sábado, 6 de março de 2010

O poder de um sucateiro

O Diário de Notícias (DN) publica hoje uma das mais vergonhosas campanhas publicitárias jamais vistas na imprensa. Não que seja polémica. nem tão pouco pelos valores envolvidos. Trata-se de uma entrevista. Diria antes, uma peça de comunicação promovida, seguramente, por assessores de comunicação bem pagos e com poder de influência. Tanto poder que consegue publicar esta peça no DN (convém também não esquecer a que grupo pertence o DN). Esta peça foi feita por e-mail (envio das perguntas e das respostas, vários dias depois) ao senhor Godinho, apenas conhecido pelos negócios da sucata investigados pelo Ministério Público e que envolve … bem toda gente sabe quem é que envolve. E só o facto de envolver quem envolve é que justifica que o DN publique esta auto-defesa. Mas, claro que a defesa não se fica por si. Estende-se aos demais envolvidos. Diz maravilhas de todos os envolvidos. Tudo pessoas acima de qualquer suspeita, diria eu. Grande Godinho!

5 comentários:

DeKuip disse...

Não li a entrevista apenas ouvi na rádio um resumo dela. De qualquer forma, penso que é legítimo dar espaço na comunicação social a quem viu, pelas piores razões, o seu nome nos jornais, televisões e rádios deste país. Até por uma questão de coerência. Estamos ou não num Estado de Direito? As pessoas são ou não consideradas inocentes até prova em contrário? Dir-me-ão, mas ele é um malandro! Talvez. Mas não será melhor esperar que a Justiça produza os seus resultados? Ou preferimos um Estado em que é sonegada o direito de resposta a A, B ou C (só porque não gostamos dele; porque achamos que ele representa o Mal do país; a riqueza fácil, o compadrio político-económico, etc, etc) e assistimos impávidos e serenos sempre que as pessoas são julgadas na praça pública? A propósito de julgamentos na praça pública: viram o que Miguel Sousa Tavares fez ao ex-inspector do caso Maddie num dos últimos Sinais de Fogo? Uma entrevista de muito mau gosto, é o mínimo que se pode dizer...

Olho de Vidro disse...

Concordo com o DeKuip: por muito que não se goste do bicho e do seu bigodinho, merece tanta página no jornal como os que o julgam... É pena que tenha que ser assim, pois tais "trocas de galhardetes" estão a substituir aos tribunais.

E ainda sobre os “Sinais de Fogo”: sinceramente, não sei o que esperam vocês desse programa... O tal Sousa Tavares é um exemplo de mau gosto que pretende vestir as suas muito pessoais opiniões com um disfarce de facto. Sim, o jornalismo de opinião é subjectivo, mas ao sustentar deverão haver factos, realidades, verdades. E não opiniões ou “semi-informações” baseadas no “eu sei que”, como se evidenciou na entrevista ao Gonçalo Amaral. Isso já não é jornalismo, é romancismo… Estive a ver a entrevista completa, e de facto foi um exemplo de jornalismo abjecto, desprezável (e digo isto a pesar de eu não gostar do ex da PJ, a quem acho um oportunista com poucos escrúpulos). Penso que o programa não deverá durar muito...

RightWing disse...

A questão é: quantas pessoas têm o privilégio de se defender como o Sr. Godinho teve? Seguramente que se estivesse só em causa esse senhor, ninguém lhe daria 1 minuto de tempo de antena. Quanto à entrevista, ela partiu de dois equívocos: 1) Entrevistar uma pessoas sobre um caso acerca do qual ele nada pode dizer; 2) O entrevistador assumiu a sua verdade (muito mal fundamentada e sobre a qual deveria guardada para os seus espaços de opinião). Como Miguel S. Tavares referiu acerca da sua entrevista ao 1º ministro, uma semana antes, o entrevistador não está lá para fazer sangue e muito menos, para impor a sua versão da história.

Olho de Vidro disse...

O Sousa Tavares é um exemplo crasso de fariseu: faz o que eu digo, mas não ligues ao que eu faço (pois a minha estrita moralidade é só aplicada aos outros, nunca a mim próprio). As suas entrevistas estão cheias de pontos de vista próprios impostos aos entrevistados, de declarações de crenças pessoais!!! Caro RightWing, vai ao Youtube ver a entrevista com o Gonçalo Amaral, e diz-me depois se o Sousa Tavares seguiu a sua própria regra.

RightWing disse...

Eu vi aquilo a que ele e vocês chamam entrevista, toda, de princípio ao fim. Foi vergonhoso. O meu comentário, posso não ter sido claro, mas vai totalmente na direcção dos vossos comentários. Aquilo foi um equívoco de princípio ao fim. A analogia que fiz com a entrevista ao 1º ministro era para mostrar a dualidade de "critérios" do MST. Maism subscrevo também a opinião do Olho de Vidro sobre a figura do ex-inspector, independentemente da sua maior ou menor razão.