quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Estado, Religiões e Democracia por Obama

Talvez seja, infelizmente, um discurso muito moderno para muitas pessoas. Mas vale a pena ouvir o que Obama pensa sobre a relação entre o Estado, as Igrejas e a Democracia.

discurso recebido por e-mail)

6 comentários:

DelhiVoice disse...

Este discurso revela uma abordagem que, a ser verdadeira, pode trazer uma maior harmonia, primeiro dentro dos EUA e depois fora deles.
A abertura e sinceridade com que Obama afirma que os EUA já não são apenas um país cristão, significa uma leitura realista da sociedade de uma país onde a emigração tem raízes históricas, onde as diferentes culturas coabitam (embora não seja este um fenómeno transversal ao país, mas limitado a grandes cidades e só algumas) e onde o respeito parece faltar.
Como muitos dirão, vamos ver se não se cai do alto, mas a esperança está lá.

Olho de Vidro disse...

Aaaaah, belo sonho, a separação de igreja e Estado (sim, foi propositado, "igreja" e "Estado")... Como espanhol e não crente não posso concordar mais... Não percebo este objectivo da igreja (espanhola, especialmente, mas podem-se encontrar outros exemplos não-católicos) de salvar os cérebros, para além de salvar as almas... A visão de País e Estado deve estar por cima (abrangindo) de todas as nossas visões políticas e religiosas.

Tas a ver, caro RightWing? este é o tipo de coisas que se espera do Obama, apertura de mente, por exemplo...

GreenFlag disse...

Pois, convinha que este discurso fosse ouvido sobretudo fora dos EUA, sobretudo em todos aqueles países onde um discurso destes é ainda impossível de ser realizado. Mais, se o "...respeito parece faltar." nos EUA, gostava de saber onde é que ele existe. Na Europa não deverá ser seguramente. Deve ser na China, no Cambodja, na Venezuela, nos países do Golfo, etc. Países reconhecidamente tolerantes...

GreenFlag disse...

O comentário anterior era para o DelhiVoice mas aplica-se, na íntegra a ti, Olho de Vidro. Aliás, em Espanha, um dos grandes problemas de tolerância nada tem a ver com religião ou com a Igreja Católica. Conheces a situação do País Basco, certo? E de todos aqueles que discordam da visão de país da ETA, verdade? Em verdade, é em países democráticos e onde o cristianismo é maioritário que existe o maior grau de tolerância, seja em termos de religião, de política, de costumes, etc.

Olho de Vidro disse...

Ora bem, acho que estás a confundir 2 assuntos diferentes. Por uma parte, está a definição de Estado como garante máximo das liberdades individuais de todos os cidadãos. Nestas condições, e como o Obama disse, o Estado não se pode definir sob a visão maioritária de nenhum grupo político ou religioso, porque isso significa no fim o fracasso do Estado na sua definição moderna. As leis de todos não podem ser ditadas desde posições que podem excluir uma parte da sociedade. É igualmente negativo que seja uma religião a modelar um Estado como que seja uma determinada opção política. Afinal, vai dar ao mesmo: o totalitarismo. E não acho que o Obama tenha dito uma grande coisa, mas sim penso que é saudável que alguém relembre de quando em quando estes conceitos fundamentais…

O outro assunto é a ETA. Sim, sei do que falas, até melhor, porque tenho certeza que tu não foste educado desde pequeno para não dar pontapés a caixotes ou sacos de plástico abandonados na rua… Eu, e a minha geração de espanhóis, sim. Evidentemente, estes delinquentes tentam impor uma visão de Estado e, por tanto, são evidentemente uma organização totalitária (presumidamente de esquerda). Não consigo ver a comparação ao incluir como contra-exemplo a ETA… Não vejo a relação com a intromissão ideológica e política da igreja católica espanhola na vida pública… Se calhar ser português não dá uma boa perspectiva, porque a igreja católica portuguesa tem um comportamento muito mais respeitoso com o conceito de separação igreja-Estado. Em Espanha a hierarquia católica ainda não interiorizou que igreja e Estado são duas entidades independentes. A intolerância da ETA bem dada pela sua condição de terroristas, que não admitem a possibilidade de levar a sua “luta” ao território político. A intromissão da igreja católica é precisamente um jogo político, que se prende com o tradicional entrosamento da igreja com a direita em com as suas visões: a unidade de Espanha, a predominância do catolicismo como garante moral da visão de Estado, etc. E tudo isto pela necessidade de manutenção do “status quo” da igreja…

E mais ainda: curiosos exemplos (e certeiros exemplos) de Estados não tolerantes. China, os países do Golfo… Nestes grandes parceiros comerciais dos EUA (e alguns até parceiros políticos estratégicos) as administrações da Casa Branca tradicionalmente não têm feito muito para melhorar as condições dos níveis de tolerância… Por exemplo, a Arábia Saudita ainda se governa pela lei islâmica…

E para acabar este meu enorme comentário: sim, é verdade, os países cristãos de tradição política liberal são os que mostram maiores níveis de tolerância. Mas a história de Espanha não é um bom exemplo de liberalismo…

DeKuip disse...

Bem, apenas posso dizer que faço o que posso para fazer com que a mensagem que Obama transmite no discurso seja passada noutros lugares. Por isso coloquei-a no blogue. Infelizmente (digo eu!), o discurso de Obama é ainda muito vanguardista. Não soa bem a muitas cabeças pensantes. E também acho que não devemos misturar ETA, (maior ou menor) tolerância e Igreja Católica. É potencialmente abusivo e, passo a quase redundância em relação ao assunto ETA, explosivo!