domingo, 25 de outubro de 2009

O "novo" Governo

E pronto temos Governo. Sócrates desembaraçou-se dos ministros mais polémicos ou mais desgastados (Lurdes Rodrigues na educação, Mário Lino nas obras públicas, Nunes Correia no ambiente) e substituiu-os por caras desconhecidos do grande público. Ou seja, tratou-se sobretudo de terminar uma remodelação governamental que tinha começado com a substituição de Correia de Campos (saúde) e Pinho (economia). Em termos orgânicos a maior alteração é a passagem da gestão do QREN do ambiente para a economia de Vieira da Silva (o que já era uma ambição antiga deste ministro). Temos pois um governo de figuras desconhecidas, algumas lançadas apenas para cumprir critérios de quotas. Neste aspecto Sócrates ainda tem muito a aprender com o seu amigo Zapatero. Este além de cumprir quotas, cumpre-as com algum sentido estético. Sócrates ainda e só se preocupa com o seu cumprimento. Já agora, para aqueles quês e queixam que o governo de Sócrates governa à direita, vale a pena lembrar que Vieira da Silva (economia) e António Mendonça (obras públicas) são socialistas-novos, tardiamente reconvertidos depois de anos de militância comunista. Sem grandes expectativas sobre este governo (ou qualquer outro deste ou de outro partido) vamos ver o que isto dará.
Pelo menos teremos novos argumentos para a colecção “Uma aventura…”. Devem seguir-se os números “Uma aventura no Ministério”, “Uma aventura no Governo”, “Uma aventura na manifestação”, “Uma aventura com os sindicatos” e por aí fora.

PS: para já o governo começa bem com a grande prioridade a ser o “casamento” homossexual. Um assunto que, de facto, preocupa o país. Bravo!!!

5 comentários:

Olho de Vidro disse...

Eu penso que o casamento (sem aspas) homossexual é um assunto da maior importância, dado que se trata, sem dúvida, de uma poderosa medida de política económica sectorial (para além de considerações de justiça social, que nestes conturbados tempos de desemprego crescente são secundárias, desde o meu ponto de vista). Há poucos dias que se publicaram as estatísticas do número de casamentos, e a redução nos últimos anos está a ameaçar a indústria do sector, da qual dependem muitos postos de trabalho. É evidente que o casamento homossexual virá a aumentar a procura, com a lógica criação de postos de trabalho! Bravo, mais uma acertadíssima medida de política económica de procura! Caro RightWing, quanta miopia…

DeKuip disse...

Começo a ficar um bocado preocupado com esta vontade em "puxar" o casamento homossexual para este blogue. Para encerrarmos de vez este assunto, que tal um link permanente à associação ILGA?

RightWing disse...

Se isso não fosse uma das prioridades do novo governo e do PS, seguramente ninguém se lembraria desse tema e, mais seguramente ainda, não o teriamos neste blog. Aliás, essa referência vem como um post-scriptum ao post.

Olho de Vidro disse...

Pois é, pois é... Pegamos (mea culpa) num "assunto menor" do comentário do caro colega RightWing, e não comentamos o mais importante, a composição do novo governo. Penso que foi, sem dúvida, porque o assunto do casamento homossexual é bem mais divertido!!!

Aliás, quem quer saber do novo governo?! Estão à espera do que, de novidades nas políticas?! Acham que a orientação de fundo vai mudar?! A palavra de ordem é evidente: CONTINUIDADE, mas desta vez com o muito necessário adereço do diálogo, palavra já gasta de tanto sair da boca do PM.

E a pergunta mais importante: será diálogo à séria, desse do qual nascem acordos de estado sérios entre diversos partidos, para resolver os sérios problemas do país? Ou será daquele diálogo à brincar, estratégico, de pose, que se oferece mas que se sabe que ninguém vai aceitar, pensado para fortalecer as posições do governo e pavimentar o caminho para as eleições antecipadas em 2011? A ver vamos…

RightWing disse...

Eu sou dos que acreditam que iremos ter eleições antecipadas no final de 2010, princípio de 2011. Obviamente que isto depende das intenções das oposições (que por agora desconhecemos). Como tal, penso que o governo se posicionará sempre a contar com esse cenário e a melhor forma de se vitimizar. Cabe à habilidade política das partes tirar o melhor partido da(s) situação(ões). E claro que se esperava uma continuidade. Nem poderia ser de outra forma. Seria a assumpção de uma má orientação do governo anterior.