quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

BOM ANO!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Cavaco tem razão?

Do meu ponto de vista, tem, obviamente, toda a razão.
Mas vamos por partes. Uma coisa é ter razão, outra é sair a ganhar desta situação. Porque isso depende interesse com que o assunto é abordado. Quem perde? Isso é indiscutível: em geral, todos os partidos que aprovaram o estatuto (tenham reincidido, ou não, na votação) e em particular o PS e o Governo liderado por José Sócrates. Os partidos porque, como já disse num comentário a um post do Dekuyp, torna-se preocupante a quantidade de diplomas devolvidos à AR por atropelos às normas constitucionais. O Governo e o PS porque parece inevitável (segundo constitucionalistas mais ou menos próximos do PS) a declaração de inconstitucionalidade do documento. Como tal, o PS e José Sócrates terão insistido repetidamente em inconstitucionalidades. Ou seja, a teimosia acabará por responsabilizá-los por insistir no erro, mesmo quando todos (incluindo o Presidente da República, por duas vezes) o aconselharam a reparar o erro.
Quem ganha? Para quem analisar séria e honestamente a questão, o Presidente da República, Cavaco Silva.
Mas a sua vitória será mais clara no momento em que o Tribunal Constitucional confirmar (se assim for o caso) a inconstitucionalidade dos dois artigos em causa.
A declaração que fez à nação no dia 29 à noite, teve tanto de contundente como de clara e precisa nas objecções e nos argumentos utilizados, tanto para vetar como para promulgar. A questão fundamental não é saber se os dois artigos em causa estão feridos de inconstitucionalidade. Isso é uma consequência. A questão põe-se ao nível da lealdade entre órgãos de soberania e, por consequência, no normal funcionamento das instituições. Não é normal que uma lei da AR restrinja os direitos constitucionalmente estabelecidos da própria AR e, principalmente de outro órgão de soberania, o PR, e que a sua reposição esteja dependente de uma lei … autonómica. O PR pôs sempre a discussão ao nível dos princípios e não abdicou deles. Não quis fazer prevalecer princípios com base na sua constitucionalidade, mas na razão desses princípios. Por isso não pediu a apreciação do Tribunal Constitucional. Esperou pelo bom senso de José Sócrates. Não lhe serviu de nada. Logo não lhe bastava outra alternativa que não fosse o discurso que fez. E fê-lo, de facto, pelo normal funcionamento das instituições e pelo normalidade constitucional.

PS: Não me esqueci de Carlos César. Apenas me parece que, neste caso, se trata de um personagem menor que, obviamente, tenta capitalizar esta questão.

Retalhos da vida económica do mundo

Previsão para o mês de Dezembro da inflação na Alemanha (baseada nos dados de seis Lander). Pode ser obtida aqui. O instituto de estatística alemão prevê "fechar" o ano com uma média anual de 2,6%.

Apesar de ser um valor que não se via na Alemanha há 14 anos, os dados mais recentes evidenciam um abrandamento da inflação, com taxas abaixo dos 2% (limiar considerado pelo ECB para a definição de "preços estáveis").

Gaza Strip

A Faixa de Gaza, que anda novamente nas bocas do mundo, tem cerca de 360 km2. Sensivelmente o mesmo que o concelho de Trancoso, distrito da Guarda ou o concelho de Alter do Chão, distrito de Portalegre.

É seguramente uma das áreas do planeta mais densamente habitados, com quase um milhão e meio de almas. Um local, portanto, onde expressões como “bombardeamentos cirúrgicos” ou "guerra limpa" com poucos efeitos colaterais sobre a "população civil", fazem pouco ou nenhum sentido (e já agora, alguma vez o fizeram?).

Quem ficou bem na fotografia?

Carlos César, presidente do Governo Regional dos Açores, afirmou hoje que a promulgação do Estatuto Regional dos Açores pelo Presidente da República foi uma acção tomada a bem do superior interesse da Nação (ver notícia aqui no jornal Público).

Não sei. O que posso dizer, no entanto, é que fiquei com a sensação de que quase ninguém ficou bem na fotografia. Ficou mal o Presidente da República que não explicou aos portugueses por que razão é que as suas últimas dúvidas não foram levadas ao Tribunal Constitucional. Ficou mal o Primeiro-ministro ao afirmar, há uns dias atrás, que a cooperação institucional continuava excelente (pelos vistos não está, a julgar pelas declarações de ontem do PR). Ficou mal a Assembleia da República, que aprovou por unanimidade (e por duas vezes), um diploma que mereceu dúvidas e correcções constitucionais. Ficou ainda pior, aos olhos do vulgar cidadão, o maior partido da oposição, que após votar favoravelmente se absteve (!!?) na última votação. Finalmente, talvez tenha ficado mal o próprio País que, numa altura de perspectivas económicas pouco animadoras, só teria a ganhar com a certeza de que a colaboração entre os principais orgãos institucionais do país se iria processar de forma tranquila durante o próximo ano (terão as declarações de ontem ajudado a reforçar esta situação?).

Superior interesse do país? Não sei. Talvez o único interveniente que tivesse ficado razoavelmente bem na fotografia tenha sido Carlos César e o seu Governo Regional. Foi uma vitória. Pelo menos por agora.

Preços da habitação própria em Espanha

O arrefecimento do mercado imobiliário espanhol pode ser visto através de uma rápida consulta ao novíssimo Índice de Precios de Vivienda (IPV) do Instituto Nacional de Estatística de Espanha.

Hoje foram divulgados os dados referentes ao terceiro trimestre de 2008. O IPV desceu 3% em relação ao mesmo trimestre de 2007, acentuando a tendência de queda que este indicador tem vindo a registar desde a sua divulgação pública (ver aqui).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Bento XVI

Afinal de contas o Papa Bento XVI sempre vai dizer alguma coisa sobre a actual crise. Devo a próxima referência ao artigo de hoje do jornal “Público” de Francisco Sarsfield Cabral (“Sem ética não há confiança”).

Assim, na encíclica para o próximo Dia Mundial da Paz (1 de Janeiro), o Papa afirma que “uma actividade financeira confinada ao breve e brevíssimo prazo torna-se perigosa para todos, inclusivamente para quem consegue beneficiar dela durante as fases de euforia financeira”. E mais diz que, este tipo de lógica, “reduz a capacidade de o mercado financeiro realizar a sua função de ponte entre o presente e o futuro”.

Percebem a mensagem? Agora todos nós percebêmo-la bem... Pena é que muitos não a tivessem percebido antes.

Apesar de ser formalmente apresentada pelo Vaticano no dia 1 de Janeiro, o conteúdo desta encíclica anual é tradicionalmente revelada umas semanas antes.

António Lobo Antunes

Interessantes as declarações que António Lobo Antunes proferiu no passado sábado no Porto. Devo dizer que não morro de amores por este autor. O primeiro livro que li dele foi “As Naus”. Gostei de o ler. Mas como detestei do “Manual dos Inquisidores, o último livro que li deste autor até à data, fiquei com aquela sensação desagradável que temos quando comemos uma excelente refeição e que, no fim, é estragada por um mau café…

De qualquer forma foi bom ouvi-lo dizer, citando, se não estou em erro, o Tony Carreira, de que gostava de ser português porque só somos dez milhões e isso não é para qualquer um.

Mas mais interessante foi vê-lo dizer que os portugueses vivem mal, que é a classe média baixa que compra livros (e não a classe alta) e que o preço dos livros é indecentemente alto. Gostei.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Escolhas

Two roads diverged in a yellow wood, And sorry I could not travel both
...
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

(The Road not Taken, Robert Frost)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Namoro Ibérico para 2018?

Confesso que fiquei surpreendido com a notícia, hoje divulgada em Portugal e Espanha, da intenção manifestada por Angel María Villar, presidente da Federação Espanhola de Futebol, de uma candidatura conjunta ibérica à organização do Mundial de Futebol de 2018.

A concretizar-se esta ideia, será algo de inédito, porquanto candidaturas conjuntas têm sido normalmente feitas por países de dimensões mais ou menos semelhantes. Na minha perspectiva, uma candidatura conjunta poderá também ser explorada de um ponto de vista simbólico, mostrando definitiva e inequivocamente que os dois países ibéricos são vizinhos e parceiros naturais, e não inimigos naturais…

Parece-me acertada, no entanto, a cautela manifestada pelos membros do Governo português quanto a esta notícia. Afinal de contas esta parece ser apenas uma manifestação de intenções feita num jantar de Natal da federação de futebol espanhola. Será o início de um namoro? Não me parece até porque, de acordo com os prazos impostos pela FIFA, será necessário apresentar a proposta conjunta muito brevemente. Os organizadores vencedores serão anunciados lá para 2010/2011.

E será que há a possibilidade de sucesso desta candidatura conjunta? Parece-me que existem algumas hipoóteses. Se não estou enganado, são oito o número mínimo de estádios a apresentar numa candidatura deste tipo (o Brasil, para a candidatura de 2014, apresentou 18). Ora penso que Portugal e Espanha podem facilmente cumprir estes requisitos.

Mais. Tendo em conta que os mundiais de 2010 e 2014 se vão realizar fora da Europa, parece-me ser altamente provável que o mundial de 2018 se vá realizar no velho continente (apesar de serem permitidas as candidaturas de países asiáticos, da Oceania e da América do Norte). As candidaturas concorrentes mais fortes são, neste contexto, as da Inglaterra e a dos países do Benelux . Mas mais poderão aparecer no futuro próximo... (ver mais sobre candidaturas aqui).

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Não basta fazer legislação

Como que a provar aquela ideia de que os prevaricadores andam sempre um passo à frente de quem legisla o funcionamento do mercado, eis que surge um estudo da DECO que diz que vários bancos criaram esquemas alternativos para compensar as perdas de receita implícitas na aplicação de legislação mais “amiga” do consumidor no crédito à habitação. Perante a proliferação de práticas mais ou menos abusivas por parte da banca em Portugal, a DECO vem propor a obrigatoriedade de aplicação de uma taxa única, com uma única designação, comum a todos os bancos. O anúncio das principais conclusões deste estudo podem ser lidas aqui, no site da DECO ou, em alternativa, aqui e aqui.

Mas mais interessante do que a capacidade “contorcionista” legislativa da banca, o que o estudo da DECO sublinha é, quanto a mim, a enorme dificuldade da tarefa de regulação.

De facto, não basta legislar, é preciso afectar recursos para monitorizar o funcionamento do mercado e estar atento ao aparecimento de novas formas de perpetuar práticas (legalmente) vedadas.

Mais. As conclusões do estudo lembram que mais do que leis, é preciso pensar em as construir de forma simples e transparente. Enfim, vem lembrar a todos aqueles que clamam por um mercado “mais regulado” que a regulação tem muito que se lhe diga...

É que para além do que se ouve nas discussões mais ou menos académicas sobre as virtudes e os defeitos do mercado livre, não sei se alguém conseguirá dizer o que será pior na prática: se um mercado completamente ausente de regulação ou a proliferação de muita e má regulação.

Suponho que, à semelhança do que a sabedoria popular nos diz, algures no meio deve residir a virtude.

João Paulo II: A homenagem


Nestes tempos de crise financeira e económica em que todos culpam e criticam a economia de mercado pelo que de mau se está a passar no mundo (incluindo os partidos socialistas europeus que tão bem têm convivido com ela), gostaria de deixar aqui a minha mais que justa homenagem a Karol Wojtyła, o Pápa João Paulo II (JPII).
Foram dele as primeiras criticas neutrais e imparciais (esqueçamos as críticas ideológicas enviesadas da extrema esquerda) à forma como o ocidente estava a evoluir. Fez eco das assimetrias crescentes entre ricos e pobres. “Gritou” até mais não poder contra a falta de ética e de valores prevalecente na sociedade dita moderna.
E é precisamente aqui que reside o cerne de toda esta crise. Não foi a economia de mercado ou o capitalismo que falhou como sistema. Foram as pessoas. Mas todas. Desde os que engendraram todos os abusos possíveis e imaginários que o sistema democrático e uma economia de mercado aberto lhes permitiu até aqueles que por ganância e tentando o “lucro” fácil se deixaram ludibriar por esquemas fraudulentos. Todos pretenderam apenas uma coisa: ganhar mais dinheiro. Enquanto o dinheiro jorrava, ninguém se lembrava de perguntar de onde vinha e como era possível obter aqueles rendimentos. Hoje queixam-se.
E a crise de valores está neste ponto. Elevar a verdade suprema o lucro, seja a que preço for. Não creio que este abanão que estamos a sofrer seja suficientemente forte para mudar a atitude das pessoas e o sentimento de que tudo podem. A não ser que a crise seja muito pior do que aquilo que (actualmente) se espera.

PS: Obviamente como católico que sou, este meu elogio a JPII também pode ser visto como algo enviesado. No entanto, uma coisa são os elogios e a homenagem (mais ou menos partilhada por outras pessoas), outra são os factos e a realidade. E essa é incontestável.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

The Bush-shoes mania!

Site com listagem de jogos sobre o "incidente do sapato" de G. Bush. Também tem cartoons. Podem ser vistos a partir daqui.

Sintomas dos novos tempos

Para quem ainda não se consciencializou de que estamos a viver uma conjuntura económica nova e potencialmente muito perigosa, é favor tomar atenção para o que o Fed – a autoridade monetária americana - fez ontem. No seguimento do anúncio dos valores para a inflação nos EUA, esta instituição baixou a sua taxa de juro de referência para valores próximos do zero (ver notícia aqui).

Fazendo umas contas com base na série cronológica para a inflação dos EUA temos de recuar até Julho de 1947 para ter uma descida na taxa de variação homóloga superior à que se registou para o mês de Novembro (que foi de -2.6 pontos percentuais). (Os dados podem ser obtidos aqui, após seguirmos a indicação Consumer Price Index for All Urban Consumers: All Items.)

A coisa está tão séria que até já se começa a falar de que o compromisso das autoridades monetárias para os próximos anos não é o de promover a estabilidade dos preços - algo que tem sido feito até agora - mas o seu contrário, isto é, a promoção da inflação. Confusos? Pois bem, é um sintoma dos tempos que correm…

Memorial a Jorge Luís Borges

Memorial ao escritor escritor argentino Jorge Luís Borges, descerrado na semana passada no jardim do Arco do Cego. (ler notícia aqui)

Saio do perímetro do monumento com a nítida sensação de dívida para com o escritor. Não só pela obra que escreveu, mas pelo poema "Os Borges", impresso no memorial. É que ao lembrar-se das suas origens portuguesas, lembra-nos, pelo menos por alguns momentos, o que fomos e o que fizemos no mundo como povo. Obrigado.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Banhada Madoff

O escândalo Madoff está aí, tal como aliás atesta esta notícia do jornal Público, a afectar bancos e poupanças um pouco por todo o lado. Calotes financeiros, promessas de dinheiro fácil e esquemas com rendibilidades altas garantidas sempre existiram e sempre existirão. No entanto, esta notícia, como todas as outras que têm vindo a lume nos últimos tempos sobre instituições financeiras, é algo incómoda para a vida do pacato cidadão que vive com a ideia reconfortante de que a banca é séria e um lugar seguro para depositar as suas poupanças.

Sim. Incómodo. Até porque episódios destes nem dão para saber lá muito bem o que pensar das instituições que regulam o sector. Serão incapazes de prevenir a grande e sofisticada desonestidade? Talvez, Alves dos Reis sempre existiram e sempre existirão... Não existe maneira de quantificar a ganância? Pois não. O tipo que falava da ética e da moral é um chato especialmente quando as cotações em bolsa não param de subir? Pois talvez fosse um autêntico pain in the ass

Esperemos que episódios como o da "banhada Madoff", cujas repercussões ainda estão a ser apuradas na sua totalidade, não minem a credibilidade do sector bancário que, convenhamos, é um bem público que deve ser salvaguardado para o bem de todos.

Inflação, inflação, deflação à vista?

Hoje o INE anunciou os valores da inflação do mês de Novembro para Portugal. A taxa homóloga teve uma queda de 0.9 pontos percentuais, algo que não é muito comum de se ver na nossa economia (ver texto integral aqui).

Do outro lado do atlântico, foi a vez do Bureau of Labor Statistics anunciar o “tombo” da inflação nos Estados Unidos. A taxa homóloga registada foi de 1.1%, 2.6 pontos percentuais menor do que o registado em Outubro deste ano (ver texto integral aqui).

Será que o fantasma da deflação anda mesmo por aí?

Ainda as faltas dos deputados

Vale a pena ler o texto de João Miguel Tavares, no DN de hoje, sobre as faltas dos deputados e de mais uma vergonhosa resposta de uma senhora deputada, desta vez do PS. Ver aqui

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Portugal, em Paridades do Poder de Compra

De acordo com uma nota à imprensa publicada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística, a riqueza produzida por cada um de nós que vive neste cantinho à beira-mar plantado foi 76% da média dos 27 países da União Europeia em 2007. O texto integral pode ser lido aqui.

O ranking de países com a riqueza per capita (expressa em paridades do poder de compra) dão razão àqueles que notam que antes estávamos habituados a ser comparados com a Grécia e a Espanha e que agora, na ausência de semelhanças económicas mediterrânicas, o somos com os novos parceiros comunitários de leste...

E ainda o texto dos cinco professores...

Como seria de esperar, houve reacções à reacção de Vasco Pulido Valente ao artigo dos "cinco". Podem ser lidas aqui e aqui. A Blogosfera é um local fantástico, não é?

Caça às bruxas?


Curiosas as primeiras páginas dos últimos dias do Jornal de Negócios. Na passada terça-feira tínhamos ficado a saber que o governador do Banco de Portugal “está entre os banqueiros centrais mais bem pagos do mundo”. Hoje ficamos a saber que a “Espanha inspecciona quatro vezes mais a banca que Portugal”. Independentemente dos aspectos quantitativos referidos nos títulos do jornal poderem ser mais ou menos questionados, fico com a sensação de que talvez a assinatura deste periódico já tenha sido anulada lá para os lados do Banco de Portugal...

Faltas dos deputados

Não é fácil encontrar opiniões lúcidas e inteligentes sobre o tão falado episódio das faltas dos deputados na Assembleia da República. Apesar de ter sido escrito em 2006, acho que o que é escrito aqui é refrescante. Pelo menos tem o condão de nos fazer pensar. Não é também para isso que a palavra escrita serve?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Informação, ou desinformação?

Na Internet tudo é feito a correr; tudo tem de se fazer rápido. Muitas das vezes as coisas não saem 100% bem, como eu próprio já tive a oportunidade de saber.

Por enquanto a notícia ainda pode ser vista aqui, na página inicial do site da TSF. O título diz "Três pescadores portugueses mortos em naufrágio na Galiza". Mais à frente, logo no início do corpo do texto, lê-se "Pelo menos quatro mortos...". Finalmente, umas linhas abaixo vê-se que "Duas das vítimas mortais são de nacionalidade portuguesa...". Elucidativo, sem dúvida! Ainda bem que não se esqueceram de colocar o "em actualização"...

Ainda o texto dos cinco professores de economia

A crónica de Vasco Pulido Valente na edição impressa do jornal Público de hoje é sobre o texto referido no meu último post. (acesso ao texto aqui; reservado apenas para assinantes.)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A vingança do chinês?


Ontem li um artigo no jornal Público, reproduzido aqui no Blogue Ladrões de bicicletas, com o título “A ciência económica vai nua?”.

O texto é da autoria de cinco professores de economia e assenta na ideia de que a actual crise económica e financeira é também o produto da aposta das escolas de economia e gestão em ensinar maus modelos teóricos. As Universidades e, portanto, os professores e académicos teriam, desta forma, a sua quota parte de responsabilidade na actual crise porquanto foram através dos seus ensinamentos que foram “moldados” os comportamentos dos economistas, gestores e demais intervenientes na actividade económica que, por assim dizer, criaram a crise. Confesso que acho a ideia engraçada (embora algo rebuscada).

Um facto curioso: os autores do texto vêm do ISEG, da Universidade de Évora, do ISCTE, sa Universidade do Porto e sa Universidade de Coimbra. Para completar o ramalhete de instituições com algum relevo no ensino da economia em Portugal faltam apenas, se exceptuarmos a Universidade do Algarve e a do Minho, a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade Católica.

E que duas universidades! Não foram estas aquelas que mais contribuíram para o ensino do mainstream economics em Portugal? Aquelas que apostaram na má teoria? São.

Bem sei que as opiniões dos professores não devem ser confundidas com as instituições que os empregam. Mas não deixa de ser curiosa a junção das instituições onde os autores do artigo de opinião trabalham.

Repito, é uma ideia engraçada. Mas pergunto: não será o texto do jornal Público mais uma espécie de vingança do chinês? Espero bem que não. Espero que tenham razão quanto ao papel da teoria no meio disto tudo e que, já agora, as boas teorias (sejam lá quais forem) venham algum dia a ser ensinadas de forma maciça nas Universidades portuguesas...

Mais sobre as declarações de Manuela Ferreira Leite

Já chego tarde a este assunto, mas talvez ainda valha a pena referir um post do Blogue Desmitos sobre as declarações de Manuela Ferreira Leite sobre a "suspensão" da democracia por seis meses.

O post pode ser lido aqui. Vindo de quem vem, o post dá todas as garantias de ser imparcial.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Documentário da RTP


Passou quase despercebida entre nós a celebração dos 90 anos do Armistício da Primeira Guerra Mundial.

A RTP, com o documentário “Portugueses nas trincheiras”, foi porventura a única estação televisiva a não contribuir para o esquecimento deste episódio marcante da História Mundial.

Não acho que a História (e o seu estudo) sirva para que erros do passado não sejam repetidos no futuro. Seria, no meu entender, sobrestimar o papel da História e subestimar o papel da natureza humana. Acima de tudo acho que a História e as pequenas histórias, como aquelas vividas pelos soldados da guerra das trincheiras, devem ser recordadas para alimentar uma memória comum. Para relembrar uma vivência que foi partilhada não só entre camaradas da mesma facção, mas entre todos sem excepção.

O documentário passou na RTP1 no último sábado e repete hoje às 22h30 na RTP Internacional.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Bola de Ouro

Parabéns a Ronaldo pela Bola de Ouro. Podemos gostar mais ou menos do jogador. Mas há que reconhecer o mérito e ver que afinal de contas não é todos os anos que um jogador português é distinguido como o melhor entre os melhores.

Candidatura Ibérica ao Mundial 2018

Agora é a vez de um ex-presidente da República vir falar na candidatura conjunta de Portugal e Espanha ao Mundial 2018. (ver notícia do Público aqui.)

Resta saber se as autoridades espanholas também acham que uma candidatura conjunta é benéfica para os nossos vizinhos. Tenho as minhas dúvidas. Essencialmente por causa da dimensão dos dois países.

Basta pensarmos nas últimas organizações conjuntas (Holanda e Bélgica, Suíça e Áustria) para, na minha opinião, termos algumas dúvidas em relação à probabilidade de sucesso da candidatura. Se Portugal pode, quando muito, colocar 3 ou 4 estádios no mundial, não terá a Espanha a "tentação" de querer organizar o mundial sozinho? E qual o valor acrescentado de Portugal nesta candidatura? Tomar como seus os custos relacionados com esses 3 ou 4 estádios? Não será um negligenciável marginal no meio de uma candidatura desta envergadura?

Pode ser que me engane. A ser verdade, esta seria uma candidatura, a meu ver, única pelo factor que acima referi. Por falar em candidaturas únicas, que tal apresentar uma candidatura com Marrocos? Afinal de contas é também um "vizinho" de Portugal...

Portugal campeão mundial de futebol

Afinal de contas já somos campeões mundiais de futebol. Só que de futebol robótico (será daqui que vêm os tais famosos "automatismos" de que a selecção parece ter visto evaporarem-se nas suas últimas prestações?). Ver notícia aqui.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Medidas económicas no Reino Unido

Como se pode ler aqui ou , o Governo britânico apresentou um pacote de medidas para estimular a economia interna.

De entre as várias decisões, destaca-se a redução da taxa do IVA (ou VAT lá) de 17,5% para 15%, durante 13 meses. Para colmatar esta perda de receita, serão aumentados os impostos para rendimentos mais elevados, embora na fonte britânica se refira que será à custa de taxas sobre os combustíveis, álcool e tabaco.

Seja como for, parece ser uma medida com impacto directo nos preços, pois ao contrário do sucedido em Portugal, uma redução de 2,5 pontos percentuais é mais difícil de dissimular.

Por cá ainda não há sinais de medidas mais ousadas.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Coitadinhos dos professores!

Mais uma vez me vejo obrigado a concordar com o Governo (e custa-me muito) em mais um dos casos deste Outono: o litígio/guerra entre Governo/Ministério da Educação e sindicatos/professores (SP). A Manuela Ferreira Leite fugiu-lhe a boca para a verdade ao dizer que seria muito mais fácil fazer reformas suspendendo temporariamente a democracia e fazendo ajustamentos com o restabelecimento da mesma (naquilo que alguns abusivamente entenderam como défice democrático da líder do PSD). A questão é a seguinte: não há reformas, mais ou menos profundas, que não gerem resistências dos interesses instalados. Veja-se as forças armadas (a vergonha que foi aquela ameaça de “oficiais mais jovens e temerários” sabe Deus o quê), os magistrados (veja-se como está a justiça; basta ver quem fica em prisão preventiva e quem aguarda em liberdade), os médicos e enfermeiros (desde que Correia de Campos saiu deixou de haver nascimentos em ambulâncias, protestos, etc.), os professores, etc.
Aos professores já vimos protestar contra a redução das escandalosas férias de que beneficiavam, os exames nacionais (obriga-os a trabalhar mais dois ou três dias pagos para os corrigir), as aulas de substituição (um ultraje ter de substituir os colegas, durante as suas horas de trabalho), a carreira docente (todos os professores deveriam chegar ao topo da carreira apenas devido à antiguidade), a avaliação (não contra o método mas contra o princípio), etc. Qualquer mínimo detalhe é aproveitado por essa classe para protestar.
Na preparação para a última manifestação (a dos 120 mil de manifestantes – resta saber quantos professores) mudaram de agulha e bem. Agora querem apenas fazer aquilo que (alguns, digo eu) sabem e querem fazer: ensinar. Já não protestam contra exames, aulas de substituição nem contra o princípio da avaliação, diz o SP. Talvez ganhem alguma opinião pública com este apego e devoção ao ensino. Mas a realidade logo é reposta com os discursos (chego a ter pena de muitos alunos só de pensar que podem ter alguns professores como aqueles que aparecem a dar opiniões): a questão é não quererem ser avaliados. Seja interna ou externamente, seja anual ou plurianual. Não querem ser avaliados porque não querem aceitar que a progressão na carreira também tenha em conta a sua avaliação. Esta é a questão de fundo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A solução para o Estado da Nação

Ontem, a líder do PSD proferiu umas frases cujo alcance foi, decerto, superior ao esperado. Considerando que não é possível efectuar reformas em sectores como a Justiça, Manuela Ferreira leite disse: "Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se." acrescentando "E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia.".

Com ironia ou sem ela, a verdade é que o disse. Num país que está em crise social, económica e até moral, estas palavras provocaram um rol de reacções, a grande maioria contra este pensamento. Mesmo dentro do próprio partido, algumas vozes manifestaram incredulidade (ver aqui.)

Na voz do povo, muitas vezes se ouviu dizer que o que endireitava o pais era voltar ao tempo do Salazar. Parece que Manuela Ferreira Leite apenas disse isto. Agora, é também verdade que num regime democrático, as opiniões podem ser manifestadas por quem quiser, sejam elas quais forem. No entanto, se considerarmos a posição ocupada por quem falou, considero que não o deveria ter dito. Ou então ter sido mais evidente na ironia, deixando claro que era disto que se tratava.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Child drowning prevention

Pode ser visto aqui um texto do jornal Público sobre uma técnica americana de prevenção a afogamentos de crianças cujo site, com o mesmo nome do título deste post, anda a circular pela Internet.

A lembrarmo-nos de que devemos sempre procurar saber mais antes de “consumirmos” sem qualquer espírito crítico tudo o que nos vem parar à nossa caixa de correio.

Orçamento da cidade de Lisboa

Já vem um bocado tarde, mas aqui vai o site do orçamento participativo que a Câmara Municipal de Lisboa está a promover através da Internet. A ideia é engraçada. Atenção, caso pretendam votar nas propostas colocadas pelos cibernautas, só o podem fazer até amanhã (têm de se registar primeiro).

De consciência tranquila


Na última sexta-feira vimos Fátima Felgueiras em exclusivo directo da RTP afirmar ter razão apesar de ter sido condenada em tribunal (será este mais um exemplo de "serviço público"?).

Na terça-feira vimos Vitor Constâncio dizer que tem "a consciência tranquila" sobre o caso BPN. Curiosamente, ontem foi a vez de Bruno Paixão vir dizer que "tem a consciência tranquila" sobre a arbitragem do último Sporting - Porto. Ainda sobre este jogo, ontem soubemos que o observador de Paixão deu nota positiva ao seu desempenho e que, após ter visto os lances na televisão, mudou de opinião. Apesar disto, disse estar de "consciência tranquila".

Ontem o primeiro-ministro deu mais uma lição sobre a equação que diz "ético" é igual a "não ir contra a lei" (toda a que está escrita e a que, naturalmlente, está omissa), dando-nos a entender que não temos nada que ver com as relações de amizade entre o Ministro da Economia e o actual Presidente da Autoridade da Concorrência.

Enfim, é tudo normal, está tudo tranquilo, está tudo manso... O pior é que acho que têm razão para estar de consciência tranquila. A história prova que conhecem bem o seu povo. A única diferença é, acho eu, a massificação destes episódios através da comunicação social. Os jornais, os Blogs, a televisão prestam mais atenção a estas coisas e os seus protagonistas usam-nos mais em seu benefício próprio (às vezes de forma completamente despudorada). De resto nada de novo, tudo calmo, tudo brando.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A Universidade de Obama...


Mais uma prova da qualidade mental dos argumentos utilizados pelo ministro da Economia. Hoje, ao ser confrontado com as perguntas dos jornalistas sobre o facto de Manuel Sebastião, actual presidente da Autoridade da Concorrência (nomeado por Pinho), ter sido seu procurador na aquisição de um imóvel ao BES, Manuel Pinho enalteceu o facto de este último ter sido doutorado pela mesma universidade que Obama. (ver notícia aqui) Melhor argumentação só talvez mesmo dizer que o próprio Obama obteve o "canudo" a copiar pelo tuga...

O que dizer disto? Que esta é uma história de Manéis!

O último Sporting – Porto

As declarações de Paulo Bento após o jogo Sporting - Porto têm sido, como não podia deixar de ser, adjectivadas de muitas maneiras. Como excessivas e “incendiárias”, pelos responsáveis da arbitragem, como correctas e verdadeiras, pelos adeptos leoninos.

Para mim, nem foram uma coisa nem outra. Ao falar em “incompetência”, Paulo Bento tocou num ponto que, a meu ver, levanta questões que são mais importantes do que a justeza ou a extemporaneidade das suas declarações.

Mas afinal de contas, são estes os melhores árbitros e fiscais de linha que temos? E como é que estes supostos exemplos de excelência chegam à posição de poder arbitrar um jogo desta natureza? E o que é que fazem para se tornar melhores? Enfim, com que esquemas de incentivo têm de viver para subir na carreira? Premeiam elas o mérito, a competência? Após ter visto o jogo de domingo, suspeito que não.
Ah, e atrevo-me a dizer que a grande resultado do jogo foi o de ter aliviado um pouco a pressão e mal-estar que existem lá para os lados do Dragão e de Alvalade. Jesualdo apareceu, uma vez mais, vitorioso, e Bento clamou injustiça no marcador. Melhor? Só se os dois ganhassem!

Em tempos de crise

Vi isto num outro blog e não resisti a copiar para aqui. Faz todo o sentido, na sequência dos posts anteriores. A frase seguinte tem vindo a ser passada por mail:

"Dada a crise internacional que neste momento assola os bancos, se um dos meus cheques for devolvido por 'falta de provisão', como é que eu poderei saber se a insuficiência é minha ou vossa?"

É brilhante esta lucidez e sentido de prevenção.

O caso BPN (II) – Governador do BdP na AR

O Sr. Governador do Banco de Portugal ainda não percebeu que o problema dele como regulador do mercado financeiro não é apenas o caso BPN mas um conjunto de factos ocorridos e que o Banco de Portugal (BdP) se mostrou incapaz de detectar e lidar com elas. Diz o Sr. Governador "Nada me pesa na consciência em termos de ter cometido qualquer acto para ter contribuído para esta situação". Qual é o ponto que ele ainda não percebeu: que o problema é, de facto, ele não ter feito nada que contribuísse para que a situação chegasse onde chegou ou o facto de não ser apenas este caso que contribui para as dúvidas sobre a sua competência e do BdP como regulador?
De seguida, e numa atitude clara de apego ao lugar, comunica obviamente que nem lhe passa pela cabeça demitir-se. Claro! A mim, ganhando principescamente o que ele ganha e fazendo o que ele faz, também não me passaria pela cabeça demitir-me. Se quiserem que o demitam, sempre deve dar direito a indemnização, reforma, etc.
Também deixou algumas propostas para o futuro da regulação: "A moldura penal deve ser um pouco alterada para poder ser mais ágil, para punir e prender prevaricadores neste domínio", disse, acrescentando que outra das alterações devia passar pela "criminalização de algumas situações que neste momento são objecto de contra-ordenação, como a prestação de informações falsas". A questão que eu ponho é a seguinte. Se o BdP não consegue sequer identificar as situações de prevaricação, para que servirá legislação que as puna criminalmente?
De tudo isto salvou-se uma outra sugestão, a de colocar “equipas permanentes” de supervisão nos “maiores bancos”. Passamos do Estado regulador para o Estado controlador mas tudo bem. Aparentemente no BdP acredita-se que tudo está no melhor dos mundos. Deve ser uma questão de fé!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O caso BPN

Mais uma trapalhada envolvendo o Banco de Portugal (BdP). Depois do caso Millenium/BCP e da operação furacão, eis que o sistema financeiro e o seu regulador se vêm envolvidos em mais uma grande confusão. O caso Millenium/BCP mostrou à saciedade que o actual BdP não se adaptou convenientemente às suas funções de regulador. Mas estranhamente, nunca mais se ouviu falar do caso. Como se encontra o caso Millenium/BCP? A operação furacão ameaça tornar-se em mais um caso desperdício de fundos numa investigação que, como todos os caso mais recentes, acabará com incidentes processuais e sem provas claras para condenar o que quer que seja. E o BPN?
Depois de se ouvir, o ministro das finanças, o governador do BdP, o presidente do BPN, alguns dos seus accionistas e alguns comentadores de economia de jornais e televisões chega-se facilmente que alguém (ou muitos “alguéns”) mente. O governador do BdP diz que não teve conhecimento, até Julho deste ano, das operações ilegais realizadas pelo BPN. Camilo Lourenço mostra numa televisão a capa de uma revista (salvo erro, da Exame) da qual era director e onde desvendava os negócios obscuros do BPN (isto no ano de 2005, salvo erro). Por esse motivo foi condenada a pagar uma indemnização. Ricardo Costa e o editor de política da SIC garantem que “toda a gente” sabia dos negócios do BPN há muito tempo e que, pelos vistos, só o BdP não os conhecia. Os accionistas dizem desconhecer esses negócios até ao momento em que o actual, ex ou futuro ex presidente do BPN (Miguel Cadilhe) lhes mostrou o processo em Julho. Confuso? Não, uma trapalhada bem à portuguesa. E, ou muito me engano ou o seu final também vai ser bem à portuguesa: infindáveis investigações que darão em nada até que o processo será esquecido de vez. Claro que também não se aprenderá nada para o futuro.
Para terminar apenas uma palavra para Ricardo Costa, ultimamente a disparar em todas as frentes. Sabia de tudo como “toda a gente” e o que fez? Pelos vistos nada. Isto deve ser o futebol a fazer doutrina. Lembram-se do Octávio Machado e a sua célebre frase “Vocês sabem do que eu estou a falar”. Parece que, também no mundo financeiro, toda a gente sabe tudo mas ninguém diz nada. Eu, continuo sem saber o que se passou e percebo ainda menos como se continua a falar em código como se toda a gente tivesse acesso à informação que, pelos vistos, alguns jornalistas têm e não a divulgam. Resta saber porque razão?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A palmada e os maus tratos

Não sei a que propósito nem com que propósito, mas ontem, domingo, a RTP 1 nos seus noticiários da tarde e da noite insistiu na mesma reportagem: uma palmada aos petizes (filhos, netos, sobrinhos ou outros) pode dar, no mínimo, 1 ano de cadeia. Mais, estamos na vanguarda deste tipo de legislação. Acompanham-nos outros 22 países em todo o mundo.
Recordaram-nos as aberrações que justificaram tal lei: uma palmada é considerado mau trato, os petizes ficam traumatizados e ficarão afectados para toda a vida, os petizes que são mal tratados (sim porque para os especialistas ouvidos, psicólogos, pedopsiquiatras e juristas, uma palmada dada esporadicamente é equivalente a um mau trato) vão crescer num ambiente de violência e seguramente irão eles também ser violentos e promoverão também a violência. Enfim, os pais devem apenas alertar os petizes para os seus actos e as suas consequências. Claro que nem por um minuto passa pela cabeça desta gente que crianças com 2, 3, 4 ou 5 anos não tenham o grau de compreensão e de apreensão de determinados conceitos como uma criança de 8 ou 9 anos ou de adolescente de 13 ou 14.
Assim, se já se assiste à desresponsabilização da educação dos pais em favor das escolas, dos ATL e da sociedade em geral, agora promove-se também o desincentivo dos pais em incutir valores como o da autoridade e da responsabilidade.
Quantos de nós não levou uma palmada dos nossos pais ou avós?
E quantos de nós tem problemas psicológicos e traumáticos por causa disso? Quantos de nós nos tornámos adolescentes e adultos violentos?
Mas cada vez há mais casos de violência entre jovens, entre jovens e adultos (pais, professores, etc.) e de completo desrespeito das mais elementares regras de civismo por parte de miúdos e de adolescentes. Porquê?
Porque, coitadinhos, em pequeninos não se lhes podia repreender, contrariar ou dar uma palmada, etc. Quando uma palmada é comparada a maus tratos está tudo dito.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Magalhães, Magallanes e outras pequenas estórias


  • É certo que já se passou algum tempo, mas é difícil não resistir falar da promoção do computador Magalhães feita pelo Primeiro-Ministro José Sócrates na Cimeira Ibero-Americana da semana passada. Confesso que o que mais me deixou espantado foi vê-lo fazer promoção de um produto comercializado por uma empresa privada. Desconheço se o Presidente Lula da Silva fez publicidade de um novo jacto da Embraer, ou se Zapatero falou nas virtudes inequívocas do tecido das peças da Zara, mas em todo o caso achei aquilo um bocado descontextualizado. Será caso para dizer “Negócios privados, públicas virtudes”? Acho no mínimo dúbio.


  • Uma das coisas boas do Orçamento de Estado foi, na minha modesta opinião, o de finalmente ter aparecido a Oposição a fazer o que realmente lhe compete, isto é, apresentar ideias alternativas. Andava ela adormecida e eis se não que a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, começa a apresentar ideias e interpretações diferentes das que o Governo fazia do Orçamento de Estado. Que mais investimento público não é sinónimo de crescimento e desenvolvimento económico, que as prioridades são o incentivo à iniciativa privadas, etc, etc, etc. Até aqui tudo bem. Só não entendo é como uma mulher com tanta experiência política cometeu a grafe de dizer que mais obras públicas iriam reduzir o emprego de Cabo Verde e da Ucrânia… Então os imigrantes que trabalham no nosso país não são eles residentes no nosso país? Não pagam eles também impostos? E não haverá portugueses a trabalhar na construção civil?

  • Matthias Sindelar é provavelmente um nome desconhecido para a grande maioria das pessoas. Não é de espantar. Pertenceu à selecção austríaca que, nos anos 20 e 30 do século passado, era considerada como uma das melhores do mundo. Antes da anexação formal da Àustria pela Alemanha Nazi, houve um jogo amistoso entre as duas selecções. O empate final estava pré-determinado mas, a 20 minutos do fim, Sindelar e um colega resolveram marcar dois golos que deixaram os representantes Nazis furiosos. (Conta-se até que Sindelar celebrou de uma forma extravagante o seu golo em frente à tribuna de honra...) Até ao ano em que morreu de uma forma algo enigmática (1939), Sindelar sempre se recusou a jogar pela selecção alemã alegando lesões ou a idade como desculpa. Lembrei-me desta história por causa do que o ex-embaixador João Hall Themido escreveu nas suas memórias sobre Aristides de Sousa Mendes. Diz o ex-embaixador que Aristides de Sousa Mendes foi uma mistificação criada pelos Judeus e acusa-o de actuação irregular ao longo da sua carreira diplomática. É bem provável que Mendes tenha sido isso tudo. Mas não pertencerão Sindelar e Mendes àquela rara categoria de pessoas que, em situações moralmente difíceis, acaba por agir não de acordo com o “politicamente correcto” mas com base nos seus próprios valores? Não serão estes que, no fim de tudo, farão a diferença? Penso que sim.

  • Para mim, um Outono sem castanhas assadas é quase como ter Verão sem sol e calor. Adoro castanhas assadas. Para mim, as melhores são as que são vendidas na intersecção da praça de Londres com a rua de Paris. Honestamente. O homem que as vende já o faz desde a década de 50 e nunca me lembro de ter apanhado a famosa “castanha estragada” do lote. Mesmo que o lote seja apenas de meia-dúzia! Se por acaso passarem por lá, experimentem e vejam se não tenho razão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Parkour

É impressionante a forma com que os obstáculos são ultrapassados neste vídeo. Segundo me disseram, é de um praticante de Parkour, uma actividade física com uma filosofia mais próxima da auto-defesa do que de um qualquer desporto tradicional.

Para mim, que investiguei um bocado o tema, Parkour e Free Running são quase a mesma coisa, mas confesso que não sou especialista para diferenciar uma coisa da outra. Desconheço a adesão desta actividade em Portugal, mas de qualquer forma confirmo já ter visto uns jovens a fazer uns malabarismos destes no local onde costumo fazer a minha corrida dominical.

(vídeo enviado por e-mail)

Na sequência do “Copia quem copia”

Confesso que no início pensava apenas fazer um breve comentário ao post do Dekuip sobre o “Caia quem caia”. Mas depois pensei melhor e achei que poderia aproveitar e prestar a minha homenagem àquele que foi o primeiro apresentador do programa “CAiga quién caiga” em Espanha: El Grand Wyoming
Em referência ao Posto de Dekuip intitulado “Copia quem copia” confirmo que se trata de um formato originário da Argentina. No entanto, e confirmando as suspeitas do Dekuip, também é verdade que se tornou popular em Espanha em 1996 (sim, este formato já tem 12 anos). Na primeira época de emissão o seu sucesso ficou a dever-se em muito a um médico que se tornou num comunicador e num humorista verdadeiramente excepcional (cínico, irónico, apaixonado, prepotente, mas acima de tudo fabuloso e hilariante). Chama-se José Miguel Monzón, mas é conhecido no meio televisivo por El Gran Wyoming. Durante os meses que passei em Espanha, neste último ano, Wyoming foi responsável pelos maiores e melhores momentos de humor da televisão espanhola (Buenafuente também não esteve mal). Na cadeia La Sexta, é o apresentador de “Intermedio”, o programa diário de humor (corrosivo) que foi notícia em Portugal por alturas do Euro 2008 quando declarou que iria apoiar a selecção portuguesa pois a espanhola nunca passava dos quartos de final (quando lá chegava). Foram memoráveis os sketches e as piadas feitas e ditas nessa altura, assim como fantástica era a sua equipa (Thais Villa, Beatriz Montañez, Soon You, Cristina Peña, etc.).
Fazia questão de assistir ao “Intermedio” diária e religiosamente. Sem prepotência, sem arrogância, sem ter a pretensão de querer educar ou influenciar o telespectador, o objectivo é apenas analisar o que se passava durante o dia e apresentá-lo de uma forma irónica e corrosiva e que divertisse quem assiste ao programa.
E nisso Wyoming é um mestre!
Assim, aproveitando a (boa) deixa do Dekuip, aproveito para aconselhar uma visita ao site da La Sexta e entrar na área dedicada ao Intermédio e ver alguns dos momentos mais hilariantes do programa.
Ao terminar, uma última frase para o grande responsável deste post:
Wyoming és o maior! Buenafuente é bom mas tu és o melhor!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

CTT e combate à pobreza e exclusão social


(informação enviada por e-mail)

A partir de 1 de Dezembro, os CTT vão disponibilizar a rede das suas agências espalhadas pelo país para facilitar a entrega de donativos a instituições de solidariedade social. Os donativos são enviados gratuitamente. Basta para tal deslocarmo-nos a uma estação dos correios. Mais informações podem ser obtidas aqui e aqui.

Fotografia em profundidade

Para quem gosta do tema, talvez seja interessante ver esta fotografia com vista panorâmica 360ºx180º. Para "ver em redor" basta utilizar rato, arrastando-o para a zona que pretendemos observar.

Não sei como o fotógrafo finlandês a fez, mas está muito gira. Já agora, o site do fotógrafo desportivo pode ser visto aqui.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Aljubarrota


Ainda bem que existem projectos que, fazendo uso das novas tecnologias da informação, preservam a memória colectiva de um povo.

É o caso do Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, recentemente aberto ao público. Vale a pena visitar o site aqui. O trailer da batalha de Aljubarrota é muito bom. Há também informações sobre outras batalhas como a dos Atoleiros ou a de Trancoso.

Em poucos minutos ficamos a saber mais sobre por que razão é que um país como Portugal, sem grandes barreiras naturais, se afirmou como país autónomo e independente na Península Ibérica. Quem sabe se não está aqui um pouco da fórmula para nos afirmarmos no mundo de hoje?

Algumas razões para um Europeu preferir Obama


Não sendo um grande especialista na matéria, aqui vão algumas razões que me levam a preferir Barack Hussein Obama.

1º porque estamos fartos de ver a nossa vida afectada por Presidentes escolhidos por pessoas que acham que o nome Hussein é sinónimo de ligações terroristas

2º porque podendo até não ser assim tão diferentes, Obama não estará, caso seja eleito, vulnerável à vontade dos sectores ultra-conservadores do Partido Republicano

3º porque o que acontece nos EUA serve de indicação para o mundo inteiro e já era altura de, nos tempos que correm, aparecer um candidato vencedor que escolha a pobreza como um dos temas para a sua campanha

4º porque a eleição de um negro poderia ajudar a “despertar”, noutras partes do mundo, minorias e franjas da sociedade que tradicionalmente não participam na vida política de um país.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A histeria na televisão portuguesa

Admito que posso estar a ser injusto. Admito que a histeria seja colectiva e extensiva à maioria das televisões europeias. Mas parece-me que em Portugal os nossos três canais se estão claramente a exceder. Mas o caso mais escandaloso é o da RTP. Porquê?
Bem, acima de tudo porque a SIC e a TVI são canais privados, logo o dinheiro desbaratado não vem directamente do bolso dos contribuintes. Se os seus accionistas concordam com os critérios utilizados quem sou eu para lhes dizer como gastar o dinheiro. Já com a RTP o caso é diferente. Escuso-me de reiterar todos os argumentos já estafados sobre a forma como a RTP esbanja o erário público, centremo-nos nos factos.
A RTP tem um excelente jornalista como correspondente em Washington que é Vitor Gonçalves. É sóbrio e faz o seu trabalho sem sensacionalismos nem exuberâncias. Para o acompanhar a RTP resolveu enviar mais três enviados espaciais, dois para os EUA (Márcia Santos e Judite de Sousa) e um, pasme-se, para o Quénia. Sim, escrevi bem, para o Quénia. Começando por este, a RTP considerou importante enviar um jornalista para a aldeia onde vive a avó paterna do candidato Barak Obama. Têm sido reportagens muito interessantes: entre outras pérolas, ficámos a saber que toda a gente no Quénia espera, reza e faz bruxarias para que Obama ganhe; também ficámos a saber que um negócio em franca expansão é o da estampagem de t-shirts com a cara de Obama; por sua vez a avó do candidato só falará depois das eleições. Eu pergunto: o que passou pela cabeça das gentes da Av. Gomes da Costa para enviar um jornalista para o Quénia para cobrir as eleições americanas. Pela mesma lógica deveriam ter enviados jornalista para: 1) Hawai: onde vive a avó materna, ainda por cima doente e ond e Obama viveu; 2) Indonésia de onde era o padrasto e onde Obama também viveu; 3) Vietname, onde McCain foi feito prisioneiro durante 5 anos; 4) Todos os sítios por onde McCain e Obama tenham passado. Estou certo que haveriam estagiários dispostos a tão árduos trabalhos. Passemos para Márcia Santos. Foi com mais de um semana de antecedência para os EUA. Para o Arizona, onde McCain foi eleito senador? Para a Chicago de Obama? Não, nada disso. Para Las Vegas. Sim, Las Vegas. Estive no Nevada no ano passado e, apesar de ser um Estado não definido em termos eleitorais, não creio que mereça destaque durante 1 semana. Ora era o desemprego em Las Vegas, ora era a crise imobiliária em Las Vegas, ora eram os casinos em Las Vegas, ora era o apoio dos Navajos do Rio Grande a Obama. Faltou uma grande reportagem sobre a Hoover Dam e sobre o sítio onde se despenhou o avião de Steve Fosset. Continuação de boas férias, Márcia.
Fiquei com pena de Judite de Sousa. Só chegou na 5ª ou na 6ª feira mas foi notícia de abertura do Telejornal (TJ). Sim, J.R. Santos não se esqueceu de abrir o TJ com a grande notícia: a RTP já tinha a sua equipa de enviados às eleições americanas completa. Fico à espera das reportagens de Judite de Sousa a partir, por exemplo das Cataratas do Nyagara.
BRAVO RTP. Ah, peço desculpa mas vou para casa. Estou ansioso por ver a reportagem enviada pelo enviado especial ao Quénia.

Rankings de escolas

Apesar de achar que os Rankings de escolas secundárias promovidos por jornais serem melhor do que não termos nada, aqui vai o endereço de um post que vale a pena ler sobre este assunto.

Diz-me o que lês…


…e dir-te-ei quem és. Não sendo especialmente um crente deste conhecido adágio, pus-me um dia destes a pensar nos livros que li nos últimos dois meses. Foram eles “As benevolentes”, de Jonathan Littell, “O um dividiu-se em dois”, de José Pacheco Pereira, “A matemática das coisas”, de Nuno Crato e, last but not least, “Ir prò maneta”, de Vasco Pulido Valente.

São livros completamente diferentes. O primeiro, vencedor do prémio literário francês Goncourt de 2006, é uma ficção assente nas memórias de um ex-oficial de carreira nazi chamado Maximilien Aue. Fez-me lembrar um outro livro, este sobre um acontecimento bem real, chamado “Eichmann em Jerusalém: uma reportagem sobre a banalidade do mal” de Hannah Arendt.

O livro de Pacheco Pereira ajudou-me, entre outras coisas, a perceber melhor o significado e a importância históricas das expressões “Marxista-leninista” e “Revisionismo”.

O “A matemática das coisas” é um livro leve que me fez essencialmente ver o quão presente está a matemática na nossa vida diária.

O último livro, fala da invasão de Junot de 1808 e da resistência popular (e de guerrilha) que existiu nessa altura contra os invasores franceses e o poder estabelecido do Antigo Regime.

Estou convencido que, por si só, a enumeração destes livros não diga lá grande coisa sobre o que sou (ou sobre qualquer outra pessoa que os tenha lido). Isto porque, na minha opinião, os livros são apenas materiais de construção. São blocos de cimento, tijolos de conhecimento. O cimento que os une é, no entanto, a forma como relacionamos a informação que encontramos, os livros que lemos.
É este “cimento”, que varia de pessoa para pessoa, que revela mais o que um indivíduo é do que propriamente o que ele lê…

Copia quem copia

(imagem retirada da Wikipedia)

Na passada semana vi a estreia do programa humorístico “Caia quem caia” na TVI. Foi por pura coincidência pois não fazia a menor ideia de que programas deste tipo, irreverentes e com um tipo de humor mais refinado, eram apostas da TVI. Parabéns.

No entanto, o programa deixou-me a sensação de dejá vu. É que tinha a clara sensação de que já o ter visto em Espanha há alguns anos atrás. E estava certo. O programa, originário da Argentina, chama-se no original “Caiga quien Caiga”, foi exportado para inúmeros países (Brasil inclusive) e está até na Wikipedia.

É nestas alturas que valorizo programas como o que é apresentado pela Catarina Furtado aos fins-de-semana. É que apesar de não gostar dele, parece que o “A minha geração” é uma ideia original.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Os europeus e as presidenciais americanas

A Europa (e perdoe-me o resto do mundo por não ter um conhecimento tão aprofundado sobre o que por lá se passa) anda preocupadíssima e ansiosíssima com as eleições nos EUA.
É claro que “toda a gente” (ou seja, a grande maioria da qual não faço parte) deseja e espera que Obama ganhe. Porquê?
Bem, a maior parte das pessoas afirma que é preciso mudar (o lema de Obama é “Change”). Mudar para onde e para o quê? Isso ninguém sabe exactamente e, na Europa, nem se interessa por tentar saber. O importante é Obama ganhar.
Eu, por mim, pela primeira vez não me repugna que ganhe o candidato democrata. Não porque ache que Obama seria melhor presidente que McCain (antes pelo contrário), mas porque pela primeira vez não sinto que haja diferenças substanciais entre os dois. Sendo injusto para McCain, até me atreveria a dizer que, afinal, preferia que Obama ganhasse. Porquê?
Em primeiro lugar porque, como disse, as diferenças entre ambas não são substanciais. Em segundo lugar, para que os europeus entendam que os seus interesses não correspondem exactamente aquilo que são os interesses dos EUA e há que viver com isso. Terceiro, para os mesmos europeus compreenderem de uma vez por todas que, em política externa (que é o que interessa aos europeus), a diferença entre democratas e republicanos é praticamente nula. Quarto, porque seria um murro nos dentes de muita gente a eleição de um negro para presidente dos EUA. E quinto e último para ver quanto tempo os adoradores europeus de Obama vão continuar a louvar o presidente como louvaram o candidato (ou seja, quanto tempo resistirão até o começarem a mimoseá-lo, com os adjectivos do costume, como fizeram com todos os anteriores presidentes dos EUA, Clinton inclusive).
A propósito das eleições presidenciais americanas que empolgam por mais tempo os europeus que os próprios americanos, sugiro a leitura da revista “Pública” (suplemento do jornal “Público”) de 26 de Outubro. Temos de tudo. A visão tipicamente europeia, a visão de vários americanos de diversas proveniências e de partidos diferentes e depois as visões individuais de vários articulistas. A não perder a entrevista e as respostas de Jerry Hagstrom, bem como o artigo de João Marques de Almeida.
Aliás, com a devida vénia, transcrevo aqui o último parágrafo desse artigo de João Marques de Almeida, intitulado ”Interesses do mundo” ou um “mundo de interesses”:
“Um dia, percebe-se que, afinal, Obama é um “Presidente americano” e que, no mundo, há muito menos “americanos” do que no dia 4 de Novembro. Os “interesses do mundo” voltarão a ser substituídos pelos interesses americanos. E a política voltará a ocupar o lugar dos desejos. Nessa altura é que se verá quem é que apoia, verdadeiramente, o presidente Obama.”
Eu continuo a acreditar que, felizmente, os europeus irão ter mais uma grande desilusão caso Obama seja eleito. Pode ser que assim comecem a olhar os EUA nas suas múltiplas vertentes.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Festival Internacional de Banda Desenhada

Para os que gostam do tema, está aí mais uma edição do festival de BD da Amadora. Mais informações aqui. Este ano o tema central é a ficção científica.

Ele há azares dos diabos

Acabo de ler um aviso automático da Ordem dos Economistas sobre um “jantar/debate” acerca da “Opção Nuclear”. Lembram-se deste tema? Se calhar não. Não admira, tendo em conta as recentes diminuições dos preços dos combustíveis.

Como é óbvio, esta “opção” é sempre um tema passível de ser debatido. Num país onde há o hábito de discutir tudo e mais alguma coisa - desde o último derby, passando pelo último acordo ortográfico, até às grandes opções energéticas do país - a “quente”, trazer para a praça pública um assunto relevante, antecipando necessidades futuras, seria algo de louvar. Afinal de contas, não é também para isto que servem as elites de um país democrático? (Espero bem que sim. Pelo menos foi o que me ensinaram na escola...)

Eu, pelo meu lado, limito-me a registar o evento e a aventar que, azar dos azares, ela não terá assim uma tão grande adesão com seria de esperar há umas semanas atrás. O jantar/debate realiza-se no dia 11 de Novembro pelas 19h30 na sede da Ordem (custo:35€).

Uma modesta achega. Fernando Nobre, presidente da AMI, após ter chegado de uma visita à Ucrânia, disse que todos os que defendem a opção nuclear deveriam ir a Chernobyl. Talvez, talvez. Isto porque há azares dos diabos!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A questão do aumento do salário mínimo nacional (SMN)

O debate suscitado sobre o aumento de €426 para €450 é de facto interessante e convém analisar as diversas observações feitas. Ainda bem que o Dekuip suscitou esta discussão no nosso blog. Mais uma vez reafirmo o facto de me considerar absolutamente insuspeito nesta discussão e em particular sobre a minha posição. Não votei PS, não apoio este governo, não votarei PS nas próximas eleições.
O aumento proposto para 2009 para o SMN é de facto de 5,6% como observou o VIP. No entanto, insisto que este aumento não deve ser visto nestes termos. Este aumento insere-se num acordo em sede de concertação social (Governo e parceiros sociais (4 entidades patronais + 2 centrais sindicais)) assinado há cerca de dois anos e que estabelecia os valores do SMN para os três anos seguintes (2009 inclusive). Logo este aumento está previsto já há algum tempo.
A questão deste aumento se cifrar em 5,6% face a 2007 tem um impacto insignificante nas discussões de aumentos salariais para o sector privado para 2009. Para essa discussão o valor de referência são os 2,9% de aumento para a função pública (FP) (aqui uma medida claramente eleitoralista e despropositada no actual contexto – mesmo tendo em atenção a perda de poder de compra que tem afectado nos últimos anos a FP). A questão não é pois os 5,6%.
A questão que se pode colocar (essencialmente nos sectores que praticam salários muito baixos) é a de haver categorias/funções (pagas ao nível do SMN) que se aproximam ou mesmo ultrapassam categorias/funções que inicialmente auferiam valores superiores. Isto pode levar a um efeito cascata de actualizações de algumas categorias de forma a manterem o escalonamento inicial. Ex: dois trabalhadores que em 2008 auferiam €435 e € 426. Se o primeiro for aumentado apenas em 2,9% passaria a auferir €447,62 (na realidade receberá €450) enquanto o seu colega passará a receber os €450. Para manter a diferença inicial de €9, o seu aumento deveria ser de 5,1%.
No entanto esta questão apenas se põe, de facto, nas actividades capital intensivo ou em funções pouco qualificadas.
Reafirmo que esta é essencialmente uma questão de dignificação de quem trabalha.
Seria curioso, por exemplo, saber qual a taxa ou valor de actualização de rendimento social de inserção que premeia, na maioria dos casos, quem continuadamente se recusa a trabalhar.

PS: Este texto foi colocado também no blog bolanaquinta.blogspot.com

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A origem

Este blog foi criado a 20 de Outubro de 2008 por um conjunto de pessoas que, acima de tudo, gostam de debater e de expor as suas ideias sobre os mais variados temas, desde a economia (área de formação da maioria dos participantes) à política, passando pelo desporto e, no fundo, por todos os assuntos que nos invadem o dia-a-dia.
As ideias e os pensamentos deste grupo de pessoas não têm qualquer tipo de coesão e manifestam uma profunda heterogeneidade de posicionamento, seja em questões ideológicas e políticas, económicas, clubísticas, ou outras.
Assim, o “Portugal visto daqui” pretende ser um espaço de opinião, debate e divulgação tendo sempre como ponto de partida o posicionamento dos seus autores nas suas mais variadas vertentes. (por Squadra Azzurra)