quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Há 10 anos em Robin Wood Bay

Este post vem a propósito das últimas “discussões” aqui no blog. Faz por esta altura 10 anos que, graças ao facto do Dekuip estar a estudar em Leeds, eu e mais dois amigos comuns fizemos uma excursão fantástica a Inglaterra. Foi também nessa viagem que conhecemos e falámos pela primeira com o Olho de Vidro. Por todos estes motivos, esta viagem está, também ela, intimamente ligada a este blog. Nessa viagem visitámos uma pequena localidade (Robin Wood Bay, creio que era o nome) que como o nome indica, tinha uma pequeníssima baia sobre a qual se instalava um simpático e acolhedor bar. A ver e a ouvir o rebentar da forte ondulação e a beber umas cervejas, acabámos (eu, o Dekuip, o Greenturra e um outro amigo) por discutir a organização que tinha sido atribuída a Portugal: o Euro 2004. Recordo-me que eu e penso que o Greenturra (que me corrija se ainda se lembrar dessa discussão) prevíamos aquilo que viria, infelizmente a acontecer: o derrapar dos custos, o nº de estádios novos a construir e o peso que isso teria sobre quem tivesse que suportar os custos. E vem isto a propósito porquê? Porque, já nessa altura, o Dekuip tinha a visão ou a perspectiva optimista que ainda hoje o caracteriza e que eu admiro. Já nessa altura ele dizia que por termos feito as coisas mal feitas no passado (vínhamos de derrapagens sucessivas nos prazos e nos custos de auto-estradas, da Expo 98, da ponte Vasco da Gama, da remodelação da linha do Norte, etc.) não queria dizer que tivéssemos que repetir os mesmo erros. Há processos de aprendizagem que se assimilam, etc. Creio que era esta a base da sua argumentação. 10 anos depois desta fabulosa discussão (pelo tema, pelo local, pelas cervejas, etc.) e 6 anos após o Euro 2004, o que se discute? O custo da manutenção de estádios que estão fechados 340 dias por anos, o despedimento dos funcionários das empresas municipais de gestão dessas infra-estruturas e até a demolição de alguns desses estádios.
Eu, tendencialmente, também considero que é fácil criticar mas difícil apresentar soluções. No entanto, muitos dos erros cometidos nos últimos 20/30 anos teriam sido facilmente solucionados com a não assumpção de compromissos ruinosos. As soluções não são necessárias só quando o mal já está feito. As soluções podem ser, simplesmente, não cometer erros que a grande maioria das pessoas prevê mas que quem decide não quer saber porque quando chegar a hora de os ter de solucionar já não lhes calha a eles. Infelizmente, nada, nestes últimos 10 anos, me fez aproximar da visão optimista do Dekuip. Antes pelo contrário. A experiência só me fez acentuar a descrença no nosso país e, claro, nas suas classes dirigentes (políticos, juízes, empresários, etc.). Eu, pela minha parte, continuarei a contribuir da forma que sei e que acho que vale pena: trabalhando e tentando fazer cada vez melhor o meu trabalho e criticando aquilo que julgo estar errado. Pode ser que, um dia, apareça alguém que me faça acreditar que vale a pena lutar por uma mudança. Mas não creio que haja condições para tal. Infelizmente.

3 comentários:

Olho de Vidro disse...

Carissimo colega RightWing, os meus parabens. Neste teu breve texto consegues "dar mais 2 passos" dos que o Mário Crespo no seu. É assim mesmo: isto está mal, a causa é, e a solução que proponho. Afinal, se calahr, também há "palhaços" entre a comunicação social...

RightWing disse...

Caríssimo Olha de Vidro, confesso que não consegui perceber o teu comentário. Podes desenvolver?

Olho de Vidro disse...

É assim: o pessimismo, per sé, não é mau, até é bom, pois nos cola mais à realidade. O teu texto é pessimista, em contraposição ao optimismo que o nosso caro colega DeKuip mostrava naquela vossa conversa de café (ou melhor, de pub). Mas a partir do pessimismo, consegues argumentar os porquês daquela conversa, e referencio aqueles 3 passos que mencionei no meu post anterior, os do “verdadeiro patriota”: 1) a coisa não funciona, 2) a causa é, 3) e a solução que eu proponho é… E comparo o teu texto com o do Mário Crespo, um puro exercício de estilo pessimista, mas muito longe do que deve fazer o “verdadeiro patriota”. E ligando de novo com meu post anterior, conversas de taxi sempre são muito fáceis, porque até um (ou especialmente um) palhaço consegue…