domingo, 25 de janeiro de 2009

Uma última nota sobre as declarações do Cardeal Patriarca

Um dia depois das já célebres declarações do Cardeal Patriarca de Lisboa sobre os casamentos de mulheres não muçulmanas com homens muçulmanos, deu-se muita atenção aos casos “exemplares” de casais bem sucedidos para provar que o Sr. Cardeal tinha exagerado e que estava a semear a discórdia inter-religiões. Uma semana depois, e já sem a mesma atenção mediática, eis que 3 revistas (desconheço se outras também o fizeram), Sábado, Correio de Domingo (Correio da Manhã) e Tabu (semanário Sol) publicam histórias de alguns tortuosos casamentos. Além disso, também inúmeros articulistas e editoriais de jornais vieram, mais ou menos explicitamente dar alguma ou toda a razão ao Sr. Cardeal Patriarca. Registo com agrado essas tomadas de posição.

5 comentários:

DeKuip disse...

Sim, de exemplo em exemplo chegamos a lado nenhum. A questão é que, para mim, mais do que a enumeração dos casos, é que pessoas com a responsabilidade como a que o Cardeal Patriarca têm, não deveriam falar naquele tom. É assim que quer cultivar o diálogo inter-religiões?

GreenFlag disse...

O diálogo inter-religioso não pode ser construído no pressuposto que tudo está bem em todas as religiões. Seria um péssimo serviço ocultar e não discutir os problemas existentes, para mais quando se tratam de direitos e liberdades reconhecidos universalmente (UN). Quanto ao tom, qual é o problema? As responsabilidades do Sr. Cardeal Patriarca são para com os católicos da diocese de Lisboa. Nada mais. Não exerce cargos públicos. Nem mesmo nas outras dioceses de Portugal ele tem responsabilidades.

DelhiVoice disse...

Aquilo a que te referes, Rightwing, como as responsabilidades do Cardeal, não se resumem a Lisboa. As palavras proferidas têm efeitos em toda a sociedade, pois apesar de ser um estado laico, Portugal é maioritariamente católico e o Cardeal tem já um mediatismo que lhe confere posição de figura publica. Desta forma, o tom empregue pode e deve ser cuidadoso, sob pena de provocar reacções menos positivas e decerto indesejadas/indesejáveis.
O diálogo inter-religiões é um objectivo que deve ser procurado por todos os representantes das mesmas, só dessa forma se podem estabelecer as bases para a convivência salutar e respeitosa. As verdades são para ser ditas, certo, mas a forma de dizer deve ser a menos incendiária possível (não estou a dizer que o cardeal seguiu este caminho, mas podia ter escolhido um melhor).
Para enquadrar melhor, vejam o que se passa na Índia, onde a convivência entre hindus (maioria) e muçulmanos (minoria muito grande). A falta de diálogo, respeito e os discursos fundamentalistas, sectários e acusadores, levam a frequentes tumultos, massacres e descredibilização daquilo que deve ser a Fé.
A sorte é que em Portugal até os muçulmanos são de brandos costumes.

GreenFlag disse...

Fica registado. E fico também à espero da vossa coerência e da vossa indignação cada vez que um qualquer lider muçulmano vociferar contra a existência de Israel, ou sobre a necessidade de guerra santa (jihad) contra os infieis, ou sobre a necessidade de islamizar a Europa (ou o mundo), ou sobre o respeito pelos costumes islamicos, etc., etc.
Dou graças por vocês viverem numa sociedade plural e democrática. Gostava de vos ver ter essas mesmas opiniões num regime islâmico.
Bem, acho que eu posso dizer isto desta forma, não?

DelhiVoice disse...

Rightwing, claro que o podes dizer. Naturalmente, não vemos com agrado nem sem reprovação os tais discursos extremistas, mas em nenhuma das opiniões aqui registadas podes ler isso.