segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Diz-me o que lês…


…e dir-te-ei quem és. Não sendo especialmente um crente deste conhecido adágio, pus-me um dia destes a pensar nos livros que li nos últimos dois meses. Foram eles “As benevolentes”, de Jonathan Littell, “O um dividiu-se em dois”, de José Pacheco Pereira, “A matemática das coisas”, de Nuno Crato e, last but not least, “Ir prò maneta”, de Vasco Pulido Valente.

São livros completamente diferentes. O primeiro, vencedor do prémio literário francês Goncourt de 2006, é uma ficção assente nas memórias de um ex-oficial de carreira nazi chamado Maximilien Aue. Fez-me lembrar um outro livro, este sobre um acontecimento bem real, chamado “Eichmann em Jerusalém: uma reportagem sobre a banalidade do mal” de Hannah Arendt.

O livro de Pacheco Pereira ajudou-me, entre outras coisas, a perceber melhor o significado e a importância históricas das expressões “Marxista-leninista” e “Revisionismo”.

O “A matemática das coisas” é um livro leve que me fez essencialmente ver o quão presente está a matemática na nossa vida diária.

O último livro, fala da invasão de Junot de 1808 e da resistência popular (e de guerrilha) que existiu nessa altura contra os invasores franceses e o poder estabelecido do Antigo Regime.

Estou convencido que, por si só, a enumeração destes livros não diga lá grande coisa sobre o que sou (ou sobre qualquer outra pessoa que os tenha lido). Isto porque, na minha opinião, os livros são apenas materiais de construção. São blocos de cimento, tijolos de conhecimento. O cimento que os une é, no entanto, a forma como relacionamos a informação que encontramos, os livros que lemos.
É este “cimento”, que varia de pessoa para pessoa, que revela mais o que um indivíduo é do que propriamente o que ele lê…

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