E a surpresa aconteceu mesmo. A última vez que escrevi sobre o assunto, no início da pré-campanha aquando de um debate a cinco no programa “Prós e Contras”, lembro-me que destaquei aquilo que me parecia ter sido uma péssima opção de José Sócrates pelo candidato Vital. Vital revelou-se um verdadeiro desastre. A todos os níveis. Aliás nesse debate, Miguel Portas tinha deixado isso bem claro. Assim, quando ainda há apenas dois meses atrás se falava se o PS iria ou não ter nova maioria absoluta, hoje especula-se sobre quem ganhará as próximas legislativas. O resultado das Europeias pode criar um certo elán nas hostes do PSD e o toca a reunir é sempre muito forte quando se começa a sentir o cheiro do poder. O PS, ao invés, pode cair numa onda de descrença que pode desmotivar os seus apoiantes. Para já, penso que o PS ainda está bem à frente do PSD mas que as coisas podem inverter-se. Paulo Rangel, quem diria, revelou-se uma excelente aposta de Manuela Ferreira Leite. Esta agora terá de começar a apresentar as propostas políticas, económicas e sociais para o caso de ter de vir a formar governo. O CDS sobreviveu mais uma vez às péssimas sondagens que davam como perdendo a sua representação no Parlamento Europeu. Resistiram e mantiveram os seus dois deputados. Aliás, apesar do exagerado pedido de audição ao presidente da República a este propósito, Paulo Portas tem alguma razão na eventual desmobilização e quase apelo ao voto útil que este tipo sistemático de sondagens tem sobre o seu partido. O PCP perdeu para o BE. Com isto vê o BE eleger um 3º deputado e mantém os seus dois. O BE, apesar do 3º deputado in-extremis, ficou longe dos 15, 16 e 17% que algumas sondagens indicavam. Apesar de tudo continua a subir. Vá-se lá saber como e porquê, digo eu. Agora preparemo-nos para as legislativas. O que parecia um passeio do ainda arrogante José Sócrates, pode ter-se transformado numa renhida luta pela vitória.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
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2 comentários:
De referir ainda duas coisas que retive da noite das eleições eurpeias. A primeira foi o elevado número de votos em branco (quase 5%dos votos). A segunda foi a "surpresa" e o falhanço de previsão, como há muito não se via, das sondagens para estas eleições. A primeira quase não foi falada pelos políticos e pelos analistas. O que é estranho, pois um voto em branco é, ao contrário da abstenção (essa sim muito falada), uma forma de participação política activa. A segunda parece-me que deveria conduzir a um debate (científico) sobre a forma de fazer e apresentar sondagens em Portugal. Com o intuito de, no final, criar regras mínimas, a serem aceites por todas as empresas que actuam neste sector, sobre a forma de apresentação das sondagens.
Eu penso é que as sondagens adquiriram, em Portugal, um estatuto de resultado eleitoral antecipado. E isso é errado sobretudo a dois níveis: 1) as sondagens são isso mesmo, uma auscultação sem qualquer carácter vinculativo de voto nem tão pouco de participação nas eleições - como tal são falíveis; 2) Analistas e políticos tendem a sobrevalorizar os seus resultados nas suas análises não ressalvando o facto referido em 1) - logo podem induzir um comportamento desmobilizador junto do eleitorado que ao ouvir sobre a "infalibilidade" das sondagens podem ser levados a concluir que já está tudo decidido. Há como que uma substituição, perigosa, dos resultados eleitorais pelos das sondagens.
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