terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uma ideia do caudilho

Um facto histórico interessante. Franco, de acordo com documentos que foram divulgados pelo historiador espanhol Manuel Ros Agudo, pediu ao seu Estado-maior um plano para a invasão de Portugal.

Este "grande projecto", segundo é noticiado neste artigo do Público, foi preparado em 1940 e previa a "união ibérica forçada" após um ultimato de 24/48 horas.

A confirmação deste facto não é, por sí só, uma surpresa. Deve ser, como é óbvio, interpretado no contexto da época. Aliás, o plano, atrevo-me a dizer, deve ter sido escrito num àpice até porque nessa altura já existia suficiente "literatura" sobe o assunto: Franco, enquanto cadete da Escola militar de Toledo, escreveu a sua tese de fim de curso sobre este "tema" (chamava-se, segundo consegui confirmar aqui, "Como ocupar Portugal em 24 horas").

Não é surpresa mas é um facto histórico. E mostra que pelo menos até ao fim da Segunda Guerra Mundial o receio português de anexação pela força pelos nuestros hermanos era bem real.

Como as coisas mudaram em 60 anos...

3 comentários:

Olho de Vidro disse...

Ora que bela fotografia do Caudillo: que belo porte, quanta majestade!!! Bem se nota que é galego…

Já à séria, é importante destacar que a invasão de Portugal não era um objectivo estratégico, mais sim um meio para um fim maior, a invasão de Gibraltar e controlo absoluto sobre as costas norte e sul do estreito, negando (ou pelo menos dificultando grandemente) a passagem das frotas aliadas. Invadindo Portugal pretendia-se evitar (ou pelo menos dificultar) uma reacção britânica à invasão do “peñón” na forma de um desembarco anfíbio nas costas amigas portuguesas. De facto, a acção em Portugal estaria concentrada na ocupação militar da capital e principais cidades, e o controlo total da faixa costeira.

É importante destacar que o plano em 1940 estava tão avançado que já tinham sido construídas trincheiras e bunkers à volta de Gibraltar, incluindo posições de artilharia. Só não foi concretizado pelas reticências dos alemães, que decidiram não apoiar Franco. Seguramente, não estavam dispostos a comprometer recursos militares próprios nessa acção, e ao mesmo tempo não tinham confiança nas capacidades militares do exército espanhol.

Só mais um comentário: as “24 ou 48 horas” referidas pelo caro colega DeKuip tem a ver com a resposta ao ultimato dado ao governo português, não com o tempo previsto de duração da acção de invasão. De facto, com as comunicações de aqueles tempos, parece-me quase impossível realizar um plano nesse tempo, com um mínimo de resistência militar. Hoje já parece mais possível, dado que a Lisboa está ligada por auto-estrada com o sul de Madrid, aonde se encontram concentradas as unidades couraçadas e mecanizadas espanholas de elite… Beware!!!

DeKuip disse...

Boas as explicações do colega Olho de Vidro. E fica registado o erro de leitura (apressada) que fiz do texto. Quem não tem poder de "encaixe" não merece nada... Vou emendar o texto.

E já agora muitos parabéns pelas brigadas de elite mecanizadas que existem a sul de Madrid (parece ser uma coisa do caraças). Mas ainda assim tenho dúvidas se elas chegariam rápido a Portugal uma vez que teriam de pagar portagem do lado português.

Olho de Vidro disse...

Hmmm, bem pensado... Qual será a portagem a pagar por um tanque Loepard 2E de 62.300 kgs?! Arre, a invasão é capaz de ficar carota!!! Para além de que penso que a largura do bicho (3,75 m) poder ser demais para as praças de portagem... Se calhar é melhor esquecer...