Para quem continua a afirmar (e está no seu pleno direito e pode até ter razão) que o problema de contas públicas portuguesas não é grave e que se resolve ora com o despedimento massiço de funcionários públicos, ora com o aumento do PIB e que deveria haver apenas uma taxa de juro de juro na UEM, ou outro qualquer argumento que não aborde esta questão de uma forma integrada e global basta olhar para a situação do mercado (hoje às 12h30) dos CDS (Credit Default Swaps) para perceber as implicações que a evolução da nossa situação está intimamente relacionada com as análise que os mercados e os analistas financeiros internacionais fazem dessa situação que, por sua vez, está relacionada com as indicações e as acções que são tomadas internamente. Por exemplo, qual será a reacção ao facto de haver uma lei de finanças regionais (LFR) que aumenta a dívida quando o Governo faz esforços para diminui-la. Qual será a credibilidade de um Governo para apresentar o PEC em Bruxelas quando não consegue garantir uma maioria inviabilize a aprovação da LFR. Pior, que pensará um analista que, olhando para eventuais alternativas ao actual governo (mau por sinal), só vê partidos que aprovam leis que ainda aumentam a despesa e a dívida. Vamos para o fundo mas em grande estilo, a desbaratar dinheiro. Muito bem.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
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4 comentários:
Por isso ter ficado estupefacto por toda a oposição, do bloco ao cds-pp, ter votado a favor das alterações para que, nas regiões autónomas, se continue a gastar sem as restrições que os do continente têm de enfrentar. E ainda mais estupefacto fiquei com a argumentação do líder parlamentar do PSD (penso que foi ele), a dizer que a coisa era de somenos: só uma mísera percentagem do PIB e de dinheiros públicos... Que linda argumentação! Boa para a credibilização do discurso político.
Mal é da economia que se resume apenas à acção da governação.
O problema não está no dificit, quer dizer há um problema de defict mas nada de substancial quando comparado com outras economias comparáveis (comparar portugal à Alemanha, UK, Espanha, etc é um absurdo, ou com outro momentos da nossa história.
O rating do estado da California foi recentemente downgraded para A1, e foram emitidas recomendações relativamente à despesa, e qual foi o impacto na Microsoft, Oracle, HP e demais empresas californianas?
Claro que os mercados financeiros reagiram negativamente às noticias, mas parece-me que não foi devido ao problema do deficit. O problema é que tudo se prepara para um aumento dos impostos, só um cego não o consegue ver, e com isso para o prolongamento do período de estagnação das economias Portuguesas, Espanholas e Italianas.
O deficit e as taxas de juro não deve ser encarado como problemas mas sim como sintomas de uma doença muito mais grave, e neste caso como em muitos outros se confundirmos os dois acabamos por matar o paciente.
A performance da Europa do Sul e Irlanda pós integração no Euro, é miserável. Relembro aqui que alguns destes países foram casos de sucesso nas décadas de oitenta (principalmente Portugal e a Irlanda). Não é só o Vale do Ave que está com problemas, são os clusters da Moda e Vidro em Itália, os 20% de desempregados em Espanha, a fraca performance da Irlanda, etc..
Em minha opinião as politicas monetárias ortodoxas e uma politica cambial suicida, estão a matar as economias do sul, esse é que é o problema.
O deficit é uma questão menor, os mecanismos de ajustamento naturais dos deficits são poderosos, e não é necessário Almunias e FMI's para nos relembrarem do assunto, mas gostava que indicassem um país que não tivesse problemas de deficit no pós recessão....
Absurdo, simplesmente absurdo e irresponsável fazer politica com a economia. Almunia devia ser demitido, assim como o nosso Governador. Este é o momento em que se não tivermos nada a dizer o melhor é estarmos calados..
Depois desta dissertação (e das anteriores) eu ficaria calado mas, gostaria de ver soluções para estes (não-)problemas. Mas soluções que tenham pressuposto que Portugal integra uma UEM que tem regras que vinculam todos os Estados Membros (caso não se tenha apercebido, José).
Sim mas o problema é que a UEM não tem funcionado....
A perda dos mecanismos cambiais e monetários foram/são desastrosos porque a politica monetária/cambial da UEM tem acomodado apenas as necessidades da Alemanha.
Não duvido que se a situação persistir, Portugal, Espanha, Italia, Grecia e Irlanda vão ter de abandonar o Euro.
Mas podem ser encontradas soluções de compromisso, tais como:
1- Politica monetária expansionista agressiva, com menor controlo sobre a inflação é certo mas com resultados imediatos sobre o emprego e contas públicas.
2 - Maior controlo dos movimentos de capitais para fora da Europa
3 - Pacote de medidas proteccionistas para proteger as industrias do sul, mesmo que em detrimento de eventuais penalizações para o norte.
4 - Claramente a UEM não surtiu os efeitos pensados, nomeadamente no que concerne aos prémios de risco dos países e risco de desvalorização cambial. Num mundo perfeito, os países do sul da europa deveriam beneficiar do facto não haver risco cambial e do risco de default da divida soberana ser quase nulo. Isto deveria ter permitido a atracção de investimentos para estes países. Vide os montantes que foram perdidos na Ucrania, Islandia e demais, contra o risco efectivo de investir em Portugal.
Sabemos que não há rosas sem espinhos, mas só um doido gosta de urtigas....
Basta verificar a performance dos países pós Euro para chegar a esta conclusão. Mais do que uma conclusão é uma evidência, a ortodoxia monetária do BCE e da União tem consequências.
Esta é a real discussão, aliás é o racional que está por detrás da reacção dos mercados, que antecipam a desvalorização do Euro e o aumento da taxa de juro.
Outra questão a verificar é saber se há evidencia de recuperação pós-recessão sem politicas monetárias expansionistas. Na verdade historicamente imprimem tanto dinheiro nos períodos de crise que o efeito costuma ser a hiperinflacção. Que eu saiba este não é o caso que vivemos...
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