Já se sabe, o filme Quem quer ser bilionário (Slumdog millionaire, no original), de Danny Boyle (Trainspotting, A praia), é um dos principais favoritos à vitória de Óscares. Especialmente agora, após os sete prémios arrecadados na cerimónia da Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas (BAFTA).
Em rigor, a existência de um grande consenso quanto ao favoritismo de um determinado filme não quer dizer nada. A história dos Óscares está recheada de películas que não passaram disso mesmo: de favoritos.
De qualquer forma, a julgar pela polémica e pelas apreciações cinematográficas, o mínimo que se pode dizer é que Quem quer ser bilionário não deixa ninguém indiferente. Basta olhar para estas duas críticas, uma (muito) negativa e outra positiva, para se ter uma ideia do fenómeno.
Quanto a mim, que ainda não tive a oportunidade de ver o filme, toda esta polémica parece querer dizer-me que, quando o fizer, não me vou ficar pelo meio-termo (ou, o que é o mesmo, por uma apreciação “assim-assim” do filme).
Resta-nos esperar por 22 de Fevereiro e ver se o filme vai ficar na história dos Óscares.
2 comentários:
Já vi o filme, há já algumas semanas. tendo como pano de fundo a cidade de Mumbai (ex-Bombaim), mais especificamente os bairros de lata, o filme agradou-me por várias razões, além da ligação óbvia por ser indiano.
Começando pela fotografia, passando pelo argumento, a construção do filme, a realização, a banda sonora, a utilização de dialectos locais e o inglês, os actores serem indianos ou de origem indiana, tudo se conjugou para uma abordagem ocidental a uma história passada na Índia.
A pobreza e as condições sub-humanas em que se vive naqueles bairros, bem como a exploração, sobretudo de crianças, pobres, são fenómenos deploráveis mas reais, sendo muito bem captadas por Danny Boyle (realizador do polémico sucesso que foi Trainspotting). este retrato foi tão real que provocou grandes manifestações de alguns núcleos na Índia, que se insurgiram por sentirem que houve uma demasiada exposição de uma cidade que tem outros aspectos menos feios.
Outra crítica residiu no que foi pago aos actores que representaram as crianças, pois supostamente receberam muito pouco.
Para mim, a única nota negativa do filme foram os últimos 4/5 minutos, mas sei que foram propositados e pretenderam ser uma sátira.
Desse favoritismo, podemos inferir duas conclusões. Primeiro, a necessidade de ocidentalizar aquilo que não é, para conseguir apreciação e fugir do anonimato. Em segundo, a inevitável atracção pelo exotismo e o disfarçar de uma posição tendencialmente etnocêntrica com euforia excessiva.
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