu ser esta uma forma eficaz da sua mensagem chegar aos londrinos. Esta associação conta com o apoio de um conhecido ateu, o Professor Richard Dawkins, autor do livro "The God Delusion".

A liberdade de expressão é um direito e a verdade é que esta acção não transgride nenhuma lei, nem tem um texto cuja mensagem seja ofensiva. Mas é claro que vai ser polémica, mesmo num país liberal como Inglaterra.

Como seria num país do Sul da Europa, como Portugal? ou num país de Leste? ou na Índia? ou então num país árabe?

Seja como for, a BHA conseguiu o seu propósito de dar-se a conhecer. É este o grande alcance da publicidade, especialmente a polémica.

Natal Ortodoxo

Hoje celebra-se o Natal ortodoxo na Rússia, Sérvia e em mais alguns países. (Mais informação pode ser lida aqui.) A julgar pelos números dos imigrantes oriundos de países ortodoxos, esta é com toda a certeza uma data celebrada por muitos em Portugal.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O Primeiro Ministro na SIC

Em grande entrevista, era como se anunciava. E penso que não defraudou as expectativas. Numa análise geral penso que o Primeiro Ministro (PM) se saiu razoavelmente bem dos estúdios. Na minha opinião começou muito mal sem conseguir explicar a sua insistência com os tais dois artigos do Estatuto dos Açores. Enquanto o Presidente da República (PR) explicou claramente as suas razões, o PM não conseguiu disfarçar que a insistência se deveu à necessidade de satisfazer clientelas partidárias regionais. Esteve bem na questão marginal do poeta Alegre. A quem se continua a dar mais tempo do que aquele que vale e merece. E esteve particularmente bem na questão dos professores (e não na da educação, de quem ninguém fala) e da crise económica. Excepto na questão do endividamento futuro que deixará de herança para quem depois dele vier.
Não concordando com a maioria das medidas provenientes do PS, tenho que admitir que foi o PS e José Sócrates que ganhou as eleições e que, naturalmente não posso pretender que o PM siga ideias que não defende. Acho um erro a catadupa de obras públicas mas os portugueses cá estarão durante 2009 para julgar essas políticas.
Apenas um reparo à atitude dos jornalistas nas entrevistas, sobretudo quando entrevistam determinadas personalidades: haja educação, respeito e decoro. A moda começou com Manuela Moura Guedes que insulta todos os convidados que com ela não concordam. Ontem foi a vez de Ricardo Costa ultrapassar em muito o limiar da educação. Não se convida uma pessoa para de seguida bater nela. Ainda pior quando essa pessoa é o PR, o PM, um qualquer ministro, etc. Há um mínimo de regras de boa educação e de linguagem que se devia respeitar nas entrevistas.

A moeda única


Passaram 10 anos desde a sua criação, obrigando-nos a "esquecer" o Escudo, a nossa moeda.

Criada em 1999, a moeda única é o maior trunfo/triunfo da União Europeia. Gradualmente introduzida nos países da UE, eliminou o risco cambial, estabeleceu bases para uma verdadeira Economia Comum. Mas ainda falta muita coisa para esta realidade. A harmonização fiscal é, possivelmente, o maior desafio/entrave. Parece ser difícil, se não impossível, que se consiga uma verdadeira aproximação daquele conceito.

O que sentimos nós, portugueses, com a substituição do escudo pelo euro?

Além do efeito óbvio da mudança de moeda, o primeiro resultado foi uma inflação anormal. Apesar dos valores oficialmente apontados, acredito que o efeito nos preços foi muito superior. Se tivermos em conta o preço de um simples café, antes do euro custava qualquer coisa como 60 escudos e após, o seu preço foi marcada na casa dos 40. Conversão directa: de 30 para 40 é um aumento de 33%.

Outro efeito foi a perda de poder de decisão nas políticas monetárias. Apesar de ser uma economia pequena, Portugal tinha a sua moeda e geria-a consoante as suas vontades. Agora, Bruxelas decide e Lisboa nada pode fazer (salvo aquelas reuniões em que pode votar).

A moeda única apresentou uma vantagem que se reflectiu nas relações comerciais com os parceiros euro. Sem risco cambial, as transacções são fáceis de fazer e directamente realizadas. As viagens, as transferências de fundos dos imigrantes e as compras à distância ficaram mais fáceis. Na balança de transacções, as operações ficaram dependentes do valor do euro e não do escudo, ou seja, menos flutuação da moeda, menor espaço para a arbitragem, menor risco. Será mesmo assim?

Para o cidadão comum, ficou melhor ou pior? Esta questão fica em aberto para as vossas opiniões. A minha é de que ficou, apesar de tudo, melhor.