sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Os europeus e as presidenciais americanas

A Europa (e perdoe-me o resto do mundo por não ter um conhecimento tão aprofundado sobre o que por lá se passa) anda preocupadíssima e ansiosíssima com as eleições nos EUA.
É claro que “toda a gente” (ou seja, a grande maioria da qual não faço parte) deseja e espera que Obama ganhe. Porquê?
Bem, a maior parte das pessoas afirma que é preciso mudar (o lema de Obama é “Change”). Mudar para onde e para o quê? Isso ninguém sabe exactamente e, na Europa, nem se interessa por tentar saber. O importante é Obama ganhar.
Eu, por mim, pela primeira vez não me repugna que ganhe o candidato democrata. Não porque ache que Obama seria melhor presidente que McCain (antes pelo contrário), mas porque pela primeira vez não sinto que haja diferenças substanciais entre os dois. Sendo injusto para McCain, até me atreveria a dizer que, afinal, preferia que Obama ganhasse. Porquê?
Em primeiro lugar porque, como disse, as diferenças entre ambas não são substanciais. Em segundo lugar, para que os europeus entendam que os seus interesses não correspondem exactamente aquilo que são os interesses dos EUA e há que viver com isso. Terceiro, para os mesmos europeus compreenderem de uma vez por todas que, em política externa (que é o que interessa aos europeus), a diferença entre democratas e republicanos é praticamente nula. Quarto, porque seria um murro nos dentes de muita gente a eleição de um negro para presidente dos EUA. E quinto e último para ver quanto tempo os adoradores europeus de Obama vão continuar a louvar o presidente como louvaram o candidato (ou seja, quanto tempo resistirão até o começarem a mimoseá-lo, com os adjectivos do costume, como fizeram com todos os anteriores presidentes dos EUA, Clinton inclusive).
A propósito das eleições presidenciais americanas que empolgam por mais tempo os europeus que os próprios americanos, sugiro a leitura da revista “Pública” (suplemento do jornal “Público”) de 26 de Outubro. Temos de tudo. A visão tipicamente europeia, a visão de vários americanos de diversas proveniências e de partidos diferentes e depois as visões individuais de vários articulistas. A não perder a entrevista e as respostas de Jerry Hagstrom, bem como o artigo de João Marques de Almeida.
Aliás, com a devida vénia, transcrevo aqui o último parágrafo desse artigo de João Marques de Almeida, intitulado ”Interesses do mundo” ou um “mundo de interesses”:
“Um dia, percebe-se que, afinal, Obama é um “Presidente americano” e que, no mundo, há muito menos “americanos” do que no dia 4 de Novembro. Os “interesses do mundo” voltarão a ser substituídos pelos interesses americanos. E a política voltará a ocupar o lugar dos desejos. Nessa altura é que se verá quem é que apoia, verdadeiramente, o presidente Obama.”
Eu continuo a acreditar que, felizmente, os europeus irão ter mais uma grande desilusão caso Obama seja eleito. Pode ser que assim comecem a olhar os EUA nas suas múltiplas vertentes.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Festival Internacional de Banda Desenhada

Para os que gostam do tema, está aí mais uma edição do festival de BD da Amadora. Mais informações aqui. Este ano o tema central é a ficção científica.

Ele há azares dos diabos

Acabo de ler um aviso automático da Ordem dos Economistas sobre um “jantar/debate” acerca da “Opção Nuclear”. Lembram-se deste tema? Se calhar não. Não admira, tendo em conta as recentes diminuições dos preços dos combustíveis.

Como é óbvio, esta “opção” é sempre um tema passível de ser debatido. Num país onde há o hábito de discutir tudo e mais alguma coisa - desde o último derby, passando pelo último acordo ortográfico, até às grandes opções energéticas do país - a “quente”, trazer para a praça pública um assunto relevante, antecipando necessidades futuras, seria algo de louvar. Afinal de contas, não é também para isto que servem as elites de um país democrático? (Espero bem que sim. Pelo menos foi o que me ensinaram na escola...)

Eu, pelo meu lado, limito-me a registar o evento e a aventar que, azar dos azares, ela não terá assim uma tão grande adesão com seria de esperar há umas semanas atrás. O jantar/debate realiza-se no dia 11 de Novembro pelas 19h30 na sede da Ordem (custo:35€).

Uma modesta achega. Fernando Nobre, presidente da AMI, após ter chegado de uma visita à Ucrânia, disse que todos os que defendem a opção nuclear deveriam ir a Chernobyl. Talvez, talvez. Isto porque há azares dos diabos!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A questão do aumento do salário mínimo nacional (SMN)

O debate suscitado sobre o aumento de €426 para €450 é de facto interessante e convém analisar as diversas observações feitas. Ainda bem que o Dekuip suscitou esta discussão no nosso blog. Mais uma vez reafirmo o facto de me considerar absolutamente insuspeito nesta discussão e em particular sobre a minha posição. Não votei PS, não apoio este governo, não votarei PS nas próximas eleições.
O aumento proposto para 2009 para o SMN é de facto de 5,6% como observou o VIP. No entanto, insisto que este aumento não deve ser visto nestes termos. Este aumento insere-se num acordo em sede de concertação social (Governo e parceiros sociais (4 entidades patronais + 2 centrais sindicais)) assinado há cerca de dois anos e que estabelecia os valores do SMN para os três anos seguintes (2009 inclusive). Logo este aumento está previsto já há algum tempo.
A questão deste aumento se cifrar em 5,6% face a 2007 tem um impacto insignificante nas discussões de aumentos salariais para o sector privado para 2009. Para essa discussão o valor de referência são os 2,9% de aumento para a função pública (FP) (aqui uma medida claramente eleitoralista e despropositada no actual contexto – mesmo tendo em atenção a perda de poder de compra que tem afectado nos últimos anos a FP). A questão não é pois os 5,6%.
A questão que se pode colocar (essencialmente nos sectores que praticam salários muito baixos) é a de haver categorias/funções (pagas ao nível do SMN) que se aproximam ou mesmo ultrapassam categorias/funções que inicialmente auferiam valores superiores. Isto pode levar a um efeito cascata de actualizações de algumas categorias de forma a manterem o escalonamento inicial. Ex: dois trabalhadores que em 2008 auferiam €435 e € 426. Se o primeiro for aumentado apenas em 2,9% passaria a auferir €447,62 (na realidade receberá €450) enquanto o seu colega passará a receber os €450. Para manter a diferença inicial de €9, o seu aumento deveria ser de 5,1%.
No entanto esta questão apenas se põe, de facto, nas actividades capital intensivo ou em funções pouco qualificadas.
Reafirmo que esta é essencialmente uma questão de dignificação de quem trabalha.
Seria curioso, por exemplo, saber qual a taxa ou valor de actualização de rendimento social de inserção que premeia, na maioria dos casos, quem continuadamente se recusa a trabalhar.

PS: Este texto foi colocado também no blog bolanaquinta.blogspot.com

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A origem

Este blog foi criado a 20 de Outubro de 2008 por um conjunto de pessoas que, acima de tudo, gostam de debater e de expor as suas ideias sobre os mais variados temas, desde a economia (área de formação da maioria dos participantes) à política, passando pelo desporto e, no fundo, por todos os assuntos que nos invadem o dia-a-dia.
As ideias e os pensamentos deste grupo de pessoas não têm qualquer tipo de coesão e manifestam uma profunda heterogeneidade de posicionamento, seja em questões ideológicas e políticas, económicas, clubísticas, ou outras.
Assim, o “Portugal visto daqui” pretende ser um espaço de opinião, debate e divulgação tendo sempre como ponto de partida o posicionamento dos seus autores nas suas mais variadas vertentes. (por Squadra Azzurra)