quinta-feira, 13 de novembro de 2008

De consciência tranquila


Na última sexta-feira vimos Fátima Felgueiras em exclusivo directo da RTP afirmar ter razão apesar de ter sido condenada em tribunal (será este mais um exemplo de "serviço público"?).

Na terça-feira vimos Vitor Constâncio dizer que tem "a consciência tranquila" sobre o caso BPN. Curiosamente, ontem foi a vez de Bruno Paixão vir dizer que "tem a consciência tranquila" sobre a arbitragem do último Sporting - Porto. Ainda sobre este jogo, ontem soubemos que o observador de Paixão deu nota positiva ao seu desempenho e que, após ter visto os lances na televisão, mudou de opinião. Apesar disto, disse estar de "consciência tranquila".

Ontem o primeiro-ministro deu mais uma lição sobre a equação que diz "ético" é igual a "não ir contra a lei" (toda a que está escrita e a que, naturalmlente, está omissa), dando-nos a entender que não temos nada que ver com as relações de amizade entre o Ministro da Economia e o actual Presidente da Autoridade da Concorrência.

Enfim, é tudo normal, está tudo tranquilo, está tudo manso... O pior é que acho que têm razão para estar de consciência tranquila. A história prova que conhecem bem o seu povo. A única diferença é, acho eu, a massificação destes episódios através da comunicação social. Os jornais, os Blogs, a televisão prestam mais atenção a estas coisas e os seus protagonistas usam-nos mais em seu benefício próprio (às vezes de forma completamente despudorada). De resto nada de novo, tudo calmo, tudo brando.

1 comentário:

GreenFlag disse...

Grande post. O que o Dekuip diz e muito bem, já andam alguns a dizer nos círculos de amigos. Ou seja, 1) noutro país, que não Portugal a maioria destes casos que indigna uma minoria que se interessa pelo que se passa no seu país, teriam consequências (políticas, jurídicas, sociais, etc.); 2) Já há muito que passámos da fase do "fazer pela calada" para a fase do "desplante" que se caracteriza pelo facto das pessoas terem orgulho e publicitarem amplamente as suas falcatruas; 3) Claro que tudo isto só é possível por sermos o país dos tradicionais brandos costumes que aplicados a estas situações se traduz na perpetuação das falcatruas, trafolhices, corrupção, tráfico de influências, etc em que o país se encontra perigosamente mergulhado.