61%. Foi esta a percentagem com que Passos Coelho ganhou as directas para a liderança do PSD. Uma vitória que não deixa lugar a dúvidas ou a divisões internas. Nem Rangel, nem Aguiar Branco têm, para já, margem de manobra para fazerem uma oposição interna activa. Vamos a ver o que vai ser esta liderança. Claro que há os do costume (Pacheco Pereira, Menezes, Mendes Bota, etc., mas esses valem cada vez menos). Como escrevi há duas semanas atrás, gostava que a vitória de Passos Coelho significasse uma clarificação política e ideológica na vida partidária portuguesa. É óbvio que uma coisa são os discursos de campanha eleitoral, outra são as acções (que o diga José Sócrates ou a sua negação). Será Passos Coelho capaz de levar as sua propostas liberalizantes para um programa eleitoral e/ou de governo num país onde toda a gente vive agarrada ao Estado? Duvido. Mas, para já, dou-lhe o benefício da dúvida. Para já, parece-me que faz muito bem em libertar-se das amarras do PEC com que o PS e José Sócrates quiseram prender a nova direcção do PSD. Aliás, a artimanha de José Sócrates de fazer votar uma proposta de resolução de apoio ao PEC na véspera das eleições para uma nova liderança no maior partido da oposição há-de ficar como uma das mais baixas jogadas políticas dos últimos anos (deve ser o "fair-play" de Sócrates no seu melhor). Parece-me óbvio que nenhum dos candidatos que viesse a ser eleito para líder do PSD poderia viver sob essa chantagem e esse golpe baixo do PS. Mas não deixa de ser curioso e paradoxal que o PS, após essa sua jogada, venha pedir uma atitude responsável ao novo líder do PSD. José Sócrates no seu melhor, ou seja, no vale tudo da política.
domingo, 28 de março de 2010
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3 comentários:
Não concordo. O PEC deveria ser um para além de um Programa um Pacto de Regime.
Não concordo que se rejeite um documento que se quer estrutural, por criticas a medidas conjunturais e tácticas.
Também não vejo que qualquer partido com aspirações ao poder possa rejeitar os princípios que estão no PEC, no fundo se fosse o PSD a escrever o documento, este seria bastante similar, independentemente da liderança.
Passos Coelho tem de se afirmar como um líder positivo.- A critica a Socrates pode chegar para conquistar o partido mas nunca será suficiente para conquistar o país, para isso PC precisa de provar que o PSD pode ser uma alternativa, e não um conjunto de aves de rapina avidas pelo poder (ala governo de Durão Barroso)
Na minha opinião é urgente que PC constitua um governo sombra e nos prove que há no deserto laranja personalidades com mérito e sentido de estado.
Fundamental é PC escolher um ministro das finanças, já que honestamente não se vê ninguém no PSD com capacidade para assumir esta pasta.
Só uma pergunta? O José que comentou este post é o mesmo que começou a comentar há uns meses atrás, vociferando contra a ideia do défice e da dívida pública serem problemas para Portugal e contra a "orientações" de Bruxelas? Ou será que temos dois Josés? E quanto à questão do PEC, eu referi que PPC não pode ficar refém de uma manobra torpe do PS e de José Sócrates para acorrentar o novo líder do PSD ao PEC do PS. Nunca referi que um PEC do PSD seria substancialmente diferente do do PS. Principalmente se tivesse ganho Paulo Rangel ou Aguiar Branco.
Penso que no contexto actual das finanças europeias apresentar um PEC que ignorasse a questão do deficit seria uma imprudência.
Não obstante penso que seria bem aceite pelos mercados medidas tendentes ao ajustamento estrutural das finanças públicas em contrapartida de maiores deficits no curto prazo.
Se o deficit aumentasse em virtude das indemnizações por despedimento de funcionários públicos e redução estrutura da despesa corrente, ninguém iria criticar.
Não tenho ilusão de que estas medidas, apesar de necessárias, fossem apoiadas por qualquer que partido daí que considere o actual PEC como consensual.
Redução da despesa e no quadro desta redução promover a competitividade da economia, ou melhor evitar tomar medidas anti-crescimento, mais do que promover o crescimento da economia já que o defict a isso obriga.
No que concerne aos instrumentos e medidas tácticas, poderão haver desacordos, mas não considero que sejam suficientes para justificar um partido votar contra.
O meu problema com PC é que não vejo na sua equipe alguém capaz de pensar a economia. A mim parece-me uma reencarnação do Guterrismo, que chegou ao poder sem programa, apenas pelo cansaço que o país tinha do Cavaquismo e entregou a economia Portuguesa a uma personalidade cinzenta sem qualquer ideia para o futuro do país.
No actual PSD não há figura que possa assumir uma pasta como as finanças, daí a minha curiosidade para saber quem vai pensar o rumo da economia para o PSD, ou se vai fazer como no último governo e entregar esta pasta a um ministro do CDS....
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