segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Fazer alguma coisa

Como é público, o actor João de Carvalho, filho do actor Ruy de Carvalho, vai ser o próximo candidato do PSD à câmara de Vila Franca de Xira. Há cerca de um mês atrás, quando questionado por que motivo se mostrava disponível para as próximas eleições autárquicas, João de Carvalho justificou-se com o “desejo de fazer alguma coisa” (ver notícia aqui).

A promoção de figuras públicas a candidatos deste ou daquele cargo político não é uma novidade em Portugal. Basta lembrarmo-nos da deputada Manuela Moura Guedes e do vereador Nicolau Breyner.

Recentemente, para além de João de Carvalho, Laurinda Alves é candidata pelo MEP às eleições europeias e, muito recentemente, até o ex-inspector da Polícia Judiciária Gonçalo Amaral foi noticiado como possível candidato a uma câmara municipal algarvia.

Desconheço se João de Carvalho, Gonçalo Amaral ou Laurinda Alves terão alguma vez tido alguma experiência política relevante. Ou se terão, caso forem eleitos, as capacidades para gerir a coisa pública. Até pode ser que sejam, quem sabe e Deus queira que sim (e nós sabemos que Deus é grande!).

O que posso dizer é que, apesar de tudo, esta forma de fazer política não me seduz. É que me cheira à política do invólucro. Do embrulho. Do tiro de pólvora seca. É a política do parecer ser, do nome pelo nome, da importância do apelido. Uma política ausente de quaisquer valores que não sejam o da caça ao voto. O dos caciques locais. O mundo da política que tem o desejo de fazer qualquer coisa...

Qualquer coisa!? E ninguém pergunta o quê, como, com que recursos e com que provas dadas? Talvez ainda não seja a altura apropriada para estas perguntas. Espero é que os votantes de Vila Franca de Xira e de todos os lugares onde se apresentem "candidatos-figuras-públicas" não se esqueçam de as fazer no momento de votarem.

4 comentários:

GreenFlag disse...

Considero que tens toda a razão no aproveitamente eleitoral que todos os partidos fazem de figuras mais ou menos mediático. Acho deplorável. No entanto a crítica a que não tem experiência, nem conhecimentos de gestão da coisa pública parece-me injusta. Quanto autarcas, quando foram eleitos a tinham? A crítica parece-me tanto mais injusta se atendermos ao modo como a "coisa públia", naciuonal ou local, tem sido gerida pelos profissionais da política. Não querem que cite outra vez os Armandos Varas deste país, poius não?

DeKuip disse...

Não é injusta. E já agora, aproveito para dizer que, segundo ouvi falar, a performance de Armando Vara na CGD foi boa e até louvada. Se é verdade que ele se aproveita do que existe para ser promovido, também é verdade que outros o fazem e o fizeram antes dele. Ouviste alguma coisa sobre o assunto? Não. Não quero dizer com isto que concordo com promoções fora do quadro e coisas do género. Mas em relação aos outros, a comunicação social fica bem caladinha... Como já tive a oportunidade de ler num outro Blogue, se o Armando Vara tivesse nascido em Cascais, ou pertencesse a um outro partido, se calhar mais à direita, não falavam tando dele na comunicação social.

GreenFlag disse...

Eu disse "os Armandos Varas", no plural. Alís o trablaho foi tão bom, mas tão bom que foi para o BCP e ainda conseguiu a tal "promoção" na CGD. Mais, ao essencial do comentário disseste nada: em geral o que tem ganho o país e as autarquias com políticos profissionais, saídos quase todos das jotas (Pedro P. e Carlos Coelho, Tozé Seguro, António Costa, Sousa Pinto, Manuel Monteiro, João Almeida, Benardino Soares, etc, etc...)? Eles ganharam. A maioria nunca trabalhou na vida, passou pela AR, pelo Parlamneto Europeu (para descansarem das agruras da vida nacional), pelos governos, por empresas ou escritórios de amigos políticos, etc. A ordem do percurso é mais ou menos arbitrária.

Anónimo disse...

É um ponto de vista interessante o seu... no entanto não posso deixar de perguntar o que é que uma figura pública tem mais do que uma figura não pública...
Ou então, se partirmos do seu outro ponto de vista, o das provas dadas, chegamos rapidamente à conclusão de que apenas os candidatos que já foram (bons) Presidentes de Câmara poderão bons futuros Presidentes de Câmara...
Quanto às actividades profissionais deste tipo de candidatos, que por serem actores, não serão bons autarcas, seria interessante fazer o exercício de descobrir as profissões que os Bons Autarcas tinham antes de serem eleitos...

Portugal visto daí pode ser interessante, mas aconselho que adquira uns binóculos... para ver mais longe...