...Blogue que pretende ser um espaço de opinião, de debate e de divulgação de ideias tendo como ponto de partida a heterogeneidade de opiniões dos seus autores...
É certo que já se passou algum tempo, mas é difícil não resistir falar da promoção do computador Magalhães feita pelo Primeiro-Ministro José Sócrates na Cimeira Ibero-Americana da semana passada. Confesso que o que mais me deixou espantado foi vê-lo fazer promoção de um produto comercializado por uma empresa privada. Desconheço se o Presidente Lula da Silva fez publicidade de um novo jacto da Embraer, ou se Zapatero falou nas virtudes inequívocas do tecido das peças da Zara, mas em todo o caso achei aquilo um bocado descontextualizado. Será caso para dizer “Negócios privados, públicas virtudes”? Acho no mínimo dúbio.
Uma das coisas boas do Orçamento de Estado foi, na minha modesta opinião, o de finalmente ter aparecido a Oposição a fazer o que realmente lhe compete, isto é, apresentar ideias alternativas. Andava ela adormecida e eis se não que a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, começa a apresentar ideias e interpretações diferentes das que o Governo fazia do Orçamento de Estado. Que mais investimento público não é sinónimo de crescimento e desenvolvimento económico, que as prioridades são o incentivo à iniciativa privadas, etc, etc, etc. Até aqui tudo bem. Só não entendo é como uma mulher com tanta experiência política cometeu a grafe de dizer que mais obras públicas iriam reduzir o emprego de Cabo Verde e da Ucrânia… Então os imigrantes que trabalham no nosso país não são eles residentes no nosso país? Não pagam eles também impostos? E não haverá portugueses a trabalhar na construção civil?
Matthias Sindelar é provavelmente um nome desconhecido para a grande maioria das pessoas. Não é de espantar. Pertenceu à selecção austríaca que, nos anos 20 e 30 do século passado, era considerada como uma das melhores do mundo. Antes da anexação formal da Àustria pela Alemanha Nazi, houve um jogo amistoso entre as duas selecções. O empate final estava pré-determinado mas, a 20 minutos do fim, Sindelar e um colega resolveram marcar dois golos que deixaram os representantes Nazis furiosos. (Conta-se até que Sindelar celebrou de uma forma extravagante o seu golo em frente à tribuna de honra...) Até ao ano em que morreu de uma forma algo enigmática (1939), Sindelar sempre se recusou a jogar pela selecção alemã alegando lesões ou a idade como desculpa. Lembrei-me desta história por causa do que o ex-embaixador João Hall Themido escreveu nas suas memórias sobre Aristides de Sousa Mendes. Diz o ex-embaixador que Aristides de Sousa Mendes foi uma mistificação criada pelos Judeus e acusa-o de actuação irregular ao longo da sua carreira diplomática. É bem provável que Mendes tenha sido isso tudo. Mas não pertencerão Sindelar e Mendes àquela rara categoria de pessoas que, em situações moralmente difíceis, acaba por agir não de acordo com o “politicamente correcto” mas com base nos seus próprios valores? Não serão estes que, no fim de tudo, farão a diferença? Penso que sim.
Para mim, um Outono sem castanhas assadas é quase como ter Verão sem sol e calor. Adoro castanhas assadas. Para mim, as melhores são as que são vendidas na intersecção da praça de Londres com a rua de Paris. Honestamente. O homem que as vende já o faz desde a década de 50 e nunca me lembro de ter apanhado a famosa “castanha estragada” do lote. Mesmo que o lote seja apenas de meia-dúzia! Se por acaso passarem por lá, experimentem e vejam se não tenho razão.
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