segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um final digno

Quem se desloca todos os dias a Lisboa para trabalhar já reparou com certeza no quase desaparecimento dos jornais gratuitos das ruas da capital portuguesa.

Antes do fim do verão estes jornais vinham parar às nossas mãos quase sem darmos por isso. Agora é preciso procurá-los. No actual contexto económico, terão sido duramente atingidos pela diminuição das receitas provenientes da publicidade.

Com esta situação cai também uma fonte de receita alternativa para todos aqueles que distribuíam este tipo de imprensa. Já estava quase habituado a vê-los todas as manhãs, dois, três ou mais destes distribuidores dedicados a entregar, numa azáfama competitiva impressionante, pilhas de jornais à porta das principais estações do metro e do comboio.

Estudantes, cidadãos com sotaque brasileiro ou do leste europeu, de tudo existia um pouco entre aqueles que complementavam os seus rendimentos com a distribuição de jornais gratuitos. Terão sido estes os que mais terão sentido directamente os efeitos do rápido encolhimento do mercado da imprensa gratuita e aqueles que, como habitualmente, de quem menos se fala.

No meio disto tudo registo um facto positivo. A diminuição das tiragens e o desaparecimento de alguns títulos tornaram a capital mais limpa. É que quando as tiragens destes periódicos eram grandes e existiam muitos títulos no mercado, não era infrequente vermos caixotes do lixo a abarrotar de gratuitidade e as ruas de Lisboa cheias de folhas compradas a custo zero.

Ora aqui está uma situação em que a recessão económica se encarregou, por si só, de resolver um problema resultante da infeliz combinação entre a gratuitidade e a falta de civismo.

Espero sinceramente que este mercado volte a florescer. Até porque seria, muito provavelmente, um sintoma da retoma económica. Mas espero igualmente que, caso voltemos às grandes tiragens de antigamente, que pelo menos os jornais coloquem uma frase na primeira página a dizer qualquer coisa do género: “Leia, consuma mas não polua: dê ao seu jornal um fim digno”.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ja aparecem mensagens para nao atirar o jornal para o chao e passa-lo a outros sem poluir.

DeKuip disse...

Ainda bem que começam a aparecer essas mensagens.