domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sócrates tal com Pinto da Costa e Valentim

Nenhum destes senhores se importa(ou), em momento algum, em desmentir as escutas que, em determinados momentos, foram publicadas. A preocupação é apenas em abafá-las, argumentando que foram obtidas ilegalmente ou que deveriam ter sido destruídas ou que fazem parte da esfera privada. A esfera privada aplica-se a casos da esfera privada não a conversas privadas sobre actos ou acontecimentos da vida política, económica, desportiva, etc. Não estamos a falar de casos da vida privada mas de casos com implicações graves nas esferas de actuação destes senhores. Que desmintam se for falso ou que não criem subterfúgios para se omitir a realidade.

9 comentários:

rastanplan disse...

Honestamente penso que neste caso é a imprensa que está a por em causa o estado de direito.

As escutas foram ouvidas por quem de direito, por isso há que confiar nas instituições da nossa democracia e nos seus juízos.

Olho de Vidro disse...

"Confiar nas instituições da nossa democracia", é uma acertada frase para umas instituições de um Estado de Direito a funcionar. Não me parece o caso da justiça em Portugal. Dito isto, é evidente que não se justifica a quebra do segredo de justiça, e menos ainda un juizos públicos nos jornais.

RightWing disse...

"...estado de direito" (...confiar nas instituições...". gosto disso. Estará a falar de Porttugal?
O primeiro ministro (neste caso) e os restantes intervenientes não estavam a falar do seu almoço, das suas férias, estavam a falar de instituições e de questões sobre as quais têm poder de influência. O José é um tipo engraçado: ora os mercados, ora as agências de rating, ora a imprensa... Só nós (PT) e o "nosso" governo é que são vítimas de tudo e todos.

rastanplan disse...

Honestamente podemos colocar a questão, como é que o facto da Portugal Telecom comprar a Prisa poderia por em causa o estado de direito?

Basta olhar o panorama dos media em Portugal para verificar que se há algum controle, este não é concerteza por parte do partido socialista, pois não detém directamente ou indirectamente nenhum meio de comunicação social.

Já relativamente a outros partidos, a questão é diferente, pois pelo menos um dos principais grupos da comunicação social é detido por um ex presidente do PSD e um outro grupo é assumidamente contra o governo actual.

Basta passar por uma qualquer banca de jornais ou ouvir qualquer uma das rádios ou televisões para verificar que não há problemas com a liberdade de expressão, pelo menos na liberdade de criticar o governo, a justiça e o parlamento, já na liberdade para dizer bem....


Viver em democracia é respeitar as instituições, e neste como noutros casos, é claramente a classe jornalística que não sabe conviver com as instituições democráticas.

RightWing disse...

Bravo. Como é mesmo o seu nome, Sócrates?

rastanplan disse...

Não, nem sequer tenho especial apreço pelo Sr Sócrates, mas se queremos viver em democracia devemos respeitar as instituições.

Os meios de comunicação servem para informar, os tribunais para julgar e os partidos para fazerem politica, quando se misturam as coisas, os resultados não podem ser bons.

Assim se os senhores jornalistas querem fazer julgamentos devem recorrer aos tribunais se querem fazer politica devem constituir um partido.

DeKuip disse...

Penso que é a classe jornalística é quem mais perde com insinuações, mais ou menos directas, de que o episódio A ou B constituem exemplos claros de limitação da liberdade de expressão. Por várias razões, a primeira das quais é a ideia de fragilidade na manutenção da mesma que acabam por passar para a opinião pública: basta alguns telefonemas, algumas aquisições, e umas conversas para fazer com que ela seja cerceada, de rastos e acabada. Não me parece que seja o caso. Até porque vivemos num mundo em que basta ir para a internet e publicar o que foi rejeitado num lugar para que a mesma liberdade seja garantida (até com mais estrondo!). Penso até que algumas dessas insinuações têm uma concepção de jornalismo do "tempo de outra senhora". Felizmente as coisas já não são assim. Existem muitas maneiras de um jornalista se proteger de todas as tentativas de limitar a sua maneira de pensar e de agir (que não digo que não existam). Depois não compreendo que se diga, de uma forma taxativa, assim sem mais nem menos, que o Estado de Direito não funciona em Portugal. Funciona onde? Em Inglaterra, dirão seguramente alguns. Mas perguntem a um inglês se acham que tudo é perfeito. Perguntem se confiam na sua classe política. Perguntem-lhes se acham que não existem pressões para controlar, de alguma maneira, o fluxo de informação. Seguramente muitos irão responder que não confiam na sua classe política e que as coisas não são perfeitas. Mas seguramente não dirão, de uma forma linear, que o Estado de Direito não funciona no seu país... Depois concordo com o post no sentido de querer que as coisas se esclareçam. E também suspeito que o PM tem uma certa aversão a opiniões contrárias. Mas, já agora, veêm os jornalistas discutir o imenso poder que têm nas mãos? Esse, que deriva precisamente de terem liberdade de expressão que felizmente temos? Esse, de escrever para um público anónimo fazendo, ou dando a entender, que o julgamento público foi feito. Esse que fica à mercê de todos os que têm e não têm carteiras profissionais. Eu não vejo muito discussão sobre o assunto.

RightWing disse...

Relativamente ao último comentário do José, e fico-me por aqui, porque esse comentário é ilucidativo da confusão em que se enreda: então e se o 1º ministro quiser controlar os meios de comunicação social ou, pelo menos, a crítica sobre a sua pessoa, vai para jornalista e deixa a política? Quanto ao Dekuip, levanta questões importantíssimas. O jornalista tem a mais letal de todas as armas: o segredo jornalístico que lhe permite criar factos, difamar, fazer ou desfazer carreiras sem nunca identificar a(s) sua(s) fontes. Também por isso eu prefiro (e repito o que já aqui escrevi) que, em detrimento da suposta isenção, o jornalista e a linha editorial dos meios de comunicação seja pública para que quem lê saiba exactamente o que pode esperar. Toda a gente em Espanha, em França, na Itália, sabe o que pode esperar da maioria dos jornais, canais televisivos e rádios. Aqui não, é tudo isento. Quanto às pressões há de todos os quadrantes, claro. Agora a bem dessa isenção parece-me que deverá ser obrigação do jornalista denunciá-la sempre que seja praticada.

rastanplan disse...

@Rightwing

Todos os políticos querem controlar os meios de comunicação social.

Pessoalmente não acredito em políticos jornalistas, pelo que leio as noticias e opiniões por eles publicadas com algum distanciamento.

Relativamente às linhas editoriais, penso que a importação do conceitos anglo-saxonicos seria positiva no sentido de deixar as coisas mais claras, mas também se deveriam importar alguns procedimentos como por exemplo o boicote dos governos a alguns meios de comunicação social, vide Obama vs. Fox.

Pessoalmente e como sou a-partidário a minha preferência vai para o jornalismo independente e em alternativa para jornalismo inteligente, o que me obriga, no caso Português a ignorar a quase totalidade das publicações.