quinta-feira, 2 de abril de 2009

Surpreendidos?

Eu estou de facto um pouco com a notícia que li aqui. Até porque a grande generalidade dos analistas previa uma descida para 1% (basta olhar para a primeira página do Jornal de Negócios de hoje…).

Esperava mais. Saiu-nos, a nós europeus, um corte de 25 pontos base. Aparentemente sem mais nenhuma medida adicional. Mínimos históricos, dirão os mais optimistas. Sim, mas esta é também a crise económica mais grave da história do Banco Central Europeu (BCE).

Também fiquei surpreendido porque parece que o corte da taxa directora não é suportada por outras medidas e pelo uso de outros instrumentos de intervenção monetária. Não saberão fazer mais nada do que baixar (comedidamente) e subir (sempre que possível) a taxa directora do mercado monetário?

Enfim, esperemos por mais informações do BCE sobre esta matéria. De qualquer forma, o corte vem na linha daqueles que pensam que o BCE está a reservar suficiente "margem de manobra" para poder baixar as taxa de juro no futuro.

A press release referente ao anúncio de hoje do Banco Central Europeu pode ser acedida aqui. Vale a pena ler. Está lá tudo. A sacrossanta estabilidade dos preços (basicamente ter o IHPC a variar em termos homólogos em torno dos 2%), o pacto de estabilidade, a referência a alguns países (estão a adivinhar quais?), que necessitarão de proceder a medidas de consolidação orçamental mais sérias a partir de 2010, a renovada estratégia de Lisboa, as reformas estruturais (isto é, a liberalização do mercado de trabalho), etc, etc… E claro, inflação, inflação e mais controlo da inflação. Ah, e falam em crescimento no longo prazo. Mas no longo prazo, já dizia Keynes, we are all dead.

Afinal de contas parece que o BCE não mudou assim tanto quanto isso. Surpreendidos?

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