Amanhã vai fazer 35 anos da Revolução dos Cravos. Sou um "filho" dessa revolução e nunca senti, felizmente, o que é viver em ditadura, com uma mordaça a abafar a voz e tolher o meu pensamento. A todos os que fizeram a revolução tenho de agradecer este facto.
Ultimamente tenho ouvido e lido algumas coisas sobre o balanço destes últimos 35anos de democracia. Especialmente sobre o comportamento da economia portuguesa neste período, em comparação com a ditadura.
Será que houve progressos significativos? Será que escolhemos o melhor caminho? Será, ao fim e ao cabo, que a Revolução, e tudo o que se lhe seguiu, valeu a pena? Fica sempre a dúvida no ar. Não admira, uma vez que este tipo de perguntas são impossíveis de responder. Pelo menos sem apelarmos a argumentos de natureza mais ou menos ideológica.
E porquê? Porque não é possível trilhar dois caminhos diferentes e, no final de cada viagem, parar, olhar em volta e comparar os resultados alcançados.Fico no entanto com a sensação de que muito da Revolução está ainda por fazer. Falta talvez a revolução das mentalidades. Consciencializarmo-nos de que temos futuro e presente comuns. Falta talvez apostar mais no conhecimento e na educação. Falta sentir orgulho, para além do futebol, em ser português. Falta desenvolver uma ética do trabalho, baseada no mérito.
Falta, afinal de contas, ganhar muitas batalhas. Mas estas, acho eu, são bem mais difíceis de travar pois travam-se a nível individual e não são provavelmente realizáveis no espaço de uma única geração. Mas pode ser que esteja enganado.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
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1 comentário:
Quando se questiona se terá valido a pena, a minha resposta foi e será sempre SIM. A mudança de um regime totalitário (de direita ou de esquerda, fascista ou comunista, etc.) por um regime democrático vale sempre a pena porque, para mim, acima de tudo está a liberdade e a dignificação do ser humano. Quanto aos últimos 35 anos, não creio que tenham sido diferentes dos últimos 5, 10 ou 15 anos. Ou seja, continuamos a somar erros políticos (sem sentido lato: na educação, na justiça, na segurança, na economia, nas obras públicas). Ou seja, continuamos a não retirar ensinamentos dos erros cometidos. Como tal, a viabilidade deste país é muita duvidosa. Salve-se o facto de estarmos na UE e em particular na UEM.
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