Agora a polémica sobre a tolerância de ponto nos dias da visita do Papa Bento XVI a Portugal. Insurgiram-se diversas mentes inquietas: como é possível um Estado laico dar tolerância de ponto devido a uma visita de um líder religioso. Não vou entrar em considerações sobre a percentagem da população que é ou deixa de ser católica. Apenas três apontamentos:
1) Uma tolerância de ponto não é um feriado. Ou seja, não obriga ninguém a faltar ao seu trabalho. Exime os trabalhadores de registarem as suas entradas e saídas. Por algum motivo, em dias de tolerância de ponto é pago subsídio de refeição, mesmo que se “falte”. Por isso, espero que, sendo a religião católica, segundo os laicos, tão pouco representativa em Portugal haja pouca gente a “faltar” nos dias de tolerância de ponto e que as “virgens ofendidas” não se aproveitem dessa tolerância para se “baldarem” ao trabalho. Não vá a produtividade ser prejudicada…
2) Os que se preocupam com as quebras de produtividade e por mais uma tolerância devido à presença do Papa, geralmente não se preocupam com as tolerâncias de ponto anuais por altura da véspera do dia 25 de Dezembro (curiosamente um feriado religioso/católico), da tarde de dia 31 de Janeiro, da 3ª feira de carnaval ou da tarde de 5ª feira santa (curiosamente, outro feriado religioso/católico), só para citar as mais comuns;
3) Por último, e para sermos coerentes, levemos essa sanha laico / jacobina às últimas consequências e extingamos todos os feriados religiosos/católicos. Simples.
Claro que é fácil lançar uns soundbites sobretudo se o motivo for “privilégios” dados à Igreja Católica. Mesmo que não passem da mais baixa demagogia e populismo.
PS: anda por aí um grupinho de jovens a programar distribuir preservativos nos dias e nas cidades que o Papa visitará. Claro que é um acaso. Claro que não é para provocar. Será seguramente um gesto de cortesia. Deus lhes perdoe! E nos dê paciência…
5 comentários:
1) Se os funcionários públicos querem ver o papa, que usem um dia de férias como toda a gente
2) Dois nãos não fazem um sim. Há demasiadas tolerâncias de ponto e pontes na Função Pública. Interessante ver quem se queixa do deficit das contas publicas não estar preocupado com a quebra de produtividade.
3)Completamente de acordo, mas devíamos ir um passo mais além e fazer como a religião católica fez, e substituir as mesmas datas por feriados republicanos...
5)E a amnistia ???? Isso é que era indicado para celebrar a vinda do PAPA..
Caro José, fico grato por ver que não rebate nenhuma das minhas considerações sobre o estéril debate levantado em torno da tolerância de ponto. Ou seja, quem for reponsável, não devia aproveitar-se de uma facilidade dada pelo Governo para faltar sem razão, que existe um sem nº de tolerâncias de ponto anuais que ninguém contesta e que se vereiam repensar todos os feriados religiosos existentes. Ah, e já agora a amnistia para coroar a lacidade do Estado.
E o direito a tolerâncias de ponto aos outros crentes? Apesar de serem minorias, não têm os mesmos direitos?
Pelo post inicial, uma das justificações é que a maioria da população é católica (não ponho isso em questão, pois acredito que o seja), mas só as maiorias é que têm direitos? Parece-me uma forma clara de discriminação.
Concordo totalmente com o carissimo colega DelhiVoice, exemplo evidente de minoria oprimida!!!
Sem dúvida que as minorias têm direito aos os seus direitos. Desde que não sejam minorias religiosas (ou de crentes), como é óbvio num estado laico. Se for uma minoria étnica (aplica-se ao teu caso), já tem os seus direitos. Se for então uma minoria em termos de determinadas orientações, deve ter todos os direitos possíveis e imaginários.
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