sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Magalhães, Magallanes e outras pequenas estórias


  • É certo que já se passou algum tempo, mas é difícil não resistir falar da promoção do computador Magalhães feita pelo Primeiro-Ministro José Sócrates na Cimeira Ibero-Americana da semana passada. Confesso que o que mais me deixou espantado foi vê-lo fazer promoção de um produto comercializado por uma empresa privada. Desconheço se o Presidente Lula da Silva fez publicidade de um novo jacto da Embraer, ou se Zapatero falou nas virtudes inequívocas do tecido das peças da Zara, mas em todo o caso achei aquilo um bocado descontextualizado. Será caso para dizer “Negócios privados, públicas virtudes”? Acho no mínimo dúbio.


  • Uma das coisas boas do Orçamento de Estado foi, na minha modesta opinião, o de finalmente ter aparecido a Oposição a fazer o que realmente lhe compete, isto é, apresentar ideias alternativas. Andava ela adormecida e eis se não que a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, começa a apresentar ideias e interpretações diferentes das que o Governo fazia do Orçamento de Estado. Que mais investimento público não é sinónimo de crescimento e desenvolvimento económico, que as prioridades são o incentivo à iniciativa privadas, etc, etc, etc. Até aqui tudo bem. Só não entendo é como uma mulher com tanta experiência política cometeu a grafe de dizer que mais obras públicas iriam reduzir o emprego de Cabo Verde e da Ucrânia… Então os imigrantes que trabalham no nosso país não são eles residentes no nosso país? Não pagam eles também impostos? E não haverá portugueses a trabalhar na construção civil?

  • Matthias Sindelar é provavelmente um nome desconhecido para a grande maioria das pessoas. Não é de espantar. Pertenceu à selecção austríaca que, nos anos 20 e 30 do século passado, era considerada como uma das melhores do mundo. Antes da anexação formal da Àustria pela Alemanha Nazi, houve um jogo amistoso entre as duas selecções. O empate final estava pré-determinado mas, a 20 minutos do fim, Sindelar e um colega resolveram marcar dois golos que deixaram os representantes Nazis furiosos. (Conta-se até que Sindelar celebrou de uma forma extravagante o seu golo em frente à tribuna de honra...) Até ao ano em que morreu de uma forma algo enigmática (1939), Sindelar sempre se recusou a jogar pela selecção alemã alegando lesões ou a idade como desculpa. Lembrei-me desta história por causa do que o ex-embaixador João Hall Themido escreveu nas suas memórias sobre Aristides de Sousa Mendes. Diz o ex-embaixador que Aristides de Sousa Mendes foi uma mistificação criada pelos Judeus e acusa-o de actuação irregular ao longo da sua carreira diplomática. É bem provável que Mendes tenha sido isso tudo. Mas não pertencerão Sindelar e Mendes àquela rara categoria de pessoas que, em situações moralmente difíceis, acaba por agir não de acordo com o “politicamente correcto” mas com base nos seus próprios valores? Não serão estes que, no fim de tudo, farão a diferença? Penso que sim.

  • Para mim, um Outono sem castanhas assadas é quase como ter Verão sem sol e calor. Adoro castanhas assadas. Para mim, as melhores são as que são vendidas na intersecção da praça de Londres com a rua de Paris. Honestamente. O homem que as vende já o faz desde a década de 50 e nunca me lembro de ter apanhado a famosa “castanha estragada” do lote. Mesmo que o lote seja apenas de meia-dúzia! Se por acaso passarem por lá, experimentem e vejam se não tenho razão.

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