Ontem comemorou-se (se assim se pode dizer) o dia mundial da 3ª idade. Ouvi a notícia logo pela manhã no noticiário da TSF. O que deveria ser um dia festivo, pois estaríamos a homenagear todos aqueles que ao longo das suas vidas contribuíram para o que somos hoje enquanto pessoas, países ou para o mundo que temos, tornou-se, cada vez, mais um dia de preocupação e de alerta para a condição infra-humana em que muitos dos idosos vivem hoje em dia. Segundo os estudos citados pela estação, a situação é particularmente grave em Portugal: muitos idosos a viverem sozinhos (embora tenham família) e completamente abandonados à sua sorte e das instituições de solidariedade que lhes vão valendo, poucos estabelecimentos de cuidados continuados, poucos lares e menos ainda com as condições mínimas e muitos sem essas condições mínimas, etc. Justificações: há muitas mas não deveria haver. Não deveria haver porque é inqualificável o que se passa. Tudo serve de desculpa, desde o pouco investimento do Estado (mais preocupados com os activos do que com aqueles que apenas são um peso) até à desestruturação da família e dos laços que se mantinham entre pais, filhos, netos, irmãos, sobrinhos, etc. O Estado tem culpa? Claro que sim. Não pode abandonar quem ajudou a construir o país só porque agora já não serve para nada. Mas os principais responsáveis são os familiares e, em especial, os filhos e netos. Hoje em dia a responsabilidade do que ainda se chama família, funciona apenas num sentido: os mais velhos (pais e/ou avós) são apenas responsáveis pela educação (muitas vezes péssima) dos filhos e netos, mas ninguém é responsável pelos pais ou pelos avós. É impressionante a percentagem de idosos abandonados, em casa, lares ou outros locais de acolhimento que, com filhos e netos, não os vêem há longos anos. E claro, mais uma vez, não se fala de pessoas (os filhos e netos) de classes baixas. Fala-se, muitas vezes, de pessoas com instrução, com carreiras e, nalguns casos, “bem vistas” no seu mundo. O novo Governo, estreia uma secretaria de estado para a igualdade, para promover algo que os visados podem e devem lutar por ela. Para quando a criação de uma secretaria de estado para a qualidade de vida na 3ª idade, para lutar por aqueles que já não podem lutar pelos seus direitos, nem deveriam porque deveriam era estar a usufruir dos benefícios próprios de quem já muito contribuiu para a sociedade.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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