domingo, 29 de março de 2009

Portugal, um país corrompido

Caso BCP/Millenium, caso BPN, caso BPP, caso Freeport. Caso apito dourado/final, casos Vale e Azevedo. Caso Fátima Felgueiras (FF), caso Avelino Ferreira Torres (AFT), caso Isaltino Morais. Caso Joana, caso Maddie. Caso Casa Pia. Seguro que me faltam alguns importantes mas que o resultado foi o mesmo (e era aí que queria chegar): em investigação e/ou julgamento há anos ou absolvidos.
Todos tiveram em comum duas coisas: o infinito temporal e o facto dos seus arguidos ou suspeitos terem sido julgados na praça pública. Mas o que resolveram os tribunais (os que já aí chegaram)? Absolvidos (AFT) ou condenados por práticas menores (FF, apitos, Vale e Azevedo. Só no caso de Joana se condenaram pessoas, mesmo que a investigação não faça ideia do que se passou.
Pior, quantos julgamentos têm de ser repetido por erros processuais? Quantas provas não são admitidas por terem sido recolhidas ilegalmente (sem mandato, etc.).
Das duas uma: ou andamos (PJ, Ministério Público (MP)e comunicação social) a “assassinar” a honra das pessoas ou quem tem por dever realizar a investigação é criminosamente incompetente.
Será que o único crime de FF foi o de utilizar as ajudas de custo de uma qualquer associação da sua zona? Será que AFT é completamente impoluto? Pois, parece que sim. A fazer fé nos tribunais, sim.
O MP e a PJ andam a gastar milhões a investigar casos e pessoas que afinal são inocentes. E para isso levam meses e anos. Para bem do mundo em geral, espero que já se tenha perdido a mania de dizer que temos das melhores policias do mundo. Ou então, só por graça se pode continua a dizer isso.
Para terminar, comparem a duração das investigações e dos julgamentos e as condenações dos casos enunciados no 1º parágrafo com os seguintes:
Caso Emron (EUA), caso Madoff (EUA), caso OJ Simposon (EUA), caso Joseph Fritzl (Áustria). Ah, mas os sistemas judiciais são diferentes nos diversos países! Pois são, mas pelos vistos o problema não é esse. O problema é que os sistemas judiciais da maioria dos países (civilizados) funciona e o nosso não. Mas será que alguém ou a alguém lhe interessará reformá-lo?
Com um sistema judicial em que poucos acreditam, completamente inoperante e, ao que parece, permeável a pressões e tráfico de influências, mas onde todos assobiam para o ar não há país que resista.

terça-feira, 24 de março de 2009

Ainda sobre Bento XVI

Penso que vale a pena passar os olhos sobre a última página do jornal Público de hoje. Lá encontra-se um texto interessante, chamado "A prisão de Bento XVI", escrito por um ateu confesso, que replica algumas das coisas que foram sendo escritas neste blogue no post"Bento XVI em Angola".

Apenas um trecho: "...Dir-me-ão, como se tem ouvido: mas não tem a Igreja o direito a defender as suas posições sobre o preservativo, o aborto, a eutanásia? Sem dúvida. Mas centrar o discurso na defesa intransigente do dogma em todas as matérias trouxe apenas a imagem de uma Igreja não só desligada (...) dos problemas concretos do nosso tempo, como de uma Igreja desumanizada, refém do dogma a ponto de não compreender o sofrimento humano em torno destas situações..."

E mais: "...não se trata de querer obrigar a Igreja a ser o que ela não é. Trata-se de conviver com dificuldade com essa insensibilidade ao humano de uma crença cujo pilar mais universal é a compreensão do humano..."

E mais adiante: "...E respeito o Papa por ter dito na cara de José Eduardo dos Santos muito mais do que alguma vez o Presidente ou o primeiro-ministro português seriam capazes de dizer...".

Podemos não concordar das palavras de Miguel Gaspar nem partilhar com ele as suas crenças sobre a existência de "pilares universais". Mas penso que existirão não apenas ateus e agnósticos a pensar desta maneira. Talvez até existam católicos a pensar um pouco nestas coisas...

segunda-feira, 23 de março de 2009

A economia num cartoon


Esperemos que a economia mundial não chegue ao estado representado pela última quadrícula. Por enquanto andamos a seguir indicadores que nos vão dizendo que a actividade económica continua a abrandar e a retrair-se um pouco por todo o mundo.

Bento XVI em Angola

Continuo a achar uma enorme piada à forma como a comunicação social e os não-católicos reagem às declarações de altos responsáveis da Igreja Católica. Agora foi a vez de se polemizar, de novo, com as declarações do Santo Padre sobre o uso do preservativo, durante o voo que o levou de Roma para os Camarões. É óbvio que, para quem não é católico, não se pode nem deve exigir que consiga enquadrar as posições da Igreja Católica na sua forma de idealizar a vida, os comportamentos e as relações das pessoas e entre as pessoas. Essa “doutrina” é pública e é uma perfeita idiotice a forma como a ela se volta recorrentemente. Quem quer entender, entende, quem não quer, paciência. Já o apelidado conservador João Paulo II, agora elevado à categoria de ícone face ao também apelidado ultra-conservador Bento XVI, sofreu do mesmo mal.
Muito mais importante, e estas sim verdadeiramente polémicas e, por isso embaraçosas para muitos governos (incluindo o português), foram as declarações proferidas por Bento XVI no palácio do presidente angolano. Quem se atreveria a denunciar, cara à cara, um imenso rol de atropelos aos direitos humanos, civis e políticos, a corrupção generalizada, a pouco ou nenhuma preocupação com a população, o enriquecimento da oligarquia política, familiar e económica dominante, a falta de democracia, o direito das mulheres à igualdade, tc., etc.?
Basta ver a recente bajulação (o último Prós e Contras da RTP 1 foi quase pornográfico nesse aspecto), beija-mão e tratamento recebido pelo presidente angolano em Portugal, onde se calou todo e qualquer ponto que pudesse ferir a susceptibilidade desse “grande democrata” que é o presidente angolano. (nota: esta posição não é de agora, já vem dos tempos de Cavaco Silva primeiro ministro).
Num país onde a grande maioria de população vive abaixo do limiar de pobreza, onde a malária mata centenas de pessoas todos os anos, onde a raiva já matou mais de 80 pessoas em Luanda nas últimas semanas, o Papa Bento XVI reuniu mais de 1 milhão de pessoas para o ouvir. Sem esperarem receber nada em troca a não ser uma proposta de um ideal de vida diferente, respeitador do próximo, das liberdades individuais e da dignidade que a vida humana merece, e uma vida eterna para além da morte terrena.
Mas para alguma cabeças pensantes europeias o mais importante é o preservativo. Pois é, porque enquanto se discute o preservativo não necessitamos de discutir as questões de fundo da miséria em África.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A igualdade de género no mundo

Há pouco tempo geraram grande polémica as palavras do Cardeal Patriarca de Lisboa a propóstio do perigos do casamento de mulheres ocidentais com homens muçulmanos. Não vou entrar de novo nessa polémica, mas para que se tenha uma ideia de quão acertadas forem essas palavras sugiro a consulta ao site da The Social Institutions and Gender Index (SIGI) (clique aqui), da OCDE. Trata da questão da igualdade de género e da protecção dos direitos das mulheres um pouco por todo o mundo (países em desenvolvimento). Obviamente que o(s) problema(s) em análise não se restringem aos países muçulmanos, mas é interessante analisá-los. Já agora, e porque está na moda criticar e causticar os países desenvolvidos (chamado mundo ocidental), seria bom perguntarmos porque estão excluídos desta lista. Boa consulta.

PS: Como o Dekuip já referiu, os rankings valem o que valem, mas é sempre interessante analisá-los, tendo presente os pressupostos em que se baseiam. Acabam por ser mais uma forma de comparação.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Indícios de uma recuperação?

Dados de hoje sobre a inflação nos EUA. Em Fevereiro, quando comparado com o mesmo mês do ano anterios, os preços subiram em média 0,2%. Baixinho, mas ainda assim acima do que a grande maioria dos analistas estava à espera.

O facto de os valores do BLS terem suplantado as previsões dos analistas é, por si só, positivo. Isto porque o espectro deflacionário parece estar, pelo menos em parte, posto de parte. Relembramos que em Janeiro o mesmo indicador registou uma variação nula.

A press release do BLS pode ser vista aqui.

Hoje fala o presidente do FED sobre a economia americana. Vamos ver o o que o que Ben Bernanke tem para dizer aos EUA e, claro está, ao mundo, sobre o estado da economia americana.

terça-feira, 17 de março de 2009

Medina strikes again

Entrevista de Mário Crespo a Medina Carreira. Com declarações que só surpreenderão quem não o conhece (ver, por exemplo, este post).

Podemos não concordar com elas, achá-las demasiadamente pessimistas e até um pouco demagógicas. Enfim, podemos achar muita coisa. O que é possível dizer é que são feitas por alguém que parece não ter nada a perder e que, simultaneamente, tem o privilégio de ter um palco com audiência garantida para falar.

Nenhuma condicionante, nenhum medo de perder e acesso a um palco mediático. Características algo raras de serem encontradas numa pessoa só. Ou estarei errado?

A entrevista pode ser vista aqui.

domingo, 15 de março de 2009

Mais um frete da TV pública ao Governo

Este domingo, logo pela manhã, no programa de notícias da RTP1, apresentavam uma entrevista a José Sócrates efectuada em Cabo Verde. Esperava eu que o 1º Ministro fosse falar da sua visita, dos resultados alcançados, da cooperação com Cabo Verde, etc. Mas não, apresentaram o 1ª Ministro a criticar os partidos da oposição por se dedicarem aos “bota-abaixo” e à maledicência”, e os sindicatos por não serem responsáveis e por se dedicarem ao insulto pessoal contra a sua pessoa e por se deixarem instrumentalizar por algunspartidos. Por partes:
1) O 1ª Ministro utilizou a RTP para, numa visita de Estado, falar de política interna. A viagem a Cabo Verde (apesar de uma comitiva de 120 pessoas) foi mandada às malvas. A fazer fretes políticos, a RTP continua no seu melhor;
2) O que tem Sócrates, Lino e Santos Silva em comum quando se lhes pede para comentarem incidências políticas: repetem até à exaustão que a oposição só diz mal e “bota-abaixo” o Governo e o seu 1ª Ministro. Mas e então a sua opinião sobre o que se passa? Isso não interessa porque a oposição só sabe dizer mal. E soluções para os problemas do país? Nada, porque a oposição só sabe dizer mal. Ficaremos então à espera da 1ª oposição que só diga bem do Governo. Pode ser que o discurso mude.
3) Sócrates descobriu que a CGTP é instrumentalizada pelo PCP e pelo BE. Não abona em seu favor Sr. 1º Ministro. Desde os anos 70 que se sabe isso (no que ao PCP diz respeito). O que, sendo absolutamente verdade, não parece argumento quando se está no Governo e o deixe de ser quando se está na oposição.
Assim, para além da campanha negra do Público e da TVI, temos também a campanha dos sindicatos, do PCP, do BE, do PSD, do CDS e de todos aqueles que não digam bem do 1º Ministro. Ou seja, para o PS e para o 1ª Ministro tudo se resume a campanhas contra si.
Resultado: não precisa de justificar nada, porque de tudo aquilo que estas campanhas o acusam ou é por inveja política ou a culpa é da crise internacional. Como é que este homem consegue carregar este fardo de injustiças contra si? Ainda bem que temos um líder tão eloquente na sua argumentação política.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dia de greves

Hoje é dia de greves (da CGTP). Segundo notícias recentes da edição on-line do Público, será a maior de sempre em Lisboa desta confederação de trabalhadores. Hoje, há hora do almoço, deparei-me com uma do sindicato dos enfermeiros. Estavam em frente ao Ministério saúde e deviam estar a preparar-se para a descida ao Marquês. Pediam melhores condições para os trabalhadores e ostentavam dísticos contra a precariedade no trabalho. Onde é que já vi qualquer coisa parecida? Ah, já sei, foi aqui, alguns posts abaixo.

Há algum tempo atrás, conheci uma pessoa que trabalhava para uma organização de trabalhadores da Finlândia. Essa pessoa costumava ir a reuniões de trabalho com vários colegas europeus. Dizia ele que, regra geral, os portugueses e os espanhóis eram dos mais "doutrinados" de esquerda. Dos mais dogmáticos. Talvez por isso dos menos pragmáticos. Não que a doutrina não seja necessária. Não, de todo. Mas o que essa pessoa dizia era que na Finlândia, ao contrário de noutros países, por não haverem posições tão extremadas (em termos doutrinários), era mais fácil aos patrões e aos trabalhadores acordarem situações que pudessem melhorar a competitividade da economia. Claro, mas isso é na Finlândia. E parece que no caso deles tem resultado bem.

Bonomia portuguesa

Há algum tempo atrás, ao passar pelos lados do Instituto Superior Técnico, deparei-me com a situação que a fotografia retrata. No tablier de um carro podia-se ler, numa folha escrevinhada à mão, “Parquímetro Engoliu € 2”.

Achei delicioso. Não porque sou contra os parquímetros ou contra a Emel. Nem sequer porque odeie a Ordem e a Autoridade nem tão-pouco porque tenha uma qualquer costela de Anarquista. Nada disso. Achei deliciosa a candura da frase, a ingenuidade associada a ela e a ambiguidade que traz. Terá sido um daqueles espertalhões saloios que se lembrou de aproveitar do facto do parquímetro estar avariado? Ou terá mesmo acontecido a "sucção" dos dois euros? Não sei. Só sei que, caso estivéssemos num outro país qualquer, a Autoridade só teria uma resposta: “So what?”

Aqui, em Portugal, sempre há a esperança de que a Autoridade, tantas vezes maltratada e escarnecida, se compadeça com este possível exemplo de bonomia e passe a complacência num sorriso em vez de uma desagradável multa.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Documentário "A Guerra"

Ontem recomeçou a excelente série documental "A Guerra" de Joaquim Furtado. Agora com mais nove episódios. O próximo episódio é no dia 18 às 21h30 (RTP1). A não perder.

Parabéns Rádio Comercial

Hoje a Rádio Comercial faz 30 anos. Entrou no clube dos trintões, como eu já o fiz há já alguns anos atrás. Parabéns Rádio Comercial. Parabéns pela música, pela boa disposição e, no meu caso particular, por me animarem muitas manhãs cinzentas. Parabéns a uma rádio que cresceu com a geração que hoje anda na casa dos 30 mas que consegue, apesar de tudo, não se cingir a ela. Que venham mais trinta, como hoje ouvi dizer.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Evolução da inflação desde 1999

A figura acima mostra a evolução da taxa de inflação homóloga do índice de preços no consumidor português entre Janeiro de 1999 e Fevereiro de 2009 (que foi hoje divulgada pelo INE; ver mais informações aqui).


Actualmente a inflação anda nos 0,2%. Lembro que a flash estimate do Eurostat dava para a zona euro 1,2% (dados definitivos a 16 de Março).


Impressionante a queda abrupta registada desde Outubro de 2008 (parte mais à direita do gráfico). Realmente uma figura vale mais do que mil palavras. Será que a tendência para a descida da taxa de variação homóloga se ficará por aqui?

Internet à borla

No site do jornal Público, mais concretamente aqui, podem-se encontrar os locais onde há internet wireless à borla em Portugal.

Muito útil. Até porque estou, neste momento, a utilizar um desses locais em Lisboa. Trata-se do bar do cinema City no Campo Pequeno. Bar muito simpático, com refeições a preços acessíveis.

Afinal de contas ainda se encontram coisas boas de borla em Lisboa...

terça-feira, 10 de março de 2009

Permanent jobs

Há pouco mais de uma semana estive em Atenas em trabalho. No dia do meu regresso, como tinha algumas horas livres antes do meu voo de volta para Lisboa, resolvi ir ver a Acrópole.

Infelizmente tal não me foi possível. Acontece que havia uma manifestação à porta da "cidade elevada" que impedia, a mim e aos demais interessados, de nela entrar. "Hoje não pode ser", disse um dos polícias de serviço. "Porquê?", perguntei eu, naquele jeito de turista que não percebe nada da fauna do local onde se encontra. "Porque aqueles ali estão a manifestar-se por causa de qualquer coisa", replicou o agente da lei. Devo ter feito uma cara muito infeliz porque ainda me disse qualquer coisa como "Amanhã já pode ver a Acrópole". "Que consolo!", disse de mim para mim.

Enfim, agradeci a informação, dei meia-volta e tirei uma fotografia da única coisa escrita em inglês dos manifestantes. Curiosa a referência aos permanent jobs. Talvez estes trabalhadores estivessem a lutar contra problemas relacionados com contratos a prazo ou outras formas de precariedade no emprego. Não sei, não perguntei. De qualquer das formas, pensei eu, o mundo laboral actual continua a ser, para o bem ou para o mal, avesso à palavra permanent.

Afastei-me, desejando-lhes no meu íntimo toda a sorte do mundo. Até porque se alguma vez voltar espero não dar de novo com o nariz na porta por causa de uma nova manifestação...

Entrega do IRS

O site da DGCI permite, a partir de hoje, a entrega da declaração de IRS através da Internet. Só as declarações referentes ao modelo 3 (rendimentos provenientes de trabalho dependente e/ou de pensões).

Extremamente útil é a opção de descarregamento de um simulador de IRS para o nosso computador pessoal . Aconselho o seu uso. Poupa imenso tempo. Está disponível aqui, na opção "simuladores/IRS - Superior a 2005".

E eis que chegou?

Sua excelência o Presidente de Angola. Na esteira das grandes amizades de José Sócrates (China, Russía, Venezuela, Líbia, etc.), Angola é apenas mais uma. Todas elas altamente recomendáveis. Países exemplares no respeito pelos direitos humanos, pela pluralidade de pensamento, pela luta anti-corrupção, pelo forte sentimento democrático dos seus líderes.
Quanto a Angola, só dois factos: o actual presidente está no poder desde 1979 (sim, há 30 consecutivos anos) e antes das eleições legislativas de 2008, as últimas que se tinham realizado foram-no em 1992.
Escuso-me de fazer referência a fortunas pessoais e a quem detém o controlo da economia e de como ele é exercido.
Mas depois gostamos de passar a imagem de país que se preocupa com a democracia, os direitos humanos, etc., e criticamos a forma como os outros desenvolvem a sua política externa.

PS: apesar de achar que é mais uma forma de se destacar e de criar um facto político do que por convicção, não posso deixar de elogiar a atitude do Bloco de Esquerda relativamente à visita do presidente angolano.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Errarum Humanum Est

Na passada quinta-feira o jornal “Público” celebrou o seu décimo nono aniversário. Para além de oferecer aos seus leitores uma reflexão interessante sobre o futuro dos jornais em papel (isto é, do seu próprio futuro), o jornal publicou um texto com uma deliciosa resenha de algumas das gralhas e disparates que foram publicadas ao longo dos anos de vida deste jornal.

Já tive a oportunidade de assinalar neste blogue, aqui e ali, algumas gralhas deste jornal. Gralhas e erros, especialmente num jornal que se assume com sendo “de referência”, são situações que me irritam um bocado. Veja-se, por exemplo, a mesmíssima edição de quinta-feira, aquela que ostenta na primeira página o título “Ups! Fizemos asneira”. Nessa mesma página, há uma referência a uma entrevista ao futebolista Messi. Acontece que o jornal direcciona o leitor para as páginas 26/7 quando, na verdade, a entrevista aparece nas páginas 24/5....

Tudo bem, são gralhas e todos nós podemos errar. Tanto mais que reconheço que o custo de ter um jornal interessante, actual e quase à prova de erro são muito grandes quando sabemos que as notícias viajam a uma velocidade vertiginosa e caem em catadupa nas redacções dos jornais.

E já agora, verdade seja dita, pior do que fazer erros, é não os assumir. E o “Público” foi, de certa maneira, pioneiro nesta questão ao colocar no seu jornal uma secção “O Público errou”. Faz muito bem. Afinal de contas quem nunca errou? O erro faz parte da natureza humana.

Acredito que é atitude perante o erro que nos diferencia perante os demais. Reconhecer o erro, aprender com ele, não ter uma atitude negligente e desejar fazer sempre melhor são alguns dos meus princípios. Talvez por isso goste do jornal apesar das suas inúmeras gralhas e (por vezes) deliciosas trapalhadas. É que, afinal de contas, o diário parece seguir aquela frase de Bento de Jesus Caraça, que se encontra gravada numa parede do Instituto Superior de Economia e Gestão, que diz “Se não temo o erro, é porque estou sempre disposto a corrigi-lo”. Nem mais.

domingo, 8 de março de 2009

O que vale Manuel Alegre?

Este senhor, escritor de profissão (segundo o site do Parlamento), tem andado nas bocas da comunicação social desde 2004/2005. Mas porquê?
Aqui está um caso de alguém que ganha um mediatismo inversamente proporcional aquilo que fez ou que defendeu nos últimos 35 anos.
Não querendo esquecer o seu passado mais longínquo e repetido até à exaustão de combatente da liberdade (a militância no Partido Comunista e o exílio na Argélia), o que fez Manuel Alegre desde 1974?
Recorri à Wikipedia e que descobri? Pois, tirando uma série de prémios literários, em 35 anos, foi Secretário de Estado da Comunicação Social e Porta Voz do 1º Governo Constitucional. Daí para cá só aparecem referências a partir do ano 2004. Que andou a fazer entretanto? A lutar por alguma causa? A propor novas formas de governação? A propor revisões da Constituição para permitir a eleição de listas de independentes? A propor reformas estruturantes do nosso sistema político, económico ou social? A propor a moralização da classe e do sistema político? A tudo isto a resposta é NÃO.
Mas durante todos estes anos foi deputado à AR, eleito pelas listas do PS (o site do Parlamento confirma-o “Deputado na Constituinte, I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX Legislatura”). Partido que agora repudia por todos os meios ao seu dispor.
Ou seja, a criatura viveu 35 anos do e para o aparelho político do PS, do e para o sistema partidário português, umas vezes sentado mais à frente no plenário da AR, outras lá mais para trás, e de repente lembra-se que o partido não funciona, a democracia está doente, não há debate político, etc, etc. Mas este senhor não viveu os últimos 35 em Portugal e sentado na AR? É preciso ter lata, muita lata!
A suprema ironia é a apropriação que fez do milhão de votos que, naquele dia de 2005, recebeu da população portuguesa. Como disse ontem José Lello, ainda os deve ter guardado no frigorífico ou, coerente como é, ainda os pôs a render nalgum banco.
É curioso que Soares, Sampaio e Cavaco sempre tiveram o cuidado de, nos seus discursos de vitoria, realçarem que a maioria que os elegeu se tinha dissolvido no momento da sua eleição. Com Alegre não. Os votos são dele e só dele e ainda faz chantagem com o “seu” milhão de votos. E o PS tem assistido a tudo isto impávido e sereno. Em nome da coerência, que tanto apregoa, porque não suspende ou renuncia ao mandato de deputado para que foi eleito pelas listas do PS? Atendendo ao que tem dito, ao que tem “feito” e às posições que toma nas votações da AR que faz esta criatura no PS? Saia. Assuma a divergência. Crie um partido (a partir do MIC, por exemplo). Vá a votos. Um milhão de votos dá quase para ganhar eleições legislativas. Tem medo de quê?
Só se for de sair das luzes da ribalta onde a comunicação social o colocou e que lhe serve para alimentar a sua arrogância, o seu narcisismo, o seu egocentrismo, a sua superioridade intelectual, a sua presunção de último bastião da democracia e da virtude política.
E ideias? Um enorme vazio.
Percebe-se porque é depois de ser Secretário de Estado da Comunicação Social e Porta Voz do 1º Governo Constitucional nunca mais passou da cepa torta: apenas e só mais um deputado.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sócrates, a cimeira e a festa

Ontem, pelas 16h fiz um zapping pelos principais canais de notícias do cabo. Enquanto a Euronews e BBC davam, em directo, a conferência de imprensa do presidente da CE (Durão Barroso) e do presidente em exercício do conselho (M. Topolanek, 1º ministro checo), a Sky News dava, também em directo, a conferência de imprensa de Gordon Brown (1º ministro inglês) e depois passavam as principais declarações de outros chefes de governo ou de Estado, nomeadamente de Angela Merkl, Zapatero, etc. Simultaneamente, A RTP-N e a SIC-Notícias davam até à exaustão o discurso do 1º ministro de Portugal, não em Bruxelas, mas em Espinho. O “Eng.” Sócrates preferiu exercer o seu cargo de secretário-geral do PS do que o de 1ª ministro de Portugal. Mais, uma vez, o azar persegue-o. Quem manda os líderes europeus marcar uma cimeira informal para o mesmo dia da festa do PS. Há que fazer opções. E o que é mais importante?
Para o cidadão José Sócrates não há dúvidas sobre o que é mais importante.Só posso ver isto numa perspectiva: dadas as “soluções”propostas para Portugal pelo governo PS, que iria o 1º ministro português fazer a Bruxelas? Soluções avulsas como: esta semana temos 200 milhões para apoiar as PME e para a semana pode haver mais 300 milhões, logo se vê. De facto, compreendo o cidadão/secretário-geral/1º ministro José Sócrates: quem trocaria os aplausos e os miminhos dos seus camaradas pelas preocupações dos líderes europeus?

domingo, 1 de março de 2009

Parabéns Galiza e País Basco

A confirmarem-se, congratulo-me com os resultados das eleições regionais na Galiza e no País Basco. Na Galiza, o PP volta a poder governar depois de nas últimas eleições, apesar de ter ganho, não ter conseguido formar governo. A governação foi assegurada por uma coligação de interesses entre socialistas e esse verdadeiro albergue galego denominado bloco nacionalista galego (união de interesses que vai da extrema direita à extrema esquerda. No País Basco, numa situação semelhante à do PP nas últimas eleições galegas, os nacionalistas bascos do PNV, apesar de vencerem não deverão conseguir formar governo. Pela lógica e, digo eu, para o bem do País Basco e da Espanha, convém que socialistas, populares e o deputado da UPD se entendam e retirem o poder a Ibarretxe e ao PNV. De salientar, pela negativa, os cerca de 10% de votos nulos a confirmar alguma influência da ETA na sociedade basca. Mais uma vez, e a confirmarem-se os resultados, congratulo-me verdadeiramente pelas boas novas surgidas de Espanha.