quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Eric Arthur Blair

Mais conhecido pelo seu pseudónimo, George Orwell é provavelmente um dos autores britânicos mais influentes do século XX. Quem pretender analisar a literatura e o contexto político da primeira metade do século passado, seguramente entenderá como inevitável estudar a sua obra, que abrange a poesia, o jornalismo, o ensaio e o romance.

Seguramente o próprio Orwell se definiria a si próprio como um típico produto do seu tempo, marcado pelas consequências sociais da grande depressão, pelas tensões políticas derivadas da ascensão ao poder dos totalitarismos (de esquerda e direita) e a crise de identidade do império britânico.

Orwell nasceu na Índia em 1903, no que ele definiu como uma “família da parte alta da classe média-baixa”. Os inícios da sua vida encontram-se também ligados ao serviço ao Império. Entre 1922 e 1925 foi oficial da polícia colonial na Birmânia, sendo as suas experiências deste período a semente para a sua vocação e também o foco temático dos seus primeiros trabalhos.

Sem estudos superiores, volta a Inglaterra a uma vida com rumo incerto. Publica trabalhos ocasionalmente, e pouco a pouco constrói uma sólida imagem de jornalista e ensaísta, cujos trabalhos descrevem com especial pormenor as condições de vida das camadas mais desfavorecidas da sociedade. Em 1933 publica o seu primeiro trabalho com o pseudónimo George Orwell.

A sua experiência na Birmânia tornou-o convictamente anticolonialista, e a situação socioeconómica da Inglaterra dos anos 30 profundamente socialista. Neste contexto, o início da Guerra Civil Espanhola em 1936 chama-o a concretizar a sua ideologia juntando-se à luta nas milícias do POUM (Partido Obrero de Unificación Marxista) na frente de Aragão. Ferido no pescoço, é enviado à retaguarda, e durante a sua recuperação tem lugar a chamada “guerra civil de Maio” em Barcelona. As facções antifascistas lutam entre 3 e 7 de Maio pelo controlo político do governo e das operações militares na Catalunha. O resultado é a vitória dos comunistas apoiados pela URSS (e pelo governo central da República, pois a URSS é a única potência estrangeira que toma partido contra os fascistas) e a ilegalização do POUM e outras facções de inspiração anarquista. Orwell é obrigado a fugir para Inglaterra, dando lugar as suas experiências nesse período ao livro “Homage to Catalonia”.

Durante a Segunda Guerra Mundial junta-se à Home Guard, dado que é declarado inapto para o serviço militar activo, e continua com a sua produção literária, para além dos seus trabalhos como locutor na BBC. Em Agosto de 1945 publica “Animal Farm”, sátira poderosa do regime soviético, num contexto no que a URSS era ainda vista por muito como um aliado. Sem dúvida, as suas convicções “socialistas democráticas” e as suas vivências em Espanha influenciaram largamente a sua visão do gigante soviético.

Em 1949 é publicada a sua obra mais conhecida, “1984”, que teve um profundo efeito no mundo de pós-guerra. De novo Orwell mostra claramente o seu desprezo pelos totalitarismos, dando especial atenção às ferramentas que estes podem usar, como o abuso do nacionalismo.

A escrita de Orwell apresenta um estilo directo e uma linguagem simples. As suas posições políticas e convicções pessoais estão sempre presentes: um patriotismo nostálgico, a visão de uma sociedade igualitária e democrática e um profundo sentido crítico são os eixos centrais da sua obra.

Orwell morre de tuberculose a 21 de Janeiro de 1950. É enterrado sob uma lápida com um epitáfio simples: “Here lies Eric Arthur Blair, born June 25, 1903, died January 21, 1950”.

Para além da página da Wikipédia inglesa que lhe é dedicada, recomendo as seguintes páginas na Web:
http://www.online-literature.com/orwell/

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