Surpreendido e pasmado estou eu. Não tanto com o valor do défice mas com a admiração do ministro das finanças e do governador do BdP. Com dois terços do ano de 2009 decoriidos, o Governo, com o habitual beneplácito do governador do BdP previa um défice de 8% do PIB para esse ano. Ora bem, sejamos sérios: fazer previsões para o défice de um determinado ano com 2/3 desse ano decorrido não envolve os riscos de prever um défice para daqui a 1 ou 2 anos. Assim, como é possível estas duas entidades (ministério e BdP) terem previsto, em Setembro, um défice final de 8% e ele ser afinal 9,3%?
Pior, como é possível estas duas entidades ficarem surpreendidas com tal défice? O que é que andaram a fazer nos meses de Outubro a Dezembro? Quem é que andou a desbaratar dinheiro nesse período? E sem conhecimento do MF?
Ou seja, em três meses passámos a ter como objectivo de défice para 2010 um valor de 8,3%, ou seja, uma redução de 1% relativamente a 2009. Ou seja, mesmo com esta redução, o objectivo é ter um défice superior em 0,3% aquele que, ainda há três meses, era suposto ser o défice de 2009. Bravo!
Empolaram o défice de 2009 para conseguir um resultado frouxo de redução do mesmo em 2010 sem grande esforço? Gostaria de não acreditar nessa possibilidade. Mas, a não ser assim, como acreditar num MF que deixa as contas descontrolarem-se brutalmente (para além do que já estavam) em apenas três meses?
Pior, como é possível estas duas entidades ficarem surpreendidas com tal défice? O que é que andaram a fazer nos meses de Outubro a Dezembro? Quem é que andou a desbaratar dinheiro nesse período? E sem conhecimento do MF?
Ou seja, em três meses passámos a ter como objectivo de défice para 2010 um valor de 8,3%, ou seja, uma redução de 1% relativamente a 2009. Ou seja, mesmo com esta redução, o objectivo é ter um défice superior em 0,3% aquele que, ainda há três meses, era suposto ser o défice de 2009. Bravo!
Empolaram o défice de 2009 para conseguir um resultado frouxo de redução do mesmo em 2010 sem grande esforço? Gostaria de não acreditar nessa possibilidade. Mas, a não ser assim, como acreditar num MF que deixa as contas descontrolarem-se brutalmente (para além do que já estavam) em apenas três meses?
PS: Apesar de tudo, continuo a ter Teixeira dos Santos como dos melhores ministros da era Sócrates. Penso que com as equipas de Sócrates e sem este ministro das finanças, a situação poderia ser bem pior.
6 comentários:
Sem querer me arvorar um advogado de defesa do Teixeira dos Santos, mas era sabido há muito tempo da dificuldade na elaboração das previsões para o exercício de 2009. este facto foi alias admitido pelo próprio a quando da elaboração do orçamento rectificativo.
Penso que esta derrapagem orçamental não está associado ao descontrolo das despesas, o que seria muito mau, mas sim à performance da receita, que foi muito inferior ao previsto anteriormente.
Em minha opinião, e tendo em consideração que não há evidencias de descontrole ao nível da despesa, é necessário acabar com o histerismo do deficit e encarar o fenómeno com racionalidade.
Estamos a sair de um período de recessão, aliás da mais forte recessão do pós guerra, com uma economia fragilizada, nomeadamente no que concerne à dinâmica da procura privada,o que determina a impossibilidade de redução da despesa pública.
A diminuição do deficit só poderá ser conseguida através do aumento das receitas, não consequência do aumento de impostos (que seria uma calamidade para o país) mas sim do aumento do produto.
É necessário restaurar o clima de confiança do país, o que implica invocar o superior sentido de estado de todos os intervenientes. A ninguém beneficia um clima de pessimismo, nem efectivamente há razões objectivas para o pessimismo que se vive, a não ser a falta de sentido dos nossos media e dos partidos portugueses, que permanentemente invocam sombras e fantasmas do passado, sem qualquer resultado pratico a não ser a destruição das restias de optimismo neste país.
Pois é, prognósticos no final do jogo também eu faço. Mas, folgo em ver pessoas tão optimista e tão despreocupado quanto ao défice que, em última análise irá aumentar a dívida externa (já que o nível de poupança em PT é paupérrimo, como sabe) que terá de ser paga de acordo com as taxas que os "mercados" irão cobrar. Claro que o défice não é um problema pois podemos sempre mandar ordas de funcionários públicos para o desemprego (aquilo que o Estado pretende evitar no mais que dependente sector privado, injectando avultadas quantias). Claro que o défice não é um problema pois quando sairmos da "mais forte recessão do pós guerra" espera-se que PT cresça a 3/4% ao ano (coisa qua nunca fez na última década) e como tal o denominador aumenta de tal forma que o numerador pode até ficar como está. Já anotei, portanto, duas excelentes formas de sair deste não.problema: aumentar o desemprego público e fazer crescer o produto. Problema: fazer crescer o PIB a um ritmo decente andam (pelo menos é o que dizem) os Governos a tentar há anos. Calculo que, com todo esse optimismo, se vivesse na Alemanha iria achar que estávamos num dos períodos mais prósperos da era do mercado.
Devido à adesão de Portugal ao euro, os mecanismos de transmissão do defict externo à economia é reduzido e efectua-se via taxa de juro, que em principio deveria ser única no espaço europeu.
Lembro aqui que duas das principais economias mundiais (O estado de Nova York e o estado da California) vivem sob defict cronico, quer defict da balança comercial quer deficit orçamental.
Como já referi anteriormente não sinais de stress na economia derivada dos efeitos do deficit.
A taxa de juro a que me referia não era a taxa directora do BCE, essa sim única para todo a Zona Euro. A taxa de juro que recebe de remuneração pelos seus depósitos não é igual a que paga se pedir um crédito para consumo. Há diversas taxas de juro. E a tax de juro a que me referia, obviamente, que é aquela que o Estado Português terá que pagar/remunerar para que alguém o financie nas suas despesas.
Num espaço perfeitamente integrado e com livre circulação de capitais a taxa de juro deveria ser única. Claro que há um efeito de rating na taxa de juro que deveria reflectir os riscos de default da dívida e em principio é essa que os ratings reflectem.
Se fizermos o paralelo com por Exemplo os EUA, a realidade é que os diferentes juros da dívida dos estados em quase nada interferem com o resto do mercado. Nas metodologias de valorização não se consideram riscos por estado mas sim do país.
No caso da zona Euro, o fenómeno deveria ser tendencialmente similar. As empresas portuguesas podem financiar-se em outros países, não sendo obrigatório que sofram com o aumento do custo da dívida do estado português.
Mas a realidade é que há efeitos sobre o custo do endividamento das empresas, a magnitude dos quais é difícil de quantificar, no entanto inclino-me a pensar que mais do que o defict, são as questões sobre o crescimento da nossa economia que mais peso têm na determinação dos custos para as empresas portuguesas.
O fundamental da questão não são os deficits mas a reduzida performance das ecónomias. Alias seria bom que o Sr, Almunia, em vez de andar a espalhar o pânico pelos mercados começasse a pensar no futuro do EURO.....
Depreendo então que, hoje, o principal problema está no sector privado pouco dinâmico e empreendedor que temos. O défice não é preocupante se conseguirmos aumentar o PIB. Logo, o despedimento de funcionários públicos já não deverá ser fundamental. Pois é, o problema é que as questões económicas não se resolvem actuando só com numa variável. Quanto às taxas de juro das obrigações e dos custos dos CDS vá ver a evolução verificada ontem e hoje, não só para o Estado português mas também para os nossos principais bancos. Já agora, enquanto forma os chamados "velhos do Restelo" a avisar sobre o que aí viria, eram os pessimistas do costume. Quando os aviso vêem de instituições internacionais não sei o que lhes chamam. Mas, seguramente, que os "iluminados" nacionais é que têm razão e está tudo bem.
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