O artigo de opinião já tem algum tempo. Foi escrito em Dezembro, chama-se “O palhaço” e é de Mário Crespo.
Confesso que tenho até alguma estima pelo jornalista em causa. Sei também que é um profissional respeitado e alguém que é ouvido e lido por muitas pessoas.
Não costumo ler as suas crónicas no JN nem nunca vi na íntegra o seu programa Plano inclinado na SIC. Mas do que visionei até agora faz-me pensar de que o título é mesmo apropriado. O programa é mesmo inclinado. Todos os intervenientes parecem escorregar para o mesmo lado. Para o da depressão.
Mas poderei estar enganado. Se calhar isto tudo está mesmo sem esperança nenhuma. Talvez não exista outra maneira de falar da coisa pública que não passe por dizer que Portugal é o primeiro dos países "PIGS" ou do Clube MED. Com a particularidade de o ser dito pelos autóctones com uma veemência que deixaria qualquer estrangeiro corar de vergonha. Tenho dúvidas, mas enfim...
Mas voltemos ao “O palhaço”. Mário Crespo bate em tudo e em todos. Vale a pena ver, quanto mais não seja pela agressividade que mostra; agressividade esta bem expressa na repetição da palavra "Palhaço". Bem, será um estilo literário, não há nada a apontar.
O que questiono é, afinal de contas, a utilidade deste tipo de intervenções. Penso ter pelo menos algumas das mesmas preocupações do jornalista quanto ao futuro de Portugal. Gostaria de ver uma melhor classe política, por exemplo.
Mas o que pretende Mário Crespo com este tipo de intervenções? Elevar as conversas de café ao estatuto de literatura universal? A implosão da classe política actual? Será Mário Crespo um inconfesso Anárquico?
O artigo pode ser visto aqui.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
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3 comentários:
Não conhecia o artigo em causa nem a coluna do jornalista. DIto isto apenas algumas notas: o papel do jornalista, hoje me dia, encontra-se diluído no de comentador e como tal, o seu papel (de jornalista) perde a isenção que em Portugal tanto se preza. Há muit o que defendo a declaração de interesses dos jornalistas para sabermos com o que podemos contar. Outra nota, agora sobre o conteúdo: esta é, de facto, a realidade do país. Por muito que o Dekuip se queira convencer do contrário este é o país que temos. Eu apenas substituiria o termo "palhaço" por inimputável. Afinal de contas aquilo que todos se julgam.
Admiro a capacidade que existe por vezes em apontarem o caminho certo das coisas. Mesmo quando as pessoas nem sequer pensaram em trilhar o caminho errado identificado. Palavra que admiro. Agora descobriram que me iludo com a "realidade" do País... Quando mais não queria dizer que há mais cores para poder misturar num quadro para além daquelas que são apontadas por aqueles que só vêem diferentes tonalidades de negro… Um exemplo? Leiam o último relatório do FMI sobre Portugal (referido num post neste blogue). E depois leiam o comentário apenso no final do mesmo relatório (de Arrigo Sadun e de José Cardoso). A ver se não há tonalidades de cinzento que merecessem ser ponderadas também...
Já conhecia o artigo, mas estive a revê-lo para ficar lembrado do seu conteúdo e tentar validar ou mudar a impressão que me ficou da primeira vez que o li. Sinceramente, após desta nova leitura, continuo a manter essa mesma impressão: é um (até certo ponto) engraçado exercício de estilo de “comentário de taxista”. Digo isto porque parece mais o desabafo de alguém chateado e aborrecido com o mundo, e que consegue escrever os seus sentimentos de maneira polida, do que um comentário objectivo realizado por um jornalista sério sobre um/uns assunto/s da realidade nacional. Junta-se o inglês do PM, a corrupção, o famoso caso do agricultor dos transgénicos, a cobardia da classe política, o desastre da justiça que provoca a famosa “inimputabilidade”, o habitual ataque ao Governo e a dúbia moralidade de alguns negócios e homens de negócios nacionais. Posto assim, pouco acresce, pouco dá de novo, pouco ajuda a perceber, nada de construtivo nos fornece. Mais um, tipo taxista, mas polido…
Não digo que as pessoas (neste caso, os profisionais da informação) não devam fazer comentários deste tipo, pois há motivos para estar chateado. Penso sim, que há coisas melhores para fazer na vida. Acho de “verdadeiro patriota” criticar, mas sempre que se consiga dar mais uns passos enfrente:
- Passo 1: “isto está mal”
- Passo 2: “e está mal porque”
- Passo 3: “e a solução é”
Dentro destes 3 passos, cada um de nós poderá dar a sua opinião, e é evidente que teremos diferentes visões para cada passo, mas assim, a partir deste tipo de debate, é que se constrói alguma coisa. Ficar pelo Passo 1, por muito polida que seja a crítica, é “conversa de taxista”…
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