terça-feira, 18 de maio de 2010

Uma grande jogada e um falhanço clamoroso

Esta metáfora futebolística aplica-se, na perfeição, à declaração de ontem do Sr. Presidente da República. Fez uma jogada fabulosa: uma exposição brilhante do contexto e dos argumentos utilizados na discussão sobre o tema em causa; salientou a intolerância de uma minoria que teima, sistematicamente, em apelidar de retrógrados e atrasados os que deles discordam, expôs claramente a sua posição. E depois, com a baliza escancarada falhou o golo, ou seja, não vetou o diploma. Perdeu uma excelente oportunidade de fazer prevalecer os valores de uma grande parte do seu eleitorado. Mesmo que nova votação favorável o obrigasse depois a promulgá-lo. Optou pelo tacticismo, pela solução mais confortável para a sua reeleição. Acabou por fazer uma triste figura. Não ganhou nenhum respeito daqueles que a ele se opõem e perdeu algum daqueles que são a sua base de apoio.

Foi pena.

6 comentários:

rastanplan disse...

Só uma correcção, penso que não é uma minoria, mas sim uma maioria. Minoria neste caso são os que discordam.

Honestamente não percebo as razões para tão forte oposição, como é que um acto celebrado na privacidade por outros nos pode afectar tanto.

Mas eu honestamente nunca liguei muito a estas coisas.

RightWing disse...

Ponto 1, o post é bem claro na minoria de que falo: "a intolerância de uma minoria que teima, sistematicamente, em apelidar de retrógrados e atrasados os que deles discordam...". Falo da minoria dos defensores deste tipo de união que demonstram, poor sistema, o seu antagonismo por todos os que deles discordam. E não só neste tema.
Ponto 2: Para mim, e aí dicordo radicalmente do José, os que discordam da utilização do termo "casamento" para este tipo de união é, claramente, uma maioria. Mas também não vou teimar na contagem.

DeKuip disse...

Mas isto é só a realização da profecia que já foi feita há algum tempo neste blogue sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo... Feita e aceite por todos, incluindo o Rightwing. Mas eu até gosto do argumento principal: o de que não se deve desviar a atenção da crise para coisas menos importantes. Grande Cavaco, sempre económico e eficiente! Agora aquele argumento da poligamia é que confesso que ainda me dá volta à cabeça!

rastanplan disse...

"a intolerância de uma minoria que teima, sistematicamente, em apelidar de retrógrados e atrasados os que deles discordam..."

Honestamente não percebo o ponto. De ambos os lados da barricada há facções mais vocais e interventivas, ambas intolerantes e teimosas. A diferença é que neste caso os pro são a maioria e os contra a minoria.

Relativamente à oposição à palavra casamento, esta palavra não é suposto significar duas pessoas que se juntam e constituem um família?

Se é isto que os gays querem fazer, pq não se pode chamar os bois pelos nomes?

A não ser que casamento tenha alguma conotação teológica ou religiosa e seja essa a razão da oposição.

RightWing disse...

José, como lhe disse, não vou contar quem é pró ou contra. No entanto, nunca serei tão taxativo como você nessa análise. No entanto, acho curiosíssima a sua afirmação sobre a palavra casamento. Escreveu "não é suposto significar duas pessoas que se juntam e constituem um família?". A família, constituída pelo casamento, apesar da distorsão dos tempos modernos, tinha duas funções: protecção dos seus membros e reprodução. Não se esqueça que até há 30/40 anos os avanços da ciência não permitiam as modernas fórmulas de procriação. Logo, no limite (para quem lida com ciências e sabe que as demonstrações se fazem no limite), a união de pessoas do mesmo sexo apenas levaria a uma situação: a extinção do ser humano. Por isso, aceitando socialmente essas uniões, não poderei deixar de as considerar totalmente anti-naturais, baseadas em comportamentos desviantes ou modais e nunca dignas de se postularem como casamento. Está legislado, ok. Mas isso não significa que tenha de concordar nem de achar "normal".

rastanplan disse...

Rightwing,

Honestamente a sua explicação não procede, já que se assim fosse não seria permitido aos estéreis (naturais ou provocados) ou a casais que não querem ter filhos casar.

O facto de ser admitido por lei, não impõem nenhum comportamento, daí o futuro da raça humana não estar em causa. Também não é proibido ter filhos fora do casamento ou não sendo casado

Se as razões são religiosas, então também os ateus não poderiam casar.

O casamento é tão antigo como o homem, é um comportamento social que honestamente não vejo porque tenha de ser negado a quem tenha outra orientação sexual.

Relativamente à homossexualidade ser contra natura, é concerteza contra a minha natura, mas os comportamentos homossexuais são tão antigos como o homem, ou mesmo anteriores.