terça-feira, 24 de março de 2009

Ainda sobre Bento XVI

Penso que vale a pena passar os olhos sobre a última página do jornal Público de hoje. Lá encontra-se um texto interessante, chamado "A prisão de Bento XVI", escrito por um ateu confesso, que replica algumas das coisas que foram sendo escritas neste blogue no post"Bento XVI em Angola".

Apenas um trecho: "...Dir-me-ão, como se tem ouvido: mas não tem a Igreja o direito a defender as suas posições sobre o preservativo, o aborto, a eutanásia? Sem dúvida. Mas centrar o discurso na defesa intransigente do dogma em todas as matérias trouxe apenas a imagem de uma Igreja não só desligada (...) dos problemas concretos do nosso tempo, como de uma Igreja desumanizada, refém do dogma a ponto de não compreender o sofrimento humano em torno destas situações..."

E mais: "...não se trata de querer obrigar a Igreja a ser o que ela não é. Trata-se de conviver com dificuldade com essa insensibilidade ao humano de uma crença cujo pilar mais universal é a compreensão do humano..."

E mais adiante: "...E respeito o Papa por ter dito na cara de José Eduardo dos Santos muito mais do que alguma vez o Presidente ou o primeiro-ministro português seriam capazes de dizer...".

Podemos não concordar das palavras de Miguel Gaspar nem partilhar com ele as suas crenças sobre a existência de "pilares universais". Mas penso que existirão não apenas ateus e agnósticos a pensar desta maneira. Talvez até existam católicos a pensar um pouco nestas coisas...

1 comentário:

RightWing disse...

Tanto tu como o Miguel Gaspar têm toda a razão. O que eu tenho dito desde o início é que a Igreja Católica propõe um projecto de vida, bom ou mau não vem ao caso. Esse projecto é proposto, não é imposto. Uma das coisa que acho estranha é a utilização redutora do pensamento da Igreja ao uso do preservativo. E sempre que a comunicação social reduzir as perguntas a esse ponto vai ouvir o mesmo. Agora, ser católico não é ser acrítico. Ninguém fica indiferente, por exemplo, à recente história da menina brasileira de 9/10 anos violada e que engravidou. A questão é se a Igreja deve ou pode fazer concessões a casos particulares. Uns dirão que sim, outros que não. Eu, nesses casos, tenho muita dificuldade em emitir uma opinião. E, nos tempos modernos, a Igreja terá de viver e conviver com essa dúvida e com o ónus da decisão que tomar, sabendo que o seu tempo não corre à mesma velocidade do tempo da sociedade. Tem de conseguir um equilíbrio entre os seus pilares a sociedade onde está inserida. Eu considero que, grosso modo, o tem conseguido dados os constrangimentos, internos e externos, que enfrenta