quinta-feira, 4 de junho de 2009

A campanha torpe do camarada Vital

Tenho dado a atenção mínima ao que já vai da campanha eleitoral para o Parlamento Europeu. E confesso que a impressão não é boa. Isto para ser simpático. Da esquerda à direita. No entanto há uma campanha particularmente má. Não má no sentido da comunicação ou dos outdoors. Péssima pelo serviço que está a prestar a uma campanha que, não esquecendo os temas nacionais, teria que ser mais elevada. Até porque o seu cabeça de lista apresentou-se como querendo falar apenas de temas europeus. No entanto, e sabemos como é difícil renegar os ensinamentos e a velha escola onda se faz a aprendizagem para a vida, o Camarada Vital simplesmente deixou de debater e resume as suas intervenções a insinuações suja, baixas, torpes e os demais adjectivos qualificativos para as suas intervenções. São intervenções ao velho estilo estalinista de, se queres destruir alguém arrasa a sua reputação, lançando boatos e calúnias que haverão de fazer o seu caminho. O que o camarada Vital está a fazer com o caso BPN é vergonhoso. Talvez porque já não possa falar de mais nenhum assunto, tantas são as suas incongruências com o partido que agora integra. Se o camarada Vital tem provas do envolvimento do PSD e dos seus actuais dirigentes que as apresente. Se sabe de algo que os demais não sabem, que o divulgue. Agora repetir insinuações, dias seguidos, sobre o envolvimento de um partido (todo o partido) num caso do foro dos negócios é baixo, é vil, é uma atitude canalha que mostra bem que jamais saberá viver com as regras da democracia e jamais esquecerá os esquemas praticados nas piores ditaduras de que temos memória. No jogo democrático não pode valer tudo. No fundo, Vital é uma saudosista. Mas isto é um sinal do país que temos, especialmente de há 10 anos para cá. Jornais, televisões e rádios, políticos, magistrados e bastonários, entre outros, com bases em fontes que preferem manter o anonimato, lançam suspeições sobre tudo e sobre todos, muitas vezes sem razão mas que afectam o bom nome dos visados e podem hipotecar as suas legítimas aspirações. Portugal hoje assemelha-se pouco a uma democracia. Tornou-se um país de delatores, de denunciadores, de caluniadores. Tendo isto como pano de fundo, em quem poderemos acreditar? É todo um país que perde a sua credibilidade. Mais, nunca se sabe quando aparece uma denúncia anónima que, por um acaso, é comunicado como um facto consumado.

1 comentário:

Olho de Vidro disse...

Caro RightWing. Devo dizer que o teu post é um dos mais acertados que tens feito nos últimos tempos. Eis as bases para esta minha afirmação:

1) A começar pelas tuas últimas frases, é verdade que a denúncia anónima se tem tornado (não uma, mas sim) A FONTE de diversos escândalos e processos da esfera política e económica (ou melhor político-económica, porque estas duas sempre vão juntas). O problema é que (bora lá bater mais uma vez nos jornalistas) a frase “esta informação foi fornecida por fonte anónima bem informada” até vende jornais. Por desgraça, porque quem não denuncia a cara descoberta é porque quer simplesmente caluniar para tirar algum proveito, ou porque já se instalou um medo tal na sociedade que se tem medo das consequências de denunciar situações verdadeiras apesar de se ter provas dos acontecimentos (problema este derivado da falta de capacidade da justiça para resolver os casos adequadamente). Em ambos casos, por maldade ou por medo, o resultado é o mesmo: instala-se a suspeita na sociedade, e numa democracia isto é especialmente grave. O exemplo superlativo é a recomendação que a PJ terá feito ao denunciante do caso Freeport para fazer uma denúncia anónima; sem entrar a julgar ao PM, de ser verdadeira a recomendação da PJ, é uma vergonha que o próprio sistema de justiça esteja a fomentar este tipo de práticas.

2) A campanha eleitoral está a ser, de facto, pútrida. Não só no sentido moral (bom, é uma campanha eleitoral, estavam à espera do quê?!), mas especialmente nos conteúdos temáticos para o pretenso debate político-ideológico (estas duas deveriam ir juntas sempre, mas nem por isso). Por exemplo: perto do IST, há um cartaz do PSD que basicamente diz o seguinte: “usemos os fundos europeus para lutar contra a crise; lutemos pelo DIREITO ao TGV; extensão do Erasmus para todos”. Todos eles, temas de grande interesse para os jovens do IST. Nem vou comentar o conteúdo, fica como exemplo do nível geral… E realmente, o “avó cantigas” do PS está a ser o grande animador da campanha. É só fornecer manchetes! De certeza que os jornais adoram-no…

3) Fiquei a conhecer uma palavra nova: “saudosista”. Só por isto, o teu post já teria merecido a pena!