quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Aviso: os "fundamentals" estão de novo aí

O texto com a declaração final da missão do FMI a Portugal serviu de notícia de primeira página aos jornais i e Público de hoje. Mais espalhafatoso e popular o primeiro do que o segundo, ambos mostram a sintonia no tipo de avisos que têm sido feitos na comunicação social sobre o caminho a trilhar em relação à política fiscal, salarial e monetária em Portugal.

E qual é o caminho? Bem é o do costume. Cortes nos benefícios sociais, controle férreo das despesas públicas (como as que são feitas na saúde) e moderação salarial (com especial referência aos funcionários públicos). Mais. Não é esquecido o plano de acordado para o aumento do salário mínimo que, de acordo com o texto, deverá ser repensado por estar fora do contexto dos fundamentos económicos actuais. Só depois é que o FMI fala em aumentos de impostos (mas, como é óbvio, não os exclui).

O FMI, no âmbito do artigo IV dos seus Articles of Agreement, realiza este tipo de missões numa base que é, normalmente, a anual. Nestas consultas, o FMI realiza reuniões com responsáveis pela política económica que, no caso português são essencialmente o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal. O texto do FMI é datado de 29 de Novembro. O Banco de Portugal e o FMI são duas instituições que lêem o mundo através da mesma cartilha. O jornal i diz “Depois do Banco de Portugal, é a vez do FMI ” fazer avisos. Enfim, haverá alguma novidade nisto tudo?

1 comentário:

RightWing disse...

Não, não há novidade nenhuma. Mas também penso que não seja novidade a verdadeira situação de insustentabilidade que se vem agravando (sim é (sempre) possivel fazer ainda pior) no país. Novidade são os avisos de alguns economistas e analistas sobre a possibilidade cada vez mais provável de entrada em incumprimento no pagamento de dívida de alguns estados da Zona Euro (mais forte na Grécia, depois na Irlanda, Espanha, Portugal e até Itália). Mais, já se começa a falar de novo na eventual saída de alguns estados da Zona Euro (vantagens em termos de definição de política cambial e monetária). Quais são as verdadeiras opções às "sugestões" do BdP e do FMI? Tivemos eleições à pouco tempo e o "povo" escolheu manter tudo na mesma, logo...
(não penso que uma vitória do PSD fizesse alguma diferença na continuação desta política)