quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dois textos

Já aqui falei de Tony Judt a propósito de um livro que estou a ler. Mas como um dos últimos posts do colega de blogue Rightwing fala em social-democracia, pensei que valia a pena refererir um dos seus últimos textos escritos para a revista New York Review of Books.

Intitula-se What Is Living and What Is Dead in Social Democracy? e, mesmo que não se concorde com o que o autor defende, penso que vale a pena lê-lo. Nem que seja pela contextualização histórica que o autor faz da social-democracia e das ideias que a combatem.

E porque estou a falar deste autor, gostava ainda de fazer uma pequena referência a Night, o seu último artigo publicado nesta revista.

E por que é que o estou a citar aqui? Porque é um texto invulgar. Nele, a doença neurodegenerativa progressiva que Tony Judt sofre é abordada através da descrição das noites que passa.

Impressiona este registo autobiográfico.

2 comentários:

rastanplan disse...

Só para deixar um comentário relativamente ao Political Compass, e algo que penso ser uma perversão da representação dos eixos económicos.
Na realidade o eixo económico deveria ter no extremo esquerdo o colectivismo/comunismo, mas o extremo oposto não é o liberalismo mas sim o estado “dirigista” ou o centralismo de estado típico do “Ancient Regime”, e dos regimes que associamos a regimes de direita como o fascismo ou o nosso estado corporativo.
A representação das teorias económicas numa só dimensão é claramente redutora, pois se o conceito de classificação for a da economia centralizada vs a economia de mercado, teremos à esquerda os regimes comunistas e os regimes conservadores/típicos de direita (assumindo a classificação humanista dos termos) uma vez que em nenhum regime histórico alguma vez se viveu uma economia de mercado. Apesar de teorizado como por exemplo no “laissez faire” a realidade é que os regimes económicos históricos sempre foram dominados pela presença do estado na economia não só verificável na imposição dos impostos mas ainda na forma de concessões, monopólios e privilégios que caracterizou a organização económica na antiguidade.
Na verdade as primeiras manifestações das economias de mercado, e a abjecção do estado centralizador, têm origem em pensadores de “esquerda” (mais uma vez usando uma classificação humanista) tendo sido materializadas em parte com a independência dos Estados Unidos, e que claramente e sob uma perspectiva europeia segue uma matriz humanista de esquerda.
Para finalizar queria deixar a ideia de que se o eixo económico for representado pela propriedade colectiva dos meios de produção, então à esquerda teríamos efectivamente o comunismo, mas também os resultados hipotéticos do Capital Asset Pricing Model onde a maximização da riqueza se consegue através da constituição de um Portfolio diversificado idêntico à constituição do mercado (no limite toda a nossa riqueza seria investida numa bolsa global pelo que todos os meios de produção seriam de propriedade colectiva), e à direita teríamos um regime onde todos os meios de produção são detidos por uma só pessoa – o rei ou ditador.

rastanplan disse...

Uma alternativa mais elegante seria representar no eixo económico os prevalência dos recursos.

No extremo esquerdo teríamos o trabalho e no extremo direito o capital.

Assim sendo, no quadrante esquerdo teríamos representadas ideologias como o comunismo, e no direito ideologias como o fascismo ou a monarquia tradicional (considerando a renda/prestigio como uma forma de capital)

Também nesta representação as economias de mercado estariam representadas nos quadrantes centrais, sendo independente da ideologia subjacente já que o rácio de troca seria determinado pela abundância do recurso.

O mapa perceptual assim construído ajusta-se bastante mais à minha percepção das ideologias do que aquele sugerido pelo polytical compass