Retiro duas ilações do caso Freeport que, tal como hoje lemos aqui, parece ser uma fonte inesgotável de notícias frescas para os jornais.
A primeira é a de que, na minha modesta opinião, não há de todo jornalismo de investigação em Portugal. Investigação? O que parece haver são fugas de informação, pouco cuidado em confirmar fontes e muito provavelmente uma lógica de fazer “render o peixe”com a divulgação dessas mesmas fugas a conta-gotas.
Posso estar enganado, admito. Mas, na minha opinião, o que transparece no meio disto tudo é uma certa inépcia (será só inépcia?) da comunicação social em fazer o que supostamente deveria fazer: informar o cidadão. É que com tanta informação, desmentidos, comunicados, idas a Inglaterra e sabe-se lá mais o quê, é alguém capaz de saber o que quer que seja em relação ao caso? Eu não. E quase começo a ficar com raiva de quem supostamente tem.
A segunda ilação tem a ver com a investigação propriamente dita (lenta), a actuação do ministério público (corporativa) e a falibilidade da lei de segredo de justiça em salvaguardar investigações de casos potencialmente mediáticos (mais uma vez provada).
E para quem não entenda o que é uma actuação corporativa, nada melhor do que ler ou ouvir as recentes declarações de Cândida Almeida sobre este dossier. Diz ela que, em relação ao caso Freeport, houve fugas de informação mas que quase de certeza não foram do Ministério Público…. Fico mais tranquilo, obrigado.
Para mim já chega. Vou fazer como o Vasco Pulido Valente que escreveu há já algum tempo que sempre que ouve falar no assunto na televisão muda de canal. Outros que fiquem colados ao ecrã.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
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4 comentários:
Esse parece ser o final de quase todas as polémicas em Portugal. Nada se resolve, nada se descobre, nada se garante, ninguém é culpado, ninguém sabe de nada.
Pelo meio, horas e horas de noticiários, na tv e rádio, litros e mais litros na imprensa escrita, bits e bits na internet, entre sites e blogues.
Custa a dizê-lo, mas não há informação de qualidade.
Ponto consensual: não há informação de qualidade.
No entanto, ainda assim o cidadão comum consegue saber alguma coisa do que se passa. Porque, pelo que se vê, pior que a comunicação social que temos só mesmo a justiça (sistema de justiça) que não temos. A entrevista de Cândida Almeida foi exemplar neste sentido.
Não iria ao ponto de sugerir que não temos justiça. Acho é que podia ser muito melhor.
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