segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A palmada e os maus tratos

Não sei a que propósito nem com que propósito, mas ontem, domingo, a RTP 1 nos seus noticiários da tarde e da noite insistiu na mesma reportagem: uma palmada aos petizes (filhos, netos, sobrinhos ou outros) pode dar, no mínimo, 1 ano de cadeia. Mais, estamos na vanguarda deste tipo de legislação. Acompanham-nos outros 22 países em todo o mundo.
Recordaram-nos as aberrações que justificaram tal lei: uma palmada é considerado mau trato, os petizes ficam traumatizados e ficarão afectados para toda a vida, os petizes que são mal tratados (sim porque para os especialistas ouvidos, psicólogos, pedopsiquiatras e juristas, uma palmada dada esporadicamente é equivalente a um mau trato) vão crescer num ambiente de violência e seguramente irão eles também ser violentos e promoverão também a violência. Enfim, os pais devem apenas alertar os petizes para os seus actos e as suas consequências. Claro que nem por um minuto passa pela cabeça desta gente que crianças com 2, 3, 4 ou 5 anos não tenham o grau de compreensão e de apreensão de determinados conceitos como uma criança de 8 ou 9 anos ou de adolescente de 13 ou 14.
Assim, se já se assiste à desresponsabilização da educação dos pais em favor das escolas, dos ATL e da sociedade em geral, agora promove-se também o desincentivo dos pais em incutir valores como o da autoridade e da responsabilidade.
Quantos de nós não levou uma palmada dos nossos pais ou avós?
E quantos de nós tem problemas psicológicos e traumáticos por causa disso? Quantos de nós nos tornámos adolescentes e adultos violentos?
Mas cada vez há mais casos de violência entre jovens, entre jovens e adultos (pais, professores, etc.) e de completo desrespeito das mais elementares regras de civismo por parte de miúdos e de adolescentes. Porquê?
Porque, coitadinhos, em pequeninos não se lhes podia repreender, contrariar ou dar uma palmada, etc. Quando uma palmada é comparada a maus tratos está tudo dito.

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