terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A moeda única


Passaram 10 anos desde a sua criação, obrigando-nos a "esquecer" o Escudo, a nossa moeda.

Criada em 1999, a moeda única é o maior trunfo/triunfo da União Europeia. Gradualmente introduzida nos países da UE, eliminou o risco cambial, estabeleceu bases para uma verdadeira Economia Comum. Mas ainda falta muita coisa para esta realidade. A harmonização fiscal é, possivelmente, o maior desafio/entrave. Parece ser difícil, se não impossível, que se consiga uma verdadeira aproximação daquele conceito.

O que sentimos nós, portugueses, com a substituição do escudo pelo euro?

Além do efeito óbvio da mudança de moeda, o primeiro resultado foi uma inflação anormal. Apesar dos valores oficialmente apontados, acredito que o efeito nos preços foi muito superior. Se tivermos em conta o preço de um simples café, antes do euro custava qualquer coisa como 60 escudos e após, o seu preço foi marcada na casa dos 40. Conversão directa: de 30 para 40 é um aumento de 33%.

Outro efeito foi a perda de poder de decisão nas políticas monetárias. Apesar de ser uma economia pequena, Portugal tinha a sua moeda e geria-a consoante as suas vontades. Agora, Bruxelas decide e Lisboa nada pode fazer (salvo aquelas reuniões em que pode votar).

A moeda única apresentou uma vantagem que se reflectiu nas relações comerciais com os parceiros euro. Sem risco cambial, as transacções são fáceis de fazer e directamente realizadas. As viagens, as transferências de fundos dos imigrantes e as compras à distância ficaram mais fáceis. Na balança de transacções, as operações ficaram dependentes do valor do euro e não do escudo, ou seja, menos flutuação da moeda, menor espaço para a arbitragem, menor risco. Será mesmo assim?

Para o cidadão comum, ficou melhor ou pior? Esta questão fica em aberto para as vossas opiniões. A minha é de que ficou, apesar de tudo, melhor.

5 comentários:

GreenFlag disse...

Sentimentalismos e patriotismos à parte, também concordo que, globalmente, estamos muito melhor com o Euro do que estariamos com o escudo. Penso que isso é particularmente verdade nestes tempos de crise, sobretudo a financeira. Se é verdade que quem costuma viajar fiou consideravelmente melhor, passámos, de facto e de um dia para o outro, a pagar bem mais pelo menos produto. Se, de facto, se eliminou o risco cambial nas transacções, também é verdade que se abdicou da possibilidade de desvalorizações competitivas da nossa moeda. Se perdemos dois instrumentos de política económica como são a política monetária e a cambial também é verdade que ficámos sob a capa protectora do sistema monetário europeu e de uma moeda única comum a, salvo erro, 15 países. Fazendo um balanço, e como disse no início, penso que apesar de tudo o balanço é positivo. Fica uma mágoa: o de todo este "projecto europeu", desde a nossa adesão à então CEE até aos dias de hoje nunca ter sido sufragado nas urnas como merecia para acabar com algum tipo de argumentações de alguns partidos.

DeKuip disse...

Também acho que globalmente estamos melhor com o Euro. Só não concordo com a medida de inflação que utilizas no post. Um café?! Acho um bocado enviezada... É daquelas que faz com que a populaça, entretida no seu torpor diário, se levante e diga "é verdade, malandros!!!, a inflação subiu 33%!!!"... A medição de um fenómeno como a inflação é algo complexo. Meter toda a informação relativa a movimentos de preços de uma economia num único número não é tarefa fácil. Há que fazer ponderações, há que ter em linha de conta outros preços... e depois há os preços que nos lembramos mais vezes (as "bicas"). Mas terão sido estes os que representaram a evolução global?

DelhiVoice disse...

É claro que o preço de um café não serve para calcular a inflação, no entanto, estou convencido de que o aumento dos preços foi muito superior ao anunciado na altura (não consegui ver a de 1999), que em 2002 foi de 4%.

GreenFlag disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
GreenFlag disse...

Já agora só uma correcção ao meu 1º comentário: o nº de países tendo o Euro como moeda já é de 16. A Eslováquia introduziu-o precisamente no dia 1 de Janeiro de 2009.